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Download PDF — Crônicas Vampirescas -04 – A História do

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Odiei aquele homem! Não queria tomar seu sangue. Ele não era um<br />

assassino de classe. Era o sangue da mulher que eu desejava.<br />

Ali estava ela, na solidão e no silêncio, tão pequena, tão satisfeita, sua<br />

concentração como um raio de luz len<strong>do</strong> os parágrafos da história que conhecia<br />

tão bem. Viajan<strong>do</strong>, viajan<strong>do</strong> no tempo para os dias em que leu o livro pela<br />

primeira vez, numa lanchonete movimentada na avenida Lexington, em Nova<br />

York, uma secretária elegante com a saia de lã vermelha e uma blusa branca de<br />

gola alta e botões de pérola nos punhos. Trabalhava numa torre de pedra só de<br />

escritórios, infinitamente charmosa, com portas de bronze trabalha<strong>do</strong> nos<br />

eleva<strong>do</strong>res e ladrilhos de mármore amarelo-escuro nos corre<strong>do</strong>res.<br />

Eu queria apertar meus lábios contra suas lembranças, ao som <strong>do</strong>s saltos<br />

altos no chão de mármore, à imagem da perna macia coberta pela meia de seda<br />

pura quan<strong>do</strong> ela a calçava cuida<strong>do</strong>samente para não puxar o fio com as unhas<br />

longas e esmaltadas. Por um instante vi o cabelo vermelho. Vi o chapéu amarelo<br />

extravagante, potencialmente horrível, mas encanta<strong>do</strong>r.<br />

Um sangue que valia a pena ser toma<strong>do</strong>. E eu estava faminto, faminto<br />

como raramente estive nas últimas décadas. O inconveniente jejum da quaresma<br />

foi demais para mim. Oh, Senhor Deus, eu desejava tanto matar aquela mulher!<br />

Ouvi o som gorgolejante <strong>do</strong>s lábios <strong>do</strong> assassino estúpi<strong>do</strong> e vulgar lá<br />

embaixo, na rua, abrin<strong>do</strong> caminho entre a torrente de outros sons que se<br />

despejavam nos meus ouvi<strong>do</strong>s de vampiro.

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