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Download PDF — Crônicas Vampirescas -04 – A História do

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de Miami, a cidade que eu tanto amava.<br />

Então eu subi, com a simplicidade de um pensamento que se ergue, tão<br />

rápi<strong>do</strong> que nenhum mortal poderia ter me visto, esta figura subin<strong>do</strong> cada vez mais<br />

alto no meio <strong>do</strong> vento ensurdece<strong>do</strong>r, até a grande cidade se transformar numa<br />

galáxia distante que aos poucos desaparecia de vista.<br />

Tão frio era aquele vento que desconhece as estações. O sangue dentro de<br />

mim foi engoli<strong>do</strong> como se seu <strong>do</strong>ce calor jamais tivesse existi<strong>do</strong>, e logo meu rosto<br />

e minhas mãos estavam embainha<strong>do</strong>s numa camada gelada, como se eu estivesse<br />

congela<strong>do</strong> e aquela bainha avançava sob minha roupa frágil, cobrin<strong>do</strong> toda a<br />

minha pele.<br />

Mas sem provocar <strong>do</strong>r. Ou melhor dizen<strong>do</strong>, sem provocar muita <strong>do</strong>r.<br />

Na verdade, simplesmente eliminou toda a sensação de conforto. Era<br />

apenas melancólico, sombrio, a ausência <strong>do</strong> que faz a vida digna de ser vivida <strong>—</strong> o<br />

calor <strong>do</strong> fogo e das carícias, <strong>do</strong>s beijos e das discussões, <strong>do</strong> amor, <strong>do</strong> desejo e <strong>do</strong><br />

sangue.<br />

Ah, os deuses astecas deviam ser vampiros sedentos para convencer<br />

aquelas pobres almas humanas de que o universo cessaria de existir se o sangue não<br />

fosse derrama<strong>do</strong>. Imagine, presidir a cerimônia naquele altar, estalan<strong>do</strong> os de<strong>do</strong>s<br />

para outro e outro e mais outro, espremen<strong>do</strong> aqueles corações encharca<strong>do</strong>s de<br />

sangue contra os lábios, como cachos de uva.<br />

Eu girava e rodava com o vento, desci alguns metros, subi outra vez,

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