Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Soneto a Vera<br />
Estavas sempre aqui, nesta paisagem.<br />
E nela permaneces, neste assombro<br />
do tempo que só é o que já fomos,<br />
um céu parado sobre o mar do instante.<br />
Vives subitamente em <strong>de</strong>spedida,<br />
calma <strong>de</strong> sonhos, simples visitante<br />
daquilo que te cerca e do que fica<br />
imóvel no que é breve, pouco e humano.<br />
As regatas ao sol vêm da penumbra<br />
on<strong>de</strong> abria as janelas. E <strong>de</strong> então,<br />
vou ao campo <strong>de</strong> trevo, à tua espera.<br />
O que passa persiste no que tenho:<br />
a roupa no estendal, o muro, os pombos,<br />
tudo é eterno quando nós o vemos.<br />
A um filho que fez <strong>de</strong>zoito anos<br />
Antônio,<br />
os <strong>de</strong>uses pintam borboletas,<br />
mas nós sabemos como<br />
nos homens sonham<br />
e sangram.<br />
Existe o rio.<br />
Existe o campo. Existem<br />
papoulas e um céu que era cedo.<br />
128<br />
Alberto da Costa e Silva