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NERGAL E ERESHKIGAL

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- Eu ouço e obedeço, minha rainha.<br />

Namtar curvou-se numa profunda reverência antes de partir imediatamente para cumprir o mandato de sua<br />

senhora. Ele ascendeu `as Alturas Superiores, não sem antes cruzar os Sete Portais do Mundo Subterrâneo<br />

e galgar degrau por degrau a longa Escadaria dos Céus.<br />

Ao chegar na sala do Grande Banquete, frente a todos os Anunaki das Alturas, todos os deuses saudaramno<br />

como a um deus, como se o mensageiro fosse Ereshkigal em pessoa em visita ao Mundo das Alturas.<br />

Os deuses reunidos ajoelharam-se ante Namtar, cumprimentaram-no como se fosse um dentre eles.<br />

Todos, menos um, à exceção de um jovem deus. Este mostrou-se impassível, não saudando a Namtar,<br />

como se o enviado de Ereshkigal não a estivesse representando, no lugar da deusa tudo em seu nome<br />

recebendo. Ele nem mesmo ajoelhou-se, conforme o combinado, ignorando o acordo de tratar ao<br />

conselheiro como se ele fosse a própria deusa das Grandes Profundezas, Ereshkigal, em visita às Esferas<br />

Superiores.<br />

Tal deus irreverente e indisciplinado, respondia pelo nome de Nergal, o deus da Guerra e das Doenças.<br />

Dentre todos os Anunaki das Alturas, ele foi o único a recusar-se a fazer o que havia sido acordado.<br />

Intrigado por tanta falta de cortesia, Namtar aproximou-se de Nergal com todo respeito. .<br />

- Meu deus, disse-lhe ele. Não pude deixar de observar que não prestastes as devidas homenagens à<br />

minha rainha Ereshkigal, a grande deusa do Mundo Subterrâneo. Com o maior respeito, com a maior das<br />

considerações, atrevo-me humildemente, meu senhor, a fazer-lhe uma pergunta: por que está o jovem deus<br />

recusando-se a saudar à Grande Rainha das Profundezas, a quem humildemente e com grande honra<br />

neste momento represento?<br />

Nergal, aparentemente achando muita graça na pergunta de Namtar e em todo inusitado da situação,<br />

examinou o conselheiro de Ereshkigal com atrevimento e mal disfarçada insolência antes de responder à<br />

pergunta educada do vizir:<br />

- Por que eu deveria saudar, fazer reverências, mostrar respeito ou deferência a uma deusa a quem nunca<br />

vi? Não conheço Ereshkigal, jamais a encontrei! Caso ela estivesse aqui, ou tivesse sido eu apresentado a<br />

ela, então e somente então eu consideraria a possibilidade de prestar homenagem a ela. Mas com toda<br />

franqueza, está’ acima da minha compreensão por que eu, um deus, iria saudar ou me ajoelhar em frente<br />

de um simples mensageiro de uma irmã mais velha a quem nunca vi!<br />

Namtar, tomado de surpresa pela afronta e insolência de Nergal, furtou-se de responder ao jovem deus. O<br />

fiel conselheiro lutou para manter a compostura, até finalmente encontrar voz para dizer:<br />

- Terei de relatar à minha rainha sobre vosso impensável e grosseiro comportamento, meu deus. Ninguém,<br />

eu repito, ninguém ofende Ereshkigal sem receber o merecido castigo por suas ações!<br />

Imediatamente, Namtar desapareceu das Esferas das Alturas para retornar ao Mundo Subterrâneo e relatar<br />

todos os fatos a Ereshkigal.<br />

Na sala do Grande banquete, caiu um silêncio pesado. Os Anunaki das Alturas, os grandes deuses e<br />

deusas da Mesopotâmia, estavam estupefatos, paralisados mesmo de surpresa. Somente Enki, o deus das<br />

Águas Doces, da Mágica, Artes e Sabedoria, pareceu recobrar-se do choque primeiro. Ele balançou a<br />

cabeça, como se não estivesse acreditando nos fatos presenciados, mas dirigiu-se a Nergal, o único que<br />

parecia totalmente não afetado pelas palavras e saída intempestiva de Namtar.<br />

- Nergal, Nergal, como pode você ser tão mal-educado, faltando ao respeito com nossa irmã e rainha das<br />

grandes profundezas, comprando para si uma briga da qual com certeza não poderá vencer? Não admira<br />

ser você o deus de todas as guerras, aquele que traz todas as doenças! Você acabou de se comportar<br />

como um bárbaro, grosseiro e rude para com uma grande deusa, que alem do mais, é minha irmã gêmea!<br />

Agora, diga-me, o que você pretende fazer? Como vai-se escapar desta?<br />

Nergal olhou ao redor da mesa do Grande Banquete, reparando nas expressões chocadas de seus irmãos<br />

e irmãs. Deveras, os grandes deuses e deusas pareciam transtornados, gelados de surpresa e muito<br />

preocupados. Tão profunda parecia a preocupação deles....

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