leituras benjaminianas da cidade - Agenciawad.com.br
leituras benjaminianas da cidade - Agenciawad.com.br
leituras benjaminianas da cidade - Agenciawad.com.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
modelado são transitórios, mas também porque é transitório (desbotado) o<<strong>br</strong> />
manuscrito. No entanto, paradoxalmente, é o mesmo manuscrito, em suas elipses,<<strong>br</strong> />
rasuras e silêncios, que vem carregado de esperanças.<<strong>br</strong> />
Neste artigo pretende-se fazer uma leitura benjaminiana de quatro imagens<<strong>br</strong> />
que irrompem de registros etnográficos feitos na déca<strong>da</strong> de 1980. Três se referem<<strong>br</strong> />
a Piracicaba, uma ci<strong>da</strong>de do interior paulista: 1) bonecos pescadores às margens<<strong>br</strong> />
do rio, 2) uma “grota” urbana em cujas encostas famílias do sertão de Minas<<strong>br</strong> />
construiram seus barracos, e 3) “novos anjos mineiros” transfigurados em “bóias-<<strong>br</strong> />
frias” em carrocerias de caminhões. A última imagem vem de Apareci<strong>da</strong>, Vale do<<strong>br</strong> />
Paraíba, eletrizando um circuito que se forma de Apareci<strong>da</strong> a Piracicaba, entre os<<strong>br</strong> />
quase infindáveis domínios <strong>da</strong> padroeira do Brasil. Observa-se que estas imagens<<strong>br</strong> />
emergem em meio a sonhos de “progresso” que tomam conta de imaginários<<strong>br</strong> />
sociais de campos, ci<strong>da</strong>des e país.<<strong>br</strong> />
“BRINCANDO DE BONECOS”<<strong>br</strong> />
Benjamin procura formas de leitura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de nos limites <strong>da</strong> experiência<<strong>br</strong> />
racionalizante, associados a estados alterados <strong>da</strong> percepção frequentemente<<strong>br</strong> />
restritos aos que vivem nas margens: na experiência <strong>da</strong>s crianças, dos insanos,<<strong>br</strong> />
dos em<strong>br</strong>iagados. As crianças particularmente são “irresistivelmente atraí<strong>da</strong>s pelo<<strong>br</strong> />
resíduo que surge na construção, no trabalho de jardinagem ou doméstico, na<<strong>br</strong> />
costura ou na marcenaria. Em produtos residuais reconhecem o rosto que o<<strong>br</strong> />
mundo <strong>da</strong>s coisas volta exatamente para elas, e para elas unicamente. Neles,<<strong>br</strong> />
elas menos imitam as o<strong>br</strong>as dos adultos do que põem materiais de espécie muito<<strong>br</strong> />
3