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Anais (ISBN 978-85-7192-814-5) - Instituto de Ciências Humanas ...

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VI Encontro Regional Sul <strong>de</strong> História Oral: Narrativas, Fronteiras e I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

2. CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA: A PERSPECTIVA DA HISTÓRIA ORAL<br />

Procuramos abordar através da memória dos atores sociais, a<br />

trajetória dos camponeses, que passaram por diferentes ocupações, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a saída <strong>de</strong> seus estados <strong>de</strong> origem, passando muitas vezes, por posseiro,<br />

caucheiro, castanheiro, garimpeiro, mateiro do exército e agricultor,<br />

possibilitando a formação <strong>de</strong> diferentes i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s ligadas a essas<br />

categorias.<br />

Visando compreen<strong>de</strong>r melhor as constituições <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

recorrermos à memória dos sujeitos, no sentido <strong>de</strong> resignificar ou<br />

reconstruir a história e trajetória dos mesmos. Neste sentido, recorremos à<br />

história oral, como metodologia <strong>de</strong> pesquisa objetivando explorar as<br />

experiências históricas, a partir dos quais po<strong>de</strong>m ser reconstruídas as vidas<br />

e aspirações das classes sociais inferiores conforme <strong>de</strong>staca Burke (1992).<br />

Com relação a um bom <strong>de</strong>sempenho do trabalho <strong>de</strong> pesquisa, é<br />

necessário observar algumas qualida<strong>de</strong>s essenciais que o entrevistador<br />

bem-sucedido <strong>de</strong>ve possuir: “interesse e respeito pelos outros como<br />

pessoas e flexibilida<strong>de</strong>s nas reações em relação a eles; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstrar compreensão e simpatia pela opinião <strong>de</strong>les; e, acima <strong>de</strong> tudo,<br />

disposição para ficar calado e escutar” (Thompson, 1998, p. 254).<br />

Dentro <strong>de</strong>sta perspectiva, um dos entrevistados, seu Zé Patrício, ao<br />

falar sobre o período <strong>de</strong> ocupação, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> seu relato mencionou o<br />

acontecimento da Guerrilha do Araguaia, explicando que havia<br />

comentários <strong>de</strong> que ao final da Guerrilha o governo daria os títulos<br />

daquelas terras para os ocupantes, a guerrilha embora não fosse o foco da<br />

entrevista, assumiu uma dimensão <strong>de</strong> importância, pois ocorria uma<br />

insistência <strong>de</strong> falar sobre esse fato, haja vista o seu significado na história<br />

daquela região e daquelas pessoas.<br />

Ao abordar a memória social, remete-nos a compreensão do<br />

conceito <strong>de</strong> memória no campo científico, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser entendida “como<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar certas informações, remete-nos em primeiro<br />

lugar a um conjunto <strong>de</strong> funções psíquicas, graças às quais o homem po<strong>de</strong><br />

atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa<br />

como passadas” (Le Goff 1994, p. 423).<br />

Lembrar ou relembrar nem sempre é uma tarefa fácil, tendo em<br />

vista que para isso <strong>de</strong>vemos mergulhar no tempo. A memória não sendo<br />

um fenômeno apenas individual, ela é também um fenômeno coletivo e<br />

709 [anais]

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