Fr. Luís de Cácegas – Vol.3

OC LIVRO II DA HISTORIA DE S. DOMINGOS
ao Geral Frei Raimundo de Capua, que em Roma residia. Alegre cora
elia passou-llie liuma Patente de grandes favores. E julgando, que d'este
principio poderia ter remédio, e levantar-se a cabida observância, poios
mais membros da Ordem : despachou semelhantes Patentes por todas as
terras de sua obediência, servindo-se da obra de Frei Conrado pêra
exemplo, e ajuntando os mesmos favores pêra outras Provindas, com en-
comendar aos Prelados, que procurassem levantar em cada huma, sequer
bum só Convento reformado, inda que nâo fosse de maior numero, que
doze Frades :
e por aqui se deixa bem entender a grande baixa que ti-
nha dado a Religião em calidade, e cantidade de sujeitos : pois senão es-
tendia a confiança do Mestre Geral, a esperar maior numero em cada
Provincia. Confirmou logo este assento por authoridade Apostólica do
Papa Bonifácio Nono legitimo successor de Urbano Sexto, e por esta via
verdadeiro Pastor da Igreja. Tudo isto colligimos do Breve da confirma-
ção, que ao diante irá tresladado.
'Vivia n'este tempo em Portugal o Mestre Frei Vicente de Lisboa, pes-
soa de grandes partes de virtudes, e letras ; que por serem tais, despois
de ter administrado os cargos de Provincial de todos os Conventos de
Castella, e Portugal, e Inquisidor de toda Espanha, assistia neste Reino
por Confessor, e Pregador del-Rei Dom João. Tem grande força os bons
exemplos com todo o género de gente, quanto n)ais com quem por si
ama, e estima o bem. Encheo-se de zelo, quando chegou a ver as letras
do Padre Geral. Começou a tratar com alguns Religiosos de boa tenção,
e tentar outros, rogava, e persuadia, e dizia, que ja que os Alemães ti-
nhão ganhado por mão, sendo primeiros em obra tão acertada, de que
llies tinha assaz inv