17.04.2013 Views

Que América Latina se sincere - Acervo Paulo Freire

Que América Latina se sincere - Acervo Paulo Freire

Que América Latina se sincere - Acervo Paulo Freire

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

congrega pesquisadores negros e brancos do Brasil e de outros paí<strong>se</strong>s da <strong>América</strong> <strong>Latina</strong> e<br />

do continente africano que pesquisam no campo das relações raciais e cultura negra.<br />

A experiência de debater minhas visões e análi<strong>se</strong>s sobre movimentos negros<br />

(naquela época mais focada na Argentina, já que tinha defendido a dis<strong>se</strong>rtação naquele<br />

ano) com pesquisadores negros, muitos deles com uma trajetória de militância, foi<br />

fundamental para um diálogo intersubjetivo que ampliou meu horizonte interpretativo.<br />

Além disso, o diálogo “Atlântico” e continental propiciado pelo fato de ter participantes da<br />

<strong>América</strong> <strong>Latina</strong> e do continente africano também enriquecia a idéia de uma pesquisa<br />

transnacional que ressaltas<strong>se</strong> as construções de Afro-Latino-<strong>América</strong>.<br />

Outro espaço afirmativo que freqüentei foi através de meu trabalho no Projeto A<br />

Cor da Cultura 22 , com formação de professores sobre a Lei 10.639/03 23 . As formações<br />

apontavam a uma prática multicultural anti-racista no cotidiano escolar, tendo como eixo a<br />

valorização de significados culturais africanos pre<strong>se</strong>ntes na cultura brasileira e dos afro-<br />

brasileiros como sujeitos históricos e políticos atuais. Éramos uma equipe multirracial,<br />

com maior pre<strong>se</strong>nça de pessoas negras, em sua grande maioria mulheres pedagogas com<br />

uma militância na área da educação. O intercâmbio com a equipe e com os professores que<br />

constituíam o público das formações contribuiu para me apropriar de uma perspectiva anti-<br />

racista.<br />

Um terceiro espaço foi o Grupo de Trabalho Ações Afirmativas da UFRGS, que <strong>se</strong><br />

propôs a pressionar aos diferentes <strong>se</strong>gmentos da Instituição para a elaboração e a<br />

implementação de um Programa de Ações Afirmativas para a Universidade. Este também<br />

foi um grupo multirracial, no qual <strong>se</strong> deram reflexões interessantes sobre identidades<br />

raciais e de gênero, e como estas modelavam nossa prática de militância. Esta foi, para<br />

mim, uma participação decisiva para assumir uma posição no campo como militante anti-<br />

racista e um lugar de enunciação que trouxe a Antropologia para dentro da ação política.<br />

Outro espaço foi propiciado pela participação como pesquisadora no projeto<br />

intitulado Estudo sobre o potencial de adesão de entidades do movimento negro ao<br />

enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS na Região Sul do Brasil, realizado durante os<br />

22 Projeto idealizado pelo Centro de Identificação e Documentação do Artista Negro do RJ e realizado junto<br />

ao Canal Futura. Consistiu em material áudio-visual e textual orientados à aplicação da Lei 10.639. As<br />

formações com professores consistia em oficinas que conjugavam diferentes atividades a <strong>se</strong>r de<strong>se</strong>nvolvidas<br />

em sala de aula.<br />

23 A Lei Federal 10.639/03 torna obrigatória a inclusão da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no<br />

currículo oficial da Rede de Ensino Fundamental e Médio.<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!