18.04.2013 Views

O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida

O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida

O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>mundial</strong> capitalista – FMI, BIRD, GATT – enquanto o Brasil e a Índia a<strong>de</strong>riam <strong>de</strong> modo<br />

relutante, e margi<strong>na</strong>l, a essas entida<strong>de</strong>s “capitalistas”. O Brasil foi ativo nesses órgãos da<br />

inter<strong>de</strong>pendência capitalista, mais como “cliente” do que como responsável por processos<br />

<strong>de</strong>cisórios que, até há pouco, passaram ao largo <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação. Mais do que<br />

qualquer outro Bric, ele preservou estruturas <strong>de</strong> mercado e um estilo capitalista <strong>de</strong> gestão<br />

econômica em sintonia com o padrão formal <strong>de</strong> organização econômica do capitalismo. O<br />

outro Bric capitalista do período da Guerra Fria, a Índia, foi muito mais estatizante,<br />

burocratizado e atrasado do que o Brasil e seu recente impulso mo<strong>de</strong>rnizador se <strong>de</strong>veu bem<br />

mais à diáspora econômica nos EUA do que a transformações inter<strong>na</strong>s à própria Índia.<br />

A Chi<strong>na</strong> foi um <strong>de</strong>sastre econômico, não só pela sua <strong>de</strong>cadência <strong>na</strong> época da guerra<br />

civil e da invasão japonesa, mas também pelos planos da era maoísta (Gran<strong>de</strong> Salto Para a<br />

Frente e Revolução Cultural). Basta dizer que, possuindo um produto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l bruto<br />

equivalente, grosso modo, a quase um terço do PIB <strong>mundial</strong> até o fi<strong>na</strong>l do século XVIII, ela<br />

regrediu a menos <strong>de</strong> 5% do PIB global nos anos 1960, recuperando parte do que tinha perdido<br />

só nos 2000. Quanto à Rússia, a<strong>de</strong>mais <strong>de</strong> diminuída <strong>de</strong>pois da implosão da URSS, suas<br />

estatísticas da era socialista são pouco confiáveis para o estabelecimento <strong>de</strong> uma série<br />

relevante <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sempenho ao longo do século XX, quando ela sofreu imensos <strong>de</strong>sastres<br />

materiais e humanos. A CIA superestimou a produção industrial e a capacida<strong>de</strong> tecnológica<br />

<strong>de</strong>ssa enorme “al<strong>de</strong>ia Potemkim”, que viveu uma mentira institucio<strong>na</strong>lizada ao longo <strong>de</strong> sete<br />

décadas.<br />

A “reincorporação” <strong>dos</strong> Bric ao mainstream da <strong>economia</strong> <strong>mundial</strong>, a partir da oitava<br />

década do século XX, foi diferenciada. O Brasil, a rigor, nunca <strong>de</strong>le se afastou, mas exibia,<br />

até mea<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> anos 1980, quase 95% <strong>de</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização <strong>na</strong> oferta inter<strong>na</strong>, por força <strong>de</strong> um<br />

protecionismo renitente. A Índia levou mais longe o capitalismo <strong>de</strong> Estado, o que, junto com<br />

um planejamento extensivo, foi responsável por décadas <strong>de</strong> crescimento reduzido e <strong>de</strong> baixa<br />

mo<strong>de</strong>rnização. Foi a Chi<strong>na</strong>, <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, quem <strong>de</strong>u a partida para a “gran<strong>de</strong> transformação” <strong>na</strong><br />

divisão <strong>mundial</strong> do trabalho, ao iniciar, com as reformas da era Deng Xiao-Ping, uma rápida<br />

reconfiguração <strong>na</strong> geografia <strong>mundial</strong> <strong>dos</strong> investimentos diretos. A Rússia operou uma<br />

reconversão a um capitalismo mafioso nos anos 1990, passando a contar mais como<br />

fornecedor <strong>de</strong> matérias-primas energéticas do que como participante ativo da <strong>economia</strong><br />

<strong>mundial</strong>. O Brasil passou a ser um gran<strong>de</strong> provedor <strong>de</strong> commodities alimentícias e minerais, a<br />

Índia consolidou sua presença <strong>na</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informação, ao passo que a Chi<strong>na</strong> industrial<br />

assumiu a li<strong>de</strong>rança nos produtos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> massa, com dominância <strong>dos</strong> bens<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!