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A PRISÃO DE SÃO BENEDITO e outras histórias Luiz ... - O Caixote

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festivas. Bonita mesmo era a festa do dia 8 de dezembro. Os<br />

fogos de artifício encantavam os olhos e eram disparados a<br />

partir do toque da brasa no cigarro de Pimpão. Ele ficava a<br />

poucos metros da armação que sustentava a parafernália, as<br />

faíscas lhe banhando, os olhos brilhando de alegria e do reflexo<br />

dos fogos. Não tinha coisa mais linda. Dê por visto um andor<br />

enfeitado!<br />

Pois aconteceu que se deu de falar que Pimpão ia construir<br />

um circo. Com lona e mastro. De começo, um corruchiado sem<br />

cabimento; depois, a conversa foi engrossando, e, por fim, os<br />

preparativos da empreitada dominavam a cidade. Um ruge−ruge<br />

festivo que contaminava predominantemente os moleques.<br />

Estabeleça−se que todas as coisas do interior naquele<br />

tempo eram encantadas. Mas dentre todos os objetos<br />

encantados, o circo ocupava posição de proeminência e destaque<br />

naquele cipoal de coisas mágicas e misteriosas. O anão, o<br />

palhaço de cara lavada durante o dia, os trapezistas, as<br />

rumbeiras que lavavam panos nas barracas do circo, os filhos<br />

dos artistas com sotaques de <strong>outras</strong> terras e os chapas que<br />

armavam a lona e pegavam mulheres na zona compunham um<br />

painel tão colorido e rico, que esborravam no entendimento dos<br />

meninos e os faziam responder com gritos vibrantes às safadezas<br />

puxadas pelo homem das pernas−de−pau, perpetrando sua<br />

propaganda pelas ruas.<br />

Pimpão, encantado por via de sua arte de fogueteiro, subiu<br />

na escala de bem−querença e tornou−se duplamente misterioso.<br />

Logo, passou−se dos rumores para a certeza plena e ele seu<br />

cigarro, sua muleta e seu aleijão passou a desfilar pelas ruas<br />

ostentando a nova condição, sério, convicto, compenetrado do<br />

peso e da pompa da gerência de tão encantado e festivo<br />

empreendimento. Tire por certo que não ficou vivente daquela<br />

praça que não tivesse levado uma prosa sobre o circo que estava<br />

nascendo. E, da conversa para a participação na empreitada, foi<br />

só triscar. Pimpão começou a costurar a lona com os sacos de<br />

açúcar vazios dados pelos comerciantes. As cadeiras, tronchas e<br />

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