18.04.2013 Views

NERGAL E ERESHKIGAL

NERGAL E ERESHKIGAL

NERGAL E ERESHKIGAL

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nergal seguiu cuidadosamente as instruções de Enki. Ele foi até a floresta, armado da Espada Sagrada. Lá<br />

chegando, procurou por Ningishzida, o guardião das Boas Arvores, para pedir-lhe permissão para cortar<br />

madeira sagrada e com ela esculpir o trono necessário para a sua jornada ao Mundo Subterrâneo. Com<br />

grande zelo, Nergal esculpiu o trono, pintando-o com as cores certas e os símbolos apropriados.<br />

Neste meio tempo, tendo sido informada por Namtar da descortesia de Nergal, Ereshkigal pôs-se a esperar.<br />

A Rainha do Mundo Subterrâneo, a deusa da Terra do Equilíbrio Restaurado, da Justiça e da Memória<br />

Ancestral, sabia que cedo ou tarde Nergal iria ter-se com ela para aprender uma grande lição, não mais se<br />

comportar de forma tão rude para com uma grande deusa, dele conhecida ou desconhecida. Até este<br />

momento chegar, Ereshkigal iria apenas esperar com perfeita paciência e confiança na Lei Maior das<br />

Grandes Profundezas.<br />

Finalmente, Nergal aprontou o trono, considerando-se também preparado para a jornada. Porque ele ia ao<br />

Mundo Subterrâneo numa breve visita, para trás Nergal deixou os símbolos do poder e da guerra que o<br />

definiam, a cimitarra e o cetro de cabeça de leão. Apenas o trono que havia tão laboriosamente esculpido<br />

foi o que Nergal levou consigo como um troféu ao descer na direção das Grandes Profundezas. Pela<br />

primeira vez, o ardoroso deus da guerra, o beligerante Nergal encetava uma jornada totalmente desarmado,<br />

sem qualquer sinal exterior de posição ou status. Ele partiu também estranhamente silencioso, preocupado<br />

apenas em conseguir o seu intento: ver Ereshkigal, enfrentar a ira da grande deusa e voltar às Esferas<br />

Superiores no mínimo espaço de tempo.<br />

Entretanto, no limiar do primeiro portal das Grandes Profundezas, Nergal teve de parar, ao encontrar o<br />

guardião daquele ponto, neste dia o fiel conselheiro Namtar.<br />

- Quem se atreve a se aproximar dos Portais da Terra De Onde Não Há Retorno antes da sua hora? Namtar<br />

perguntou e, como de praxe, examinou cuidadosamente o recém-chegado com olhos penetrantes.<br />

Quando o sábio conselheiro de Ereshkigal viu quem era na realidade aquele que pedia passagem, Namtar<br />

empalideceu, sua face ficando tão lívida quanto os campos cobertos de geada no dia mais frio de inverno:<br />

- Oh, é o deus que não tratou com o devido respeito a minha rainha nos Mundos Superiores quando do<br />

Grande Banquete! Parai de imediato, meu senhor, pois devo imediatamente avisar a vossa chegada à<br />

minha soberana, a grande deusa Ereshkigal.<br />

Não dando tempo para Nergal responder, mas deixando o deus-guerreiro imobilizado à entrada do primeiro<br />

portal, Namtar correu ao encontro de Ereshkigal.<br />

- Minha rainha, começou Namtar, ofegante e ansioso, mas não sem antes curvar-se numa perfeita<br />

reverência, um dos deuses do Mundo das Alturas veio até as Grandes Profundezas sem ser anunciado. O<br />

deus que aqui chegou pode não ser do agrado da minha senhora....<br />

- Como pode ser isto, Namtar? Perguntou Ereshkigal.<br />

- Grande Senhora, quando me mandastes ao banquete de vosso augusto pai, à minha entrada na sala dos<br />

festejos, todos os deuses saudaram-me com os cumprimentos mais honrosos. De fato, eles ajoelharam-se<br />

na minha presença, pois estavam saudando, na verdade, não a mim, seu servo mais dedicado, mas à<br />

minha senhora. Dentre eles, entretanto, houve um jovem deus que não me saudou, não se ajoelhou na<br />

minha presença ou mostrou o devido respeito para com a minha adorada soberana. É’ este deus que se<br />

encontra neste momento no limiar do primeiro portal das Grandes Profundezas.<br />

O sorriso misterioso de Ereshkigal saudou as palavras de Namtar:<br />

- Traga este deus à minha presença, Namtar. Quero realmente encontrar aquele que se portou com<br />

inexplicável grosseria e rudeza para comigo, mesmo sem ter-me conhecido ou ouvido falar de mim. Em<br />

verdade, em verdade eu afirmo: quero conhecer este deus e descobrir a razão de alguns porquês!<br />

Namtar voltou ao primeiro portal para permitir a passagem de Nergal. O sábio conselheiro também garantiu<br />

ao deus da guerra a passagem pelo segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto e sétimo portal do Mundo<br />

Subterrâneo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!