18.04.2013 Views

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a ir <strong>de</strong> chão em chão, enquanto elas<br />

não abrem em rosa os seus botões e, presas<br />

nas gaiolas do sempre, rodam eternas.<br />

Repara, Miguilim, nos pequeninos<br />

grãos na ponta da grama, vê os grilos<br />

como pandorgas contra as brisas ver<strong>de</strong>s,<br />

o ouro velho no ventre das abelhas,<br />

e ouve o que te digo: o que é menino<br />

não chega a velho jamais, não adoece<br />

<strong>de</strong> serieda<strong>de</strong>, não se pui, não passa,<br />

não usa paletó, nem põe gravata.<br />

Repara, Miguilim, que não se aparta<br />

da viagem o barco que na praia<br />

se limpa dos mariscos, que traz d’água<br />

aquele instante em que o sono acaba<br />

e nos <strong>de</strong>volve a casa e o que é concreto<br />

num ramalhete <strong>de</strong> mistura ao sonho.<br />

Por isso te direi: repara, o incerto<br />

vôo do inseto, sendo breve, o longo<br />

lançar <strong>de</strong> ponte sobre o vão do eterno<br />

imita, Miguilim, e o feio é belo.<br />

O amor aos sessenta<br />

Isto que é o amor (como se o amor não fosse<br />

esperar o relâmpago clarear o <strong>de</strong>gredo):<br />

ir-se por tempo abaixo como grama em colina,<br />

preso a cada torrão <strong>de</strong> minuto e <strong>de</strong>sejo.<br />

138<br />

Alberto da Costa e Silva

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!