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Fr. Luís de Cácegas – Vol.3

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I PARTICULAR DO REINO DE PORTUGAL 101<br />

tras oito colunas mais pequenas, que bem lavradas a ílu^pão, fazem huma<br />

<strong>de</strong>scuberta charola, e n"ella liuma figura, que a occupa, abraçada com<br />

Imma Cruz; raostra-nos ser a Fé, virtu<strong>de</strong> principal pêra o conhecimen-<br />

to d"este Senhor Sacramentado, supiindo a falta dos sentidos humanos:<br />

coroao em torno esta charola outros oito remates, não menos galantes,<br />

que os passados, seguindo a mesma or<strong>de</strong>m que dissemos: no meio d "es-<br />

tes nasce a ultima peca mais pequena, tão bem oitavada, ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong><br />

varias methas, e flores, que dão logar a dous nichos, hum pêra a igre-<br />

ja, em que está a figura da Esperança, com sua divisa da anch.ora ; ou-<br />

tro pêra a parte do Choro, em que se recolhe a figura da Ciiarida<strong>de</strong>,<br />

occupada com huns mininos innocentes.<br />

Finalmente sobre esta ultima peça arremata hum globo, cercado <strong>de</strong><br />

huns quartões, que vão receber o pé <strong>de</strong> huma Cruz entalhada ao. viez,<br />

cujos remates nas pontas são flores <strong>de</strong> Liz, mui proporcionadas com a<br />

mais obra. São notáveis finalmente as miu<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>stas folhas, a perfeição<br />

dos passarinhos, huns com as azinhas abertas, outros picando em<br />

os <strong>de</strong>licados ramos : o sutil das figurinhas, muitas, e varias: e sobre<br />

tudo admira o sofrimento da ma<strong>de</strong>ira, e a paciência do artifice : <strong>de</strong> sor-<br />

te, que houve votos que se náo cobrisse <strong>de</strong> ouro, por se não encobiir<br />

<strong>de</strong> algum modo a perfeição <strong>de</strong> tão <strong>de</strong>licado feitio ; mas não era conve-<br />

uiente ficar assi, visto ser morada <strong>de</strong> tal Senhor; e assi se chamarão os<br />

mais insignes oHlciais, que com varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro, mate, e burnido, o<br />

lizerão parecer huma rica peça <strong>de</strong> ouro fino.<br />

Temos relatado as obras, que fez o Padre Mestre <strong>Fr</strong>ei João <strong>de</strong> Vas-<br />

concellos, comessadas em 1024, e aperfeiçoadas com o ultimo remate<br />

em lG3i2, em que se disse a primeira Missa na Igreja nova em quinta<br />

feira <strong>de</strong> Endoenças : disse-a o mesmo Padre Mesti'e, e pregou o Padí'e<br />

<strong>Fr</strong>ei Joseph da Conceição. Se houvéramos <strong>de</strong> relatar as muitas cousas,<br />

que mandou fazer pêra o culto Divino, <strong>de</strong> vasos, e vestiduras sagradas,<br />

e <strong>de</strong> todas as cousas concernentes ao culto Divino, era necessário novo<br />

livro ; porque alem <strong>de</strong> serem muitas, são todas com particular perfei-<br />

ção : assi se traia <strong>de</strong> então até o presente n"este Convento o culto Divi-<br />

no, com o aseio, limpeza, e perfeição, que na terra se po<strong>de</strong> fazer.<br />

Mas não he rezão <strong>de</strong>ixar em silencio íumia capelinha, que <strong>de</strong>spois se<br />

fez por industria do Padre <strong>Fr</strong>ei Luis Garcês, merece sua vida, e observância<br />

esta memoria. Este Religioso já bem \elho, buscou esmolas com<br />

que fez huma capelinha no canto do Cruseiro, da parte da Epistola, azu-

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