A PRISÃO DE SÃO BENEDITO e outras histórias Luiz ... - O Caixote
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E a cachorra se punha espichada, jogando pro alto as patas<br />
traseiras e se equilibrando com as duas da frente. Encantava os<br />
curiosos. Irmão de Dudé impava de orgulho e se danava a falar<br />
dos leões e elefantes que iria treinar, assim chegasse o circo à<br />
África de Tarzan.<br />
As rumbeiras seriam recrutadas entre as raparigas da<br />
Coréia, as mais bonitinhas que dançavam no Pastoril do Velho<br />
Rabeca.<br />
E só. A não ser que se desse ouvido aos comentários de<br />
que Pimpão, cotó de uma perna, ia ser o equilibrista,<br />
atravessando o picadeiro num arame, amparado por sua muleta.<br />
Ele não desmentia os rumores e alimentava o falatório.<br />
Comandante sereno, capitaneava o empreendimento que ia<br />
tomando formas, ora mais ligeiro, ora mais lento, mas sempre<br />
cercado de entusiasmo e carinho. O circo era de Palmares, e<br />
todos torciam por seu sucesso.<br />
A estréia foi retumbante, realçada pela luz frouxa dos<br />
lampiões de carbureto. Algumas cadeiras quebraram, os<br />
meninos entraram por baixo da lona, mas a maioria pagou e a<br />
renda alteou ainda mais os sonhos de grandeza da troupe.<br />
Estácio e Irmão de Dudé espicharam como puderam os seus<br />
números, metidos em suas roupas novas de artistas, feitas de<br />
chita colorida. A cagada de Xolinha no meio do picadeiro,<br />
nervosa como toda prima−dona, não tirou o brilho do<br />
espetáculo.<br />
Mas a alegria chegou mesmo foi com o número das<br />
rumbeiras, que preencheram o restante do espetáculo cantando e<br />
dançando, acompanhadas pelo pífano do competente Goelinha.<br />
Os espetáculos continuaram cheios durante a semana; o público<br />
prestigiava e estimulava Pimpão, comandante, dono, bilheteiro,<br />
vigia e animador. Estácio gozava as delícias do sucesso e andava<br />
durante o dia com um ar misterioso. Até incorporara umas<br />
expressões estrangeiras ao seu número – tupi−guarani, segundo<br />
ele – que repetia enquanto a tampinha bailava em seus dedos:<br />
− Virêite e fonceonêiti.<br />
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