17.04.2013 Views

mulheres do buraco doce - Núcleo de Estudos de Gênero e ...

mulheres do buraco doce - Núcleo de Estudos de Gênero e ...

mulheres do buraco doce - Núcleo de Estudos de Gênero e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Direito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,<br />

Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura<br />

04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011<br />

Centro <strong>de</strong> Convenções da Bahia<br />

Salva<strong>do</strong>r - BA<br />

tanto <strong>do</strong>ce, as mulher, o mulherio, aí botam o nome <strong>do</strong>ce” 14 .<br />

O linguajar solto e <strong>de</strong>spoja<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>poente, o termo “come<strong>do</strong>ra”<br />

se refere à maior liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> práticas sexuais que as meretrizes ofereciam ao<br />

<strong>de</strong>sfrute <strong>de</strong> prazeres, ao buscar satisfazer sexualmente o seu cliente. Rago<br />

(1989, p.91) citou que a prostituta se tornou no imaginário masculino<br />

necessária para a liberação <strong>de</strong> fantasias, transfigurada na sexualida<strong>de</strong><br />

pecaminosa, paga, porém mais violenta e excitante. Ela atua no espaço<br />

marginal oferecen<strong>do</strong> aquilo que o freguês procura, saben<strong>do</strong> ler seus <strong>de</strong>sejos e<br />

preencher suas expectativas, apesar <strong>do</strong> comércio.<br />

Praticar sexo anal ou sexo oral foi durante muito tempo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

perversão sexual <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procriar, gerar filhos, através<br />

<strong>de</strong>stas práticas. Para as Igrejas Cristãs, toda relação sexual que não tivesse<br />

por finalida<strong>de</strong> a procriação confundia-se com a prostituição (DEL PRIORE,<br />

2011, p.48). Nas regras da Igreja, proibiam-se práticas consi<strong>de</strong>radas contra a<br />

natureza, que fossem fora <strong>do</strong> “vaso consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> natural”. O sexo admiti<strong>do</strong> era<br />

restrito e exclusivo para a procriação. Era proibi<strong>do</strong> gozar fora <strong>do</strong> vaso natural e<br />

obrigatório não utilizar o “vaso traseiro”. A prática <strong>do</strong> sexo anal além <strong>de</strong> ser<br />

con<strong>de</strong>nada por não procriar era também consi<strong>de</strong>rada anormal, pois<br />

animalizava a mulher, comparan<strong>do</strong>-as a feras em um ato que <strong>de</strong>veria ser<br />

sagra<strong>do</strong> (DEL PRIORE, op.cit. p.42-48).<br />

Para a socieda<strong>de</strong> patriarcal cristã o sexo era restrito como função<br />

genital procria<strong>do</strong>ra. A virginda<strong>de</strong> das moças solteiras <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>fendida e a<br />

sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro lar controlada, praticada <strong>de</strong> forma sadia. As esposas não<br />

podiam ser confundidas como amantes voluptuosas e <strong>de</strong>senvergonhadas no<br />

momento <strong>do</strong> ato sexual. De outro la<strong>do</strong>, os jovens solteiros precisavam resolver<br />

suas frustrações sexuais e os homens mal casa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>veriam satisfazer seus<br />

<strong>de</strong>sejos naturais. Essas socieda<strong>de</strong>s criaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> que<br />

oferecessem gozo sexual aos homens, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o controle das práticas<br />

sexuais submissas (CHAUÍ, 1984, p.78).<br />

14 Depoimento da Sra. Margarida. Entrevista concedida em 09/04/2008, em Can<strong>de</strong>ias/BA.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!