18.04.2013 Views

AEROESPAÇO - DECEA

AEROESPAÇO - DECEA

AEROESPAÇO - DECEA

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Em 1951, a Organização de Aviação Civil<br />

Internacional (OACI) estabeleceu o inglês<br />

como língua internacional da aviação, língua<br />

franca, quando pilotos e controladores de tráfego<br />

aéreo falassem línguas diferentes (Crystal,<br />

1997).<br />

A partir de 1952, foi publicada nos documentos<br />

da OACI uma listagem contendo<br />

determinados termos e ou expressões, em<br />

inglês, que deveriam ser utilizados nas comunicações<br />

radiotelefônicas piloto-controlador,<br />

objetivando uma padronização em nível internacional.<br />

Essa linguagem foi denominada fraseologia,<br />

que segundo a ICA 100-12 - Regras do Ar<br />

e Serviços de Tráfego Aéreo (98: 9-1), “é<br />

um procedimento estabelecido com o objetivo<br />

de assegurar a uniformidade das comunicações<br />

radiotelefônicas, reduzir ao mínimo o<br />

tempo de transmissão das mensagens e proporcionar<br />

autorizações claras e concisas”.<br />

DELIBO (1993:18) afirma que “a fraseologia<br />

que compõe a radiotelefonia é, portanto, o<br />

veículo pelo qual os pilotos e controladores,<br />

de diferentes países, com formações variadas,<br />

precisam se comunicar em língua inglesa, com<br />

eficácia, à distância. Possui o papel vital de ser<br />

o instrumento de garantia de que todos os<br />

enunciados dos interlocutores sejam objetivos<br />

e isentos de equívocos e deslizes. Portanto,<br />

qualquer má interpretação das mensagens veiculadas<br />

entre os interagentes pode gerar colisões<br />

entre aeronaves e entre aeronaves e<br />

obstáculos, tanto no solo quanto em vôo”.<br />

Não há dúvidas de que o contexto aeronáutico<br />

é, no mínimo, sui generis no que se refere a<br />

comunicação em língua inglesa, doravante L2. É<br />

fato que, em alguns dos acidentes ou incidentes<br />

aeronáuticos investigados, a falta de proficiência<br />

e compreensão da língua inglesa por<br />

parte dos pilotos e controladores de tráfego<br />

aéreo, foi considerado fator contribuinte.<br />

Além do mais, a crescente demanda no<br />

uso de L2 nos céus de todo mundo é<br />

Um controlador de<br />

tráfego aéreo brasileiro<br />

deve ser proficiente<br />

(fluente) em inglês?<br />

uma preocupação da OACI, que reconheceu,<br />

publicamente, que o aumento da segurança<br />

aeronáutica passa necessariamente pelo estabelecimento<br />

de uma linguagem radiotelefônica<br />

comum e aprimorada. Assim sendo, estabeleceu,<br />

a partir de sua assembléia de 1998,<br />

um grupo de expertos, denominado de Proficiency<br />

Requirements in Common English (PRICE)<br />

Study Group, para assistir a sua Secretaria no<br />

estabelecimento dos procedimentos e requisitos<br />

para a testagem da língua Inglesa padronizada<br />

e do nível mínimo de habilidades e<br />

requisitos para o uso comum da língua. Convém<br />

salientar que o Brasil não tem representante<br />

nesse grupo, aliás, nenhum país falante do português.<br />

A materialização deste trabalho se deu na<br />

18ª reunião da 158ª Seção, realizada em 04<br />

de dezembro de 2001, onde a Comissão de<br />

Navegação Aérea baixou a resolução A32-16,<br />

denominada Proficiency in the English Language<br />

for Radiotelephony Communications, que altera,<br />

principalmente, os Anexos 1 (Personnel Licensing),<br />

e o 10 (Aeronautical Telecomunications,<br />

Volume II - Communication Procedures), e o<br />

PANS-ATM, Doc 4444 (Air Traffic Services and<br />

the Procedures for Air Navigation Services - Air<br />

Traffic Management).<br />

Dentre as novas recomendações, há o estabelecimento<br />

de uma escala de níveis de “proficiência”<br />

em L2 para pilotos, controladores de<br />

tráfego aéreo e operadores de estação aeronáutica<br />

(Anexo 2 e 3), que deve ser observada<br />

a partir de 1º de janeiro de 2008, e os prazos<br />

para que os envolvidos, de acordo com o seu<br />

nível, sejam avaliados (ATTACHMENT B to State<br />

letter AN 13/48.1-02/1[Anexo 1]).<br />

A testagem de L2, agora, é uma exigência<br />

internacional, e deve ser considerada como<br />

um importante passo para padronização e a<br />

elevação do nível de “proficiência” em L2 em<br />

nível mundial. Entretanto, essa medida impõe<br />

ao país prestador dos Serviços de Tráfego<br />

Aéreo (ATS), no nosso caso, o Brasil, o estabe-<br />

10<br />

Eduardo Silverio de Oliveira - 1º Ten Esp CTA<br />

Chefe da Subdivisão de Infra-estrutura do IPV, Engenheiro<br />

Civil, Licenciado Especial em Língua Inglesa, com especialização<br />

Lato Sensu em Lingua Inglesa e Mestrando em Educação<br />

na Universidade de São Paulo (USP), na linha de pesquisa<br />

Educação e Linguagem<br />

lecimento de exames de “proficiência” em L2<br />

que atendam às reais necessidades lingüísticas<br />

daquele pessoal.<br />

O Brasil, estado signatário, deve, agora, adotar<br />

medidas que assegurem que seus pilotos, operadores<br />

de estação aeronáutica e controladores<br />

de tráfego aéreo, envolvidos em operação<br />

no espaço aéreo, onde L2 seja requerida,<br />

sejam “proficientes” na condução e compreensão<br />

das comunicações radiotelefônicas naquela<br />

língua.<br />

Como falamos muito em “proficiência”, vamos<br />

agora discutir o que esse termo significa, para<br />

que possamos responder a pergunta-título.<br />

Scaramucci (2000:13) chama a atenção para<br />

a afirmação de Chalhoub-Deville (1997:3) de<br />

que o termo proficiência “parece fazer parte<br />

daquela categoria de palavras que são usadas<br />

freqüentemente sem uma atenção consciente<br />

com relação ao seu significado exato”. Como<br />

o termo não se restringe apenas à linguagem,<br />

embora seja aí que ele encontre solo mais fértil,<br />

há uma grande confusão entre os seus diversos<br />

usos e sentidos.<br />

A definição do termo proficiência contida no<br />

dicionário Collins Cobuild, como capacidade<br />

(ability) ou habilidade (skill). “Ele é proficiente<br />

em Inglês” ou “Você acha que calculadoras<br />

impedem as crianças de se tornarem proficientes<br />

em aritmética?”, apresentada pela professora<br />

Scaramucci (Ibidem. p.13), deixa claro o<br />

que entendemos como proficiente, ou seja,<br />

ser proficiente em uma determinada língua se<br />

pressupõe conhecimento, domínio, controle,<br />

capacidade e habilidade, independentemente<br />

do significado que possamos dar a cada uma<br />

dessas palavras. Entretanto, esse sentido dicionarizado,<br />

embora largamente encontrado na<br />

literatura do ensino de línguas em geral, é equivocado,<br />

porque está baseado em um modelo<br />

utópico de falante e em julgamentos empíricos.<br />

Todo esse conceito de proficiência tem<br />

como pano de fundo o falante nativo ideal

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!