O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ISSN: 1984 -3615<br />
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />
I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO<br />
MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO<br />
&<br />
IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA<br />
2010<br />
No Egito, se por um lado, foi mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong> uma importante faceta do cristianismo<br />
nascente quando pensadores locais procuraram infiltrá-lo na tradição clássica que para muitos<br />
parecia incompatível com a doutrina cristã, por outro foi adota<strong>da</strong> uma concepção cristológica<br />
que se tornou a heresia religiosa mais po<strong>de</strong>rosa e popular <strong>da</strong> antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> cristã. Assim, no<br />
Egito, difundiu-se uma importante tendência filosófica - teológica <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Monofisismo.<br />
O Monofisismo nasceu em Constantinopla por iniciativa <strong>de</strong> Eutiques, arquimandrita <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. A tese <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> postulava que Jesus comportava originariamente duas naturezas: a<br />
humana e a divina. Mas afirmava, também, que Jesus não subsistiu distinto em duas naturezas;<br />
uma vez efetua<strong>da</strong> a Encarnação só se podia consi<strong>de</strong>rar uma natureza: a divina. Segundo os<br />
seguidores <strong>de</strong>ssa teoria, portanto, Cristo não era possuidor <strong>de</strong> um corpo igual ao nosso, mas<br />
sim, divinizado. Apesar do Concílio <strong>de</strong> Calcedônia, em 451, ter rejeitado completamente o<br />
postulado e <strong>de</strong>clarado, firmemente, a existência <strong>da</strong>s duas naturezas na pessoa <strong>de</strong> Cristo <strong>de</strong><br />
forma não confusa e não transforma<strong>da</strong>, no Egito o monofisismo expandiu-se, trazendo no seu<br />
bojo tendências nacionalistas ca<strong>da</strong> vez mais antibizantinas.<br />
No Egito, os monofisistas são precisamente os coptas. Adotaram e conservam ain<strong>da</strong><br />
hoje o nome <strong>de</strong> coptas, este <strong>de</strong>rivado <strong>da</strong>s três consoantes <strong>da</strong> palavra grega Aigyptos (g / k, p,<br />
t) e se i<strong>de</strong>ntificam como os cristãos <strong>da</strong> velha estirpe egípcia. Existem também na Etiópia, pela<br />
proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o Egito. O Monofisismo, por sua vez, mantêm-se, também, na Armênia,<br />
Síria e outros países, totalizando cerca <strong>de</strong> 16 milhões <strong>de</strong> fiéis.<br />
Ao longo <strong>de</strong> sua história, os coptas sofreram inúmeras influências culturais. Nascido<br />
num universo greco-romano, mas tendo como berço o mundo egípcio, o cristianismo copta<br />
conserva até hoje viva sua especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> que se manifesta na vi<strong>da</strong> litúrgica, nas artes e<br />
práticas culturais. Se mesmo a dominação romana não chegou a impedir os egípcios <strong>de</strong><br />
manifestarem suas <strong>de</strong>voções às divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s tradicionais, muitas vezes venera<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma<br />
vela<strong>da</strong> sob o manto dos cultos dos <strong>de</strong>uses greco-romanos, o advento do cristianismo também<br />
absorveu muito <strong>da</strong>s culturas e tradições anteriores. Alguns autores chegam a acreditar que as<br />
21