literatura - barroco
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LITERATURA - BARROCO<br />
Questões comentadas<br />
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1. (Ita 1996) Assinale a opção correspondente ao período que tem melhor redação, considerando correção, clareza,<br />
concisão e elegância.<br />
a) Duas são as personalidades de destaque do Barroco brasileiro: o baiano Gregório de Matos e o português Vieira;<br />
este porém, estudioso das duas <strong>literatura</strong>s, pertence, segundo a crítica, mais à <strong>literatura</strong> brasileira que portuguesa.<br />
b) No Barroco brasileiro, duas personalidades se destacam: Gregório de Matos e Vieira; este, nascido em Portugal<br />
mas estudado nas duas <strong>literatura</strong>s, pertence, segundo a crítica, mais à <strong>literatura</strong> brasileira que à <strong>literatura</strong><br />
portuguesa.<br />
c) Gregório de Matos e Vieira são as duas personalidades que se destacaram no Barroco brasileiro; sendo que o<br />
último porém, segundo a crítica, pertence mais à <strong>literatura</strong> brasileira que à portuguesa, pois, embora português de<br />
origem, estudou ambas.<br />
d) No Barroco brasileiro, destacaram-se duas personalidades: Gregório de Matos - o Boca do Inferno - e Pe. Vieira,<br />
cuja origem, de Lisboa, não o impediu de estudar ambas as <strong>literatura</strong>s, pertencendo pois, segundo alguns críticos,<br />
mais ao Brasil que Portugal.<br />
e) Proeminentes personalidades, Gregório de Matos e Vieira destacam-se no Barroco brasileiro; este porém, mesmo<br />
nascido em Lisboa mas estudioso das duas <strong>literatura</strong>s, pertence, segundo a crítica especializada, mais à <strong>literatura</strong><br />
brasileira que a de Portugal.<br />
2. (Unesp 1989) Identifique os movimentos literários a que pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas se<br />
apresentam.<br />
I- "A praça! A praça é do povo<br />
Como o céu é do condor<br />
E o antro onde a liberdade<br />
Cria águias em seu calor."<br />
II- "Vozes veladas, veludosas vozes,<br />
Volúpia dos violões, vozes veladas,<br />
Vagam nos velhos vórtices velozes<br />
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."<br />
III- "Anjo no nome, Angélica na cara!<br />
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:<br />
Ser Angélica flor, e Anjo florente,<br />
Em quem, senão em vós, se uniformara:"<br />
IV- "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,<br />
Fui honrado Pastor da tua aldeia;<br />
Vestia finas lãs, e tinha sempre<br />
A minha choça do preciso cheia.<br />
Tiraram-me o casal, e manso gado,<br />
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado."<br />
V- "Torce, aprimora, alteia, lima<br />
A frase, e enfim,
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No verso de ouro engasta a rima,<br />
Como um rubim.<br />
Quero que a estrofe cristalina,<br />
Dobrada ao jeito<br />
Do ourives, saia da oficina<br />
Sem um defeito."<br />
a) Romantismo, Simbolismo, Barroco, Arcadismo e Parnasianismo.<br />
b) Modernismo, Parnasianismo, Barroco, Arcadismo e Romantismo.<br />
c) Romantismo, Modernismo, Arcadismo, Barroco e Simbolismo.<br />
d) Simbolismo, Modernismo, Arcadismo, Parnasianismo e Barroco.<br />
e) Modernismo, Simbolismo, Barroco, Parnasianismo e Arcadismo.<br />
3. (Unesp 1996)<br />
DE SÓCRATES FlLÓSOFO<br />
Caminhando Sócrates, um atrevido se descomediu com ele, e lhe deu um coice. Estranhando alguns a<br />
paciência do filósofo, disse:<br />
- Pois eu que lhe hei de fazer depois de dado?<br />
Responderam:<br />
- Demandá-lo em juízo pela injúria.<br />
Replicou:<br />
- Se ele em dar coices confessa ser jumento, quereis que leve um jumento a juízo?<br />
BERNARDES, Padre Manuel. Nova Floresta ("Injúrias", tomo V, cap. XXXI, p. 382). in: OBRAS COMPLETAS DO PADRE MANUEL BERNARDES (reprod. fac-similiada<br />
da ed. de 1728). São Paulo: Ed. Anchieta, 1946.<br />
Nesta fábula do Padre Manuel Bernardes (1644-1710), o grande moralista <strong>barroco</strong> se serve do filósofo Sócrates para<br />
ensinar que, quase sempre, os danos de uma injúria recaem em quem a comete e não em quem a sofre. Com base<br />
neste comentário, examine atentamente o texto e responda:<br />
a) Qual a diferença entre o pensamento de Sócrates e o raciocínio de seus acompanhantes quanto ao "coice"<br />
recebido?<br />
b) Na refinada elaboração sintática de Manuel Bernardes, como se classifica a oração de que se serve Sócrates para<br />
atribuir ao agressor as qualidades de "jumento"?<br />
4. (Mackenzie 1996)<br />
Assinale a alternativa INCORRETA.<br />
a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e textos para teatro com clara<br />
intenção catequista.<br />
b) A <strong>literatura</strong> informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamento da terra, daí ser<br />
predominantemente descritiva.<br />
c) A <strong>literatura</strong> seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e o espírito, o pecado e o<br />
perdão.<br />
d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos, interrogações.<br />
e) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o Cultismo é marcado<br />
pelo jogo de ideias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.<br />
5. (Mackenzie 1998)<br />
A terra é mui graciosa,<br />
Tão fértil eu nunca vi.<br />
A gente vai passear,<br />
No chão espeta um caniço,<br />
No dia seguinte nasce<br />
Bengala de castão de oiro.<br />
Tem goiabas, melancias,<br />
Banana que nem chuchu.<br />
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,<br />
De plumagens mui vistosas.<br />
Tem macaco até demais<br />
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Diamantes tem à vontade<br />
Esmeraldas é para os trouxas.<br />
Reforçai, Senhor, a arca,<br />
Cruzados não faltarão,<br />
Vossa perna encanareis,<br />
Salvo o devido respeito.<br />
Ficarei muito saudoso<br />
Se for embora daqui.<br />
(Murilo Mendes)<br />
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O texto:<br />
a) faz referência à <strong>literatura</strong> dos jesuítas no Brasil no século XVI.<br />
b) alude humoristicamente àquilo que se convencionou chamar de <strong>literatura</strong> informativa no Brasil.<br />
c) parodia tendências próprias do Barroco brasileiro.<br />
d) contraria qualquer proposta temática do Modernismo brasileiro de 1922.<br />
e) apresenta elementos que o relacionam com o "Grupo Mineiro", basicamente responsável pelo Arcadismo no<br />
Brasil.<br />
6. (Ufpe 2001)<br />
TEXTO 1<br />
"Irmão ... é uma palavra boa e amiga. Se acostumaram a chamá-la de irmã. Ela também os trata de mano, de irmão.<br />
Para os menores é como uma mãezinha. Cuida deles. Para os mais velhos é como uma irmã que brinca<br />
inocentemente com eles e com eles passa os perigos da vida aventurosa que levam.<br />
Mas nenhum sabe que para Pedro Bala, ela é a noiva. Nem mesmo o Professor sabe. E dentro do seu coração<br />
Professor também a chama de noiva."<br />
(Jorge Amado: "Capitães da Areia").<br />
TEXTO 2<br />
Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não<br />
se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister<br />
luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma senão entrar o homem dentro de si e<br />
ver-se a si mesmo? (...)<br />
O pregador concorre com o espelho que é a doutrina.<br />
(Padre Antônio Vieira: "Sermão da Sexagésima").<br />
TEXTO 3<br />
"Ó almas presas mudas e fechadas,<br />
nas pressões colossais e abandonadas,<br />
Da dor no calabouço, atroz, funéreo!<br />
Nesses silêncios solitários, graves<br />
Do chaveiro do Céu, possuís as chaves<br />
Para abrir-vos as Portas do Mistédo?!"<br />
(Cruz e Souza: "Missal").<br />
Os autores dos textos 2 e 3 abordam temas transcendentais, seguindo o modelo do movimento a que cada um<br />
pertenceu e o gênero literário que praticou. Sobre eles e suas obras, assinale a alternativa INCORRETA.<br />
a) Cruz e Souza foi o primeiro poeta negro do Brasil e pertenceu ao movimento simbolista. Nesse poema valoriza a<br />
realidade subjetiva e espiritualidade.<br />
b) Vieira, <strong>barroco</strong> e conceptista, fez predominar no texto 1 o jogo conceitual em um processo lógico de dedução e<br />
raciocínio.<br />
c) Os textos 2 e 3 têm a mesma finalidade e objetivo, pelo fato de terem o Barroco e o Simbolismo características<br />
comuns: linguagem preciosa, excesso de imagens e preocupação formal.<br />
d) No texto de Cruz e Souza, a busca da transcendência dá-se através da preponderância de símbolos e de um<br />
vocabulário ligado às sensações.<br />
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e) Enquanto o texto 3 é emotivo e lírico, procurando comover o leitor, o texto 2 é persuasivo, procurando convencer o<br />
ouvinte sobre seus ensinamentos.<br />
7. (Uel 2001) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma entram em<br />
confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o<br />
teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:<br />
a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,<br />
Primaz da Cafraria do Pegu,<br />
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,<br />
Quer ser filho do sol, nascendo cá.<br />
(Gregório de Matos)<br />
b) Temerária, soberba, confiada,<br />
Por altiva, por densa, por lustrosa,<br />
A exaltação, a névoa, a mariposa,<br />
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.<br />
(Botelho de Oliveira)<br />
c) Fábio, que pouco entendes de finezas!<br />
Quem faz só o que pode a pouco obriga:<br />
Quem contra os impossíveis se afadiga,<br />
A esse cede amor em mil ternezas.<br />
(Gregório de Matos)<br />
d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,<br />
Se bem rei mais propício, e mais amado;<br />
Que ele estrelas desterra em régio estado,<br />
Em régio estado não desterras flores.<br />
(Botelho de Oliveira)<br />
e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,<br />
Da vossa alta clemência me despido;<br />
Porque quanto mais tenho delinquido,<br />
Vos tenho a perdoar mais empenhado.<br />
(Gregório de Matos)<br />
8. (Uem 2004) Assinale o que for correto.<br />
01) O Barroco foi um estilo de época que teve seu apogeu no século XVII. Uma de suas principais características é o<br />
culto do contraste, espécie de reflexo dos conflitos do homem da época, ansioso por encontrar uma síntese entre<br />
elementos contraditórios que o atraem, como razão e fé. Em função disso, o escritor <strong>barroco</strong> enfatiza o<br />
inconsistente, o efêmero, analisa a realidade por meio dos sentidos. Daí as figuras de linguagem como a<br />
metáfora, a antítese, o paradoxo, o oxímoro serem comuns em seus poemas. Os versos que seguem, retirados<br />
de um poema de Gregório de Matos, um dos principais representantes do estilo no Brasil, são, nesse sentido,<br />
exemplares: "Se és fogo, como passas brandamente?/ Se és neve, como queimas com porfia?".<br />
02) O Arcadismo está associado ao Iluminismo, conjunto de tendências que marcaram o final do século XVII e o<br />
século XVIII. Razão e ciência são as palavras-chave do período, em que o intenso progresso científico conduziu<br />
a uma visão racionalista e científica do mundo. Em consequência, o escritor árcade passa a repudiar o estilo<br />
<strong>barroco</strong>, tido como "de mau gosto", instaurando um novo padrão de arte inspirado nos clássicos, cujas<br />
convenções artísticas punham a fantasia em segundo plano; valorizavam o homem como ser terreno; a arte<br />
deveria retratar problemas, verdades e situações universais, imitar a natureza (da paisagem e do homem) e ser<br />
verossímil. Cláudio Manoel da Costa, autor do romance "Marília de Dirceu", é um dos principais representantes<br />
do Arcadismo no Brasil.<br />
04) O romantismo é um estado de alma, uma atitude profundamente emotiva diante da vida. Sempre houve<br />
temperamento e sensibilidade românticos. No século XIX, no entanto, tal temperamento e sensibilidade se<br />
manifestaram com tanto vigor que chegaram a caracterizar um estilo de época: o Romantismo. No Brasil,<br />
costuma-se dividir, didaticamente, o movimento em três gerações: 1) a nacionalista, cujos temas mais<br />
recorrentes são o índio, a saudade e o amor impossível; 2) a ultra-romântica, cujos temas mais recorrentes são a<br />
dúvida, o tédio, a orgia, a infância, o medo de amar e o sofrimento; 3) a social, liberal ou condoreira, cujos temas<br />
mais recorrentes são a escravidão, a República e o amor erótico.<br />
08) O Parnasianismo surge na segunda metade do século XIX, reagindo contra o sentimentalismo e o subjetivismo<br />
românticos. Olavo Bilac, no entanto, um dos principais representantes do estilo, apesar da clara preocupação<br />
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com o refinamento formal, demonstra, em alguns de seus sonetos, fortes marcas de romantismo, rendendo<br />
tributo ao espiritualismo que caracterizava a escola de Gonçalves Dias. Os versos que seguem, retirados de um<br />
dos poemas de Bilac, exemplificam essa peculiaridade de sua produção poética: "Não me basta saber que sou<br />
amado,/ Nem só desejo o teu amor: desejo/ Ter nos braços teu corpo delicado,/ Ter na boca a doçura do teu<br />
beijo.".<br />
16) Surgido no final do século XIX, o Simbolismo consiste em um estilo de época marcado pela reação contra os<br />
princípios cientificistas da época. Daí resulta uma poesia marcada pela subjetividade, pelo misticismo e pelo<br />
espiritualismo, pela musicalidade e pela expressão indireta de ideias e de emoções. Nos versos que seguem, do<br />
poeta simbolista Cruz e Sousa, as comparações extremamente subjetivas e as sinestesias visuais e olfativas<br />
concorrem para criar a atmosfera de sugestão que os caracteriza, tornando-os típicos desse estilo: "Mais claro e<br />
fino do que as finas pratas/ O som da tua voz deliciava.../ Na dolência velada das sonatas/ como um perfume a<br />
tudo perfumava.".<br />
32) O Modernismo brasileiro, inaugurado em 1922, com a Semana de Arte Moderna, nasceu sob a influência das<br />
vanguardas europeias. Em sua primeira fase, de 1922 a 1930, combateu as características estéticas tradicionais<br />
e conservadoras, cujo melhor exemplo era o Parnasianismo. Os versos que seguem, retirados do poema de<br />
Manuel Bandeira intitulado "Poética", dialogam com o passadismo dos parnasianos e reafirmam os ideais<br />
modernistas marcados pela libertação e pela renovação da linguagem: "Estou farto do lirismo comedido/ Do<br />
lirismo bem comportado/ [...] Abaixo os puristas/ Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais/ Todas<br />
as construções sobretudo as sintaxes de exceção/ Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis/ [...] Não quero<br />
mais saber do lirismo que não é libertação.".<br />
9. (G1 - cftmg 2008) Analise as afirmativas sobre a produção literária brasileira dos séculos XVII e XVIII, e assinale V<br />
para as verdadeiras e F para as falsas.<br />
( ) A irreverência de Gregório de Matos transparece sobretudo em seus poemas líricos de temática religiosa, nos<br />
quais o conflito <strong>barroco</strong> entre Deus e o homem resolve-se sempre em favor deste último.<br />
( ) Na maioria dos poemas de Cláudio Manuel da Costa, cumpre-se a convenção pastoral por meio do discurso<br />
dirigido pelo eu-lírico pastor Glauceste à sua inalcançável musa Nise.<br />
( ) Na obra de Tomás Antônio Gonzaga, já se verificam alguns traços prenunciadores do Romantismo como certa<br />
subjetividade e emotividade.<br />
A sequência CORRETA encontrada é:<br />
a) V, F, V.<br />
b) F, V, F.<br />
c) F, V, V.<br />
d) V, F, F.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
As questões a seguir tomam por base o poema-canção O AMOR É VELHO, MENINA, do poeta-músico Tom Zé<br />
(Antônio José Santana Martins, 1936-), e um fragmento da CARTA DE GUIA DE CASADOS (1651), de Francisco<br />
Manuel de Melo (1608-1666), reconhecido como um dos maiores escritores portugueses de sua época.<br />
O amor é velho, velho, velho, velho<br />
E, menina,<br />
O amor é trilha de lençóis e culpa,<br />
Medo e maravilha.<br />
O tempo, a vida, a lida<br />
Andam pelo chão,<br />
O amor, aeroplanos.<br />
O amor zomba dos anos,<br />
O amor anda nos tangos,<br />
No rastro dos ciganos,<br />
No vão dos oceanos,<br />
O amor é poço onde se despejam<br />
O AMOR É VELHO, MENINA<br />
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Lixo e brilhantes:<br />
Orações, sacrifícios, traições.<br />
(In: Tom Zé. The HIPS OF TRADITION. CD M945118-2, Warner, 1992.)<br />
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CARTA DE GUIA DE CASADOS<br />
fragmento<br />
Persuado-me, Senhor N., que esta coisa que o mundo chama amor, não é só uma coisa, porém muitas com<br />
um próprio nome. Poderá bem ser que por isto os antigos fingissem haver tantos amores no mundo, a que davam<br />
diversos nascimentos; e também pode ser venha daqui que ao amor chamamos amores; pois se ele fora um só,<br />
grande impropriedade fora esta.<br />
Eu considero dois amores entre a gente: o primeiro é aquele comum afeto com que, sem mais causa que a<br />
sua própria violência, nos movemos a amar, não sabendo o quê, nem porque amamos. O segundo é aquele com que<br />
prosseguimos em amar o que tratamos e conhecemos. O primeiro acaba na posse do que se desejou; o segundo<br />
começa nela: mas de tal sorte, que nem sempre o primeiro engendra o segundo, nem sempre o segundo procede do<br />
primeiro.<br />
Donde infiro que o amor que se produz do trato, familiaridade e fé dos casados, para ser seguro e excelente,<br />
em nada depende do outro amor que se produziu do desejo do apetite, e desordem dos que se amaram antes<br />
desconcertadamente; a que, não sem erro, chamamos amores, que a muitos mais empeceram que aproveitaram.<br />
(MELO, Francisco Manuel de. CARTA DE GUIA DE CASADOS Coleção Portugal nº 36. Porto: Ed. Domingos Barreira, s/d., p. 29.)<br />
10. (Unesp 1997) O estilo <strong>barroco</strong> de Francisco Manuel de Melo, caracterizado pela insistência em enfatizar conceitos<br />
e argumentos, serve-se de procedimentos sintáticos que o tornam um tanto repetitivo, redundante e, por vezes,<br />
obscuro, como exemplifica o seguinte período: "Poderá bem ser que por isto os antigos fingissem haver tantos<br />
amores no mundo, a que davam diversos nascimentos; e também pode ser venha daqui que ao amor chamamos<br />
amores; pois se ele fora um só, grande impropriedade fora esta."<br />
Examine com atenção o período citado e,<br />
a) indique a passagem na qual, no entanto, para evitar mais uma repetição, o autor praticou a elipse da conjunção<br />
subordinativa integrante;<br />
b) reescreva o período, evitando outras repetições de palavras ou locuções, para torná-lo mais claro e conciso.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a letra (V) se a afirmativa for verdadeira ou (F) se for falsa.<br />
11. (Ufpe 1996) Observe:<br />
"Descoberto em 1500, no século que, em Portugal, dominava o Classicismo, o Brasil , por muitas causas,<br />
não teve condições de dar início à colonização e ao processo cultural.<br />
Entre as raras manifestações literárias do século, destaca-se o teatro jesuítico.<br />
A obra de colonização do Brasil, iniciada propriamente por Martim Afonso em 1530, já pelos inconvenientes<br />
do sistema, já por outros motivos fáceis de entender, mais dificultosa se tornaria, não fosse a colaboração oportuna e<br />
decisiva dos jesuítas."<br />
(Faraco e Moura, em LÍNGUA E LITERATURA)<br />
A partir de então, surgem dois movimentos que ainda não podem ser considerados <strong>literatura</strong> propriamente brasileira.<br />
( ) O Barroco é o primeiro grande período artístico no Brasil. Nas artes plásticas há destaque para a figura do<br />
Aleijadinho; na Literatura, para o poeta Gregório de Matos Guerra.<br />
( ) O Neoclassicismo, movimento estético propenso a um retorno aos ideais espirituais e artísticos do Renascimento,<br />
corresponde a uma tendência contrária ao barroquismo.<br />
( ) No texto <strong>barroco</strong>, a linguagem é retorcida, com bastantes jogos verbais, enfatizando a prolixidade e o estilo<br />
confuso.<br />
( ) No texto neoclássico, a linguagem é racional, as imagens são conhecidas e repetidas (chavões, lugares-<br />
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comuns).<br />
( ) No Barroco, tanto quanto no Neoclassicismo, os poetas abordaram aspectos como dúvida, angústia e tédio, sob<br />
a forma de um sentimentalismo lacrimoso.<br />
( ) hipérbato<br />
( ) hipérbole<br />
( ) silepse<br />
( ) anacoluto<br />
( ) pleonasmo<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
No meio disso, a que vinha agora uma criança deformá-la por meses, obrigá-la a recolher-se, pedir-lhe as<br />
noites, adoecer dos dentes e o resto? Tal foi a primeira sensação da mãe, e o primeiro ímpeto foi esmagar o gérmen.<br />
Criou raiva ao marido. A segunda sensação foi melhor. A maternidade, chegando ao meio-dia, era como uma autora<br />
nova e fresca. Natividade viu a figura do filho ou filha brincando na relva da chácara ou no regaço da aia, com os três<br />
anos de idade, e este quadro daria aos trinta e quatro anos que teria então um aspecto de vinte e poucos...<br />
Foi o que a reconciliou com o marido.<br />
(Esaú e Jacó, de Machado de Assis)<br />
12. (Espm 2006) Considerando os aspectos histórico-literários, pode-se afirmar que o texto:<br />
a) Apresenta aspectos do Barroco por mostrar os conflitos existenciais da personagem influenciada pela religiosidade<br />
(daí o título da obra "Esaú e Jacó").<br />
b) É coerente com o padrão do Realismo ao enfocar uma crítica social à questão da rejeição da maternidade e o<br />
consequente abandono dos filhos.<br />
c) Está contra o padrão do Romantismo, imediatamente anterior à obra, uma vez que não idealiza o instinto maternal<br />
e a mulher.<br />
d) Tem afinidade com o Naturalismo ao enfatizar o Determinismo biológico e as personagens patológicas.<br />
e) Faz sintonia com a poesia do Parnasianismo, pois apresenta a obsessão pela forma no vocabulário e o tema<br />
clássico greco-latino.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
SEGUE NESTE SONETO A MÁXIMA DE BEM VIVER QUE É ENVOLVER-SE NA CONFUSÃO DOS NÉSCIOS<br />
PARA PASSAR MELHOR A VIDA<br />
SONETO<br />
Carregado de mim ando no mundo,<br />
E o grande peso embarga-me as passadas,<br />
Que como ando por vias desusadas,<br />
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.<br />
O remédio será seguir o imundo<br />
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,<br />
Que as bestas andam juntas mais ousadas,<br />
Do que anda só o engenho mais profundo.<br />
Não é fácil viver entre os insanos,<br />
Erra, quem presumir que sabe tudo,<br />
Se o atalho não soube dos seus danos.<br />
O prudente varão há de ser mudo,<br />
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,<br />
Ser louco c'os demais, que só, sisudo.<br />
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 253)<br />
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13. (Ufrj 2009) O Barroco faz um uso particular de metáforas para concretizar abstrações. No texto, encontram-se<br />
vocábulos cujos significados constroem imagens vinculadas à travessia do eu-lírico no mundo. Retire do texto quatro<br />
vocábulos desse campo semântico, sendo dois verbos e dois substantivos.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
"Não é o homem um mundo pequeno que está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande que está dentro<br />
do pequeno. Baste 1por prova o coração humano, que sendo uma pequena parte do homem, excede na capacidade<br />
a toda a grandeza do mundo. (...) O mar, com ser um monstro 2indômito, chegando às areias, para; as árvores, onde<br />
3as põem, não se mudam; os peixes contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros animais com a terra. Pelo<br />
contrário, o homem, monstro ou quimera de todos os elementos, em nenhum lugar 4para, com nenhuma fortuna se<br />
contenta, nenhuma ambição ou apetite o falta: tudo confunde e como é maior que o mundo, não cabe nele".<br />
14. (Fei 1997) Podemos reconhecer neste trecho do Padre Antônio Vieira:<br />
a) O caráter argumentativo típico do estilo <strong>barroco</strong> (século XVII).<br />
b) A pureza de linguagem e o estilo rebuscado do escritor árcade (século XVIII).<br />
c) Uma visão de mundo centrada no homem, própria da época romântica (princípio do século XIX).<br />
d) O racionalismo comum dos escritores da escola realista (final do século XIX).<br />
e) A consciência da destruição da natureza pelo homem, típica de um escritor moderno (século XX).<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
Hoje, que seja esta ou aquela,<br />
pouco me importa.<br />
Quero apenas parecer bela,<br />
pois, seja qual for, estou morta.<br />
Já fui loura, já fui morena,<br />
já fui Margarida e Beatriz.<br />
Já fui Maria e Madalena.<br />
Só não pude ser como quis.<br />
Que mal faz, esta cor fingida<br />
do meu cabelo, e do meu rosto,<br />
se tudo é tinta: o mundo, a vida,<br />
o contentamento, o desgosto?<br />
Por fora, serei como queira<br />
a moda, que me vai matando.<br />
Que me levem pele e caveira<br />
ao nada, não me importa quando.<br />
Mas quem viu, tão dilacerados,<br />
olhos, braços e sonhos seus,<br />
e morreu pelos seus pecados,<br />
falará com Deus.<br />
Falará, coberta de luzes,<br />
do alto penteado ao rubro artelho.<br />
Porque uns expiram sobre cruzes,<br />
outros, buscando-se no espelho.<br />
MULHER AO ESPELHO<br />
(MEIRELES, Cecília. Poesias Completa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.)<br />
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15. (Uerj 2002) A temática e alguns procedimentos característicos do Barroco no século XVII foram retomados no<br />
poema de Cecília Meireles.<br />
a) O questionamento das concepções do senso comum quanto à vaidade sugere uma preocupação também<br />
existente entre os autores <strong>barroco</strong>s.<br />
Identifique, no poema, um aspecto da vaidade apresentado negativamente e outro apresentado positivamente.<br />
b) O jogo de oposições entre conceitos era um dos recursos característicos da <strong>literatura</strong> barroca.<br />
Indique um contraste próprio do Barroco que predomina no texto.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol as Inconstâncias dos bens do Mundo.<br />
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,<br />
Depois da Luz se segue a noite escura,<br />
Em tristes sombras morre a formosura,<br />
Em contínuas tristezas a alegria.<br />
Porém se acaba o Sol, por que nascia?<br />
Se formosa a Luz é, por que não dura?<br />
Como a beleza assim se transfigura?<br />
Como o gosto da pena assim se fia?<br />
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,<br />
Na formosura não se dê constância,<br />
E na alegria sinta-se tristeza.<br />
Começa o mundo enfim pela ignorância,<br />
E tem qualquer dos bens por natureza<br />
A firmeza somente na inconstância.<br />
(GUERRA, Gregório de Matos. ANTOLOGIA POÉTICA. Rio, Ediouro, 1991. p. 84.)<br />
16. (Ufrrj 2000) Um dos aspectos da arquitetura do poema <strong>barroco</strong> é aquele em que conceitos e/ou palavras são<br />
inicialmente citados ao longo do poema, para mais adiante, serem retomados conclusivamente. Este recurso, no<br />
soneto de Gregório de Matos, acontece respectivamente<br />
a) nos dois quartetos e no 20. terceto.<br />
b) no 10. quarteto e no 20. quarteto.<br />
c) nos dois quartetos e nos dois tercetos.<br />
d) no 20. quarteto e no 10. terceto.<br />
e) no 10. terceto e no 20. terceto.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
A cada canto um grande conselheiro<br />
Que nos quer governar a cabana, e vinha,<br />
Não sabem governar sua cozinha,<br />
E podem governar o mundo inteiro.<br />
Em cada porta um frequentado olheiro,<br />
Que a vida do vizinho, e da vizinha<br />
Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia<br />
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Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,<br />
Para a levar à Praça, e ao Terreiro.<br />
Muitos Mulatos desavergonhados,<br />
Trazidos pelos pés os homens nobres,<br />
Posta nas palmas toda a picardia.<br />
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Estupendas usuras nos mercados,<br />
Todos, os que não furtam, muito pobres,<br />
E eis aqui a cidade da Bahia.<br />
MATOS, Gregório de. In: BARBOSA, F. (org.) Clássicos da Poesia Brasileira. RJ: Klick Editora, 1998, p.24/25.<br />
17. (Ufrrj 2005) A crítica à incapacidade dos portugueses de governar o Brasil e a consequente pobreza do povo são<br />
temas presentes nesse poema <strong>barroco</strong> de Gregório de Matos e representam uma característica retomada, mais<br />
tarde, pelo Romantismo.<br />
Essa característica é<br />
a) o sentimento nativista.<br />
b) a preferência pelo soneto.<br />
c) a denúncia da escravidão.<br />
d) a tendência regionalista.<br />
e) a volta ao passado histórico.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
SEUS OLHOS<br />
Oh! rouvre tes grands yeux dont la paupiere<br />
tremble,<br />
Tes yeux pleins de langueur;<br />
Leur regard est si beau quand nous sommes<br />
ensemble!<br />
Rouvre-les; ce regard manque à ma vie, il semble<br />
Que tu fermes ton coeur.<br />
Turquety<br />
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,<br />
De vivo luzir,<br />
Estrelas incertas, que as águas dormentes<br />
Do mar vão ferir;<br />
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,<br />
Têm meiga expressão,<br />
Mais doce que a brisa, - mais doce que o nauta<br />
De noite cantando, - mais doce que a frauta<br />
Quebrando a solidão.<br />
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,<br />
De vivo luzir,<br />
São meigos infantes, gentis, engraçados<br />
Brincando a sorrir.<br />
São meigos infantes, brincando, saltando<br />
Em jogo infantil,<br />
Inquietos, travessos; - causando tormento,<br />
Com beijos nos pagam a dor de um momento,<br />
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Com modo gentil.<br />
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,<br />
Assim é que são;<br />
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,<br />
Às vezes, vulcão!<br />
Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,<br />
Tão frouxo brilhar,<br />
Que a mim me parece que o ar lhes falece,<br />
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece<br />
Me fazem, chorar.<br />
Assim lindo infante, que dorme tranquilo,<br />
Desperta a chorar;<br />
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,<br />
Não pensa - a pensar.<br />
Nas almas tão puras da virgem, do infante,<br />
Às vezes do céu<br />
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,<br />
Um vago desejo; e a mente se veste<br />
De pranto co'um véu.<br />
Quer sejam saudades, que sejam desejos<br />
Da pátria melhor;<br />
Eu amo seus olhos que choram sem causa<br />
Um pranto sem dor.<br />
Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,<br />
De vivo fulgor;<br />
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,<br />
Que falam de amores com tanta poesia,<br />
Com tanto pudor.<br />
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,<br />
Assim é que são;<br />
Eu amo esses olhos que falam de amores<br />
Com tanta paixão.<br />
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(Gonçalves Dias, A. POESIA E PROSA COMPLETAS. Rio de Janeiro, Ed. Nova Aguilar, 1998, pp. 131-132.)<br />
18. (Puc-rio 1999) Podemos dizer que o poema:<br />
a) herda do Barroco a intensa religiosidade comprovada pelo binômio pecado/redenção.<br />
b) herda do Arcadismo o ambiente pastoril acentuado pela referência a elementos naturais.<br />
c) apresenta, em consonância com a estética do Parnasianismo, o gosto pela precisão descritiva de elementos da<br />
tradição clássica.<br />
d) apresenta, em consonância com a estética do Simbolismo, uma representação etérea e espectral do perfil<br />
feminino.<br />
e) comprova a influência literária europeia na produção poética brasileira dos séculos XVIII e XIX, o que se atesta<br />
pela epígrafe utilizada.<br />
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:<br />
Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis, e com muita<br />
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razão, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos<br />
distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos<br />
são pó levantado, os mortos são pó caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet1. Estão<br />
essas praças no verão cobertas de pó: dá um pé-de-vento, levanta-se o pó no ar e que faz? O que fazem os vivos, e<br />
muito vivos. NÃO AQUIETA O PÓ, NEM PODE ESTAR QUEDO: ANDA, CORRE, VOA; ENTRA POR ESTA RUA,<br />
SAI POR AQUELA; JÁ VAI ADIANTE, JÁ TORNA ATRÁS; TUDO ENCHE, TUDO COBRE, TUDO ENVOLVE, TUDO<br />
PERTURBA, TUDO TOMA, TUDO CEGA, TUDO PENETRA, EM TUDO E POR TUDO SE METE, SEM AQUIETAR<br />
NEM SOSSEGAR UM MOMENTO, ENQUANTO O VENTO DURA. Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento parou,<br />
ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na<br />
campanha. Não é assim? Assim é.<br />
(VIEIRA, Antônio. Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza. Apud: Sermões de Padre Antônio Vieira.<br />
São Paulo: Núcleo, 1994, p.123-4.)<br />
1 - Hic jacet: aqui jaz.<br />
19. (Ufscar 2001) Em Padre Vieira fundem-se a formação jesuítica e a estética barroca, que se materializam em<br />
sermões considerados a expressão máxima do Barroco em prosa religiosa em língua portuguesa, e uma das mais<br />
importantes expressões ideológicas e literárias da Contra-Reforma.<br />
a) Comente os recursos de linguagem que conferem ao texto características do Barroco.<br />
b) Antes de iniciar sua pregação, Vieira fundamenta-se num argumento que, do ponto de vista religioso, mostra-se<br />
incontestável. Transcreva esse argumento.<br />
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Gabarito:<br />
Resposta da questão 1: [B]<br />
Resposta da questão 2: [A]<br />
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Resposta da questão 3:<br />
a) Sócrates busca a compreensão dos fatos; seus acompanhantes pensam apenas na condenação da injúria.<br />
b) "em dar coices": oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo.<br />
Resposta da questão 4: [E]<br />
Resposta da questão 5: [B]<br />
Resposta da questão 6: [C]<br />
Resposta da questão 7: [E]<br />
Resposta da questão 8: 53<br />
Resposta da questão 9: [C]<br />
Resposta da questão 10:<br />
a) "... e também pode ser (que) venha aqui"<br />
b) "Poderá bem ser que por isto os antigos fingissem haver tantos amores no mundo, a que davam diversos nascimentos; e caso venha daqui que<br />
a ele chamamos amores; pois se fora um só, grande impropriedade seria esta."<br />
Resposta da questão 11: V V V V F<br />
Resposta da questão 12: [C]<br />
Resposta da questão 13:<br />
Os vocábulos que constroem imagens vinculadas ao campo semântico de travessia são os seguintes: ando, vou-(me), seguir, andam, anda, erra<br />
(verbos); passadas, vias, caminho, pisadas, atalho (substantivos).<br />
Resposta da questão 14: [A]<br />
Resposta da questão 15:<br />
a) A moda que destrói o corpo e a alma de quem a segue.<br />
A consciência da destruição pela vaidade elevará o indivíduo até Deus.<br />
b) Um dentre os contrastes:<br />
- vida e morte<br />
- juventude e velhice<br />
- essência e aparência<br />
Resposta da questão 16: [C]<br />
Resposta da questão 17: [A]<br />
Resposta da questão 18: [E]<br />
Resposta da questão 19:<br />
a) O Barroco é o movimento marcado pela oposição de ideias; assim, no poema encontram-se antíteses ("pó levantado"/ "pó caído"; paradoxos<br />
("Distinguimo-nos os vícios dos mortos, assim como s distingue o pó do pó"); anáforas (pronome indefinido "tudo") polissíndetos (ou) e outros.<br />
b) O argumento é: "Ora, pressuposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse"...<br />
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