Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
e a madrugada que não vem<br />
e o orvalho que não cai.<br />
Meu sorriso esten<strong>de</strong>u-se nos longes <strong>de</strong> nossos caminhos<br />
e na porta houve um a<strong>de</strong>us alvoroçado<br />
nas prematuras <strong>de</strong>spedidas<br />
<strong>de</strong>ixando no ar um sabor <strong>de</strong> primícias <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong><br />
e uma promessa <strong>de</strong> retorno<br />
que se sabe não será cumprida.<br />
Quando soprar o amanhecer<br />
a minha janela recolherá um canto <strong>de</strong> primavera<br />
e permanecerá fechada para o mundo.<br />
Tu, então, sorrirás, on<strong>de</strong> estiveres,<br />
na meiguice <strong>de</strong> teus anos que jamais passarão.<br />
Olharei teus pés pequeninos caminharem<br />
pelas mesmas calçadas<br />
e um vento conhecido beijará<br />
a tua cabeleira loura<br />
que eu não verei <strong>de</strong>sbotar.<br />
Ainda po<strong>de</strong>rei murmurar como naqueles dias<br />
os meus sonhos <strong>de</strong> amor<br />
que suportaram todas as intempéries.<br />
Rio, 8/8/1970.<br />
Poemas<br />
165