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mulheres do buraco doce - Núcleo de Estudos de Gênero e ...

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Direito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,<br />

Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura<br />

04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011<br />

Centro <strong>de</strong> Convenções da Bahia<br />

Salva<strong>do</strong>r - BA<br />

E mesmo para aquelas que fizeram parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> prostitucional <strong>de</strong>ste<br />

perío<strong>do</strong> não é fácil relatar ou reviver memórias que confirmem o seu passa<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Leite ( 2005, p.11) as ex-prostitutas se negam a falar pelo fato <strong>de</strong><br />

terem que admitir sua participação em uma experiência “fora da lei”,<br />

estigmatizada como marginal pela socieda<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> que muitas <strong>de</strong>las hoje<br />

“reingressaram na socieda<strong>de</strong>”. Nas entrevistas e no <strong>de</strong>correr da pesquisa<br />

da<strong>do</strong>s nos levaram ao encontro <strong>de</strong> uma ex-prostituta <strong>do</strong> Buraco Doce. Na<br />

expectativa <strong>de</strong> riquezas <strong>de</strong> informações marcamos uma entrevista, mas, no<br />

<strong>de</strong>correr <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento, perceben<strong>do</strong> a intencionalida<strong>de</strong>, a mesma buscou<br />

<strong>de</strong>ixar claro que não fazia parte <strong>do</strong> meretrício:<br />

“É porque tinha umas <strong>mulheres</strong> que brigavam muito, disse que tinha<br />

umas <strong>mulheres</strong> aqui que brigavam muito, neste tempo eu não morava<br />

aqui não, eu morava lá em cima, na Boa Vista. Mais diz que aqui<br />

tinha umas mulher que brigava muito, aí colocaram este nome Buraco<br />

Doce, mais eu não gosto que chame assim não. Eu gosto que chame<br />

Rua José Xavier, que aqui não tem mais mulher que briga, não tem<br />

mais ninguém, tu<strong>do</strong> aqui agora é família <strong>de</strong> <strong>de</strong>cência 18 .”<br />

É perceptível nesta fala o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>r, refazer a trajetória<br />

pessoais, pelo apagar da memória experiências consi<strong>de</strong>radas negativas pela<br />

<strong>de</strong>poente.<br />

Tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> cotidiano, para atrair os clientes, diversas eram as táticas<br />

que as prostitutas <strong>do</strong> Buraco Doce utilizavam. Vestiam-se com roupas<br />

transparentes, mostran<strong>do</strong> partes <strong>do</strong> corpo. O Sr.Cravo nos contou que algumas<br />

chamavam os clientes e os fitavam com um olhar convidativo para a<strong>de</strong>ntrarem<br />

no recinto e <strong>de</strong>sfrutarem <strong>de</strong> seus serviços sexuais. Nestes locais também<br />

funcionava pequenos botecos em que se vendiam bebidas, cigarros e petiscos<br />

para contribuir nos rendimentos das profissionais. Elas também colocavam em<br />

bacias passarinhas e peixe frito para ven<strong>de</strong>r, servin<strong>do</strong> como acompanhamento<br />

á pinga ou conhaque, as bebidas mais consumidas pelos clientes.<br />

Dentre os principais freqüenta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Buraco Doce, segun<strong>do</strong> as<br />

entrevistadas, não estavam somente os petroleiros, apesar das casas se<br />

localizarem próximas a um poço <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> petróleo, local <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s<br />

18 Depoimento da Sra. Orquí<strong>de</strong>a. Entrevista concedida em 09/04/2008, em Can<strong>de</strong>ias/BA.

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