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jean piaget e merleau-ponty na construção do conhecimento

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O fator que deve ser considera<strong>do</strong> com maior rigor é a reação, porque no comportamento a reação é<br />

o ato explicita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fenômeno, se <strong>do</strong> fenômeno fosse retirada a reação, não seria possível considerar o<br />

acontecimento. Contu<strong>do</strong> já foi da<strong>do</strong> por certo que a reação não depende de uma ação exterior, a reação<br />

então é fruto de uma ação de decisão interior <strong>do</strong> próprio organismo agente, de forma tão complexa a<br />

impedir a qualificação específica de determi<strong>na</strong>ção exter<strong>na</strong> para reações exteriorizadas, a reação tem muito<br />

mais relações com a necessidade prática <strong>do</strong> que com a resposta ao estímulo.<br />

A atividade instintiva, e mesmo a maior parte da atividade reflexa aparece<br />

como altamente adaptada, o animal executa as ações que são úteis para ele<br />

em seu meio, mas, <strong>do</strong> ponto de vista desta teoria, a adaptação não é uma<br />

propriedade desses próprios atos, não e senão uma impressão que eles dão<br />

ao especta<strong>do</strong>r. (MERLEAU-PONTY, 1975, p.61)<br />

A reação no reino animal, seja racio<strong>na</strong>l ou irracio<strong>na</strong>l, não pode ser se não equivocadamente,<br />

comparada com a ação de uma máqui<strong>na</strong>. Um equipamento ao ser acio<strong>na</strong><strong>do</strong> através de uma determi<strong>na</strong>da<br />

chave, botão ou alavanca, desencadeia uma ação, devi<strong>do</strong> à ligação <strong>do</strong> determi<strong>na</strong><strong>do</strong> aparato de disparo,<br />

“botão”, com o aparato de ação que é distingui<strong>do</strong> pelo circuito particular correspondente.<br />

A reação deve ser sempre concebida levan<strong>do</strong> em consideração uma certa ambiguidade necessária,<br />

de certa forma apresenta-se com grande justeza de determi<strong>na</strong>ção, para que movimentos vitais e de controle<br />

sejam possíveis e preserva<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>utra forma e para os mesmos fins, é necessário uma notável e grande<br />

flexibilidade, porque a reação necessita de ser corrigida pela experiência, afim de que ela contribua<br />

sempre para os objetivos <strong>do</strong> organismo.<br />

Não é conveniente ao bem da justa ponderação introduzir normas huma<strong>na</strong>s nos fenômenos, e<br />

conceber, portanto, processos orienta<strong>do</strong>s ou orde<strong>na</strong><strong>do</strong>s, determi<strong>na</strong><strong>do</strong>res de respostas adaptadas ao<br />

estímulo, introduzin<strong>do</strong> a idéia de uma seqüência de movimentos coerentes. A relação de ordem que pode<br />

existir entre estimulo e reação é próprio da capacidade huma<strong>na</strong> de abstrair fatos, e no campo <strong>do</strong> senso<br />

comum, gerar uma organização para fins “pedagógicos”.<br />

É bastante evidente que falamos de uma resposta “adaptada” ao estímulo<br />

ou de uma seqüência de movimentos “coerentes”, exprimimos relações<br />

concebidas por nosso espírito, uma comparação que ele faz entre o<br />

“senti<strong>do</strong>” <strong>do</strong> estímulo e o “senti<strong>do</strong>” da reação, entre o “senti<strong>do</strong> total” da<br />

resposta e os movimentos parciais que o compõem. Essas relações de<br />

senti<strong>do</strong> pelas quais definimos a ordem resultam justamente de nossa<br />

própria organização. (MERLEAU-PONTY, 1975, p.76)<br />

Merleau-Ponty considera o comportamento como fruto da decisão <strong>do</strong> indivíduo, algo que é<br />

exter<strong>na</strong><strong>do</strong> a partir da complexidade da escolha frente a todas as questões inter<strong>na</strong>s e exter<strong>na</strong>s que se lhe<br />

apresenta. Essa capacidade de interpretação seletiva <strong>do</strong>s estímulos de acor<strong>do</strong> com o tempo, experiência e

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