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MAHONY, <strong>Mary</strong> <strong>Ann</strong><br />
outras partes do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos no século<br />
XX. Mas foi isso o que aconteceu. O processo começou quando<br />
o agrônomo holandês Leo Zehntner, o maior especialista de seu<br />
tempo em cacau, veio ao sul da Bahia para estudar as fazendas<br />
de cacau. Zehntner passou uma centena de dias no sul da Bahia,<br />
entre 1909 e 1911, contratado pelo Governo do Estado e pela Associação<br />
Comercial da Bahia. O livro que ele escreveu, baseado<br />
nas suas pesquisas, é uma fonte maravilhosa de informações<br />
sobre a região do cacau em torno de 1910, mas a pequena seção<br />
histórica deixa a desejar. Baseada em entrevistas com as elites<br />
locais e em um texto publicado em 1852, o cientista holandês<br />
observou que o cacau foi introduzido na região em meados do<br />
século XVIII, mas, por quem, ele não tinha certeza. A extensa<br />
família Sá deu importantes contribuições para a região, mas,<br />
de acordo com a sua interpretação, os colonizadores alemães<br />
tiveram o papel mais signifi cativo no desenvolvimento do cacau<br />
no princípio do século XIX. Mais importante, a seu ver, foi que<br />
“grande parte das plantações foi feita sem outro capital que o<br />
braço forte e a energia dos pioneiros intrépidos - os pequenos<br />
produtores - que penetraram corajosamente a fl oresta verde e<br />
inóspita para fazer suas roças” 35 . Quando o texto foi fi nalmente<br />
publicado em Berlim, foi distribuído para bibliotecas da Europa<br />
e dos Estados Unidos, onde continuam guardados 36 .<br />
Estudiosos do cacau, na Bahia, começaram a citar Zehntner<br />
quase que imediatamente. Em 1917, o ministro brasileiro da<br />
Agricultura, Miguel Calmon, citou-o em um estudo sobre o cacau<br />
fi nanciado pelo Governo Federal, notando que homens sem<br />
qualquer outro capital além “da força de seus braços e do suor<br />
de seus rostos” tinham vencido a fl oresta hostil e estabelecido a<br />
economia cacaueira 37 . Calmon era descendente de várias gerações<br />
de donos de escravos baianos e membro da Associação de<br />
Agricultura Baiana, organização à qual também pertenciam os<br />
donos da Fazenda Almada, os Cerqueira Lima. É inconcebível<br />
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Cadernos de Ciências Humanas - Especiaria.<br />
v. 10, n.18, jul. - dez. 2007, p. 737-793.