JOGOS AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NO ... - UFSCar
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<strong>JOGOS</strong> <strong>AFRICA<strong>NO</strong>S</strong> E <strong>AFRO</strong>-<strong>BRASILEIROS</strong> <strong>NO</strong> CONTEXTO DAS AULAS<br />
DE EDUCAÇÃO FÍSICA *<br />
Alesandro Anselmo Pereira<br />
Luiz Gonçalves Junior<br />
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva<br />
Resumo<br />
A Lei 10.639/2003, que altera a Lei 9394/1996, torna obrigatório o ensino de História e<br />
Cultura Afro–Brasileira e Africana na educação básica. No entanto, percebemos uma<br />
lacuna quanto ao cumprimento desta lei dentro das instituições educacionais,<br />
particularmente no componente curricular Educação Física. Assim, o objetivo deste<br />
estudo foi, inicialmente, fazer um levantamento sobre jogos, brincadeiras, danças e<br />
contos de origem africana e afro-brasileira para, em um segundo momento, realizar<br />
aplicação das mesmas em uma intervenção em aulas do Projeto Recreação da Prefeitura<br />
Municipal de São Carlos, e, finalmente, observar como se dá o desenvolvimento de tais<br />
atividades junto aos participantes e se estas contribuem na formação de identidade negra<br />
positiva de crianças negras e não negras e no respeito à diversidade étnico-cultural.<br />
Tratou-se de uma pesquisa qualitativa com coleta de informações realizada por meio do<br />
registro sistemático das observações em diário de campo. Consideramos que é possível<br />
vivenciar, de forma reflexiva, a história de diferentes culturas, inclusive a africana, e<br />
que as vivências, os diálogos e a reflexões foram de extrema importância para<br />
afirmação, compreensão e respeito de diferentes culturas e identidades.<br />
Introdução<br />
Dia-a-dia as pessoas se deparam com as diferenças existentes e aparentemente<br />
consolidadas pela sociedade, acreditando, por vezes, que situações constrangedoras<br />
desencadeadas através de apelidos, brincadeiras mal intencionadas, especialmente no<br />
ambiente escolar, são atitudes corriqueiras, as quais devem ser aceitas como “naturais”<br />
pela força do contexto em que se vive, como, por exemplo, acreditar que afrodescendentes<br />
são seres humanos inferiores.<br />
Ao brincar e jogar na rua ou na escola podemos sentir em situações de<br />
acolhimento étnico-cultural: valorização, receptividade, conforto e alegria. Como<br />
também, em situações de tolhimento étnico-cultural: desvalorização, constrangimento,<br />
desconforto e tristeza. De um modo ou de outro são momentos de aprendizagem que, no<br />
entanto, oscilam entre prazer e dor, devendo as primeiras serem encorajadas e as<br />
segundas banidas de nossa sociedade.<br />
* Referência: PEREIRA, Alesandro A.; GONÇ ALVES JUNIOR, Luiz; SILVA, Petronilha B. G. e. Jogos<br />
africanos e afro-brasileiros no contexto das aulas de educação física. In: XII Congresso da Association<br />
Internationale pour la Recherche Interculturelle (ARIC): diálogos interculturais: descolonizar o saber e o<br />
poder, 2009, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009. p.1-18. (ISBN: 978-85-87103-36-9).
A partir de nossa vivência e contato com a Lei 10.639/2003, que altera a Lei de<br />
Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996, tornando obrigatório o ensino de<br />
História e Cultura Afro–Brasileira e Africana na educação básica (BRASIL, 2004) nos<br />
sentimos estimulados e desafiados a desenvolver intervenção e estudo sobre o tema,<br />
relacionando-o ao contexto da Educação Física, especialmente por percebermos, lacuna<br />
quanto ao cumprimento desta lei no citado componente curricular.<br />
Devido a dificuldades de desenvolvimento da intervenção em aulas regulares de<br />
Educação Física resolvemos realizar a mesma junto ao Projeto Recreação da Prefeitura<br />
Municipal de São Carlos, o qual ocorre em escolas da rede pública municipal, no<br />
contra-horário das aulas regulares. O citado Projeto atende crianças de 7 a 12 anos,<br />
menos favorecidas economicamente e moradoras das imediações da escola e tem por<br />
premissa trabalho educacional realizado por meio de atividades recreativas, esportivas e<br />
de lazer, tais como: atletismo, natação, tênis de mesa, hip hop, jogos diversos, kung fu e<br />
futebol. Salientamos termos realizado nosso estudo em uma das escolas do Projeto,<br />
localizada no bairro Santa Felícia.<br />
O objetivo deste estudo foi, inicialmente, fazer um levantamento sobre jogos,<br />
brincadeiras, danças, contos, entre outros, de origem africana e afro-brasileira para, em<br />
um segundo momento, realizar aplicação das mesmas em uma intervenção em aulas do<br />
Projeto Recreação da Prefeitura Municipal de São Carlos, e, finalmente, observar como<br />
se dá o desenvolvimento de tais atividades junto aos participantes e se estas contribuem<br />
na formação de identidade negra positiva de crianças negras e não negras e no respeito à<br />
diversidade étnico-cultural.<br />
A luta do Negro<br />
O continente africano e seu povo foi dominado por Portugal entre os séculos XV<br />
e XX. Tal país controlava o comércio de especiarias, se apropriou de recursos na costa<br />
africana e ainda apreendeu negros para o tráfico de escravos. Somente em 1910, alguns<br />
países deste continente iniciaram seu processo de independência. Portugal resistiu ao<br />
movimento e sofreu uma campanha que o esgotou social e economicamente,<br />
culminando com a Revolução dos Cravos, em 1974, quando todas as colônias<br />
portuguesas na Á frica tornaram-se independentes (ANDRADE, 1992).<br />
A Á frica possui 30 milhões de quilômetros quadrados de superfície e abriga<br />
diversas civilizações, etnias e culturas. Está dividida politicamente em 53 Estados,<br />
sendo que a média relativa per capita é muito baixa na maioria de seus países, sobretudo
entre a população negra; a minoria branca ainda controla o poder político, a exploração<br />
dos recursos econômicos e a força de trabalho em quase todo continente. Há baixo<br />
desenvolvimento industrial (ANDRADE, 1992).<br />
Se por um lado tais problemas ainda se fazem presentes, fruto da dominação<br />
européia no período da colonização, por outro lado, de acordo com Nascimento (citado<br />
por ABRAMOWICZ e col., 2006):<br />
O legado egípcio fundamenta um desenvolvimento em todo o<br />
continente africano, assim como o saber greco-romano<br />
fundamenta a civilização ocidental de origem européia. Desse<br />
modo, diferentemente do pensamento comum, a Á frica possui<br />
cultura, ciência e tecnologia sofisticadas desde tempos remotos.<br />
(p.100).<br />
No passado colonial brasileiro muitos negros, capturados como escravos em<br />
diversas regiões da Á frica, eram embarcados em tumbeiros destinados, inicialmente, aos<br />
portos de Recife e da Bahia. Durante a viagem alguns negros morriam devido às<br />
péssimas condições ou mesmo suicidavam-se; no Brasil, eram escravizados e quando<br />
reagiam eram açoitados e por vezes assassinados pelos senhores ou capatazes. Muitos,<br />
por outro lado, conseguiam fugir e formavam os quilombos (ANDRADE, 1992).<br />
Segundo Giffoni (1974) a presença de grande quantidade de negros no Brasil<br />
causou mudanças importantes na formação brasileira, tanto com relação aos aspectos<br />
culturais, bem como com relação aos aspectos sociais trazidos pelas famílias e<br />
transmitidos entre as gerações.<br />
De acordo com Abramowicz e col. (2006), a influência dos negros foi de intensa<br />
formação da cultura brasileira, por exemplo, com algumas canções conhecidas até os<br />
dias atuais, entre elas, “Escravos de Jó”, cujo objetivo é passar pedras de um<br />
participante a outro de uma roda no ritmo em que a música é cantada. Em Gana, país da<br />
Á frica, as crianças têm uma canção muito parecida com esta. Ainda com relação a<br />
música, o rap reaparece com forte manifestação afro-brasileira, denunciando a opressão<br />
e a marginalização sobre a população pobre, composta, em sua maioria, por negros.<br />
Nele, a força da musicalidade africana está presente em circuitos<br />
que unem os negros dos Estados Unidos aos negros do Brasil,<br />
principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Tanto os<br />
ritmos marcados e repetitivos, como a força da palavra, e<br />
especialmente da palavra cantada, remetem a características das
sociedades africanas; as letras das músicas de rap denunciam a<br />
opressão e a marginalização a que estão submetidos os<br />
habitantes das periferias dos grandes centros urbanos, em sua<br />
maioria negros e mestiços (SOUZA, 2006, p.138).<br />
Outras contribuições de importância cultural africana no Brasil são, na música e<br />
na dança: o carimbó, o jongo, o samba e o cacuriá; nos instrumentos musicais: o<br />
atabaque, o agogô, o berimbau, o afoxé e a ganzá; nas lutas: a capoeira; na religião: o<br />
candomblé e a umbanda; na culinária: o vatapá, o caruru, a muqueca, o acarajé e a<br />
feijoada; no idioma, palavras como: marimbondo, quilombo e moleque.<br />
De acordo com Souza (2006) os africanos também trouxeram para o Brasil<br />
técnicas de produção de objetos, como modelar e cozer o barro utilizado para confecção<br />
de recipientes, bem como padrões estéticos presentes nas formas, nas decorações e no<br />
colorido.<br />
Apesar de tais contribuições, ainda vivenciamos, no Brasil, preconceitos e<br />
discriminações. O decreto nº 1331, de 17 de fevereiro de 1854, por exemplo, estabelecia<br />
que as escolas públicas do país não podiam admitir escravas, e as previsões de instrução<br />
para adultos negros dependiam da disponibilidade do professor (BRASIL, 2004).<br />
Buscando minimizar e acabar com tais posturas, a luta do movimento negro<br />
impulsionou a criação da lei nº 10.639/2003, a qual obriga o ensino da História e<br />
Cultura Afro–Brasileira e Africana na educação básica (BRASIL, 2004).<br />
Tal lei altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20<br />
de dezembro de 1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino da "História e Cultura<br />
Afro-Brasileira e Africana". Essa decisão destaca a contribuição dos negros na<br />
construção e formação da sociedade brasileira e tem o mérito de trazer aos estudantes do<br />
ensino básico os conhecimentos acerca das relações étnico-raciais e das histórias afrobrasileira<br />
e africana (BRASIL, 2004).<br />
Especificamente na área de Educação Física, os Parâmetros Curriculares<br />
Nacionais - PCNs - (BRASIL, 1997) indicam a importância de se: “conhecer e valorizar<br />
a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais<br />
de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em<br />
diferenças culturais, de classe social, de crença, de sexo, de etnia ou características<br />
individuais e sociais” (p.7).<br />
O mesmo documento indica ainda que:
A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas<br />
corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e<br />
se enxergue como essa variada combinação de influências está<br />
presente na vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e<br />
ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser<br />
valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse<br />
conhecimento contribui para a adoção de uma postura nãopreconceituosa<br />
e discriminatória diante das manifestações e<br />
expressões dos diferentes grupos étnicos e sociais e às pessoas<br />
que dele fazem parte (BRASIL, 1997, p.28-29).<br />
Não se trata, porém, conforme esclarece Freire (2005), de realizar “justaposição<br />
de culturas, muito menos no poder exacerbado de uma sobre as outras, mas na liberdade<br />
conquistada, no direito assegurado de mover-se cada cultura no respeito uma da outra,<br />
correndo risco livremente de ser diferente, de ser cada uma ‘para si’” (p.156).<br />
No que diz respeito a cultura corporal, Gonçalves Junior (2007) destaca:<br />
...observamos comumente nas aulas de Educação Física, a<br />
predominância do esporte como conteúdo por vezes exclusivo, o<br />
que acaba por reduzir o universo da cultura corporal,<br />
circunscrevendo-o, não raro, ao contexto cultural estadunidense<br />
e/ou europeu do futebol, voleibol, basquetebol e handebol, em<br />
detrimento das potencialidades que podem ser exploradas ao<br />
propor a vivência de outras práticas corporais (jogos,<br />
brincadeiras, danças, lutas), oriundas da diversidade cultural de<br />
diferentes povos que construíram e constroem o Brasil para além<br />
dos europeus, tais como os indígenas e africanos.<br />
Neste texto e contexto passamos a expor algumas práticas culturais africanas e<br />
afro-brasileiras relacionadas a jogos, brincadeiras, danças e contos, por nós levantados<br />
ou elaborados para esta intervenção e estudo.<br />
Jogos Africanos e Afro-Brasileiros<br />
Segundo Prista, Tembe e Edmundo (1992) o jogo e a brincadeira sempre<br />
estiveram voltados para o âmbito educacional e preparação para vida. O jogo está além<br />
dos limites físicos e psicológicos, pois todo jogo tem algum significado.<br />
De acordo com Huizinga (1971) o jogo ultrapassa os limites da atividade<br />
puramente física ou biológica, tendo capacidade de criar ordem, deslocando-se da<br />
imperfeição do mundo para uma perfeição temporária.<br />
Para Huizinga (1971) trata-se o jogo de:
Atividade livre, conscientemente tomada como ‘não séria’ e<br />
exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver<br />
o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada<br />
de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode<br />
obter qualquer lucro, praticado dentro de limites espaciais e<br />
temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras”<br />
(p.16).<br />
De acordo com Maranhão (2006) os jogos na cultura africana, assim como em<br />
outras culturas, possuem algumas particularidades em relação a gênero, idade e número<br />
de participantes. Alguns jogos na cultura africana são praticados somente por meninas e<br />
outros somente por meninos. Afirma ainda ser fundamental levar em consideração o<br />
contexto em que se desenvolve(u) o jogo para haver compreensão e respeito à cultura.<br />
Neste estudo, chamaremos de jogo, genericamente, atividades lúdicas como<br />
brincadeiras, danças, cantos, dramatizações e afins.<br />
Procedimentos<br />
Na primeira fase do estudo realizamos um levantamento de jogos, brincadeiras<br />
e danças africanos ou afro-brasileiros a partir da nossa vivência, de material<br />
bibliográfico ou da internet, bem como da construção de atividades lúdicas com enfoque<br />
nas relações étnico-raciais que contribuíssem na formação de uma identidade cultural<br />
negra positiva.<br />
Na segunda fase do estudo realizamos uma intervenção através vinte aulas junto<br />
ao Projeto Recreação da Prefeitura Municipal de São Carlos, sendo que participaram da<br />
mesma 40 crianças, após diálogo com elas e seus respectivos pais e responsáveis sobre<br />
os objetivos do trabalho, procedimentos metodológicos e uso dos dados para divulgação<br />
científica, os quais as autorizaram através da assinatura de termo de consentimento livre<br />
e esclarecido a participar e a nós a divulgar os dados em meios acadêmicos.<br />
O cotidiano da intervenção foi todo sistematicamente registrado em diário de<br />
campo, que, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), “são relatos escritos daquilo que o<br />
investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e reflectindo sobre os<br />
dados de um estudo quantitativo”.<br />
Resultados
A seguir apresentamos a descrição de alguns jogos, entre parênteses a fonte da<br />
atividade, sendo a descrição, o objetivo e o resultado por nós escrito com base em nossa<br />
pesquisa, experiência e situações em campo, conforme registro em diários:<br />
1. O que é áfrica? (MARANHÃO, 2006)<br />
Descrição: A atividade consistiu em escrever e/ou desenhar o que as crianças sabiam<br />
sobre a Á frica (ver Fig. 1). Realizamos uma conversa inicial com as crianças sobre a<br />
Á frica, perguntando a elas o que sabiam a respeito, se conheciam países de lá, pessoas<br />
originárias, se alguma delas possui descendência etc. Na seqü ência fizemos a<br />
distribuição de uma folha de papel, lápis comum, lápis de cor e/ou giz de cera para as<br />
crianças se expressarem através da escrita e/ou desenhos que representassem o que<br />
sabem sobre a Á frica.<br />
Objetivo: Identificar qual concepção de Á frica as crianças possuíam e dialogar sobre a<br />
mesma; despertar a curiosidade de conhecer os países e as etnias que compõem tal<br />
continente; estimular pesquisa pessoal delas em seu meio familiar sobre sua<br />
descendência e se possuem alguma de origem africana.<br />
Resultado: Ao analisar as respostas das crianças, percebemos que as mesmas, em sua<br />
maioria, apresentaram insistentes menções a florestas, animais, indígenas e muita<br />
pobreza, conforme os relatos que seguem: “A Á frica tem povos indígenas, tem muitos<br />
bichos asiáticos, tem um animal que gosto muito o leão, na Á frica tem muitos leões”<br />
(Aluno 1); “Na Á frica tem leão, onça, tigre, macaco, gavião, passarinho, macaco, onça<br />
pintada” (Alunos 5, 15, 16, 23 e 32); “A Á frica é um país muito pobre onde as pessoas<br />
moram em barracos, na selva tem muitos animais. A copa do mundo de 2010 vai ser na<br />
Á frica do Sul” (Aluno 25); “Amazônia, Á frica, eu imagino que seja, um lugar<br />
maravilhoso, cheio de flores, com muita árvore para nós respirarmos, este lugar é cheio<br />
de maravilhas, como pássaro, leão, cobra linda e brilhante, leopardo... O que eu acho<br />
mais chato de tudo é porque os seres humanos jogam fogo na Á frica e da Á frica vai<br />
para Amazonas e assim continua... Na hora que eles colocam fogo os animais saem<br />
correndo, mata bastante animal, destrói a nossa natureza e polui o ar” (Aluno 39).
Fig. 1: Crianças expressando o que sabem sobre a Á frica<br />
2. Escrever uma história do negro e outra do branco (MARANHÃO, 2006)<br />
Descrição: Distribuímos uma folha de papel e lápis comum para as crianças,<br />
orientando-as para, num primeiro momento, passar um traço no meio da mesma. Num<br />
segundo momento, pedimos para desenharem em um dos lados da página uma pessoa<br />
negra e escrever uma breve história relacionada ao desenho e, na outra metade da<br />
página, desenharem uma pessoa branca também escrevendo breve história relacionada a<br />
este desenho (ver Fig. 2).<br />
Objetivo: Possibilitar, a partir dos desenhos e histórias criados pelas crianças, realização<br />
de roda de conversa sobre status e papel social que elas relacionam as pessoas brancas e<br />
negras, se a raça/cor da pele influencia os valores atribuídos a estas pessoas.<br />
Resultado: Ao desenharem e/ou descreverem a personagem negra e a branca,<br />
percebemos que elas atribuíram valores sociais, econômicos e estéticos superiores as<br />
personagens brancas, por exemplo: “A minha menininha era muito negra, mas ela<br />
conhecia uma menina branca queria ser igualzinha a ela, elas brincavam muito e a<br />
amiguinha dela falou: eu vou viajar, mas você pode ficar cuidando da minha casa,<br />
respondeu a menina negra sim” (Aluno 1); “Era uma vez uma menina negra, ela não<br />
gostava de ser negra porque ninguém gostava dela então resolveu sair para andar, de<br />
repente ela encontrou um gênio no meio do caminho, oba vou fazer um pedido eu quero<br />
ser bonita” (Aluno 3); “O menino pobre era o negro e o menino rico era o Branco”<br />
(Aluno 11); “A menina negra não tem muita coisa para brincar, mas é feliz, a mãe dela<br />
não tem muito dinheiro para comer ela não chora. O menino loiro ele tem muita coisa<br />
para ele poder brincar e não é feliz, a mãe tem muito dinheiro para comprar pão e ele<br />
faz birra” (Alunos 8, 9 e 17); “Negra, vida pobre, ela cata lixo para sobreviver, toda sua
família cata lixo para viver, come comida do lixo, porque não tem dinheiro, estudo,<br />
casa, vida rica, a vida do branco é muito bom ter carro, casas e tudo que é bom, mas<br />
afinal tem estudo, não come comida do lixo, tem tudo” (Aluno 21).<br />
Fig. 2: Crianças criando história de um personagem negro e um branco<br />
3. O que é capoeira? (Os autores)<br />
Descrição: Para Oliveira (1993) trata-se a capoeira na atualidade de “jogo-de-lutadançada",<br />
ou seja, ao insinuar, representar e encenar golpes, o capoeirista brinca de lutar e,<br />
de forma lúdica, realiza a capoeira como jogo, além disso, a musicalidade típica das rodas<br />
flui como dança na corporeidade dos jogadores-dançarinos. Em nossa atividade,<br />
inicialmente, pedimos para as crianças escreverem e/ou desenharem o que conheciam<br />
sobre capoeira. Foi realizado diálogo acerca do que sabiam a respeito, se alguém já<br />
havia praticado ou conhecia alguém que praticasse. Na seqü ência distribuímos uma<br />
folha de papel, lápis comum, lápis de cor e/ou giz de cera para as crianças se<br />
expressarem através da escrita e/ou desenhos que representassem o que sabiam sobre<br />
capoeira. Para finalizar convidamos todas as crianças que conheciam movimentos da<br />
capoeira apresentassem para as demais para jogarem juntas, inicialmente de modo livre,<br />
depois em duplas e finalizando com uma roda (ver Fig. 3 e 4) com todas batendo palmas<br />
na cadência de três tempos típicas da capoeira. Acrescentamos acompanhamento de<br />
instrumentos característicos (berimbau, atabaque, reco-reco, pandeiro, agogô, chocalho<br />
etc) e, em alguns momentos, músicas de capoeira tocadas em CD.<br />
Objetivo: Identificar os conhecimentos que as crianças possuíam sobre capoeira e<br />
possibilitar vivência/reflexão da movimentação e musicalidade dessa prática da cultura
afro-brasileira desenvolvida pela necessidade histórica do negro escravizado no Brasil<br />
libertar-se.<br />
Resultado: Percebemos que algumas crianças desconheciam a capoeira, mas que outras<br />
tinham contato com esta prática corporal, inclusive enquanto praticantes. Entre as frases<br />
escritas pelas crianças destacamos: “A capoeira nasceu na Á frica, os africanos que<br />
inventaram a ginga” (Aluno 1); “Eu não sei nada de capoeira” (Alunos 3, 8, 10, 14, 16,<br />
20, 27, 31, 34); “Capoeira é uma luta” (Alunos 7 e 33); “A capoeira nasceu na Á frica<br />
que os afro descendentes negros brincavam tinham instrumentos musicais o berimbau e<br />
chocalho” (Aluno 9); “A capoeira veio da Capital do nordeste” (Alunos 11, 17 e 24);<br />
“Eu conheço bastantes coisas sobre a capoeira, ginga, meia lua, você sabia que eu já fiz<br />
capoeira (...). Eu conheço o berimbau” (Aluno 12); “A capoeira é um esporte pouco<br />
praticado pelas pessoas, na minha escola tem capoeira” (Aluno 25); “Eu só vi uma vez,<br />
foi na televisão” (Aluno 26). A capoeira despertou grande interesse aos participantes na<br />
vivência e mesmo em outras ocasiões no decorrer da nossa intervenção.<br />
Fig. 3 e 4: Crianças vivenciando o jogo e a musicalidade características da capoeira<br />
4. Labirinto (PRISTA; TEMBE; EDMUNDO, 1992)<br />
Descrição: Os jogadores colocam-se de frente um para o outro, tendo um uma pedra<br />
numa das mãos, sem que o outro saiba em qual. Na aresta inicial do “Labirinto” são<br />
colocadas duas pedras diferentes, sendo uma de cada jogador. O jogador que tem a<br />
pedra estende as mãos ao colega, tendo este que adivinhar em qual das mãos está. Se<br />
conseguir a sua peça é deslocada em uma aresta do labirinto. Senão adivinhar é a peça<br />
do que estendeu as mãos que é movimentada. Este procedimento repete-se até que a<br />
pedra de um dos jogadores chegue à última aresta. O jogo termina quando a pedra de<br />
um jogador chegar à última aresta.
Objetivo: Proporcionar às crianças aprendizado de jogo de cultura africana praticado em<br />
Niassa, cidade localizada em Moçambique.<br />
Resultado: As crianças disseram desconhecer o jogo do labirinto (ver Fig. 5 e 6) até<br />
então e que gostaram muito de praticá-lo, uma das crianças inclusive comentou que era<br />
muito bom saber que na Á frica existiam jogos interessantes.<br />
Fig. 5 e 6: Ilustração de um labirinto e diálogo sobre a vivência do jogo.<br />
5. Matacuzana (PRISTA; TEMBE; EDMUNDO, 1992)<br />
Descrição: Consiste em lançar com as mãos pedrinhas ou castanhas de caju do solo para<br />
o alto. Os participantes podem ir formulando ou alterando as regras como: “jogar a<br />
semente para cima e pegar com a mão contrária”, “quem deixar cair à semente que<br />
jogou devolver as que ganharam em outras partidas”, etc.<br />
Objetivo: Proporcionar às crianças aprendizado de jogo de cultura africana (ver Fig. 7)<br />
tipicamente praticado nas cidades de Maputo, Manica, Niassa e Tetê, localizadas em<br />
Moçambique. O jogo é semelhante a “Chincha” ou “Três Marias”, denominações mais<br />
utilizadas em Portugal e no Brasil.<br />
Resultado: Ao final, na roda de conversa, as crianças lembraram já terem ouvido falar<br />
de Moçambique em outro jogo e disseram acreditar serem as crianças de lá muito<br />
felizes, pois conheciam muitas brincadeiras diferentes e divertidas. Outras crianças<br />
disseram ser o jogo parecido com a nossa chincha.
Fig. 7: Crianças jogando Matacuzana<br />
6. My God (PRISTA; TEMBE; EDMUNDO, 1992)<br />
Descrição: No jogo My God (Meu Deus) colocamos latas (de achocolatado, ervilhas,<br />
milho ou similares) e dividimos o grupo em dois, cada um em uma das laterais da<br />
quadra ou pátio. No centro empilhamos as latas (em torno de 5). Um grupo tem por<br />
meta derrubar as latas com uma bola (de borracha ou de meia) e/ou queimar as crianças<br />
do outro grupo impedindo que estas empilhem as latas novamente. Ganha o jogo o<br />
grupo que conseguir fazer mais pontos empilhando todas as latas, passando a perna por<br />
sobre elas, derrubando-as a seguir e finalmente gritando “My God”. Cada grupo faz o<br />
papel de defensor das latas por um tempo pré-fixado, por exemplo, 5 minutos. Ganha o<br />
jogo o grupo que, neste tempo, conseguir mais vezes montar e derrubar as latas gritando<br />
“My God”.<br />
Objetivo: Proporcionar às crianças aprendizado de jogo de cultura africana (ver Fig. 8)<br />
praticado nas cidades de Maputo e Niassa, localizadas em Moçambique.<br />
Fig. 8: Crianças jogando “My God”<br />
Resultado: Ficamos surpresos com o gosto que as crianças tomaram por este jogo, pois<br />
não queriam mais parar, na roda de conversa ao final da atividade todas as crianças<br />
destacaram o quanto gostaram.
7. Mancala (Disponível em: http://www.jogos.antigos.nom.br/mancala.asp - Acesso<br />
em: 27 fev. 2009)<br />
Descrição: É jogado, tradicionalmente, em duplas em um tabuleiro de 6 orifícios<br />
(covas) de cada lado contendo 6 sementes ou pequenas pedras em todos esses. No<br />
tabuleiro há ainda um depósito em cada extremidade, onde são guardadas as sementes<br />
(ver Fig. 9). A movimentação das sementes tem o sentido anti-horário (em algumas<br />
versões do jogo sentido horário) conhecido como "semeadura" (colocação das sementes<br />
ou pedras) e "colheita" (retirada das sementes ou pedras). Cada jogada consiste em<br />
escolher uma cova do seu lado, retirar suas 6 sementes e distribuí-las pelas outras covas,<br />
sendo obrigatório distribuir 1 semente em cada no sentido estabelecido (anti-horário ou<br />
horário), colocando também uma semente em seu respectivo depósito sempre que passar<br />
por ele, pulando, no entanto, o do outro jogador caso passe pelo depósito dele. Quando<br />
as 6 covas de um jogador estiverem vazias, o companheiro colocará todas as sementes<br />
que estiverem na sua metade do tabuleiro em seu depósito, somando-se então as<br />
sementes de cada um, sendo que quem tiver mais sementes ganhará o jogo.<br />
Objetivo: Proporcionar às crianças aprendizado de jogo de cultura africana (ver Fig. 10)<br />
diretamente relacionado ao plantio/colheita que trabalha o raciocínio lógicomatemático.<br />
Resultado: Desde o início do jogo as crianças se mostraram muito concentradas, cada<br />
qual desenvolvendo estratégias próprias para obter mais sementes em seu depósito,<br />
consequentemente ganhar o jogo. Apenas uma criança disse conhecer o jogo de<br />
antemão, apesar de não se lembrar das regras.<br />
Fig. 9: Ilustração de um tabuleiro de mancala com 6 sementes em cada cova
Fig. 10: Crianças jogando Mancala com tabuleiro adaptado feito a partir de caixas de<br />
ovos<br />
8. Cacuriá (SILVA; CARDOSO, 2007)<br />
Descrição: dança afro-brasileira executada ao som das caixas do Divino (pequenos<br />
tambores que acompanham a dança) animada por cantor que puxa a dança e cujos<br />
versos, de improviso ou conhecidos, são respondidos por um coro formado pelos<br />
dançadores. É dançado em roda principalmente nas ruas de São Luís, capital do<br />
Maranhão, tem suas origens na Festa do Divino Espírito Santo. Após o derrubamento do<br />
mastro do Divino, que encerra a obrigação religiosa, as caixeiras se reúnem para<br />
“vadiar”, esta parte profana da festa é conhecida como “lava-pratos”. Trabalhamos junto<br />
às crianças com a música: “Caranguejinho tá andando, tá andando. Caranguejinho tá<br />
andando, tá andando. Tá na boca do buraco, caranguejo sinhá. Tá na boca do buraco,<br />
caranguejo sinhá.”, na qual nós e as crianças nos deslocávamos pelo espaço cantando,<br />
batendo palmas e simulando a pegada do caranguejo, variando às vezes pegando<br />
(tocando) o pé do companheiro.<br />
Objetivo: Proporcionar às crianças aprendizado de dança de cultura afro-brasileira com<br />
característica lúdica e relacionada à religiosidade.<br />
Resultado: Nenhuma criança manifestou já conhecer a dança, mas todas participaram,<br />
apesar de no início ficarem um pouco acanhadas, principalmente os meninos. No<br />
decorrer da atividade meninos e meninas foram se soltando e brincando mais uns com<br />
os outros, principalmente ao tocar nos pés dos colegas como que imitando o pegar<br />
caranguejo e/ou o pinçar deste. O ritmo das palmas e do cantar também foi melhorando<br />
durante a prática.
Considerações Finais<br />
No início da intervenção, as crianças do projeto demonstraram falta de<br />
conhecimento sobre a Á frica, pensamentos racistas e discriminatórios, os quais são<br />
refletem o imaginário de parte da sociedade brasileira.<br />
De acordo com Silva (2001), além da omissão e distorção histórico-cultural, a<br />
presença dos estereótipos em livros didáticos, na mídia e em outros materiais<br />
pedagógicos ou de opinião pública fortalece a rejeição inconsciente a um saber<br />
importante para a formação de uma identidade cultural livre de preconceitos.<br />
A ideologia do branqueamento se efetiva no momento em que o negro<br />
internalizando uma imagem negativa de si próprio e uma imagem positiva do<br />
branco, tende a se rejeitar, a não se estimar e a procurar aproximar-se em<br />
tudo do indivíduo estereotipado positivamente e dos seus valores, tidos como<br />
bons e perfeitos (SILVA, 2001).<br />
Por outro lado, nos aproximando do término da intervenção percebemos, com<br />
base nos diários de campo, outra visão surgindo acerca da Á frica e dos afro-brasileiros,<br />
visão que destacava haver coisas positivas oriundas da Á frica e de seus filhos.<br />
Consideramos com o presente trabalho que é possível vivenciar, de forma<br />
reflexiva, a história de diferentes culturas, inclusive a africana, pouco lembrada na<br />
escola, apesar da legislação atual (Lei 10.639/2003).<br />
Conforme Maranhão, Gonçalves Junior e Corrêa (2007) observaram em estudo<br />
similar, neste também notamos que as crianças passaram a ter outra percepção de Á frica<br />
e conseqü entemente outra percepção de negro e cultura negra, sendo que tal mudança,<br />
também reflete na formação da identidade da criança e no despertar de um novo olhar<br />
de si e do outro.<br />
Percebemos que as vivências, os diálogos e a reflexões foram de extrema<br />
importância para afirmação, compreensão e respeito de diferentes culturas e identidades.<br />
Esperamos, primordialmente, que esta seja uma contribuição que auxilie o<br />
trabalho dos educadores no meio escolar e não escolar.<br />
Referências<br />
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a diferença na educação infantil. São Paulo: Moderna, 2006.<br />
ANDRADE, M. C. O Brasil e a África. São Paulo: Contexto, 1992.
BOGDAN, Roberto C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação.<br />
Porto: Porto Editora, 1994.<br />
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a<br />
Educação das Relações Ético-Raciais e para o Ensino de Historia e cultura Afro-<br />
Brasileira. Brasília: MEC, 2004.<br />
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Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.<br />
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 31ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.<br />
GIFFONI, M. A. C. Danças da Ásia, África e Oceania. São Paulo: <strong>NO</strong>BEL-SCET-<br />
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GONÇ ALVES JUNIOR, Luiz. A motricidade humana no ensino fundamental. In: I<br />
Seminário Internacional de Motricidade Humana: passado-presente-futuro, 2007, São<br />
Paulo. Anais... São Paulo: ALESP, 2007. v.1. p.29–35.<br />
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo:<br />
Perspectiva / EdUSP, 1971.<br />
MANCALA. Disponível em: http://www.jogos.antigos.nom.br/mancala.asp - Acesso<br />
em: 27 fev. 2009.<br />
MARANHÃO, Fabiano. Jogos africanos e afro-brasileiros como possibilidades na<br />
formação de uma identidade cultural negra positiva. 2006. Monografia (Licenciatura<br />
em Educação Física) – <strong>UFSCar</strong>, São Carlos, 2006.<br />
MARANHÃO, Fabiano; GONÇ ALVES JUNIOR, Luiz; CORRÊ A, Denise A. Jogos e<br />
brincadeiras africanos nas aulas de educação física: construindo uma identidade cultural<br />
negra positiva em crianças negras e não negras. In: XV Jornadas de Jóvenes<br />
Investigadores de la AUGM, 2007, Asunción. Actas... Asunción: AUGM, 2007. (CD-<br />
ROM).<br />
OLIVEIRA, André L. Os significados dos gestos no jogo da capoeira. 1993.<br />
Dissertação (Mestrado em Educação: Supervisão e Currículo) – PUCSP, São Paulo,<br />
1993.<br />
PRISTA, António; TEMBE, Mussá; EDMUNDO, Hélio. Jogos de Moçambique.<br />
Lisboa: Instituto Nacional de Educação Física, 1992.<br />
SILVA, A. C. Destruindo a discriminação do negro no livro didático. Salvador:<br />
EDUFBA, 2001.<br />
SILVA, Vivian P.; CARDOSO, Mariela P. A. Danças populares brasileiras. In: III<br />
Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana: o lazer em uma perspectiva<br />
latino-americana, 2007, São Carlos. Anais... São Carlos: SPQMH -DEFMH/<strong>UFSCar</strong>,<br />
2007.
SOUZA, M. M. África e Brasil africano. São Paulo: Á tica, 2006.<br />
Perfil Profissional dos Autores<br />
Alesandro Anselmo Pereira<br />
Licenciado em Educação Física pela Universidade Central Paulista (UNICEP) em 2007.<br />
Atualmente cursa Especialização em Educação Física Escolar (lato-sensu) na<br />
Universidade Federal de São Carlos (<strong>UFSCar</strong>); trabalha como técnico no Departamento<br />
de Educação Física e Motricidade Humana (DEFMH/<strong>UFSCar</strong>); é membro do Núcleo de<br />
Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF/<strong>UFSCar</strong>) e da Sociedade de<br />
Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana (SPQMH); tem se dedicado a estudos<br />
étnico-raciais.<br />
Luiz Gonçalves Junior<br />
Licenciado em Educação Física pela UNESP-RC em 1989; Mestre em Educação<br />
(Currículo) pela PUC-SP em 1993; Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP em 1998;<br />
Pós-Doutor em Ciências Sociais pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de<br />
Lisboa - Portugal em 2003. Foi vice-presidente do Conselho Municipal de Esportes e<br />
Lazer) da cidade de São Carlos. É avaliador do Sistema Nacional de Avaliação da<br />
Educação Superior do Ministério da Educação. Atua como Professor Associado do<br />
Departamento de Educação Física e Motricidade Humana da Universidade Federal de<br />
São Carlos (DEFMH/<strong>UFSCar</strong>) desde 1995, já tendo sido Coordenador e Vice-<br />
Coordenador do Curso de Educação Física. É Coordenador do Curso de Especialização<br />
em Educação Física Escolar (lato-sensu) da <strong>UFSCar</strong>; Coordenador do Núcleo de<br />
Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF) desde 1996; Sócio-Fundador,<br />
Pesquisador e atual Vice-Presidente da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em<br />
Motricidade Humana (SPQMH). É credenciado no Programa de Pós-Graduação em<br />
Educação da <strong>UFSCar</strong>. Desenvolve pesquisa nas linhas Práticas Sociais e Processos<br />
Educativos e Estudos Socioculturais do Lazer. Desenvolve extensão comunitária com<br />
lazer e educação popular junto a comunidades de baixa renda da periferia da cidade de<br />
São Carlos.<br />
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva<br />
Professora Titular de “Ensino-Aprendizagem - Relações Étnico-Raciais” da<br />
Universidade Federal de São Carlos (<strong>UFSCar</strong>), pesquisadora do Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros da <strong>UFSCar</strong> e Coordenadora do Grupo Gestor do Programa de Ações<br />
Afirmativas da <strong>UFSCar</strong>. Realizou estágio de Pós-Doutorado em Teoria da Educação, na<br />
University of South Africa, em Pretoria, Á frica do Sul (1996). Por indicação do<br />
Movimento Negro foi conselheira da Câmara de Educação Superior do Conselho<br />
Nacional de Educação, mandato 2002-2006. Nesta condição foi relatora do Parecer<br />
CNE/CP 3/2004 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação<br />
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e<br />
Africana e participou da relatoria do Parecer CNE/CP 3/2005 relativo às Diretrizes<br />
Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Foi professora visitante na<br />
University of South Africa (1996), na Universidad Autonoma del Estado de Morelo, in<br />
Cuernavaca, México (2003). Participa ativamente do International Research Group on<br />
Epystemology of African Roots and Education da Georgia State University/USA.