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Download PDF — Crônicas Vampirescas -04 – A História do

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se arrastou, tentan<strong>do</strong> fugir, eu o arrastei de volta e o fiz olhar para mim, depois o<br />

atirei para longe, para que continuasse sua luta inútil.<br />

E então ele começou a falar comigo em alguma coisa que devia ser uma<br />

língua mas não era. Ele me empurrou, mas não conseguia mais enxergar<br />

claramente. E pela primeira vez uma dignidade trágica o envolveu, uma vaga<br />

expressão de ultraje nos olhos cegos. Tive a impressão de estar ornamenta<strong>do</strong> e<br />

abraça<strong>do</strong> por histórias antigas, lembranças de estátuas de gesso e santos anônimos.<br />

Seus de<strong>do</strong>s agarraram meu sapato. Eu o levantei e dessa vez, quan<strong>do</strong> rasguei sua<br />

garganta, o ferimento foi grande demais. Estava termina<strong>do</strong>.<br />

A morte chegou como um soco no estômago. Por um momento, senti<br />

náusea, e depois apenas o calor, a plenitude, a luminosidade pura <strong>do</strong> sangue vivo,<br />

com aquela última vibração <strong>do</strong> consciente pulsan<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> meu corpo.<br />

Deixei-me cair na cama suja. Não sei quanto tempo fiquei ali.<br />

Olhei para o teto baixo. E quan<strong>do</strong> o aroma aze<strong>do</strong> e abafa<strong>do</strong> <strong>do</strong> quarto e o<br />

mau cheiro <strong>do</strong> corpo morto me envolveram, levantei cambaleante, uma figura<br />

tão desajeitada quanto ele fora, entregan<strong>do</strong>-me sem resistência aos gestos mortais,<br />

com revolta e em silêncio, porque eu não queria ser o imponderável, o ala<strong>do</strong>, o<br />

viajante da noite. Queria ser humano, e me sentir humano, e seu sangue corria<br />

por to<strong>do</strong> o meu corpo mas não era suficiente. Nem chegava perto <strong>do</strong> que eu<br />

precisava!<br />

Onde estavam todas as minhas promessas? As palmeiras rígidas e

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