AEROESPAÇO - DECEA
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Ângela Maria do Carmo Ferraz - 1º Ten QCOA ADE<br />
Chefe da Seção de Pessoal Militar do <strong>DECEA</strong><br />
Passado o fim de semana, em meio<br />
à preguiça de domingo e às cobranças<br />
familiares, não conseguia arrumar<br />
um tempo para organizar os pensamentos<br />
e deixar fluir um título para o artigo que<br />
me fora encomendado pela Assessoria de<br />
Comunicação Social de minha Unidade.<br />
Fechando os olhos tentava imaginar o maior<br />
estádio do mundo com suas cadeiras ocupadas<br />
por mentes e corações de aproximadamente<br />
13.000 representantes do<br />
SISCEAB. As autoridades garbosamente discursavam<br />
aos presentes, e eu ali, atenta ao<br />
assunto, aquiescia em voz baixa, e, sem<br />
perceber, já participava do discurso, sentindo<br />
uma vontade incontida de falar, bradar<br />
para que todos pudessem ouvir. Movida<br />
por essa vontade, não contive o impulso<br />
de erguer o braço direito, como se fosse<br />
permitido a esta simples mortal interromper<br />
a série de brilhantes discursos, com o fito<br />
único de bradar, aos quatro cantos, quão<br />
necessário se fazia que muitos daqueles que<br />
demonstravam esmorecimento, em meio às<br />
dificuldades da jornada e da própria vida,<br />
tivessem ao menos parte desta garra e<br />
desta determinação, que carrego comigo.<br />
A minha visão clínica de administradora me<br />
permite levantar a bandeira do “homem<br />
certo no lugar certo”, pois muito desse<br />
esmorecimento se explica pelo aproveitamento<br />
inadequado de profissionais, que<br />
têm um potencial enorme para determinadas<br />
atividades, e são achatados pela<br />
falta de incentivo<br />
das próprias<br />
chefias, que, no<br />
afã de atenderem<br />
a<br />
s u b o b j e t i v o s<br />
mais imediatos,<br />
descomprometem-se<br />
com o<br />
objetivo maior<br />
que é a satisfação<br />
do próprio<br />
homem. A coragem<br />
do administrador<br />
é o mais<br />
eficaz remédio para combater a amnésia,<br />
que nos faz esquecer as brilhantes idéias<br />
surgidas no dia-a-dia do ambiente de trabalho.<br />
Seja por acomodação, seja por<br />
desentrosamento ou mesmo por falta de<br />
minuciosa avaliação, corremos sempre o<br />
risco de supervalorizar o organograma em<br />
detrimento do fator humano, deixando para<br />
trás o papel importante do chefe que é<br />
poder comunicar e estimular os subordinados<br />
a empenharem altos níveis de esforço,<br />
elevando o potencial individual.<br />
Diante disso, não podemos esquecer da<br />
natureza militar de nossa atividade, que nos<br />
move a preservarmos a todo custo a hierarquia<br />
e a disciplina, pilares da vida castrense,<br />
todavia, o mundo gira e tudo evolui,<br />
levando-nos a atentar para que, quando<br />
da passagem dos servidores, civis ou militares,<br />
com seus crachás pelas catracas de<br />
controle, ali não esteja ocorrendo apenas<br />
uma ação contábil, e sim a passagem de<br />
uma pessoa carregada com seus problemas,<br />
medos, anseios, tensões diárias, mas,<br />
acima de tudo, soluções palpáveis para<br />
o desenvolvimento do SISCEAB, soluções<br />
essas que só aflorarão mediante o incentivo,<br />
a capacitação, viabilização da concretização<br />
de novos projetos e dos velhos<br />
projetos engavetados por injunções orçamentárias,<br />
atendendo às normas de economicidade,<br />
ditadas pela atual conjuntura.<br />
As dificuldades são maiores nos setores<br />
18<br />
Administração<br />
&<br />
Coragem<br />
“Esmorecimento se explica pelo aproveitamento<br />
inadequado de profissionais que têm um potencial<br />
enorme para determinadas atividades”<br />
responsáveis pelo contato direto com o<br />
público, caso específico do setor de pessoal<br />
(RH). Na qualidade de Chefe da Seção<br />
de Pessoal Militar do <strong>DECEA</strong>, deparo-me,<br />
não raro, com militares de outras Organizações<br />
Militares do Rio de Janeiro e de outros<br />
estados, solicitando estágio no setor. Não<br />
sei se me sinto orgulhosa ou curiosa, pois<br />
o orgulho nasce da divulgação positiva que<br />
é feita pelos que são por nós atendidos e<br />
se encarregam de despertar a curiosidade<br />
nas chefias das outras OM. Como é possível<br />
alguém estar há tanto tempo à frente<br />
do setor de pessoal, mantendo elevado<br />
nível de motivação e prazer? (Haja vista<br />
aquele setor ser, quase sempre, estigmatizado<br />
como fonte de desgaste, estresse,<br />
cobranças e trabalho excessivo.) Quanto<br />
à curiosidade, atributo feminino, esta se<br />
explica na mesma via do orgulho: como<br />
será que estão funcionando os setores de<br />
pessoal das demais unidades?<br />
Certamente, a formação acadêmica<br />
colhida na universidade em muito me auxilia<br />
na condução do meu trabalho, pelo menos<br />
tecnicamente. Todavia, a experiência de<br />
vida colhida com base nas dificuldades que<br />
vivi na infância e adolescência, as muitas<br />
lições aprendidas em vários anos de magistério<br />
e a maternidade, por exemplo, lapidaram<br />
meu caráter e se consolidaram na<br />
minha maneira de ser. Minha personalidade<br />
resulta no modo como sou tratada pelas<br />
pessoas. Não raro sou chamada de Capitão<br />
e isto é muito sintomático. Ao tempo em<br />
que agradeço a “promoção” antecipada,<br />
entendo que o melhor mesmo é mesclar os<br />
ditames acadêmicos com a experiência de<br />
vida e seguir conduzindo meu trabalho na<br />
Administração de Pessoal na Força Aérea,<br />
juntando os princípios da vida militar com a<br />
sensibilidade adquirida no trato com as pessoas<br />
em seu cotidiano, a par das modernas<br />
técnicas de gerência de recursos humanos<br />
postos à nossa disposição.<br />
Agora sim e, antes que me empolgue<br />
demais, creio já ser possível achar um titulo<br />
para este artigo: Administração & Coragem.