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mulheres do buraco doce - Núcleo de Estudos de Gênero e ...

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Direito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,<br />

Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura<br />

04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011<br />

Centro <strong>de</strong> Convenções da Bahia<br />

Salva<strong>do</strong>r - BA<br />

e toman<strong>do</strong> ares <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> tal fato também não era diferente. A sexualida<strong>de</strong><br />

feminina era cerceada <strong>de</strong> normas em que as “moças <strong>de</strong> família” <strong>de</strong>veriam se<br />

“dar ao respeito” e ter comportamentos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para não serem<br />

confundidas com levianas, mundanas e indignas <strong>de</strong> conseguirem um bom<br />

casamento (DEL PRIORE, op.cit., p.160). Del Priore argumentou que:<br />

”As <strong>mulheres</strong> eram privadas <strong>de</strong> qualquer conhecimento sobre sexo. A<br />

repressão sexual era profunda entre as <strong>mulheres</strong> e estava<br />

relacionada com a moral tradicional judaico cristã. A palavra “sexo”<br />

não era nunca pronunciada, e saber alguma coisa ou ter<br />

conhecimento sobre a matéria fazia com que sentissem culpadas.<br />

Virginda<strong>de</strong> era o assunto sério. Os homens conheciam uma “<strong>do</strong>nzela<br />

pelo andar”. Ser “furada”, “cair no mun<strong>do</strong>” ou não prestar mais <strong>de</strong>finia<br />

o futuro <strong>de</strong> uma mulher. Sua reputação social <strong>de</strong>finia-se pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistir aos avanços masculinos 16 ”.<br />

As <strong>mulheres</strong> da casa não <strong>de</strong>veriam ser confundidas com prostitutas, pois<br />

a mulher <strong>de</strong> princípios e valores morais, nada <strong>de</strong>veria saber sobre sexo,<br />

manten<strong>do</strong>-se virgem até o casamento e exercen<strong>do</strong> o seu papel <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>. A<br />

imagem da mãe-esposa-<strong>do</strong>na <strong>de</strong> casa como principal e mais importante função<br />

da mulher correspondia ao prega<strong>do</strong> pelas Igrejas Cristãs, ensina<strong>do</strong> por<br />

médicos e juristas, legitima<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> e divulga<strong>do</strong> pela imprensa (MALUF,<br />

1998, p. 374). Mas, as prostitutas, <strong>de</strong>sempenhavam o papel <strong>de</strong> satisfazer<br />

sexualmente os <strong>de</strong>sejos masculinos, principalmente <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s das “<strong>mulheres</strong><br />

<strong>de</strong> família” (DEL PRIORE, op.cit. p.87).<br />

Por serem constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> avenida e <strong>de</strong> casebres muito<br />

pobres, as <strong>mulheres</strong> que vendiam o seu corpo nos meretrícios que compunha a<br />

região <strong>do</strong> Buraco Doce pertenciam as classes populares, com baixa<br />

escolarida<strong>de</strong>, que viram naquele ambiente uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência.<br />

As suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bravam-se em sua maneira <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> viver,<br />

contribuin<strong>do</strong> para que proce<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong> forma menos inibida que as <strong>de</strong> outras<br />

classes sociais, o que se configurava através <strong>do</strong> linguajar “mais solto”, maior<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção e iniciativa nas <strong>de</strong>cisões (SOHIET, 1997, p.368). As<br />

16<br />

DEL PRIORE, Mary. Histórias íntimas: sexualida<strong>de</strong> e erotismo na história <strong>do</strong> Brasil. Editora<br />

Planeta <strong>do</strong> Brasil: São Paulo, 2011.p.118-123.

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