O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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ISSN: 1984 -3615<br />
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />
I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO<br />
MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO<br />
&<br />
IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA<br />
2010<br />
romana, po<strong>de</strong>mos constatar a magnitu<strong>de</strong> <strong>da</strong> influência egípcia com a sobrevivência <strong>de</strong> Ísis,<br />
i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> em estátuas que serviam como imagens <strong>da</strong> Madona.<br />
Se a prepon<strong>de</strong>rância <strong>da</strong> cultura egípcia, inclusive no âmbito religioso, já vinha<br />
<strong>de</strong>clinando há algum tempo, a <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong> Cleópatra e Marco Antônio para César, na Batalha <strong>de</strong><br />
Actium em 31 a.C., ao garantir a supremacia política <strong>da</strong> Roma Imperial também representou<br />
uma <strong>de</strong>rrota dos <strong>de</strong>uses egípcios. Entretanto, se gra<strong>da</strong>tivamente o Egito viu-se infiltrado ca<strong>da</strong><br />
vez mais pela cultura romana, representou , também, um espaço privilegiado para a<br />
propagação <strong>de</strong> uma outra religião <strong>de</strong> salvação: o Cristianismo. Assim, a experiência religiosa<br />
tradicional egípcia posta na paixão <strong>de</strong> Osíris, o luto <strong>de</strong> Ísis e a ressurreição <strong>de</strong> seu esposo,<br />
aliados às preocupações com a vi<strong>da</strong> além-túmulo, foram fatores prepon<strong>de</strong>rantes para<br />
disseminação do cristianismo, na medi<strong>da</strong> em que, em alguns aspectos, as duas religiões uniam-<br />
se, como no i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> esperança para os sofredores e no reconhecimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seus<br />
<strong>de</strong>uses/<strong>de</strong>us com a natureza humana.<br />
A assimilação do Cristianismo em Alexandria, não foi um fenômeno do acaso. Nesta<br />
parte do Egito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, havia uma cultura multiétnica. Várias línguas<br />
eram fala<strong>da</strong>s na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: o grego, em seus vários diletos, era a mais difundi<strong>da</strong>; o egípcio era a<br />
língua fala<strong>da</strong> nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s nativas, enquanto que entre os ju<strong>de</strong>us predominava o hebraico<br />
“clássico” e o aramaico, além <strong>de</strong> outras línguas semíticas. Além disso, importa lembrar que a<br />
forte presença ju<strong>da</strong>ica em Alexandria foi razão suficiente para a tradução grega do texto <strong>da</strong><br />
Bíblia, conheci<strong>da</strong> como “Septuaginta” e elabora<strong>da</strong> entre os séculos III e I a.C. Essa tradução<br />
<strong>da</strong> Bíblia hebraica para o grego koiné foi tão importante que serviu <strong>de</strong> base para várias<br />
traduções bíblicas latinas, foi utiliza<strong>da</strong> para versões para o eslavo eclesiástico e para Héxapla<br />
<strong>de</strong> Orígines, e como fonte direta para as versões para as línguas orientais como o armênio e<br />
copta do Antigo Testamento. Portanto, po<strong>de</strong>mos facilmente explicar pelos fun<strong>da</strong>mentos<br />
bíblicos dos habitantes alexandrinos as razões <strong>da</strong> rápi<strong>da</strong> assimilação e difusão do cristianismo<br />
naquela ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
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