18.04.2013 Views

A mistificação das massas: os operadores da indústria cultural na ...

A mistificação das massas: os operadores da indústria cultural na ...

A mistificação das massas: os operadores da indústria cultural na ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Além de modificar a forma como vem<strong>os</strong> o mundo, esse esquematismo também gera<br />

uma previsibili<strong>da</strong>de em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> seus produt<strong>os</strong>. Os artig<strong>os</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>cultural</strong> são tod<strong>os</strong><br />

padronizad<strong>os</strong> a fim de que o público fique tanto sujeito a<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> process<strong>os</strong> culturais<br />

quanto ao status quo. Essa uniformi<strong>da</strong>de e padronização objetivam controlar<br />

psicologicamente as pessoas que consomem seus produt<strong>os</strong>, uma vez que esse tipo de<br />

previsibili<strong>da</strong>de tira a p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong>de d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> pensarem o mundo e usufruírem de outras<br />

formas culturais origi<strong>na</strong>is e espontâneas.<br />

Desde o começo é p<strong>os</strong>sível perceber como termi<strong>na</strong>rá um filme, quem será<br />

recompensando, punido ou esquecido; para não falar <strong>da</strong> música leve em que<br />

o ouvido ac<strong>os</strong>tumado consegue, desde <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> acordes, adivinhar a<br />

continuação e sentir-se feliz quando ela ocorre (ADORNO e<br />

HORKHEIMER, 2002, p. 14).<br />

Além de difundir para as pessoas um tipo particular de cultura homogênea, <strong>os</strong> crític<strong>os</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>cultural</strong> afirmam que ela “destrói as características culturais próprias de ca<strong>da</strong><br />

grupo étnico” (ECO, 1998, p. 40). Esse público atingido por essa cultura industrializa<strong>da</strong> não<br />

manifesta exigências contra essa massifica<strong>da</strong>. Antes, ape<strong>na</strong>s sofre esse tipo de violência<br />

psicológica sem saber que as sofre. E essa padronização traz consigo uma <strong><strong>da</strong>s</strong> principais<br />

conseqüências e uma <strong><strong>da</strong>s</strong> grandes preocupações de Adorno com referência a <strong>indústria</strong><br />

<strong>cultural</strong>: “a per<strong>da</strong> de uma facul<strong>da</strong>de criadora que [ele] acreditara existir em épocas passa<strong><strong>da</strong>s</strong>”<br />

(PUTERMAN, 1994, p. 17). Essa segun<strong>da</strong> característica leva ao terceiro operador <strong>da</strong> <strong>indústria</strong><br />

<strong>cultural</strong>: a domesticação do estilo.<br />

Domesticação do estilo<br />

A fim de entender esse conceito <strong>na</strong> obra, é importante relembrar que “Adorno e<br />

Horkheimer acreditavam que, em socie<strong>da</strong>des antigas, as artes <strong>na</strong>sciam espontaneamente do<br />

povo; <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de domi<strong>na</strong><strong>da</strong> pela organização empresarial de grande porte, apaga-se essa<br />

forma de criar” (PUTERMAN, 1994, p. 16). Por isso, <strong>os</strong> autores acreditavam que <strong>na</strong> arte<br />

autêntica, havia uma reconciliação entre o seu todo e <strong>os</strong> element<strong>os</strong> particulares. Por todo se<br />

entende o universal, a totali<strong>da</strong>de do mundo administrado; já por particular se entende o<br />

individuo. A arte industrializa<strong>da</strong> elimi<strong>na</strong> essa reconciliação, existindo ape<strong>na</strong>s uma falsa<br />

identi<strong>da</strong>de entre o universal e o particular. “Na arte autêntica, <strong>os</strong> detalhes adquiriram um valor<br />

p<strong>os</strong>icio<strong>na</strong>l que não foi mais respeitado pela fabricação em série de mercadorias culturais”<br />

(DUARTE, 2010, p. 54).<br />

Ano VII, n. 9 – Setembro/2011<br />

10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!