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a imagem nas imagens: leituras iconológicas - Jackbran.com.br

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REVISTA LUMEN ET VIRTUS<<strong>br</strong> />

ISSN 2177-2789<<strong>br</strong> />

VOL. I Nº 2 MAIO/2010<<strong>br</strong> />

a) a matéria, os atributos que constituirão os fundamentos para a formação da alegoria;<<strong>br</strong> />

b) a eficiência, o ser ou não possível a representatibilidade da matéria por meio de uma<<strong>br</strong> />

alegoria;<<strong>br</strong> />

c) a forma, a construção da <strong>imagem</strong> mediante seus atributos;<<strong>br</strong> />

d) o fim, a percepção visual do conceito abstrato que se pretende alegorizar.<<strong>br</strong> />

A partir desse momento, o autor da Iconologia mostra que, ao se elaborar uma alegoria, não<<strong>br</strong> />

deve haver uma simples analogia entre a ideia alegorizante e seu atributo simbólico, o que<<strong>br</strong> />

demonstraria falta de engenho, além de pouco valor, <strong>com</strong>o representar “Desespero” <strong>com</strong> alguém<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> uma corda amarrada ao pescoço, ou “Amizade”, quando se veem duas pessoas que se<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>açam. (ibidem, p. 48)<<strong>br</strong> />

Deve ser abordado ainda o fato de Ripa dar extrema importância à nomeação das<<strong>br</strong> />

alegorias:<<strong>br</strong> />

También me parece que es buena cosa y digna de seguirse observando el<<strong>br</strong> />

inscribir bajo ellas sus nom<strong>br</strong>es, excepto cuando se trate de algún enigma, pues<<strong>br</strong> />

sin tener noticia de su denominación no es posible alcanzar el conocimiento de<<strong>br</strong> />

la cosa significada, a no ser en el caso de imágenes triviales, que por el uso<<strong>br</strong> />

repetido son reconocidas por todos a primera vista. (ibidem, p. 50)<<strong>br</strong> />

Vê-se, portanto, que a Iconologia constitui-se em<<strong>br</strong> />

um dos projetos mais ambiciosos para buscar as fontes das personificações e<<strong>br</strong> />

das alegorias que chegaram ao homem do Re<strong>nas</strong>cimento, sem que se soubesse<<strong>br</strong> />

[muitas vezes de forma precisa] de que esfera cultural da Idade Média elas<<strong>br</strong> />

provinham. A Iconologia de Ripa é a o<strong>br</strong>a que estabelece parâmetros que por<<strong>br</strong> />

muito tempo vão vigorar na interpretação da simbologia das representações.<<strong>br</strong> />

(ROSA, 2007, p. 247)<<strong>br</strong> />

Dessa forma, a Iconologia tornar-se-ia muito mais do que um manual de <strong>imagens</strong> e<<strong>br</strong> />

sentenças – visto que essas também pretendem moralizar, não simplesmente entreter –, ou<<strong>br</strong> />

mesmo de uma taxionomia de virtudes e de vícios a<strong>com</strong>panhados de suas alegorias visuais. Como<<strong>br</strong> />

foi possível depreender, sua lógica imagética era duplamente articulada, fosse <strong>com</strong>o uma técnica<<strong>br</strong> />

construtiva, fosse <strong>com</strong>o técnica interpretativa (HANSEN, 1986, p. 87-88), ou seja, sua utilização<<strong>br</strong> />

só seria possível por aqueles que detivessem a chave sígnica que a<strong>br</strong>iria as portas da interpretação,<<strong>br</strong> />

já que é isso que demonstraria engenho, seja para o autor – que não perdeu tempo enquanto<<strong>br</strong> />

escrevia (Cf.: RIPA, s/d, v. 1, p. 50) –, seja para o leitor – que terá prazer quando, na<<strong>br</strong> />

contemplação da o<strong>br</strong>a, identificar o que se pretendia dizer. (Cf.: ARISTÓTELES, 1996, p. 33)<<strong>br</strong> />

Antônio Jackson de Souza Brandão

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