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jean piaget e merleau-ponty na construção do conhecimento

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sólida compreensão <strong>do</strong> desenvolvimento e educação infantil. Vamos nos deter aqui basicamente <strong>na</strong>s<br />

conclusões que ele nos oferece <strong>na</strong> Estrutura <strong>do</strong> Comportamento.<br />

Para Merleau-Ponty o corpo tem um papel preponderante dentro de sua filosofia, o corpo irrompe<br />

como senti<strong>do</strong>, ele se apresenta como aquele que estrutura os estímulos, fazen<strong>do</strong> os estímulos ter relevância<br />

para o ser afeta<strong>do</strong> por eles, sem este, o meio externo, as fontes estimulantes, não poderiam agir sobre ele.<br />

O corpo não pode ser confundi<strong>do</strong> meramente como parte de uma materialidade inerte, mas participante<br />

ativo <strong>na</strong> produção da experiência. O corpo então é também fenome<strong>na</strong>l, ou seja, está para os estímulos<br />

objetivos, e promove a determi<strong>na</strong>ção própria de senti<strong>do</strong> prático a estes estímulos, geran<strong>do</strong> significação aos<br />

mesmos. Esse fluxo de atividades, pela qual o corpo se depara constantemente em relação ao mun<strong>do</strong>,<br />

concretiza certo estilo de experiência. (MERLEAU-PONTY, 1975, p.35)<br />

A pura reação frente ao estimulo não pode explicar por si somente a complexidade <strong>do</strong><br />

comportamento. O mun<strong>do</strong> sem dúvida alguma é protagonista <strong>na</strong> condição de pólo mundano gera<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

estímulos, contu<strong>do</strong>, outro protagonista de mesma importância e, portanto indispensável para essa geração<br />

de diferença de potencial está no corpo. Este não só é afeta<strong>do</strong>, mas é capaz de afetar-se e decide ser<br />

exposto ao estímulo. Temos então a principio uma dualidade, onde o estimulo e o corpo, não<br />

respectivamente, possuem certa dignidade de uma causa, contu<strong>do</strong> não pode-se sustentar a causalidade<br />

neste aspecto. “No estu<strong>do</strong> científico <strong>do</strong> comportamento, deve-se rejeitar como subjetivas todas as noções<br />

de intenção ou de utilidade ou de valor, porque elas não têm fundamentos <strong>na</strong>s coisas e não são<br />

determi<strong>na</strong>ções intrínsecas delas.” (MERLEAU-PONTY, 1975, p.35).<br />

Na concepção de Merleau-Ponty, entre a situação e a resposta vemos se estabelecer uma ligação<br />

dialética de senti<strong>do</strong> entre o organismo e o meio, relação de reciprocidade e interatividade. Existe uma<br />

interdependência momentânea que faz a gestão dessa relação entre o organismo e o meio, que no<br />

momento da relação não é possível valorar as partes ou admitir graus de importância. O que pode ser<br />

rigorosamente concebi<strong>do</strong> é um conjunto de agentes e condições que possibilitam o fenômeno <strong>do</strong><br />

comportamento.<br />

A excitação não é de forma alguma a resposta passiva, e estática quanto à intensidade e teor, de<br />

uma ação exterior, mas uma complexa decisão que o organismo produz, e este é o indivíduo, mesmo em<br />

face de uma mudança da excitação, que está totalmente submissa às normas descritivas <strong>do</strong> organismo.<br />

Como poderia ser aceito então a reação? Para Merleau-Ponty existe a necessidade de admitir que a ideia<br />

de atividade específica, proveniente de determi<strong>na</strong>da “provocação exter<strong>na</strong>”, <strong>na</strong>da mais é que uma<br />

impressão que um especta<strong>do</strong>r possui <strong>do</strong> fenômeno, o que desqualifica totalmente a aceitabilidade dessa<br />

proposição. “Mesmo se existissem estímulos, receptores, trajetos nervosos específicos, eles não poderiam<br />

explicar por si mesmos a adaptação <strong>do</strong> reflexo ao estímulo.” (MERLEAU-PONTY, 1975, p.55)

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