O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida
O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida
O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
uma <strong>na</strong>ção eslava em processo <strong>de</strong> homogeneização, a caminho <strong>de</strong> uma formação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />
que passou a existir quando Pedro, o Gran<strong>de</strong>, submeteu as autorida<strong>de</strong>s feudais e consolidou<br />
seu po<strong>de</strong>r sobre um território in<strong>de</strong>finido, sob a forma <strong>de</strong> um Estado incipiente, baseado no<br />
conceito <strong>de</strong> absolutismo imperial. Esse Estado se esten<strong>de</strong>u ao longo <strong>dos</strong> séculos XVIII a XX,<br />
até atingir o máximo <strong>de</strong> sua extensão e po<strong>de</strong>rio já sob o domínio <strong>dos</strong> “czares” soviéticos. O<br />
“império soviético” representou um paradoxo <strong>na</strong> trajetória da “gran<strong>de</strong>” Rússia, posto que lhe<br />
<strong>de</strong>u a segurança <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l a que sempre aspirou aquele Estado, ao mesmo tempo em que criou<br />
um sistema econômico irracio<strong>na</strong>l, o que <strong>de</strong>terminou sua crise estrutural e <strong>de</strong>rrocada<br />
estron<strong>dos</strong>a.<br />
O Brasil, fi<strong>na</strong>lmente, é uma típica criação colonial, com a lenta constituição <strong>de</strong> uma<br />
<strong>economia</strong> bem sucedida, no quadro <strong>de</strong> uma construção estatal mais precoce. O Brasil teve um<br />
Estado unificado antes <strong>de</strong> ter uma <strong>economia</strong> integrada. O Estado foi o elemento indutor da<br />
construção <strong>de</strong> uma <strong>economia</strong> industrial, bastante mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> para os padrões <strong>dos</strong> países<br />
“periféricos”. Trata-se <strong>de</strong> um país “contente” com sua geografia e tranqüilo quanto ao<br />
relacio<strong>na</strong>mento regio<strong>na</strong>l. Esse contexto <strong>de</strong> “paz regio<strong>na</strong>l” – pelo menos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fi<strong>na</strong>l da<br />
Guerra do Paraguai – e <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> reais ameaças exter<strong>na</strong>s <strong>de</strong>finem o Brasil em sua<br />
singularida<strong>de</strong> geopolítica e <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado com um “ativo” positivo no seu processo <strong>de</strong><br />
inserção regio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
A trajetória <strong>dos</strong> Bric nos últimos dois séculos foi <strong>de</strong>sigual, para não dizer divergente.<br />
Suas relações recíprocas ao longo do último meio século foram, aliás, margi<strong>na</strong>is, com<br />
exceção, talvez, da URSS e da Chi<strong>na</strong>, <strong>na</strong> fase da construção do socialismo neste último país.<br />
A interação <strong>dos</strong> Bric com a <strong>economia</strong> <strong>mundial</strong> seguiu uma trajetória errática, com alguma<br />
convergência <strong>na</strong>s últimas duas décadas, processo complementado por maior interação<br />
recíproca.<br />
Os Bric, toma<strong>dos</strong> individualmente, retroce<strong>de</strong>ram em sua participação nos fluxos<br />
mundiais <strong>de</strong> capitais, comércio, investimentos e tecnologia nos dois séculos que levam da<br />
primeira revolução industrial à oitava década do século XX, retomando, a partir daí, uma<br />
interação mais intensa com a <strong>economia</strong> global. Esse retrocesso ocorreu por <strong>de</strong>cisões próprias<br />
– revoluções socialistas <strong>na</strong> Rússia e <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong>, adoção do planejamento estatal <strong>na</strong> Índia –, ou<br />
<strong>de</strong> forma involuntária, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> crises, seguidas <strong>de</strong> introversão estatizante, como no caso<br />
brasileiro (a crise <strong>de</strong> 1929 e a <strong>de</strong>pressão <strong>dos</strong> anos 1930 como fatores <strong>de</strong> estímulo à<br />
industrialização <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l).<br />
No período <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma nova or<strong>de</strong>m econômica inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, no segundo<br />
pós-guerra, tanto a URSS como a Chi<strong>na</strong>, se auto-excluíram das instituições típicas do sistema<br />
2