18.04.2013 Views

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

4<br />

E, no entanto, lá <strong>de</strong>ntro, falam baixo<br />

os dois que me sonharam e me sofreram.<br />

Da humilda<strong>de</strong> do amor pouco tiveram,<br />

o seco pão, os céus contra os seus corpos.<br />

As mãos <strong>de</strong> minha mãe sobre a tristeza<br />

a se aquecerem sempre. O pai, sozinho.<br />

Sobre nós, a ramagem do <strong>de</strong>gredo.<br />

(Vou à janela, ler este papel<br />

e a luz o toma como sobre a relva<br />

resvala a madrugada.<br />

As sombras <strong>de</strong> palavras nele postas<br />

correm <strong>de</strong> mim, sou eu<br />

<strong>de</strong> volta a casa.<br />

Assim, como se os dias nos marcassem<br />

os disfarces do corpo<br />

com o que em nós não se esgota<br />

na passagem,<br />

a mão parada quase sobre a anca<br />

do burro do agua<strong>de</strong>iro,<br />

a mão parada quase sobre o cinza<br />

dos cabelos do velho,<br />

a mão parada quase sobre as frutas<br />

espalhadas na mesa,<br />

assim os tenho,<br />

entre o jardim e o quintal,<br />

rosais e mamoeiros,<br />

os dois tão perto<br />

do a<strong>de</strong>us e do eterno.)<br />

126<br />

Alberto da Costa e Silva

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!