a imagem nas imagens: leituras iconológicas - Jackbran.com.br
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REVISTA LUMEN ET VIRTUS<<strong>br</strong> />
ISSN 2177-2789<<strong>br</strong> />
VOL. I Nº 2 MAIO/2010<<strong>br</strong> />
isso ela é, muitas vezes, retratada <strong>com</strong>o uma prostituta arrependida que chora por seus pecados,<<strong>br</strong> />
apesar de não haver nenhuma menção nominal de quais seriam esses em nenhum dos<<strong>br</strong> />
Evangelhos. Além disso, nos casos acima mencionados, dizia-se tratar ape<strong>nas</strong> de “uma mulher.”<<strong>br</strong> />
Diante da interpretação iconográfica, verificar-se-á que o simples emprego dos textos<<strong>br</strong> />
evangélicos não é capaz de auxiliar na análise total da o<strong>br</strong>a, pois mais do que respostas para as<<strong>br</strong> />
perguntas efetuadas, novas perguntas surgem.<<strong>br</strong> />
Assim, resta fazer a análise iconológica, quando se verá que, para o homem do século<<strong>br</strong> />
XXI, muitos detalhes passam despercebidos, já que se enxergam, nos mesmos, adornos, poses ou<<strong>br</strong> />
a mera liberdade de criação do artista. Dificilmente se verá que tais empregos foram devidos à<<strong>br</strong> />
codificação que havia naquele período. Assim,<<strong>br</strong> />
a) enquanto nós, leitores do século XXI, enxergamos na o<strong>br</strong>a “uma mulher <strong>com</strong> rosto<<strong>br</strong> />
de aspecto grave <strong>com</strong> vestido reto, longo e cingido <strong>com</strong> uma corda em laço”; os<<strong>br</strong> />
leitores do século XVII enxergavam, segundo a Iconologia de Cesare Ripa, a<<strong>br</strong> />
representação da Penitência: “mujer extenuada, de rostro macilento, revestida con<<strong>br</strong> />
ropas tristísimas y po<strong>br</strong>es” (RIPA, 1987, p. 190, v. 2)<<strong>br</strong> />
b) enquanto nós, leitores do século XXI, enxergamos na o<strong>br</strong>a “olhos fixos em direção a<<strong>br</strong> />
um crucifixo”; os leitores do século XVII enxergavam, segundo a Iconologia de Cesare<<strong>br</strong> />
Ripa a representação da Penitência: "mujer macilente (…) sosteniendo un azote con<<strong>br</strong> />
la diestra y una cruz con la diestra, hacia la cual está mirando fijamente” (ibidem, 1987,<<strong>br</strong> />
p. 192, v. 2)<<strong>br</strong> />
c) enquanto nós, leitores do século XXI, enxergamos na o<strong>br</strong>a “mão direita em direção<<strong>br</strong> />
ao peito”; os leitores do século XVII enxergavam, segundo a Iconologia de Cesare Ripa,<<strong>br</strong> />
Amor a Deus: “con la diestra ha de mostrar su pecho” (RIPA, 1987, p. 89, v. 1); ou<<strong>br</strong> />
Arrependimento dos pecados: “aparecerá arrodillado, golpeándose el pecho con la<<strong>br</strong> />
diestra, y con la cabeza algo inclinada” (ibidem, 1987, p. 112, v. 1)<<strong>br</strong> />
d) enquanto nós, leitores do século XXI, enxergamos na o<strong>br</strong>a “a mão esquerda<<strong>br</strong> />
segurando um crucifixo”; os leitores do século XVII enxergavam, segundo a<<strong>br</strong> />
Iconologia de Cesare Ripa, a Obediência: “mujer de rostro noble y muy modesto<<strong>br</strong> />
revestida con hábito religioso, que sostendrá con la izquierda un Crucifijo” (ibidem,<<strong>br</strong> />
1987, p. 136, v. 1); ou a Fé Cristã: “mujer que aparece puesta en pie (...). Con la<<strong>br</strong> />
siniestra sostendrá una Cruz” (ibidem, 1987, p. 401, v.1)<<strong>br</strong> />
Antônio Jackson de Souza Brandão