NERGAL E ERESHKIGAL
NERGAL E ERESHKIGAL
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Após alguns minutos de avaliações reciprocas, Ereshkigal quebrou o silêncio, sua voz grave ressoando<br />
profundamente no coração de Nergal.<br />
- Posso lhe perguntar quem é você e por que veio até mim?<br />
Onde estavam a ira, a raiva que Nergal havia esperado de Ereshkigal? Pela segunda vez ela pegava-o<br />
totalmente de surpresa. A pergunta era previsível, exceto que Nergal não havia pensado nela! O que<br />
responder, agora?<br />
Nergal olhou para o trono que havia trazido, e resolveu seguir um palpite maluco.<br />
- Grande senhora, sou Nergal, o deus da Guerra e de todas as Doenças....<br />
- E por que você veio até mim? Continuou ela, sem abrandar um milímetro.<br />
Nergal engoliu em seco:<br />
- De fato, foi Anu, o deus do firmamento, seu pai, minha senhora, que me mandou até as Grandes<br />
Profundezas. Ele, o Todo-Poderoso senhor dos céus, disse "sente-se naquele trono, Nergal, desça até a<br />
Grande Rainha do Mundo Subterrâneio e julgue os atos e casos de todos os seres vivos com ela." Portanto,<br />
para fazer a vontade do grande deus Anu, eu desci até aqui. Também fiz este trono, o qual ofereço em<br />
honra da grande deusa do Mundo Subterrâneo.<br />
A desculpa apresentada por Nergal era tão inusitada que Ereshkigal resolver levá-la adiante.<br />
- Então Anu, meu pai, decidiu que depois de tanto tempo eu devo ter um companheiro para julgar os casos<br />
dos grandes deuses e os atos de todos os seres vivos? Depois de todo este tempo? Perguntou Ereshkigal,<br />
fingindo grande surpresa. Muito gentil da parte do meu pai, mas não posso permitir que você se sente ao<br />
meu lado para julgar todos os casos antes de você ter passado algum tempo comigo nesta esfera. Sentarse<br />
ao meu lado, você poderá, mas não o trono trazido por você. Sim, com toda certeza, não aceitá-lo-ei<br />
antes de você ter-se alimentado da minha mesa e bebido da minha adega. Somente então vou poder dizer<br />
com certeza se você pode ficar e julgar almas e espíritos no Mundo Subterrâneo. Mas enquanto estiver-se<br />
provando apto para mim, sinta-se à vontade para apreciar tudo o que as Grandes Profundezas tiverem a lhe<br />
oferecer, Nergal.<br />
Ereshkigal retirou-se então para seus aposentos e Nergal foi deixado sozinha na câmara de audiências.<br />
Mas não por muito tempo. Outro trono, iguarias, vinho e cerveja foram-lhe apresentados por servos<br />
prestativos comandados pela costumeira eficiência de Namtar. Nergal lembrou-se dos conselhos de Enki<br />
para não comer, não beber e não permitir que lhe lavassem os pés nas Grandes Profundezas, e a tudo<br />
recusou.<br />
Ereshkigal retornou, e apenas sorriu, ao ver o trono, os alimentos e a bebida, a bacia cheia intocados. A<br />
grande rainha não perdeu sua compostura:<br />
- Vejo que você não quis compartilhar da minha mesa, sentar-se no trono que lhe foi indicado ou permitir<br />
alguns pequenos bons tratos. Eu repito, Nergal, sinta-se à vontade para apreciar o que o Mundo<br />
Subterrâneo tiver a lhe oferecer. Por ora, vou deixá-lo, para ir-me banhar.<br />
Ereshkigal foi à casa de banhos. Nergal não pôde resistir e seguiu-a discretamente. O deus da guerra, o<br />
bravo e ardoroso guerreiro Nergal sentia-se curiosamente atraído por Ereshkigal.<br />
A soberana do Mundo Subterrâneo sabia que tinha sido seguida. Na casa de banhos, ela manteve então as<br />
cortinas levemente abertas, despiu-se, banhou-se e ungiu seu corpo perfeito com óleos caros. A seguir,<br />
como na antecipação de um encontro mais do que especial, Ereshkigal vestiu-se com trajes de rainha,<br />
adornou-se com as jóias da divindade. Tudo isto ela deixou o deus-guerreiro de seu esconderijo escolhido<br />
presenciar.<br />
Ao contemplar a beleza de Ereshkigal, Nergal não pôde resistir, rendendo-se aos encantos da deusa, ao<br />
desejo crescente do seu corpo, delicia da sua mente e alma. O deus da guerra declarou-se derrotado, ao<br />
admitir que o que mais almejava com força e paixão era fazer com ela o que um homem e uma mulher<br />
fazem.