O CRISTIANISMO COPTA - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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ISSN: 1984 -3615<br />
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />
I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO<br />
MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO<br />
&<br />
IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA<br />
2010<br />
Outros aspectos também precisam ser consi<strong>de</strong>rados para a expansão <strong>da</strong> nova religião<br />
cristã no Egito e em todo o mundo mediterrâneo. Temos que lembrar que havia uma crise<br />
religiosa em todo o mundo não cristão, cujas religiões tradicionais não respondiam e<br />
satisfaziam as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s espirituais dos povos <strong>da</strong> época. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, essa crise religiosa<br />
crescia tanto no Egito como em outras partes do Império Romano. Muitos historiadores<br />
explicam essa crise <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> religiosa <strong>da</strong>s populações com as várias religiões do Império<br />
em função <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais e crises econômicas. A “felici<strong>da</strong><strong>de</strong>” proporciona<strong>da</strong> pelas<br />
riquezas materiais beneficiava, ca<strong>da</strong> vez mais, uma minoria <strong>de</strong> privilegiados. Até no Egito,<br />
convivia-se com uma concentração maior <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s terras e consequente direito <strong>de</strong><br />
coletar impostos por esses proprietários. Essa tendência à formação <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
domina<strong>da</strong> e organiza<strong>da</strong> em torno dos gran<strong>de</strong>s proprietários <strong>de</strong> terras opunha-se um aumento <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spossuídos que tendiam a se agrupar em torno <strong>de</strong>sses potentados, acreditando na sua<br />
proteção e em troca <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suas pequenas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Ao mesmo tempo,<br />
inaugurava-se uma divisão maior no conjunto dos ci<strong>da</strong>dãos entre humiliores e honestiores (os<br />
humil<strong>de</strong>s e os notáveis), ou seja, entre duas categorias segundo a fortuna e o nível social, fato<br />
que conduzia a dois pesos e duas medi<strong>da</strong>s em termos <strong>de</strong> justiça. Assim, po<strong>de</strong>mos explicar a<br />
crescente a<strong>de</strong>são a uma nova proposta religiosa cuja promessa <strong>de</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> acolhia todos os<br />
homens e, inclusive <strong>de</strong> forma inversa aos seus bens terrenos.<br />
Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> recor<strong>da</strong>r que a difusão do Cristianismo aconteceu no conjunto<br />
<strong>da</strong> Bacia Mediterrânea on<strong>de</strong> vigorava uma economia fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na escravidão. As<br />
mulheres e crianças não afortuna<strong>da</strong>s também eram penaliza<strong>da</strong>s com a exclusão social na<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> greco-romana, marca<strong>da</strong>mente machista e brutal. Não era estranho, portanto, que o<br />
Evangelho respon<strong>de</strong>sse a uma expectativa profun<strong>da</strong> dos homens nos primeiros séculos <strong>da</strong><br />
nossa era.<br />
A aparição e difusão do Cristianismo, no Egito, merecem ser analisa<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma<br />
cui<strong>da</strong>dosa. Importa assinalar, sobretudo, que a adoção <strong>da</strong> língua copta pelo cristianismo foi<br />
essencial na proliferação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s cristãs na região, ao mesmo tempo em que relegou<br />
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