18.04.2013 Views

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

o <strong>de</strong>ixar escorrer do corpo a<strong>de</strong>uses.<br />

(No menino, ao portão,<br />

as sombras ar<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> sol e enxaqueca.)<br />

As árvores floriam. As avencas<br />

insinuavam a morte.<br />

A tristeza<br />

vinha <strong>de</strong> ti, da face que, estrangeira,<br />

trazes no rosto, tensa e adulta, alheia<br />

ao que fugia<br />

para trás, para a ausência, para os campos<br />

em que sonhavas o belo acompanhar,<br />

na madrugada, os bois ao bebedouro.<br />

Soubesse ser, assim, a espera<br />

do que podia ser a vida, a trégua<br />

com a impaciência do céu, um lento arrasto<br />

das re<strong>de</strong>s sobre a praia – e não terias<br />

da mesma forma senão os peixes mortos,<br />

o sentimento <strong>de</strong> estar só nas veias?<br />

Mas, talvez, <strong>de</strong> súbito, viesse<br />

não a tristeza como a velha, lenta,<br />

a carregar o feixe <strong>de</strong> gravetos,<br />

mas o acen<strong>de</strong>r, na tar<strong>de</strong>, dos espaços,<br />

como se o mar chegasse em ondas altas<br />

e te banhasse a carne do mais íntimo<br />

do negrume do assombro...<br />

Precisavas <strong>de</strong> mim,<br />

que te sonhando,<br />

menino pouco, só,<br />

124<br />

Alberto da Costa e Silva

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!