da Boa Vista - Jornal de Leiria

IV Festival do Leitão
da Boa Vista
Miguel Sousinha, presidente da Região de Turismo Leiria/Fátima
Certificação do Leitão
é um processo complexo
A promoção do Leitão
à Boa Vista e da
gastronomia da região
é, para o presidente da
região de Turismo
Leiria/Fátima uma mais-
-valia a ser explorada
no âmbito da
promoção da região.
Miguel Sousinha chama
a atenção das
especificidades deste
produto e para as suas
potencialidades
Como encara o processo da criação de
uma região demarcada do leitão?
A Região demarcada do leitão ou a sua
certificação de origem tem uma série de etapas
a percorrer para seja realidade. Do nas-
Qual a importância da certificação
do “Leitão da Boa Vista”?
A Região Demarcada do Leitão foi
um trabalho que a ASCL tentou, em certo
momento, desenvolver, mas a Junta
de Freguesia agarrou no processo e, para
nós, o importante não é quem faz, mas
que se faça. O assunto foi entregue à
Junta de Freguesia da Boa Vista, ape-
cimento ao abate, passando pelo transporte
e confecção, todo o processo tem de ser
certificado. É complexo, mas é óbvio que
qualquer símbolo de qualidade num produto
é uma mais-valia a ter em conta. É um
sar do Leitão não ser propriamente da
Boa Vista, mas da região envolvente.
Faz sentido que seja esta autarquia local
a liderar o processo. A Associação dos
Suinicultores do Concelho de Leiria
(ASCL) fez todos os contactos necessários
para conseguir uma “denominação
de origem” para este produto. Não é um
processo que se deva deixar arrastar, é
Jornal de Leiria | 30.06.2005 7
caminho que será percorrido em conjunto
com os produtores das rações para os animais,
suinicultores e com o sector da restauração.
Falta um esforço concertado entre estes
intervenientes ou um organismo para liderar
este movimento?
Tem mesmo de ser concertado. A certificação
assim o exige. Em termos de área,
o leitão da Boa Vista tem características e
especificidades muito próprias. É a forma
de assar e as particularidades de venda que
o distinguem. Já há uma série de restaurantes
que, em complimentariedade com o
leitão no espeto, o têm no menu, para além
de o fazerem por encomenda. É curioso que
há cada vez mais encomendas de leitão à
Boa Vista.
Para quando a inclusão desta iguaria
nos folhetos da Região de Turismo?
Desde o início que ele consta dos nossos
folhetos. Temos incentivado muito o festival
e sempre que temos acções de divulgação
de gastronomia, o leitão da Boa Vista
tem estado presente. Temos feito tudo o que
nos tem sido possível. Não podemos pen-
muito importante avançar com ele, pela
importância que o leitão dos pontos de
vista gastronómico, económico, social
e mesmo ambiental. A exploração deste
produto permite a algumas pequenas
e médias explorações reconverterem-se
e encontrarem um nicho de mercado
rentável e, por essa via, reduzir o número
de efectivos nas explorações e da carga
poluente por eles libertada. A constituição
da região demarcada não é um
processo rápido e requer uma grande
concertação de vontades.
A Junta de Freguesia da Boa Vista
é o organismo aglutinador dessas vontades?
Não sei se será ou não. Mas está na
posição de o fazer. Têm-nos a nós como
parte activa e parceiros no processo,
pois percebemos a importância da medida.
Se não o fizer, a ASCL está na disposição
de continuar o trabalho. Atendendo
às transformações por que o sector
tem passado, é preciso dar alguma dinâmica
às pequenas explorações. Mas, volto
a sublinhar, o nosso empenho e disponibilidade
para com a Junta de
Freguesia é total.
A determinada ocasião falou-se em
utilizar o porco malhado de Alcobaça
como raça autóctone a ser aproveita-
sar que leitão da Boa Vista vai concorrer
com o leitão da Mealhada porque esse tem
anos de promoção e estou a falar da promoção
individual das pessoas. A verdade é
que quando se fala do leitão pensa-se logo
no da Mealhada. Poderemos ter esperanças
de marcar a diferença se apostarmos na qualidade
do Festival do Leitão da Boa Vista.
Que mais-valia traz o leitão para área
do turismo?
Toda a gastronomia é um complemento
do turismo. E os produtos locais de qualidade
são sempre mais-valias. Daí que toda
a gastronomia da região é um grande contributo
para a sua promoção.
Que mais acções de promoção se podem
fazer para potenciar este produto?
Ainda há algum tempo, num programa
da TVI, com Manuel Luís Goucha, levámos
o leitão à Boa Vista para a mesa. O
mesmo aconteceu num programa de Herman
José. Tem havido uma série de iniciativas
de mediatização e comunicação
onde esta iguaria está presente. Trazemse
muitas pessoas para a região através
deste tipo de acções. ■
David Neves, presidente da Associação de Suinicultores do Concelho de Leiria
O leitão é um nicho de mercado importante
A reconversão das
explorações e a adopção
do porco malhado de
Alcobaça, bem como a
urgência da criação de
uma denominação de
origem do “Leitão à Boa
Vista” são algumas das
medidas que o
presidente da
Associação de
Suinicultores do
Concelho de Leiria
(ASCL) considera
essenciais
JACINTO SILVA DURO
JACINTO SILVA DURO
da em exclusivo para o Leitão da Boa
Vista...
O malhado de Alcobaça foi reconhecido
como raça autóctone e por isso
faz todo o sentido desenvolver este processo.
O que a ASCL tem vindo a transmitir
é a ideia de aproveitamento dessa
raça cujas características são muito
interessantes para os assadores de leitão.
Mas esta medida carece da definição
de uma estratégia para atingir esse
objectivo.
O sector tem estado a passar por
uma crise com várias consequências.
É um fenómeno que dura há já
algum tempo. As pequenas explorações
têm dificuldade em tornarem-se
competitivas face à conjuntura do
mercado e é preciso criar alternativas
para que estas possam continuar
a operar durante mais alguns anos.
Está aqui subjacente uma componente
social muito importante. Muitas famílias
e suinicultores que têm uma idade
média acima dos 45 anos sobrevivem
dessas pequenas explorações, que
ainda por cima estão inseridas dentro
de aglomerados populacionais.
Esta é mais uma questão que tem de
ser equacionada durante o processo
de criação de uma região demarcada
do leitão. ■