O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ISSN: 1984 -3615<br />
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />
I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO<br />
MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO<br />
&<br />
IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA<br />
2010<br />
distantes, e inclusive, tinha-se a preocupação <strong>de</strong> sintetizar a filosofia grega com o espírito<br />
evangélico. Assim, o Egito era permeado <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses, sincretismos, antagonismos e até mesmo<br />
<strong>de</strong> aparentes contradições filosófico-religiosas. Daí ser um lugar tão interessante e merecedor<br />
<strong>de</strong> um olhar mais apurado.<br />
A religião tradicional dos egípcios foi uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s expressões do mundo antigo.<br />
Os antigos egípcios criaram várias teorias sobre a criação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, assim como sobre o mundo<br />
dos <strong>de</strong>uses e sua influência no pensamento humano; mo<strong>de</strong>laram os aspectos divinos <strong>da</strong> realeza<br />
e i<strong>de</strong>ntificaram características humanas nas divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s; <strong>de</strong>finiram o papel dos sacerdotes na<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e, acima <strong>de</strong> tudo, afirmaram outra dimensão dos homens ao crerem na eterni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e na vi<strong>da</strong> além-túmulo. Essa profun<strong>da</strong> experiência do pensamento religioso no Egito Antigo<br />
foi tão importante que produziu uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> religiosa-cultural transporta<strong>da</strong> por milênios,<br />
assim como influências e reconhecimento duradouros sobre o mundo exterior. Para a História<br />
Religiosa, é particularmente visível a influência religiosa egípcia sobre certos aspectos <strong>da</strong>s<br />
religiões do mundo greco-romano, como se po<strong>de</strong> constatar através do prestígio e populari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>de</strong>usa Ísis e do seu culto em diversas partes do mundo grego, como a antiga Mesopotâmia,<br />
e do Império Romano como em templos na Inglaterra.<br />
A religião foi um dos domínios, no mundo e na cultura helenística <strong>de</strong> Alexandria, em<br />
que a impregnação egípcia foi surpreen<strong>de</strong>nte. Nos últimos séculos antes <strong>da</strong> era cristã, por<br />
exemplo, havia se estabelecido uma certa fusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses gregos e divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s egípcias, a<br />
ponto <strong>de</strong> existir uma tría<strong>de</strong> forma<strong>da</strong> por Serápis como Deus-Pai, Ísis como Deusa-Mãe e<br />
Harpócrates como Deus-Filho. Em Alexandria, Serápis, antigo <strong>de</strong>us Osíris ou Osírapis, era<br />
representado por um velho barbudo similar a Zeus. Ísis, <strong>de</strong>usa primordial do Egito, era<br />
apresenta<strong>da</strong> com uma túnica grega; e, Harpócrates, nome grego <strong>de</strong> Hórus, o filho <strong>de</strong> Isis, era<br />
posto como uma criança. Essa tría<strong>de</strong> era <strong>de</strong> tamanha importância que seu alcance se esten<strong>de</strong>u<br />
às ilhas do Egeu, como também a terras muitos distantes do mundo grego. Principalmente a<br />
figura <strong>de</strong> Ísis foi venera<strong>da</strong> em todo o mundo greco-romano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Gália, Irlan<strong>da</strong>, Espanha,<br />
Alemanha até a Ásia Menor e parte do Oriente. Com o advento do cristianismo, já na era<br />
16