Edmar Honorato de Sousa – Cobrador - Oktiva
Edmar Honorato de Sousa – Cobrador - Oktiva
Edmar Honorato de Sousa – Cobrador - Oktiva
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Mas eu gostava mesmo <strong>de</strong> trabalhar na linha do Alto da Balança, porque era um<br />
pouco mais longa. Então, <strong>de</strong>morava mais no final e dava para bater papo com o<br />
pessoal. Tinha até o barzinho para a gente lanchar. E eu jogava sinuca. De<br />
sinuca a turma gostava! A hora <strong>de</strong> lanche era pequena, uns 10 ou 15 minutos...<br />
mas quando a gente chegava no final da linha e tinha dois ou três carros parados,<br />
eles iam saindo por vez... e <strong>de</strong>morava para o meu carro sair. Se no fim da linha<br />
tivesse três carros parados, eu ia passar ali pelo menos uns cinco minutos. E eu<br />
ficava feliz.<br />
Mas eu não achava muito bom trabalhar como cobrador, não. Eu sentia que não<br />
tinha nenhuma perspectiva <strong>de</strong> vida. Eu achava que como cobrador eu nunca ia ter<br />
uma chance. Eu via que os outros cobradores ficavam um ano, dois anos, três<br />
anos e <strong>de</strong>pois eram postos para fora. Ou então ficavam passando <strong>de</strong> empresa<br />
para empresa e trabalhavam sempre como cobrador. Nós temos um cobrador aqui<br />
na empresa que começou a trabalhar em 1972 e ainda hoje é cobrador.<br />
Além disso, naquele tempo, o pessoal discriminava muito o cobrador. A profissão<br />
era <strong>de</strong>svalorizada. Até para conseguir um flerte com uma menina, tinha sempre<br />
aquela barreira... Quando ela perguntava: “<strong>–</strong> Você trabalha <strong>de</strong> quê?”, eu ficava até<br />
com vergonha <strong>de</strong> dizer que trabalhava como cobrador.<br />
E eu tinha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> passar a ser motorista. Tem uma história, <strong>de</strong> quando eu fui<br />
tirar a carteira <strong>de</strong> motorista. Coloquei na cabeça que eu tinha que tirar minha<br />
carteira <strong>de</strong> motorista, aí eu falei com o Seu Lima - sempre quando eu queria<br />
alguma coisa, ia falar com o Seu Lima. “- Seu Lima, eu quero tirar minha carteira<br />
<strong>de</strong> motorista”.<br />
Ele me ajudou nisso. Inclusive, ele tinha uma caminhonete e me ensinou a dirigir<br />
no carro <strong>de</strong>le. Mandou eu entrar no carro - eu já sabia mais ou menos como era -,<br />
<strong>de</strong>u umas voltas e mandou eu dirigir para pegar prática e po<strong>de</strong>r tirar a carteira. Eu<br />
só sei que tirei a carteira em 1959.