Competência em Mandado de Segurança ... - Juspodivm
Competência em Mandado de Segurança ... - Juspodivm
Competência em Mandado de Segurança ... - Juspodivm
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Competência</strong> no <strong>Mandado</strong> <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> –<br />
Peculiarida<strong>de</strong>s<br />
<strong>Competência</strong> no <strong>Mandado</strong> <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong><br />
1<br />
André Bulhões Machado<br />
Advogado<br />
A <strong>de</strong>terminação da competência <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança assume uma série <strong>de</strong><br />
peculiarida<strong>de</strong>s. Nessa ação, a dificulda<strong>de</strong> já começa <strong>em</strong> <strong>de</strong>finir qu<strong>em</strong> é a parte ré. Este é t<strong>em</strong>a dos<br />
mais controvertidos na doutrina. Para alguns, a parte passiva seria a autorida<strong>de</strong> coatora. Para outros,<br />
<strong>em</strong> posicionamento a nosso ver mais acertado, não obstante a notificação seja feita à autorida<strong>de</strong> e<br />
não ao representante legal da pessoa jurídica, a parte ré é a pessoa jurídica <strong>de</strong> direito público a que<br />
pertence a autorida<strong>de</strong> apontada como coatora.<br />
A competência para processar e julgar mandado <strong>de</strong> segurança é <strong>de</strong>finida <strong>em</strong> função da<br />
qualificação (fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal) e da hierarquia da autorida<strong>de</strong> pública ou da <strong>de</strong>legação<br />
titularizada pelo particular, não sofrendo alteração <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> posterior elevação funcional. Notese<br />
que pouco importa, para fixação da competência, a matéria a ser discutida no mandado <strong>de</strong><br />
segurança.<br />
As regras <strong>de</strong> competência no mandado <strong>de</strong> segurança encontram-se na Constituição Fe<strong>de</strong>ral,<br />
<strong>em</strong> Constituições Estaduais, nos Códigos <strong>de</strong> Organização Judiciária e Regimentos Internos dos<br />
Tribunais.<br />
No que tange ao local da impetração, esta <strong>de</strong>ve se dar no local on<strong>de</strong> a autorida<strong>de</strong> exerce suas<br />
funções. A competência fixada para mandado <strong>de</strong> segurança é absoluta.<br />
Deve-se ter cuidado com as <strong>de</strong>nominações equivocadas <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança, quais<br />
sejam, mandado <strong>de</strong> segurança “criminal”, “trabalhista”, <strong>de</strong>ntre outras, pois mesmo quando<br />
impetrados perante essas Justiças, o mandado <strong>de</strong> segurança não per<strong>de</strong> a sua natureza <strong>de</strong> ação civil,<br />
ou melhor, ação constitucional-civil, regido s<strong>em</strong>pre pelas normas constitucionais, pelas leis nº<br />
1.533/51 e 4.348/64 e pelo Código <strong>de</strong> Processo Civil.<br />
Regras <strong>de</strong> competência na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988<br />
A Constituição Fe<strong>de</strong>ral estabeleceu a competência originária para julgamento do mandado <strong>de</strong><br />
segurança nos seguintes casos:<br />
• Art.102, I, “d”, CF/88 - Compete ao Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral processar e julgar,<br />
originariamente, o mandado <strong>de</strong> segurança contra atos do Presi<strong>de</strong>nte da República, das Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Fe<strong>de</strong>ral, do Tribunal <strong>de</strong> Contas da União, do<br />
Procurador-Geral da República e do próprio Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral;<br />
• Art. 105, I, “b”, CF/88 – Compete ao Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça processar e julgar,<br />
originariamente, os mandados <strong>de</strong> segurança contra ato <strong>de</strong> Ministro <strong>de</strong> Estado, dos<br />
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;<br />
• Art. 108, I, “c”, CF/88 – Compete aos Tribunais Regionais Fe<strong>de</strong>rais processar e julgar,<br />
originariamente, os mandados <strong>de</strong> segurança contra ato do próprio Tribunal ou <strong>de</strong> juiz fe<strong>de</strong>ral;<br />
• Art.109, VIII, CF/88 – Compete aos juízes fe<strong>de</strong>rais processar e julgar os mandados <strong>de</strong><br />
segurança contra ato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral, excetuados os casos <strong>de</strong> competência dos tribunais<br />
fe<strong>de</strong>rais.<br />
Em face da competência estabelecida na CF/88, po<strong>de</strong>-se, ainda, fazer as seguintes<br />
consi<strong>de</strong>rações:<br />
1. Tendo <strong>em</strong> vista o estabelecido pelo art.102, I, “d”, CF/88, po<strong>de</strong>-se concluir que, sendo o STF<br />
competente para processar e julgar o mandado <strong>de</strong> segurança contra atos das Mesas da<br />
Câmara dos Deputados e do Senado Fe<strong>de</strong>ral, também o será, no âmbito <strong>de</strong>sta ação<br />
constitucional, para os atos das Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito;<br />
2. Deve-se atentar para o fato <strong>de</strong> que no art.109, I, CF/88, não há qualquer menção à socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> economia mista. Portanto, mesmo <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança impetrado<br />
contra ato <strong>de</strong> dirigente <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> economia mista da União, a competência será da<br />
Justiça Estadual e não da Justiça Fe<strong>de</strong>ral;<br />
3. T<strong>em</strong>-se, ainda, que, não obstante o art.105, I, “b”, CF/88, estabelecer a competência do STJ<br />
para julgar os mandados <strong>de</strong> segurança impetrados contra ato <strong>de</strong> Ministro <strong>de</strong> Estado, b<strong>em</strong><br />
como a regra para os órgãos colegiados ser a <strong>de</strong> que a competência é estabelecida <strong>em</strong> razão<br />
do presi<strong>de</strong>nte do colegiado, o STJ assentou na Súmula 177 que a ele não compete julgar e<br />
processar, originariamente, mandado <strong>de</strong> segurança contra ato <strong>de</strong> órgão colegiado presidido<br />
por Ministro <strong>de</strong> Estado, restando, assim, superada a Súmula 103 do antigo TFR;<br />
4. Por fim, vale frisar que a Justiça Eleitoral <strong>de</strong>tém competência para o julgamento <strong>de</strong> mandado<br />
<strong>de</strong> segurança <strong>em</strong> matéria eleitoral. É uma exceção, pois aí a competência é estabelecida <strong>em</strong><br />
razão da matéria. É o que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> logicamente do art.121, § 4 o , V, CF/88.<br />
Justiça Estadual<br />
A competência estadual no mandado <strong>de</strong> segurança é regulada pelas Constituições Estaduais e<br />
leis locais <strong>de</strong> organização judiciária.<br />
Importante ressaltar que, segundo a jurisprudência, a competência para processar e julgar<br />
mandado <strong>de</strong> segurança ajuizado contra ato <strong>de</strong> Promotor <strong>de</strong> Justiça é do juiz <strong>de</strong> primeiro grau.<br />
2
<strong>Mandado</strong> <strong>de</strong> segurança contra atos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>legada e <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> educacional<br />
Se o ato impugnado tiver sido praticado por entida<strong>de</strong> privada, estadual ou municipal, no<br />
exercício <strong>de</strong> competência <strong>de</strong>legada fe<strong>de</strong>ral, a competência para o julgamento do mandado <strong>de</strong><br />
segurança será da Justiça Fe<strong>de</strong>ral.<br />
No entanto, se a <strong>de</strong>legação se dá entre autorida<strong>de</strong>s situadas na mesma esfera da Fe<strong>de</strong>ração<br />
(ex<strong>em</strong>plo: <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral superior para outra autorida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral inferior), a<br />
regra é outra. Neste caso, a competência será estabelecida <strong>em</strong> razão da autorida<strong>de</strong> que recebeu a<br />
<strong>de</strong>legação e, por conseqüência, praticou o ato ou omissão impugnada (no caso, a autorida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral<br />
inferior).<br />
Isto posto, fica fácil compreen<strong>de</strong>r porque o STJ t<strong>em</strong> entendido ser competente a Justiça<br />
Fe<strong>de</strong>ral para os julgar os mandados <strong>de</strong> segurança impetrados contra ato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> educacional<br />
do ensino superior, quer se trate <strong>de</strong> universida<strong>de</strong> oficial, quer <strong>de</strong> estabelecimento particular, pois,<br />
neste último caso, enten<strong>de</strong>-se que a autorida<strong>de</strong> impetrada age por <strong>de</strong>legação do Ministério da<br />
Educação (vi<strong>de</strong> Súmula 15 do TFR e art. 1 o , §1 o , da lei nº 1.533/51). Vale frisar que o ato do<br />
estabelecimento particular para ser da competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong><br />
segurança, t<strong>em</strong> que estar relacionado ao ensino superior, ou seja, <strong>de</strong>ntro do âmbito <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação do<br />
Ministério da Educação.<br />
É importante <strong>de</strong>ixar claro que as regras supra elencadas se limitam à competência no<br />
mandado <strong>de</strong> segurança. Dessa forma, <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> conhecimento ou cautelar, a competência<br />
será da Justiça Estadual se a instituição <strong>de</strong> ensino for particular, salvo na hipótese do art. 109, I,<br />
CF/88.<br />
Já contra ato referente ao ensino <strong>de</strong> 1 o e 2 o graus e exames supletivos, a competência para<br />
julgar o mandado <strong>de</strong> segurança é da Justiça Estadual, salvo se o ato for praticado por autorida<strong>de</strong><br />
fe<strong>de</strong>ral (vi<strong>de</strong> Súmula 16 do TFR).<br />
Ato <strong>de</strong> Tribunal, <strong>de</strong> juiz <strong>de</strong> Juizado Especial e <strong>de</strong> Turma Recursal<br />
Compete aos próprios Tribunais processar e julgar, originariamente, os mandados <strong>de</strong><br />
segurança contra seus atos, os dos respectivos Presi<strong>de</strong>ntes e os <strong>de</strong> suas Turmas, Câmaras ou Seções.<br />
No que tange a competência para julgamento <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança interposto contra ato<br />
<strong>de</strong> juiz <strong>de</strong> Juizado, o entendimento majoritário é <strong>de</strong> que a competência é das Turmas Recursais.<br />
Neste sentido, <strong>de</strong>cisões do STJ ( vi<strong>de</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, RMS 10.334. 6 a Turma. Rel. Min. Fernando<br />
Gonçalves. Ac. <strong>de</strong> 10-10-2000. Informativo do STJ. n. 74. out. 2000. com r<strong>em</strong>issão a prece<strong>de</strong>ntes do<br />
STJ) e Enunciado 62 do Fórum Permanente <strong>de</strong> Juízes Coor<strong>de</strong>nadores dos Juizados Especiais Cíveis<br />
e Criminais do Brasil, este último, com seguinte teor:<br />
“Cabe exclusivamente às Turmas Recursais conhecer e julgar o mandado <strong>de</strong> segurança e o<br />
habeas corpus impetrado <strong>em</strong> face dos atos judiciais oriundos dos Juizados Especiais”.<br />
Deste posicionamento, a nosso ver com toda razão, discordam alguns autores, <strong>de</strong>ntre eles, os<br />
ilustres professores Fredie Didier Júnior e Eduardo Sodré, aduzindo que, <strong>de</strong>ntre outros motivos, a<br />
3
LOMAN estabelece (§§ 3 o e 4 o do art. 101) que é prerrogativa do magistrado ter os mandados <strong>de</strong><br />
segurança interpostos contra atos seus julgados por órgãos do Tribunal <strong>de</strong> Justiça.<br />
Já no mandado <strong>de</strong> segurança impetrado contra ato <strong>de</strong> juiz <strong>de</strong> Turma Recursal, prevalece o<br />
entendimento <strong>de</strong> que a competência é do STF. Tal posicionamento merece as mesmas críticas feitas<br />
no parágrafo anterior.<br />
<strong>Competência</strong> para o mandado <strong>de</strong> segurança quando a impetrante for a União, entida<strong>de</strong><br />
autárquica ou <strong>em</strong>presa pública fe<strong>de</strong>ral e a autorida<strong>de</strong> coatora for estadual<br />
Este t<strong>em</strong>a é bastante controvertido tanto na doutrina quanto na jurisprudência.<br />
Para uma primeira corrente, a competência para o mandado <strong>de</strong> segurança quando a<br />
impetrante for a União, entida<strong>de</strong> autárquica ou <strong>em</strong>presa pública fe<strong>de</strong>ral e a autorida<strong>de</strong> coatora for<br />
estadual é da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, baseando-se, para tanto, no art. 109, I, da CF/88 e na Súmula 511 do<br />
STF, ou seja, para esta corrente irá prevalecer a competência ratione personae. Neste sentido:<br />
“RMS 18300 / SP ; RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA<br />
2004/0075370-9<br />
Relator(a)<br />
Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124)<br />
Órgão Julgador<br />
T1 - PRIMEIRA TURMA<br />
Data do Julgamento<br />
21/09/2004<br />
Data da Publicação/Fonte<br />
DJ 04.10.2004 p. 211<br />
EMENTA<br />
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO POR TERCEIRO<br />
PREJUDICADO. CABIMENTO. SÚMULA 202/STJ. IMPETRAÇÃO POR EMPRESA<br />
PÚBLICA FEDERAL CONTRA ATO PRATICADO POR JUIZ ESTADUAL, EM<br />
PROCESSO<br />
DE INVENTÁRIO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO TRIBUNAL REGIONAL<br />
FEDERAL.<br />
..............<br />
3. A competência para julgamento <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança impetrado<br />
por <strong>em</strong>presa pública fe<strong>de</strong>ral é da Justiça Fe<strong>de</strong>ral (art. 109, I, da<br />
CF), mesmo que a autorida<strong>de</strong> coatora seja autorida<strong>de</strong> estadual.<br />
Aplicação do princípio fe<strong>de</strong>rativo da prevalência do órgão judiciário<br />
da União sobre o do Estado-m<strong>em</strong>bro (súmula 511/STF). Todavia, se o<br />
ato atacado foi praticado por juiz <strong>de</strong> direito, <strong>de</strong>ve-se conjugar<br />
aquele princípio com o da hierarquia, atribuindo-se competência<br />
originária, simetricamente com o disposto no art. 108, I, c da CF, a<br />
órgão jurisdicional superior, ou seja, ao Tribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Prece<strong>de</strong>nte do STF (RE n.176.8881-9/RS, Pleno, Min. Ilmar Galvão, DJ<br />
<strong>de</strong> 06.03.98).<br />
4. Recurso provido, para admitir o mandado <strong>de</strong> segurança e, <strong>de</strong><br />
ofício, <strong>de</strong>terminar a r<strong>em</strong>essa dos autos ao Tribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral<br />
da 3ª Região, competente para apreciá-lo.”<br />
4
“Acordão Orig<strong>em</strong>: TRF - PRIMEIRA REGIÃO<br />
Classe: MS - MANDADO DE SEGURANÇA - 01000450337<br />
Processo: 199801000450337 UF: DF Órgão Julgador: PRIMEIRA SECAO<br />
Data da <strong>de</strong>cisão: 02/02/2000 Documento: TRF100098702<br />
Fonte DJ DATA: 21/08/2000 PAGINA: 3<br />
Relator(a) JUIZ ALOISIO PALMEIRA LIMA<br />
Decisão A Seção, preliminarmente, por maioria, vencidos os Exmos. Srs.<br />
Juízes<br />
Catão Alves e Jirair Aram Meguerian, a corte <strong>de</strong>clarou competente para<br />
julgar o <strong>Mandado</strong> <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong> e, por unanimida<strong>de</strong>, no mérito, <strong>de</strong>ferir<br />
<strong>em</strong> parte a <strong>Segurança</strong>.<br />
Participaram do julgamento os(as) Exmo(as) Sr.(as) Juízes CATÃO<br />
ALVES, ASSUSETE MAGALHÃES, JIRAIR ARAM MEGUERIAN, CARLOS FERNANDO<br />
MATHIAS, LUCIANO TOLENTINO AMARAL, CARLOS MOREIRA ALVES e AMILCAR<br />
MACHADO e CÂNDIDO MORAES (CONV).<br />
Ementa COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL QUANDO UMA AUTARQUIA FEDERAL RESIDE<br />
EM UM DOS POLOS DA RELAÇÃO. ART. 109, I DA CF. FGTS. MOVIMENTAÇÃO.<br />
SÚMULA 82 do STJ.<br />
1. Residindo <strong>em</strong> um dos polos da ação qualquer das entida<strong>de</strong>s elencadas<br />
no art. 109, I da CF (no caso concreto uma autarquia fe<strong>de</strong>ral)<br />
firma-se a competência da justiça fe<strong>de</strong>ral, ratione personae, <strong>de</strong><br />
natureza absoluta.<br />
2. Em se tratando <strong>de</strong> matéria relacionada com movimentação <strong>de</strong> FGTS,<br />
aplica-se a Súmula nº 82 do STJ.<br />
3. Ainda quando se trate <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança impetrado contra<br />
juiz estadual não investido <strong>de</strong> jurisdição fe<strong>de</strong>ral, gerando o conflito<br />
aparente entre duas normas constitucionais (incisos I e VIII do art.<br />
109) <strong>de</strong>ve prevalecer a do inciso I, conseqüente do princípio da<br />
fe<strong>de</strong>ração.<br />
4. Por simetria ao tratamento constitucional <strong>de</strong>ferido aos juízes<br />
fe<strong>de</strong>rais (art. 108, I, C) é dos Tribunais Regionais Fe<strong>de</strong>rais a<br />
competência, quando o impetrado for juiz <strong>de</strong> direito.<br />
5. Prece<strong>de</strong>nte do STF-RE 176.881-9/RS.”<br />
Todavia, nos parece mais acertada uma segunda corrente, que, nesses casos, aponta como<br />
sendo competente a Justiça Estadual, haja vista que a competência no mandado <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong>ve<br />
ser <strong>de</strong>terminada ratione autoritatis, b<strong>em</strong> como o art. 109, VIII, da CF/88, que trata especificamente<br />
da competência dos juízes fe<strong>de</strong>rais para processar e julgar mandado <strong>de</strong> segurança, é claro <strong>em</strong><br />
estabelecer a competência <strong>de</strong>stes apenas no que concerne aos atos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais. Neste<br />
sentido:<br />
“Informativo N° 0088<br />
Período: 12 a 16 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001.<br />
COMPETÊNCIA. MS. JUSTIÇA ESTADUAL. MATÉRIA TRABALHISTA.<br />
Tratando-se <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong>ve a competência ser <strong>de</strong>finida <strong>em</strong> função<br />
da autorida<strong>de</strong> coatora – ratione autoritatis –, não <strong>em</strong> razão da matéria.<br />
Desinfluente tratar-se <strong>de</strong> matéria trabalhista, a Seção, por maioria, conheceu do<br />
conflito para <strong>de</strong>clarar competente o Juízo <strong>de</strong> Direito da Vara da Fazenda Pública<br />
<strong>de</strong> Palmas-TO. CC 24.555-DF, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado <strong>em</strong><br />
14/3/2001.”<br />
5
A solução para a questão parece ser ainda mais evi<strong>de</strong>nte quando a autorida<strong>de</strong> coatora é um<br />
juiz estadual, pois somente o Tribunal do respectivo Estado po<strong>de</strong>rá conhecer do mandado <strong>de</strong><br />
segurança, ainda que este tenha sido impetrado pela União Fe<strong>de</strong>ral, entida<strong>de</strong> autárquica ou <strong>em</strong>presa<br />
pública fe<strong>de</strong>ral. Assim <strong>de</strong>cidiu o STJ, por sua 2 a Seção, no CC8.152, rel. Min. Cláudio Santos, b<strong>em</strong><br />
como o STF no RE n. 176.881, Rel. <strong>de</strong>sig. Min. Ilmar Galvão, Informativo STF 101, p.3.<br />
O Tribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral só é competente, conforme art.108, I, “c”, da CF/88, para julgar<br />
originariamente mandado <strong>de</strong> segurança contra ato do próprio Tribunal ou <strong>de</strong> juiz fe<strong>de</strong>ral, e não<br />
contra ato <strong>de</strong> outro Tribunal ou juiz não vinculado ao TRF. E, neste caso, não há sequer que se<br />
cogitar da aplicação do art.109, I, da CF/88, pois este fixa a competência ratione personae dos<br />
juízes fe<strong>de</strong>rais e não dos Tribunais Regionais Fe<strong>de</strong>rais.<br />
________________________________________________________________________________<br />
Referências Bibliográficas<br />
ALEXANDRINO, Marcelo & Paulo, Vicente. R<strong>em</strong>édios Constitucionais. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora<br />
Impetus, 2003.<br />
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições <strong>de</strong> Direito Processual Civil, Vol.I. 8 a Edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Editora Lumen Júris, 2002.<br />
CARNEIRO, Athos Gusmão. Jurisdição e <strong>Competência</strong>. 12 a Edição. São Paulo: Saraiva, 2002.<br />
DIDIER JÚNIOR, Fredie & SODRÉ, Eduardo. Direito Processual Civil, Volume III. 1 a<br />
Edição.Salvador: Editora JusPODIVM, 2004.<br />
MEIRELLES, Hely Lopes. <strong>Mandado</strong> <strong>de</strong> <strong>Segurança</strong>. 24 a Edição. São Paulo: Editora Malheiros,<br />
2002.<br />
6