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Boletim da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro

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Artigo <strong>de</strong> Revisão<br />

Bol. <strong>da</strong> SRRJ • Nº114/2004<br />

10<br />

Metotrexato e leflunomi<strong>da</strong>: conduta<br />

nos pacientes férteis, na gestação e no<br />

aleitamento<br />

Introdução<br />

O metotrexato (MTX) é uma droga<br />

antineoplásica e imunossupressora<br />

amplamente usa<strong>da</strong> com propósitos<br />

não-neoplásicos no tratamento<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças reumáticas, inclusive<br />

em artrite reumatói<strong>de</strong> (AR), artrite<br />

psoriática, artrite juvenil, artrite<br />

reativa, esclero<strong>de</strong>rmia, polimiosites,<br />

lúpus eritematoso sistêmico e várias<br />

vasculites primárias (1) . Também tem<br />

si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para o tratamento<br />

<strong>de</strong> psoríase cutânea e gravi<strong>de</strong>z<br />

ectópica (2) . A <strong>do</strong>se terapêutica <strong>do</strong> MTX<br />

para condições reumáticas é muito<br />

menor que a usa<strong>da</strong> para o tratamento<br />

<strong>da</strong>s neoplasias. Isso reduz os efeitos<br />

colaterais e aumenta a segurança<br />

para a utilização por longo prazo. Os<br />

efeitos potencialmente mutagênicos<br />

e teratogênicos justificam precauções<br />

para o seu uso em mulheres e homens<br />

em i<strong>da</strong><strong>de</strong> fértil.<br />

O MTX atualmente é a droga antireumática<br />

modifica<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença<br />

(DMARD) mais freqüentemente<br />

prescrita, utiliza<strong>da</strong> por pelo menos<br />

500 mil pacientes com AR em to<strong>do</strong> o<br />

mun<strong>do</strong>. Ele é prescrito para a maioria<br />

<strong>de</strong>stes, além <strong>de</strong> estar sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong><br />

atualmente associa<strong>do</strong> às drogas<br />

biológicas. É relata<strong>do</strong> como o agente<br />

mais usa<strong>do</strong> em combinação com<br />

outras DMARDs, com evi<strong>de</strong>nte valor<br />

terapêutico aditivo. As toxici<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

gastrointestinal e <strong>da</strong> medula óssea, e<br />

muitas outras, são evita<strong>da</strong>s pelo uso<br />

rotineiro <strong>de</strong> suplementação <strong>de</strong> folato.<br />

A leflunomi<strong>da</strong> foi introduzi<strong>da</strong> na<br />

prática terapêutica reumatológica<br />

mais recentemente, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> levar<br />

<strong>do</strong>is anos para ficar in<strong>de</strong>tectável<br />

no plasma <strong>do</strong>s pacientes expostos.<br />

Ela po<strong>de</strong> ter seu nível mensura<strong>do</strong><br />

no plasma e a opção <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />

colestiramina como antí<strong>do</strong>to, em caso<br />

<strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> rápi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

droga, como na <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> uma<br />

gestação (3) . Conceitos metabólicos<br />

importantes e significativamente<br />

relevantes, associa<strong>do</strong>s ao uso <strong>de</strong><br />

imunossupressores nos pacientes com<br />

<strong>do</strong>ença reumática, têm se torna<strong>do</strong><br />

evi<strong>de</strong>ntes nos últimos tempos, muito<br />

em função <strong>da</strong> literatura oncológica,<br />

mas também pelo fato <strong>de</strong> os<br />

reumatologistas terem aprendi<strong>do</strong><br />

a utilizar drogas como o MTX com<br />

maior segurança. Recentemente<br />

surgiu uma forma <strong>de</strong> medir<br />

rotineiramente os efeitos <strong>do</strong> MTX<br />

sobre os metabólitos intracelulares,<br />

predizen<strong>do</strong> uma promessa <strong>da</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> segurança, eficácia e<br />

toxici<strong>da</strong><strong>de</strong>, assim como a liberação <strong>da</strong><br />

droga no plasma e a sua influência na<br />

fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> e na gravi<strong>de</strong>z. Igualmente,<br />

polimorfismos genéticos têm<br />

implicações significantes no potencial<br />

<strong>da</strong> resposta <strong>do</strong> MTX. Se a pesquisa<br />

rotineira <strong>de</strong>sses polimorfismos <strong>de</strong><br />

Roger A. Levy; Alessandra C. Pereira<br />

nucleotí<strong>de</strong>o único (SNPs) predisser<br />

resposta, po<strong>de</strong> ser possível préi<strong>de</strong>ntificar<br />

indivíduos que possam<br />

ser mais, ou menos, suscetíveis a<br />

respon<strong>de</strong>r ou apresentar efeitos<br />

tóxicos ao MTX.<br />

Classificação <strong>da</strong> droga<br />

O MTX é um inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> áci<strong>do</strong><br />

fólico, supressor <strong>da</strong> proliferação <strong>do</strong>s<br />

linfócitos, classifica<strong>do</strong> como um<br />

inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> purinas e pirimidinas.<br />

A leflunomi<strong>da</strong> é um inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

pirimidinas.<br />

Mecanismo <strong>de</strong> ação<br />

O MTX é um antagonista <strong>do</strong> folato<br />

que age seletivamente sobre células<br />

que se divi<strong>de</strong>m rapi<strong>da</strong>mente, como<br />

linfócitos e células trofoblásticas,<br />

incluin<strong>do</strong> posteriormente os sítios <strong>de</strong><br />

implantação <strong>do</strong> início <strong>da</strong> gravi<strong>de</strong>z. O<br />

mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ação é através <strong>da</strong> inibição<br />

<strong>da</strong> diidrofolato redutase, reduzin<strong>do</strong> a<br />

formação <strong>da</strong> tetraidrofolato (essencial<br />

para sínteses <strong>de</strong> purinas e pirimidinas)<br />

e bloquean<strong>do</strong> a síntese <strong>de</strong> DNA.<br />

As vias <strong>de</strong> administração <strong>do</strong> MTX<br />

para pacientes reumáticos são:<br />

oral, subcutânea ou intramuscular<br />

com uma única <strong>do</strong>se semanal,<br />

normalmente não exce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> 20mg<br />

por semana. As três vias têm um<br />

perfil <strong>de</strong> efeito colateral semelhante,<br />

Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> (UERJ)<br />

e Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>Rio</strong> (UNIGRANRIO).

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