Tempo profundo e questões cognitivas Como podemos ... - Unicamp
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EH003 FILOSOFIA E ENSINO DE CIÊNCIAS<br />
limites laterais porque se depositam em condições específicas e locais, seus fósseis<br />
devem refletir essas circunstâncias.<br />
O raciocínio empregado por Prévost é tipicamente interpretativo e filosófico. Ele<br />
cogita sobre o presente, infere o futuro e usa o possível produto para prever o passado.<br />
Trata-se de um raciocínio hipotético e hermenêutico. Esse procedimento das<br />
humanidades é expandido para explicar o registro deixado nas estruturas rochosas e no<br />
seu conteúdo fossilífero.<br />
Cuvier permaneceu como referência para estudos sobre a recente revolução dos<br />
organismos. Não era um repetidor da Bíblia, mas identificou eventos geológicos como o<br />
dilúvio (registrado em muitas culturas antigas). Dessa forma, Buckland (talvez o mais<br />
ardente seguidor de Cuvier) manteve-se como um anglicano, repudiou qualquer<br />
liberalismo diante do Gênesis, foi muito mais literal do que Cuvier na interpretação<br />
sobre a grande Enchente e suas evidências físicas.<br />
Na sua viagem pela Europa em 1826, Buckland cruzou a França e em<br />
Montepellier se reuniu com o advogado Marcel Pierre Toussaint de Serres de Mesplès<br />
(1780-1862). Serres estudava as formações do Terciário e os fósseis de sua região.<br />
Tratava-se do mundo de fósseis antediluvianos de Buckland.<br />
Buckland seguiu a ideia de Cuvier de que só rápidas mudanças físicas poderiam<br />
extinguir toda a fauna de animais bem adaptadas, ou seja, uma extinção em massa teria<br />
sido causada por uma violenta inundação ou rápida mudança climática. A associação<br />
com o Dilúvio bíblico era rápida e especialmente esse ponto foi criticado por outros<br />
naturalistas, dentre estes se destacou Fleming. Este indicou que os restos dos animais do<br />
dilúvio sugerido foram encontrados em materiais aluviais, para ele isso indicava que<br />
essas espécies haviam sobrevivido e coexistiram na época dos humanos. Advogou que<br />
as extinções haviam sido causadas pela caça de homens antigos, talvez aceleradas por<br />
mudanças no ambiente incluindo mudanças climáticas. Isso foi considerado comum e<br />
atualista. Fleming extrapolou a interpretação de registros a partir de extinções históricas<br />
locais – como os lobos britânicos caçados nas florestas. Dessa forma, seu raciocínio não<br />
dependeu de extinção drástica produzida pelo Dilúvio, mas era um resultado gradual e<br />
não inteiramente devido à chegada da espécie humana nos locais onde houve extinção.<br />
Os principais membros da Geological Society em Londres procuraram rejeitar as<br />
críticas de Fleming. Mas os naturalistas escoceses tomaram-nas como algo importante.<br />
Cuvier e outros pensadores lutaram para reconhecer as extinções como uma<br />
característica real do mundo e pareceu natural atribuir a mudança a um evento decisivo.<br />
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