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O papel dos Brics na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida

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importantes ocorreram, obviamente, com os dois gigantes socialistas, uma vez que o Brasil e<br />

a Índia se situavam nos limites <strong>de</strong> um capitalismo marcado pela presença avassaladora do<br />

Estado. Estes dois últimos foram membros fundadores do GATT e estiveram presentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

cedo, <strong>na</strong>s instituições <strong>de</strong> Bretton Woods, sem necessariamente acatar <strong>de</strong> bom grado suas<br />

prescrições <strong>de</strong> política econômica.<br />

A Chi<strong>na</strong> e a Rússia ingressaram no FMI e no BIRD tão pronto superaram suas<br />

restrições i<strong>de</strong>ológicas às duas entida<strong>de</strong>s-símbolo do mundo capitalista, mas o processo foi<br />

mais complicado <strong>na</strong> esfera comercial. A Chi<strong>na</strong> levou 14 anos para ser admitida no GATT,<br />

fazendo-o ape<strong>na</strong>s às vésperas do início da Rodada Doha (2001), mantendo ainda várias<br />

práticas não conformes ao padrão normal <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento comercial. A Rússia, a <strong>de</strong>speito<br />

<strong>de</strong> politicamente admitida no G7 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1990 e <strong>de</strong> ter sido reconhecida como<br />

“<strong>economia</strong> <strong>de</strong> mercado” <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o G7 <strong>de</strong> Ka<strong>na</strong><strong>na</strong>skis (2002), não conseguiu cumprir os<br />

requisitos para ingressar no sistema multilateral <strong>de</strong> comércio, nem parece perto <strong>de</strong> ingressar<br />

<strong>na</strong> OCDE. O recente retorno a uma política exter<strong>na</strong> “musculosa” po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-la ainda mais<br />

longe <strong>de</strong>ssas organizações.<br />

Brasil e Índia mantiveram, durante várias décadas, o padrão típico da política<br />

<strong>de</strong>senvolvimentista preconizada por economistas keynesianos como Raul Prebisch ou Gun<strong>na</strong>r<br />

Myrdal, com muitas restrições cambiais, protecionismo comercial e medidas discrimi<strong>na</strong>tórias<br />

contra o capital estrangeiro, políticas que começaram a ser mudadas no fi<strong>na</strong>l <strong>dos</strong> anos 1980 e<br />

início <strong>dos</strong> 1990. Eles ainda mantêm uma política comercial <strong>de</strong>fensiva <strong>na</strong> área industrial, mas,<br />

graças à sua qualificação em TICs, a Índia tem operado abertura no setor <strong>de</strong> serviços, ao passo<br />

que o Brasil se mostra mais ofensivo no combate às políticas subvencionistas <strong>na</strong> área agrícola<br />

(o que <strong>de</strong>veria incluir, além <strong>dos</strong> protecionistas conheci<strong>dos</strong>, também os alia<strong>dos</strong> do Brasil no<br />

G20: Chi<strong>na</strong> e Índia).<br />

As políticas cambial, comercial e do capital estrangeiro mantidas pelos Bric são tão<br />

variadas quanto suas formas <strong>de</strong> inserção inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, mas os resulta<strong>dos</strong> acabam se refletindo<br />

<strong>na</strong>s transações correntes. O Brasil saiu <strong>de</strong> uma situação bastante frágil, <strong>na</strong> segunda meta<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

anos 1990 e início <strong>dos</strong> 2000 – o que o levou a buscar fi<strong>na</strong>nciamento preventivo por meio <strong>de</strong><br />

três acor<strong>dos</strong> com o FMI (1998, 2001 e 2002) –, para uma posição <strong>de</strong> relativo conforto no<br />

plano externo, com reservas inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is superiores à dívida exter<strong>na</strong>. Com seus enormes<br />

sal<strong>dos</strong> comerciais, a Chi<strong>na</strong> caminha para novos recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reservas em divisas e <strong>de</strong>ve se<br />

manter como exportadora dinâmica no futuro previsível. Os sal<strong>dos</strong> da Rússia são também<br />

crescentes ou confortáveis, mas sua posição estrutural apresenta fragilida<strong>de</strong>s, dada a<br />

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