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mulheres do buraco doce - Núcleo de Estudos de Gênero e ...

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Direito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,<br />

Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura<br />

04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011<br />

Centro <strong>de</strong> Convenções da Bahia<br />

Salva<strong>do</strong>r - BA<br />

Olha o Buraco Doce !!!!!<br />

O Brega <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> Buraco Doce se localizava próximo a um poço<br />

<strong>de</strong> extração <strong>de</strong> petróleo, o C-14, em um bairro afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> Can<strong>de</strong>ias,<br />

chama<strong>do</strong> Malembá. Um ex-petroleiro <strong>de</strong>screveu a geografia local:<br />

“Ficava numa bancada, mais o poço era um pouco mais a frente.<br />

Tinha uma casinha <strong>de</strong> roceiros, tinha uma três ou quatro casas que<br />

exploravam a bebida também, vendiam bebidas, uns barzinhos<br />

nestas casas. Elas (as prostitutas) aproveitavam as ma<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong>ixadas pela Petrobrás e colocaram nas casas <strong>de</strong>las 9 ”.<br />

O Buraco Doce se constituiu <strong>de</strong> vários casebres pobres, próximas umas<br />

das outras, que <strong>de</strong>limitou uma zona prostitucional na década <strong>de</strong> 1950/60, no<br />

auge das ativida<strong>de</strong>s petrolíferas. Funcionou em uma região distante, isolada e<br />

pouco movimentada, em um local consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> “impróprio” para se localizar um<br />

meretrício. O Sr. Cravo, relata como era as condições físicas <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>stas<br />

casas:<br />

“era uma casa <strong>de</strong> taipa, tinha vários quartos, sen<strong>do</strong> uma casa baixa.<br />

Na casa também havia <strong>do</strong>is tonéis on<strong>de</strong> elas (as prostitutas)<br />

tomavam banho, faziam as coisas <strong>de</strong>las” 10 .<br />

Neste perío<strong>do</strong>, Can<strong>de</strong>ias não contava com água encanada e energia<br />

elétrica e estas casas funcionavam na luz <strong>do</strong> can<strong>de</strong>eiro e a água consumida<br />

por estas <strong>mulheres</strong> era comprada <strong>do</strong>s agua<strong>de</strong>iros. Na rua <strong>do</strong> quase inabita<strong>do</strong><br />

bairro <strong>do</strong> Malembá, on<strong>de</strong> funcionava o prostíbulo, também moravam algumas<br />

famílias, e as casas quase que se confundiam nos limites da vegetação local.<br />

Segun<strong>do</strong> uma antiga mora<strong>do</strong>ra, que mora na localida<strong>de</strong> a mais <strong>de</strong> 50 anos e<br />

acompanhou este processo: “era mata, mata, aqui tu<strong>do</strong> era mato. Aí a gente<br />

tinha até me<strong>do</strong> <strong>de</strong> entrar, nesse la<strong>do</strong> aí era tu<strong>do</strong> cipó trança<strong>do</strong> <strong>do</strong> mato que<br />

tinha” 11<br />

Por aqueles tempos, entre os fins <strong>de</strong> 1950 e inicio <strong>de</strong> 1960, terrenos<br />

começavam a serem arrenda<strong>do</strong>s para a construção <strong>de</strong> casas, povoan<strong>do</strong> aos<br />

9 Depoimento <strong>do</strong> Sr.Cravo. Para este <strong>de</strong>poente usaremos o codinome Cravo, preservan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>sta forma sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Enquanto as <strong>mulheres</strong> entrevistadas, utilizaremos nomes <strong>de</strong> flores,<br />

que são fictícios para <strong>de</strong>nominá-las. Entrevista concedida em 30/07/07, em Can<strong>de</strong>ias.<br />

10 Depoimento <strong>do</strong> Sr.Cravo. Entrevista concedida em 30/07/07, em Can<strong>de</strong>ias/BA.<br />

11 Depoimento da Sra. Rosa. Entrevista concedida em 17/04/2008, em Can<strong>de</strong>ias/BA.

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