3º Ciclo
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GUIA DO<br />
PROFESSOR<br />
Carla Marques | Inês Silva<br />
Progressão por competências<br />
Grelhas de observação de competências<br />
Excertos dos Programas de Português do Ensino Básico<br />
Textos para reflexão<br />
Língua Portuguesa<br />
7º Ano | <strong>3º</strong> <strong>Ciclo</strong>
APRESENTAÇÃO<br />
O Guia do Professor é um complemento do manual Contos & Recontos, onde se apresentam materiais<br />
que se entendem úteis para o trabalho do professor, nomeadamente, um esquema de progressão<br />
didática associada aos diferentes descritores constantes do programa, que permite ao<br />
professor uma leitura em crescendo das propostas didáticas apresentadas ao longo das seis<br />
sequências.<br />
Este Guia do Professor inclui ainda os seguintes documentos, que se julgam úteis para a prática<br />
letiva:<br />
• Apresentação do projeto Contos & Recontos;<br />
• Grelhas de observação de competências;<br />
• Transcrição dos documentos áudio;<br />
• Propostas de resolução de algumas atividades do Manual;<br />
• Proposta de resolução dos testes de autoavaliação do Manual;<br />
• Excertos dos Programas de Português para o Ensino Básico.<br />
Com este instrumento de trabalho, pretende-se criar, acima de tudo, um auxiliar adicional para<br />
o professor, na sua adaptação aos Novos Programas de Português do Ensino Básico e aos seus<br />
desafios e exigências, para os quais o projeto Contos & Recontos procura ser uma resposta.<br />
As Autoras
ÍNDICE<br />
1. Projeto Contos & Recontos........................................................................................... 5<br />
2. Progressão por Competências .................................................................................... 9<br />
3. Grelhas de Observação de Competências............................................................. 23<br />
• Expressão Oral ................................................................................................................ 24<br />
• Escrita ............................................................................................................................... 25<br />
• Leitura Expressiva .......................................................................................................... 26<br />
• Revisão Textual ............................................................................................................... 27<br />
• Grelha-Síntese de Observação de Competências ..................................................... 28<br />
4. Transcrição dos Documentos Áudio........................................................................ 29<br />
5. Propostas de Resolução de Atividades Desenvolvidas em Trabalho<br />
de Grupo.................................................................................................................................. 39<br />
• Unidade 2: O Casamento de Mimosa, de Agustina Bessa-Luís ................................ 40<br />
• Unidade 2: Dentes de Rato, de Agustina Bessa-Luís ................................................. 40<br />
6. Propostas de Resolução dos Testes de Autoavaliação (Manual)........ 45<br />
• Sequência 1 ...................................................................................................................... 46<br />
• Sequência 2 ..................................................................................................................... 46<br />
• Sequência 3 ..................................................................................................................... 47<br />
• Sequência 4 ..................................................................................................................... 48<br />
• Sequência 5 ..................................................................................................................... 49<br />
• Sequência 6 ..................................................................................................................... 50<br />
7. Excertos dos Programas de Português para o Ensino Básico .............. 51<br />
8. Textos para Reflexão........................................................................................................ 67
1 PROJETO<br />
CONTOS &<br />
RECONTOS<br />
1<br />
1
6<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
O projeto Contos & Recontos contempla os seguintes componentes:<br />
Para o Aluno<br />
– Manual (2 volumes)<br />
– Minigramática 3. o <strong>Ciclo</strong> – OFERTA<br />
– Caderno de Atividades<br />
Para o Professor<br />
– Manual (Edição do Professor)<br />
– Materiais de Apoio à Implementação dos PPEB<br />
– Guia Prático do Novo Acordo Ortográfico<br />
– Guia do Professor<br />
– Planos de Aula<br />
– CD Áudio<br />
– 20 Aula Digital<br />
→ Manual<br />
O Manual do aluno apresenta uma organização clara e facilitadora da aprendizagem, encontrando-se organizado em 6 sequências,<br />
todas com estrutura semelhante (à exceção da Sequência 0, que se destina à realização de um diagnóstico dos conhecimentos<br />
dos alunos).<br />
Cada Sequência está assente num desenvolvimento equilibrado das competências – Leitura, Compreensão Oral, Expressão<br />
Oral, Escrita, Conhecimento Explícito da Língua –, estando claramente identificadas, em cada atividade, as competências a<br />
trabalhar.<br />
No final de cada sequência, apresenta-se síntese dos aspetos essenciais, na rubrica “O que aprendi”, e atividades de verificação<br />
de conhecimentos/capacidades, por competências, para consolidação das aprendizagens, na rubrica “Autoavaliação”.<br />
No final do manual, em Apêndice, sistematização das noções associadas ao texto literário e ao não literário oral e escrito.<br />
O Manual Contos & Recontos disponibiliza, ao longo das suas páginas, seis textos integrais – “A noiva do corvo”, de Teófilo Braga;<br />
“Os filhos da cobra Bona”, de Lourenço do Rosário; “A galinha”, de Vergílio Ferreira; “O príncipe e os três destinos”, de Pearl S.<br />
Buck; “A donzela do elmo de madeira”, de Pearl S. Buck; “Os Reis-Mandados”, de José Cardoso Pires –, acompanhados de propostas<br />
de exploração que permitem ao aluno um contacto direto e aprofundado com as obras recomendadas no programa.<br />
→ Minigramática<br />
(De acordo com o Dicionário Terminológico)<br />
Publicação de oferta ao aluno que pretende reforçar o domínio e a aplicação dos termos do Dicionário Terminológico, através<br />
da sistematização clara e organizada de todos os conteúdo gramaticais de 3. o <strong>Ciclo</strong>.<br />
→ Caderno de Atividades<br />
Obra que disponibiliza fichas de trabalho de Conhecimento Explícito da Língua, com exercícios de revisão, sistematização<br />
e aplicação, bem como laboratórios de língua por conteúdos, contribuindo assim para uma aprendizagem sustentada e refletida<br />
dos vários conteúdos de Conhecimento Explícito da Língua.<br />
Encerra com a apresentação de um Guião de Leitura de História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luis<br />
Sepúlveda.<br />
→ Manual (versão do Professor)<br />
A edição do Manual exclusiva do Professor (em banda lateral) auxilia o docente com sugestões científico-pedagógicas pertinentes<br />
e diversificadas, devidamente articuladas com os restantes componentes do projeto.<br />
Disponibiliza também um vasto conjunto de propostas de atividades que abarcam todas as competências, bem como sugestões<br />
de todas as atividades propostas para os alunos.
PROJETO CONTOS & RECONTOS<br />
→ Materiais de Apoio à Implementação dos PPEB<br />
Publicação que permite uma implementação segura e rigorosa dos PPEB através da disponibilização de materiais de apoio<br />
relevantes:<br />
– proposta de anualização de competências para o 3. o <strong>Ciclo</strong>;<br />
– planificação anual para o 7. o ano;<br />
– metas de aprendizagem para o 3. o <strong>Ciclo</strong>.<br />
→ Guia Prático do Novo Acordo Ortográfico<br />
Sistematização das principais alterações promovidas pelo Novo Acordo Ortográfico, bem como banco de exercícios que promovem<br />
a reflexão em torno da nova ortografia da língua portuguesa.<br />
→ Guia do Professor<br />
– Facilita a aplicação dos conteúdos e das orientações dos programas de Português do Ensino Básico, através da apresentação<br />
de excertos selecionados.<br />
– Auxilia na avaliação das várias competências através da disponibilização de grelhas de observação.<br />
– Disponibiliza propostas de resolução dos testes do Manual.<br />
→ Planos de Aula<br />
Planos para todas as aulas do ano letivo, devidamente articulados com todos os suportes do projeto, com a indicação dos<br />
descritores de desempenho e metas de aprendizagem, que permitem uma operacionalização eficaz de todos os conteúdos<br />
programáticos. Estes planos encontram-se ainda disponíveis em formato editável em .<br />
→ CD Áudio<br />
Apresenta a vocalização dos textos e registos áudio de suporte às atividades do manual, contribuindo para um trabalho contínuo<br />
de reforço da comunicação oral.<br />
O possibilita a fácil exploração do projeto Contos & Recontos 7, através das novas tecnologias em sala<br />
de aula. Trata-se de uma ferramenta inovadora que lhe permitirá tirar o melhor partido do seu projeto escolar, simplificando<br />
o seu trabalho diário.<br />
Para explorar e ir mais longe<br />
Pode projetar e explorar as páginas do manual em sala de aula e aceder a um vasto conjunto de conteúdos multimédia integrados<br />
com o manual, para tornar a sua aula mais dinâmica:<br />
• Animações de textos – os principais textos são apresentados com vocalização, ilustração, bem como com questões de<br />
interpretação.<br />
• Gramática interativa – animações que apresentam todos os tópicos gramaticais abordados ao longo do manual, acompanhados<br />
de avaliação da informação apresentada.<br />
• Áudios/Vídeos – diversos recursos que, ao longo do manual, permitirão tornar o processo de ensino/aprendizagem mais<br />
interativo.<br />
• Imagens – vários conjuntos de imagens que auxiliarão o professor na sua prática letiva.<br />
• Jogos - permitem a revisão da matéria de todo o manual de forma mais apelativa, mantendo a par as componentes lúdica<br />
e didática.<br />
• Testes Interativos – extenso banco de testes interativos, personalizáveis e organizados pelos diversos temas do manual.<br />
• Links internet – endereços para páginas na internet de apoio às matérias, para a obtenção de mais informação.<br />
7
8<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Preparação de aulas<br />
Pode aceder aos Planos de Aula disponíveis em papel e em formato Word e planificar as suas aulas de acordo com as características<br />
de cada turma:<br />
• utilizando as sequências de recursos digitais feitas de acordo com os Planos de Aula criados para si, que o apoiarão nas<br />
suas aulas com recurso a um projetor ou um quadro interativo.<br />
• personalizando os Planos de aula com recursos do projeto ou com os materiais criados por si.<br />
Avaliação dos alunos<br />
Poderá:<br />
• utilizar os testes predefinidos ou criar um à medida da sua turma, a partir de uma base de cerca de 200 questões.<br />
• imprimir os testes para distribuir, projetá-os em sala de aula ou envie-os aos seus alunos com correção automática.<br />
• acompanhar o progresso dos seus alunos através de relatórios de avaliação detalhados.
2<br />
PROGRESSÃO<br />
POR<br />
COMPETÊNCIAS<br />
2<br />
2
10<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Alguns descritores de desempenho não estão presentes, pois estão subjacentes a diversas atividades, como por exemplo:<br />
• o descritor “Consultar regularmente obras lexicográficas, mobilizando a informação na análise da receção e da produção dos<br />
modos oral e escrito”, na medida em que se parte do pressuposto que o aluno é regularmente convidado a utilizar dicionários,<br />
prontuários e gramáticas na preparação das duas produções, sem que esta indicação esteja dada explicitamente no Manual;<br />
• o descritor “Caracterizar classes de palavras e respetivas propriedades”, que está trabalhado sempre que se abordam as<br />
classes de palavras e suas propriedades distintivas;<br />
• o descritor “Sistematizar relações entre constituintes principais de frases e as funções sintáticas por eles desempenhadas”,<br />
que surge sistematizado sempre que se tratam os grupos de palavras e suas funções ou a sua articulação na frase.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Utilizar<br />
procedimentos<br />
para clarificar,<br />
registar, tratar e<br />
reter a informação<br />
em função de<br />
necessidades de<br />
comunicação<br />
específicas.<br />
Interpretar<br />
discursos orais<br />
com diferentes<br />
graus de<br />
formalidade e<br />
complexidade.<br />
Apreciar o grau de<br />
correção e<br />
adequação dos<br />
discursos ouvidos.<br />
Identificar e<br />
caracterizar os<br />
diferentes tipos e<br />
géneros presentes<br />
no discurso oral.<br />
Caracterizar<br />
propriedades de<br />
diferenciação e<br />
variação<br />
linguística,<br />
reconhecendo o<br />
papel da língua<br />
padrão.<br />
Identificar ideias-<br />
-chave (texto de<br />
dicionário).<br />
Ordenar informação<br />
temporalmente<br />
(texto narrativo).<br />
Identificar o tema<br />
(texto narrativo).<br />
Identificar marcas<br />
da fala espontânea<br />
(conto oral<br />
informal).<br />
COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL<br />
ESCUTAR PARA APRENDER E CONSTRUIR CONHECIMENTOS<br />
Identificar ideias-<br />
-chave.<br />
Hierarquizar<br />
informação.<br />
Identificar o<br />
assunto e o tema<br />
(texto expositivo /<br />
instrucional).<br />
Fazer inferências,<br />
deduções (texto<br />
expositivol).<br />
Apreciar<br />
criticamente o uso<br />
de expressões<br />
linguísticas num<br />
diálogo.<br />
Identificar<br />
variedades<br />
regionais e/ou<br />
sociais (texto<br />
dialogal).<br />
Reconhecer traços<br />
específicos da<br />
língua padrão (texto<br />
dialogal).<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Ordenar e<br />
hierarquizar tópicos<br />
e subtópicos.<br />
Identificar o tema<br />
(texto expositivo).<br />
Reconhecer<br />
especificidades do<br />
diálogo oral<br />
informal vs diálogo<br />
típico do texto<br />
dramático.<br />
Distinguir a fala<br />
espontânea da fala<br />
preparada.<br />
Identificar o texto<br />
conversacional<br />
como tipologia<br />
dominante na<br />
linguagem<br />
cinematográfica e<br />
teatral.<br />
Reproduzir a<br />
informação ouvida,<br />
associando os<br />
sujeitos das<br />
orações aos<br />
predicados.<br />
Utilizar a estratégia<br />
da audição<br />
orientada para reter<br />
informação.
Progressão por competências<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Planificar o uso da<br />
palavra em função<br />
da análise da<br />
situação, das<br />
intenções de<br />
comunicação<br />
específicas e das<br />
características da<br />
audiência visada.<br />
Utilizar informação<br />
pertinente,<br />
mobilizando<br />
conhecimentos<br />
pessoais ou dados<br />
obtidos em<br />
diferentes fontes.<br />
Organizar<br />
o discurso,<br />
assegurando a<br />
progressão de<br />
ideias.<br />
Produzir textos<br />
orais, de diferentes<br />
tipos, adaptados às<br />
situações e<br />
finalidades de<br />
comunicação.<br />
Usar da palavra<br />
com fluência e<br />
correção, utilizando<br />
recursos verbais<br />
e não verbais<br />
com um grau de<br />
complexidade<br />
adequado às<br />
situações de<br />
comunicação.<br />
Tomar notas. Expor conclusões<br />
da análise de textos<br />
(apresentação oral).<br />
Recontar eventos<br />
com alteração da<br />
ordem temporal<br />
(texto narrativo).<br />
COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL<br />
FALAR PARA CONSTRUIR E EXPRESSAR CONHECIMENTOS<br />
Planificar a partir<br />
de texto lido (texto<br />
narrativo).<br />
Recontar de acordo<br />
com um ponto<br />
de vista (texto<br />
narrativo).<br />
Apresentar factos<br />
e opiniões a partir<br />
de texto lido<br />
(apresentação oral).<br />
Usar a entoação<br />
adequada<br />
(exposição).<br />
Adequar a voz,<br />
gestos e postura<br />
(apresentação oral).<br />
Planificar a partir<br />
de sugestões (texto<br />
argumentativo).<br />
Observar mapas e<br />
registar o seu<br />
conteúdo.<br />
Organizar<br />
informações para<br />
uma apresentação<br />
oral.<br />
Mobilizar<br />
conhecimentos<br />
para relatar eventos<br />
imaginados (texto<br />
narrativo).<br />
Convencer de um<br />
ponto de vista,<br />
apresentando<br />
razões (texto de<br />
caráter<br />
argumentativo).<br />
Ler<br />
expressivamente<br />
uma página de<br />
diário.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Relatar através<br />
de notícia,<br />
acontecimentos<br />
verídicos.<br />
Planificar o<br />
discurso,<br />
recorrendo a<br />
pesquisa e<br />
tratamento de<br />
informação (texto<br />
argumentativo).<br />
Mobilizar<br />
conhecimentos<br />
sobre a tipologia<br />
descritiva, para<br />
descrever uma<br />
pintura.<br />
Apresentar razões<br />
para fundamentar<br />
uma escolha feita.<br />
Ler<br />
expressivamente<br />
textos poéticos.<br />
11
12<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Seguir diálogos,<br />
intervindo oportuna<br />
e construtivamente.<br />
Implicar-se na<br />
construção<br />
partilhada de<br />
sentidos.<br />
Respeitar as<br />
convenções que<br />
regulam a<br />
interação verbal.<br />
Assumir diferentes<br />
papéis em situação<br />
de comunicação.<br />
COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL<br />
PARTICIPAR EM SITUAÇÕES DE INTERAÇÃO ORAL<br />
Dialogar sobre<br />
ensinamentos de<br />
um texto (texto<br />
dialogal).<br />
Mobilizar<br />
conhecimentos<br />
prévios para relatar<br />
a vida futura<br />
(imaginada) de uma<br />
personagem.<br />
Respeitar a sua<br />
vez.<br />
Ouvir os<br />
interlocutores.<br />
Respeitar o<br />
princípio da<br />
delicadeza.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Discutir as<br />
mensagens de<br />
um conto.<br />
Respeitar a sua<br />
vez.<br />
Ouvir os<br />
interlocutores.<br />
Respeitar o<br />
princípio da<br />
delicadeza.<br />
Trocar impressões.<br />
Justificar opiniões.<br />
Pedir e dar<br />
explicações.<br />
Apresentar<br />
propostas e<br />
sugestões.<br />
Respeitar as regras<br />
do debate.<br />
Adequar o discurso<br />
ao papel<br />
desempenhado e<br />
ao objetivo visado.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Definir uma<br />
intenção, seguir<br />
uma orientação.<br />
Utilizar a leitura<br />
para localizar,<br />
selecionar e<br />
organizar a<br />
informação.<br />
Mobilizar<br />
conhecimentos<br />
para definir uma<br />
linha de leitura de<br />
um conto<br />
(simbologia,<br />
significado de uma<br />
personagem).<br />
Seguir uma<br />
orientação de<br />
leitura (pintura).<br />
Reconhecer<br />
elementos<br />
constitutivos da<br />
publicidade.<br />
LEITURA<br />
LER PARA CONSTRUIR CONHECIMENTO(S)<br />
Mobilizar<br />
conhecimentos<br />
para analisar<br />
comportamentos de<br />
uma personagem.<br />
Mobilizar<br />
conhecimentos<br />
para interpretar<br />
soluções<br />
encontradas numa<br />
narrativa.<br />
Reter a informação<br />
essencial de uma<br />
crónica (fluência de<br />
leitura).<br />
Identificar a<br />
estruturação de um<br />
texto (narrativa).<br />
Reter informação<br />
essencial de uma<br />
crónica.<br />
Leitura seletiva<br />
e analítica de<br />
narrativas.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Identificar<br />
temáticas<br />
estruturantes de<br />
um texto (texto<br />
dramático).<br />
Utilizar expressões<br />
ou versos de um<br />
texto lido num<br />
esquema<br />
interpretativo.<br />
Localizar<br />
informação numa<br />
B.D.
Progressão por competências<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Utilizar<br />
procedimentos<br />
adequados à<br />
organização e<br />
tratamento da<br />
informação.<br />
Interpretar textos<br />
com diferentes<br />
graus de<br />
complexidade,<br />
articulando os<br />
sentidos com a sua<br />
finalidade, os<br />
contextos e a<br />
intenção do autor.<br />
Identificar relações<br />
intratextuais,<br />
compreendendo de<br />
que modo a<br />
intenção do texto<br />
influencia<br />
a sua composição<br />
formal.<br />
Comparar textos,<br />
estabelecendo<br />
diferenças e<br />
semelhanças.<br />
Identificar e<br />
caracterizar as<br />
diferentes<br />
tipologias e<br />
géneros textuais.<br />
Recorrer à<br />
nominalização para<br />
sistematizar ideias-<br />
-chave (conto).<br />
Sistematizar<br />
percursos de uma<br />
personagem em<br />
grelhas de registo<br />
(conto).<br />
Identificar temas e<br />
ideias principais.<br />
Fazer inferências<br />
(conto).<br />
Discutir a moral de<br />
um conto.<br />
Identificar<br />
universos de<br />
referências<br />
(publicidade).<br />
Identificar<br />
elementos de<br />
persuasão<br />
(publicidade).<br />
Refletir sobre a<br />
organização da<br />
informação em<br />
textos dos media<br />
(notícia,<br />
reportagem).<br />
Distinguir<br />
características dos<br />
textos dos media<br />
(notícia breve vs<br />
notícia/reportagem).<br />
LEITURA<br />
LER PARA CONSTRUIR CONHECIMENTO(S)<br />
Esquematizar<br />
informações<br />
temporais e<br />
espaciais<br />
(narrativa).<br />
Reconhecer a<br />
ordenação de<br />
informação num<br />
texto descritivo.<br />
Analisar a estrutura<br />
lexical de um texto<br />
(narrativa).<br />
Analisar a polifonia<br />
presente no<br />
discurso do<br />
narrador.<br />
Fazer inferências.<br />
Identificar causas e<br />
efeitos.<br />
Analisar as<br />
relações temáticas<br />
entre o texto da<br />
contracapa<br />
e o conteúdo da<br />
narrativa.<br />
Identificar<br />
características de<br />
uma crónica.<br />
Esquematizar<br />
dados evocados<br />
pelo narrador de<br />
um diário.<br />
Fazer corresponder<br />
uma síntese ao<br />
texto lido (texto dos<br />
media).<br />
Descobrir<br />
diferentes formas<br />
de organização<br />
textual de<br />
narrativas<br />
literárias.<br />
Perceber a<br />
importância dos<br />
parênteses na<br />
demarcação de<br />
capítulos.<br />
Compreender<br />
diferenças entre<br />
diário, conto e<br />
novela.<br />
Identificar<br />
características do<br />
conto e da novela.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Dividir o texto<br />
em momentos<br />
estruturantes.<br />
Relacionar a<br />
conclusão de um<br />
texto com situações<br />
anteriores.<br />
Reconhecer<br />
diferentes<br />
tipologias textuais.<br />
Reconhecer os<br />
elementos que<br />
assinalam a<br />
estrutura externa<br />
de um texto (texto<br />
dramático).<br />
Sistematizar<br />
características do<br />
género dramático.<br />
Perceber a intenção<br />
subjacente a um<br />
cartoon e a uma<br />
B.D.<br />
Interpretar poemas<br />
visuais.<br />
Justificar a função<br />
explicativa de um<br />
poema.<br />
Perceber a<br />
inserção de um<br />
texto informativo<br />
numa revista de<br />
especialidade.<br />
Identificar recursos<br />
linguísticos<br />
utilizados.<br />
Reconhecer<br />
características do<br />
texto literário<br />
(poético): ritmo,<br />
métrica…<br />
13
14<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
SEQUÊNCIAS<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Expressar,<br />
de forma<br />
fundamentada,<br />
pontos de vista<br />
suscitados pelos<br />
textos lidos em<br />
diferentes<br />
suportes.<br />
Discutir diferentes<br />
interpretações de<br />
um mesmo texto,<br />
sequência ou<br />
parágrafo.<br />
Identificar<br />
processos<br />
utilizados nos<br />
textos para<br />
influenciar o leitor.<br />
Distinguir<br />
diferenças,<br />
semelhanças de um<br />
texto em relação a<br />
outro(s).<br />
Reconhecer e<br />
reflectir sobre os<br />
valores culturais,<br />
estéticos e éticos,<br />
que perpassam nos<br />
textos.<br />
Ler por iniciativa e<br />
gosto pessoal,<br />
aumentando<br />
progressivamente a<br />
extensão e<br />
complexidade dos<br />
livros e outros<br />
materiais que<br />
seleciona.<br />
Discutir a<br />
moralidade<br />
veiculada por um<br />
conto, a partir de<br />
sugestões dadas.<br />
Analisar recursos<br />
estilísticos com<br />
intenção persuasiva:<br />
modo verbal, frase<br />
interrogativa (texto<br />
publicitário).<br />
Comparar<br />
características da<br />
notícia (breve)<br />
com as da notícia /<br />
reportagem.<br />
Identificar marcas<br />
da cultura africana<br />
num conto<br />
tradicional<br />
africano.<br />
Elaborar uma<br />
pequena coletânea<br />
de contos<br />
tradicionais.<br />
Ler contos que<br />
incluam a figura do<br />
corvo.<br />
LEITURA<br />
LER PARA APRECIAR TEXTOS VARIADOS<br />
Analisar as<br />
intenções de uma<br />
narrativa.<br />
Discutir o<br />
fundamento das<br />
opções de uma<br />
personagem.<br />
Refletir sobre as<br />
mensagens centrais<br />
de um texto.<br />
Justificar a<br />
pertinência<br />
histórica de um<br />
diário da década de<br />
40 do século XX.<br />
Trocar impressões<br />
de leituras feitas<br />
num blogue.<br />
Discutir a<br />
pertinência de um<br />
“estranho” pedido,<br />
feito por uma<br />
personagem, tendo<br />
em conta a<br />
globalidade da<br />
narrativa.<br />
Reconhecer<br />
características<br />
poéticas de<br />
narrativas.<br />
Recolher para<br />
portefólio poemas<br />
de Sophia de Mello<br />
Breyner.<br />
Realizar um<br />
Projecto Individual<br />
de Leitura.<br />
Discutir as<br />
consequências da<br />
atitude de uma<br />
personagem no<br />
devir da narrativa.<br />
Contactar com<br />
diferentes<br />
mundividências a<br />
partir de dados<br />
textuais<br />
(reportagem).<br />
Refletir sobre o<br />
percurso de uma<br />
personagem.<br />
Discutir as<br />
mensagens<br />
veiculadas por um<br />
texto dramático.<br />
Debater diferentes<br />
interpretações de<br />
um passo de um<br />
excerto de um texto<br />
dramático.<br />
Distinguir<br />
diferenças entre<br />
uma narrativa e a<br />
sua adaptação<br />
cinematográfica.<br />
Distinguir<br />
diferenças entre o<br />
texto dramático e o<br />
espetáculo teatral.<br />
Justificar valores<br />
veiculados pelo<br />
texto com<br />
contextos<br />
socioculturais<br />
pretéritos.<br />
Expressar um<br />
ponto de vista<br />
sobre a forma<br />
como um elemento<br />
do real é<br />
apresentado num<br />
excerto de uma<br />
epopeia.<br />
Justificar a<br />
interpretação da<br />
fala de uma<br />
personagem de<br />
B.D.<br />
Distinguir um<br />
episódio histórico<br />
evocado numa<br />
epopeia e numa<br />
B.D.<br />
Refletir sobre as<br />
funções estética e<br />
social da poesia.
LEITURA<br />
LER TEXTOS LITERÁRIOS<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Progressão por competências<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Analisar os<br />
paratextos para<br />
contextualizar e<br />
antecipar o<br />
conteúdo de uma<br />
obra.<br />
Exprimir opiniões<br />
e problematizar<br />
sentidos, como<br />
reação pessoal à<br />
audição ou à leitura<br />
de uma obra<br />
integral.<br />
Caracterizar os<br />
diferentes modos e<br />
géneros literários.<br />
Analisar processos<br />
linguísticos e<br />
retóricos utilizados<br />
pelo autor na<br />
construção de uma<br />
obra literária.<br />
Identificar marcas<br />
do modo narrativo:<br />
narrador,<br />
personagens, ação.<br />
Antecipar<br />
conteúdos a partir<br />
de paratextos.<br />
Antecipar a<br />
estrutura da<br />
narrativa a partir do<br />
texto da contracapa.<br />
Antecipar a<br />
centralidade de<br />
uma personagem<br />
a partir do índice.<br />
Relacionar o índice<br />
com as categorias<br />
da narrativa para<br />
antecipar o conteúdo<br />
de uma obra.<br />
Identificar marcas<br />
do modo narrativo:<br />
personagens,<br />
espaço, tempo.<br />
Analisar a<br />
expressividade de<br />
recursos retóricos<br />
e tropos: metáfora,<br />
comparação.<br />
Antecipar o<br />
conteúdo da<br />
narrativa a partir<br />
do índice,<br />
recorrendo a<br />
vivências pessoais.<br />
Explicitar sentidos<br />
e manifestar<br />
opinião após a<br />
leitura de obras<br />
integrais. (Projeto<br />
Individual<br />
de Leitura).<br />
Explicitar a intriga,<br />
o papel do narrador<br />
e personagens, a<br />
importância do<br />
tempo e espaço nos<br />
géneros conto e<br />
novela.<br />
Analisar a<br />
expressividade de<br />
recursos retóricos<br />
e tropos:<br />
personificação,<br />
metáfora, hipérbole,<br />
comparação.<br />
Problematizar o<br />
título de um conto.<br />
Identificar<br />
categorias do modo<br />
narrativo:<br />
personagens,<br />
espaço.<br />
Identificar<br />
elementos-chave<br />
para a<br />
compreensão de<br />
um texto.<br />
Discutir diferentes<br />
visões<br />
interpretativas de<br />
uma obra.<br />
dentificar<br />
categorias do modo<br />
dramático.<br />
Analisar a<br />
funcionalidade do<br />
texto principal e<br />
das didascálias no<br />
texto dramático.<br />
Analisar o posfácio<br />
de uma antologia.<br />
Exprimir opiniões<br />
sobre ideias<br />
veiculadas em<br />
vários poemas.<br />
Dar opinião sobre o<br />
texto que mais<br />
apreciou, comparado<br />
com outro do<br />
mesmo tema.<br />
Modo lírico:<br />
contactar com<br />
características do<br />
género epopeia.<br />
Definir fábula.<br />
Identificar elementos<br />
constitutivos da<br />
poesia lírica<br />
(convenções<br />
versificatórias).<br />
Identificar tempos<br />
verbais reveladores<br />
da intenção do<br />
sujeito poético<br />
Perceber a<br />
importância de<br />
orações causais,<br />
condicionais e<br />
adversativas, num<br />
texto poético.<br />
Identificar recursos<br />
estilísticos como a<br />
dupla adjetivação,<br />
grau superlativo<br />
e expressividade<br />
do adjetivo…<br />
Analisar a<br />
importância de<br />
repetições, rima,<br />
métrica na criação<br />
de ritmo musical na<br />
poesia.<br />
15
16<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
LEITURA<br />
LER TEXTOS LITERÁRIOS (CONT.)<br />
SEQUÊNCIAS<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Comparar o modo<br />
como o tema de<br />
uma obra é tratado<br />
em outros textos.<br />
Analisar recriações<br />
de obras literárias<br />
com recurso a<br />
diferentes<br />
linguagens.<br />
Valorizar uma obra<br />
enquanto objeto<br />
simbólico, no plano<br />
do imaginário<br />
individual e<br />
coletivo.<br />
Reconhecer e<br />
refletir sobre as<br />
relações que as<br />
obras estabelecem<br />
com o contexto<br />
social, histórico<br />
e cultural no qual<br />
foram escritas.<br />
Analisar factos de<br />
um conto em<br />
função da sua<br />
simbologia.<br />
Verificar o valor<br />
literário de<br />
narrativas integrais<br />
de autores<br />
portugueses.<br />
Relacionar uma<br />
obra com o<br />
contexto social<br />
e histórico em<br />
que foi escrita<br />
(diário – anos 40<br />
do século XX).<br />
Comparar um<br />
aspeto da realidade<br />
tratado num texto<br />
literário e num<br />
texto não literário.<br />
Relacionar<br />
temáticas do texto<br />
com a realidade<br />
cultural em que se<br />
insere.<br />
Identificar relações<br />
intertextuais.<br />
Cotejar a<br />
especificidade<br />
da linguagem<br />
cinematográfica<br />
com a do texto<br />
narrativo original.<br />
Comparar dois<br />
poemas ao nível<br />
temático.<br />
Valorizar textos<br />
poéticos enquanto<br />
objectos histórico-<br />
-culturais e de<br />
crítica social.<br />
Analisar a<br />
especificidade de<br />
textos em verso.<br />
Analisar processos<br />
textuais presentes<br />
em poemas que<br />
estão de acordo<br />
com a intenção<br />
visada.
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Recorrer à escrita<br />
para assegurar o<br />
registo e o<br />
tratamento de<br />
informação ouvida<br />
ou lida.<br />
Utilizar a escrita<br />
para estruturar o<br />
pensamento e<br />
sistematizar<br />
conhecimentos.<br />
Utilizar, com<br />
autonomia,<br />
estratégias de<br />
preparação e de<br />
planificação da<br />
escrita de textos.<br />
Selecionar tipos e<br />
formatos de textos<br />
adequados a<br />
intencionalidades e<br />
contextos<br />
específicos.<br />
Redigir textos<br />
coerentes,<br />
selecionando<br />
registos e recursos<br />
verbais adequados.<br />
Utilizar, com<br />
progressiva<br />
eficácia, técnicas<br />
de reformulação<br />
textual.<br />
Utilizar, com<br />
autonomia,<br />
estratégias de<br />
revisão e<br />
aperfeiçoamento<br />
de texto.<br />
Converter<br />
informação de texto<br />
dos media em texto<br />
expositivo.<br />
Esquematizar<br />
informação de texto<br />
expositivo (texto<br />
com duplo tópico).<br />
Converter<br />
informação de texto<br />
dos media em texto<br />
expositivo com<br />
alteração da ordem<br />
de apresentação da<br />
informação.<br />
Produzir um slogan<br />
e um texto<br />
publicitário (texto<br />
argumentativo).<br />
Completar um texto<br />
lacunar (síntese de<br />
texto narrativo).<br />
ESCRITA<br />
ESCREVER PARA CONSTRUIR E EXPRESSAR CONHECIMENTOS<br />
Esquematizar<br />
informação.<br />
Produzir um texto<br />
descritivo com<br />
plano dado<br />
(descrição<br />
literária).<br />
Produzir um texto<br />
dos media (notícia)<br />
e um texto<br />
descritivo.<br />
Esquematizar<br />
informação.<br />
Produzir biografia<br />
após pesquisa de<br />
informação.<br />
Organizar<br />
momentos da<br />
narrativa em<br />
função de uma<br />
intenção.<br />
Redigir um texto<br />
narrativo a partir<br />
de planificação<br />
sugerida.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Redigir uma<br />
reportagem de<br />
acordo com um<br />
assunto<br />
selecionado.<br />
Redigir uma<br />
descrição técnica<br />
em função de um<br />
objetivo pragmático<br />
específico.<br />
Redigir um texto<br />
respeitando o<br />
conteúdo, a forma<br />
e a mancha textual.<br />
Sistematizar<br />
características de<br />
um texto narrativo<br />
e sua adaptação<br />
cinematográfica,<br />
associadas a<br />
diferentes<br />
linguagens.<br />
Produzir um texto<br />
que inclua atos de<br />
fala diretivos.<br />
Reorganizar um<br />
texto<br />
desorganizado em<br />
função de uma<br />
planificação dada.<br />
Planificar um texto<br />
em função de um<br />
conjunto de atos de<br />
fala a utilizar.<br />
Adequar o formato<br />
textual à utilização<br />
de determinados<br />
atos de fala.<br />
Rever um texto<br />
em função da<br />
sua adequação<br />
pragmática.<br />
Progressão por competências<br />
Produzir uma<br />
ficha biográfica<br />
após pesquisa de<br />
informação.<br />
Produzir um texto<br />
curto interpretativo<br />
do título de um<br />
poema.<br />
Produzir um<br />
convite, de acordo<br />
com a intenção de<br />
comunicação.<br />
Produzir um<br />
bilhete, de acordo<br />
com a intenção de<br />
comunicação.<br />
17
18<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Explorar diferentes<br />
vozes e registos<br />
para comunicar<br />
vivências, emoções,<br />
conhecimentos,<br />
pontos de vista,<br />
universos no plano<br />
do imaginário.<br />
Explorar a criação<br />
de novas<br />
configurações<br />
textuais,<br />
mobilizando a<br />
reflexão sobre<br />
os textos e<br />
sobre as suas<br />
especificidades.<br />
Explorar efeitos<br />
estéticos da<br />
linguagem<br />
mobilizando saberes<br />
decorrentes da<br />
experiência<br />
enquanto leitor.<br />
Reinvestir em<br />
textos pessoais<br />
a informação<br />
decorrente de<br />
pesquisas e<br />
leituras efetuadas.<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO DA LÍNGUA, VARIAÇÃO E MUDANÇA<br />
SEQUÊNCIAS<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Identificar, em textos<br />
orais e escritos,<br />
a variação nos<br />
vários planos.<br />
Distinguir os<br />
contextos que estão<br />
na origem do<br />
português.<br />
Sistematizar<br />
propriedades da<br />
língua padrão.<br />
Consultar obras<br />
lexicográficas,<br />
mobilizando<br />
informações na<br />
análise da receção<br />
e da produção do<br />
modo oral e escrito.<br />
ESCRITA<br />
ESCREVER EM TERMOS PESSOAIS E CRIATIVOS<br />
Reescrever um<br />
excerto narrativo<br />
com alteração<br />
do ponto de vista.<br />
Produzir uma<br />
descrição a partir<br />
de modelo presente<br />
em texto literário<br />
(descrição<br />
literária).<br />
Produzir um texto<br />
de opinião.<br />
Produzir uma<br />
página de diário e<br />
uma carta a partir<br />
de texto narrativo.<br />
Produzir um texto<br />
com características<br />
poéticas a partir de<br />
um poema.<br />
Identificar variantes<br />
lexicais, sintáticas<br />
e semânticas num<br />
texto oral.<br />
Refletir sobre os<br />
usos linguísticos<br />
em certos<br />
contextos.<br />
Reconhecer a<br />
língua padrão como<br />
meio público, geral<br />
de comunicação.<br />
Consultar obras<br />
lexicográficas<br />
para alargar<br />
conhecimentos<br />
sobre realidades<br />
evocadas nos<br />
textos.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Produzir um texto<br />
criativo a partir de<br />
conhecimentos de<br />
natureza<br />
civilizacional.<br />
Distinguir marcas<br />
do oral formal e<br />
informal.<br />
Escrever um texto<br />
na terceira pessoa,<br />
para comunicar um<br />
ponto de vista.<br />
Produzir estrofes,<br />
utilizando diversos<br />
recursos.<br />
Produzir um texto<br />
pessoal, a partir da<br />
estrófe de um<br />
poema analisado.<br />
Distinguir registo<br />
formal de registo<br />
informal.
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Sistematizar<br />
propriedades da<br />
sílaba métrica e da<br />
sílaba gramatical.<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO FONOLÓGICO<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Propriedades<br />
acentuais das<br />
sílabas<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO MORFOLÓGICO<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Sílaba métrica e<br />
sílaba gramatical.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Sistematizar<br />
paradigmas<br />
flexionais regulares<br />
e irregulares dos<br />
verbos.<br />
Sistematizar<br />
paradigmas<br />
flexionais<br />
irregulares em<br />
verbos de uso<br />
frequente e menos<br />
frequente.<br />
Sistematizar as<br />
categorias<br />
relevantes para a<br />
flexão das classes<br />
de palavras<br />
variáveis.<br />
Sistematizar<br />
padrões de<br />
formação de<br />
palavras<br />
complexas.<br />
Explicitar o<br />
significado de<br />
palavras complexas<br />
a partir do valor de<br />
prefixos e sufixos<br />
nominais do<br />
português.<br />
Flexão em número<br />
(nomes e<br />
adjetivos).<br />
Flexão em grau<br />
(nomes e<br />
adjetivos).<br />
Composição<br />
morfológica e<br />
morfossintática.<br />
Sentido das<br />
palavras complexas<br />
a partir<br />
da combinação da<br />
significação lexical<br />
dos radicais.<br />
Verbos regulares e<br />
verbos irregulares<br />
(marcas<br />
distintivas).<br />
Verbos irregulares.<br />
Flexão verbal. Flexão em caso dos<br />
pronomes.<br />
Derivação por<br />
sufixação e<br />
prefixação.<br />
Valor dos prefixos<br />
e sufixos na<br />
construção do<br />
significado de<br />
palavras derivadas.<br />
Progressão por competências<br />
19
20<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Sistematizar<br />
propriedades<br />
distintivas de<br />
classes e<br />
subclasses de<br />
palavras.<br />
Aplicar as regras<br />
de utilização do<br />
pronome pessoal<br />
átono (não reflexo)<br />
em adjacência<br />
verbal.<br />
Nome contável e<br />
não contável.<br />
Adjetivo relacional.<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO DAS CLASSES DE PALAVRAS<br />
Tipos de verbo<br />
principal: transitivo<br />
e intansitivo.<br />
Determinantes e<br />
pronomes.<br />
Determinantes<br />
indefinidos.<br />
Pronomes pessoais<br />
átonos (colocação<br />
em próclise, ênclise<br />
e mesóclise).<br />
Conjunções e<br />
locuções<br />
conjuntivas<br />
coordenativas<br />
conclusivas e<br />
subordinativas<br />
consecutivas.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Sistematizar<br />
os constituintes<br />
principais da frase e<br />
respetiva<br />
composição.<br />
Sistematizar<br />
funções sintáticas.<br />
Distinguir<br />
processos<br />
sintáticos de<br />
articulação entre<br />
frases complexas.<br />
Composição do<br />
grupo nominal.<br />
Composição do<br />
grupo verbal.<br />
Sujeito.<br />
Complemento<br />
direto.<br />
Complemento<br />
indireto.<br />
Complemento<br />
oblíquo.<br />
Modificador do<br />
verbo.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO SINTÁTICO<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Oração coordenada<br />
conclusiva.<br />
Oração subordinada<br />
consecutiva.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Determinar os<br />
significados que<br />
dada palavra pode<br />
ter em função do<br />
seu contexto de<br />
ocorrência.<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO LEXICAL E SEMÂNTICO<br />
Sentidos de uma<br />
palavra.<br />
Conotação e<br />
denotação.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Campo lexical.<br />
Campo semântico.
SEQUÊNCIAS<br />
Progressão por competências<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Distinguir<br />
propriedades<br />
semânticas que<br />
diferenciam<br />
palavras com um<br />
só significado de<br />
palavras com mais<br />
do que um<br />
significado.<br />
Caracterizar<br />
relações entre<br />
diferentes<br />
categorias, lexicais<br />
e gramaticais, para<br />
identificar diversos<br />
valores semânticos<br />
na frase.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Usar paratextos<br />
para recolher<br />
informações de<br />
natureza pragmática,<br />
semântica que<br />
orientam e regulam<br />
de modo relevante<br />
a leitura.<br />
Caracterizar<br />
elementos inerentes<br />
à comunicação e<br />
interação<br />
discursivas.<br />
Identificar<br />
diferentes atos<br />
de fala.<br />
Distinguir modos<br />
de reprodução do<br />
discurso no<br />
discurso.<br />
Deduzir informação<br />
não explicitada nos<br />
enunciados,<br />
recorrendo a<br />
processos<br />
interpretativos<br />
inferenciais.<br />
Usar princípios<br />
reguladores da<br />
interação verbal.<br />
Atos de fala<br />
diretivos<br />
(publicidade).<br />
Verbos introdutores<br />
do relato do<br />
discurso.<br />
Inferências<br />
(publicidade).<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO LEXICAL E SEMÂNTICO (CONT.)<br />
Valor dos nomes,<br />
adjetivos e<br />
advérbios.<br />
Paratextos: léxico e<br />
estrutura textual.<br />
Inferências (texto<br />
narrativo).<br />
Conotação e<br />
denotação.<br />
Paratextos: índice,<br />
capa, folha de<br />
rosto.<br />
Princípio da<br />
cortesia.<br />
Príncipio de<br />
cooperação.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO DISCURSIVO E TEXTUAL<br />
Princípio da<br />
cortesia.<br />
Príncipio de<br />
cooperação.<br />
Paratextos: capa,<br />
contracapa, folha<br />
de abertura.<br />
Atos de fala ao<br />
serviço do texto<br />
dramático.<br />
Princípio da<br />
cortesia.<br />
Príncipio de<br />
cooperação.<br />
Polissemia<br />
.<br />
Paratextos:<br />
posfácio.<br />
Formas de<br />
tratamento.<br />
Discurso direto<br />
e indireto.<br />
Significado de<br />
verbo introdutor do<br />
relato do discurso.<br />
21
22<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Reconhecer<br />
propriedades<br />
configuradoras da<br />
textualidade.<br />
Interpretar modalidades<br />
e relações de<br />
intertextualidade.<br />
Caracterizar os<br />
géneros/subgéneros<br />
literários e respetiva<br />
especificidade<br />
semântica, linguística e<br />
pragmática.<br />
Identificar figuras de<br />
retórica e tropos como<br />
mecanismos<br />
linguísticos geradores<br />
de densificação<br />
semântica e<br />
expressividade<br />
estilística.<br />
DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />
Sistematizar as regras<br />
de uso de sinais de<br />
pontuação para:<br />
− delimitar<br />
constituintes de<br />
frase;<br />
− veicular valores<br />
discursivos.<br />
Sistematizar regras de<br />
uso de sinais<br />
auxiliares da escrita<br />
para destacar contextos<br />
específicos de<br />
utilização.<br />
Sistematizar regras de<br />
configuração gráfica<br />
para destacar<br />
palavras, frases ou<br />
partes de texto.<br />
Desambiguar sentidos<br />
decorrentes de<br />
relações entre a grafia<br />
e fonia de palavras.<br />
Pontuação no<br />
discurso direto.<br />
Uso de aspas no<br />
discurso direto.<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO DISCURSIVO E TEXTUAL (CONT.)<br />
Conectores<br />
aditivos,<br />
exolicativos,<br />
contrastivos.<br />
Conectores<br />
discursivos.<br />
CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
PLANO DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA E ORTOGRÁFICA<br />
Valor dos<br />
parênteses na<br />
delimitação de<br />
partes de uma obra.<br />
Conectores<br />
discursivos.<br />
Recriação de um<br />
texto original.<br />
Configuração<br />
gráfica típica do<br />
texto dramático.<br />
Coesão.<br />
Coerência.<br />
Conectores<br />
discursivos.<br />
Modo narrativo. Modo narrativo. Modo narrativo. Modo narrativo. Modo dramático. Modo lírico.<br />
Identificar a<br />
metáfora,<br />
comparação.<br />
Identificar a<br />
comparação,<br />
metáfora,<br />
personificação,<br />
hipérbole.<br />
SEQUÊNCIAS<br />
SEQUÊNCIAS<br />
Aliteração,<br />
metáfora, hipérbole,<br />
anáfora, antítese.<br />
Regras do uso da<br />
vírgula para delimitar<br />
constituintes da<br />
frase.<br />
Utilização de<br />
vírgula para<br />
repontuar versos,<br />
para entender os<br />
valores discursivos<br />
do texto poético.<br />
Função das<br />
reticências.<br />
Noções de<br />
versificação.<br />
Diferentes destaques:<br />
tipos de letra;<br />
maiúsculas; negrito…<br />
Homonímia.
3<br />
GRELHAS DE<br />
OBSERVAÇÃO DE<br />
COMPETÊNCIAS<br />
3<br />
3
24<br />
Avaliação da expressão oral<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Nível<br />
atingido<br />
(1 a 5)<br />
Aspeto Voz Conteúdo<br />
Contactos Expressão<br />
Dicção Intensidade Ritmo Organização Qualidade Adequação<br />
visuais facial<br />
Abundantes / Expressiva/ Clara / Audível / Adequado / Organizado / Rica / Adequado /<br />
inexistentes inexpressiva imperfeita fraca desadequado desorganizado pobre desadequado<br />
Postura<br />
Parâmetros<br />
(1 a 5)<br />
Rígida /<br />
descontraída<br />
Alunos<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30
Avaliação da expressão escrita<br />
Ortografia<br />
Conectores<br />
Organização das<br />
ideias<br />
Construção da<br />
frase<br />
Pontuação<br />
Desenho da<br />
palavra<br />
Disposição do<br />
texto na página<br />
Nome do aluno Caligrafia<br />
Acentuação<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
Grelhas de Observação de Competências<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
Observações:<br />
25
26<br />
Avaliação da expressão oral – leitura expressiva<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Aspeto Voz<br />
Parâmetros<br />
(1 a 5)<br />
Nível<br />
atingido<br />
(1 a 5)<br />
Postura Contactos visuais Expressão facial Dicção Intensidade Ritmo<br />
Adequado /<br />
desadequado<br />
Audível /<br />
fraca<br />
Clara /<br />
imperfeita<br />
Expressiva /<br />
inexpressiva<br />
Abundantes /<br />
inexistentes<br />
Alunos Rígida / descontraída<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30
Revisão textual<br />
Sim Não<br />
Planificação<br />
Elaborei o plano-guia do meu texto de acordo com o tipo de texto (carta, narrativa, texto descritivo, explicativo).<br />
Organizei a informação de forma pertinente.<br />
Segui o plano-guia apresentado no Manual.<br />
Escrita<br />
Redigi o meu texto de acordo com o plano-guia.<br />
Revisão<br />
1. Reli o texto para o corrigir a nível de:<br />
a) ortografia<br />
b) acentuação<br />
c) pontuação das frases<br />
d) criação / eliminação de parágrafos<br />
e) tempos verbais incorretos<br />
f) frases pouco claras<br />
g) organização das ideias<br />
h) repetição de ideias<br />
i) informação pouco pertinente<br />
Grelhas de Observação de Competências<br />
j) introdução de conectores adequados<br />
2. Verifiquei se o texto:<br />
a) tem título<br />
b) cumpre as margens da folha<br />
c) tem a minha identificação<br />
Última Fase<br />
Passei o texto a limpo com caligrafia legível<br />
27
28<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Registo dos diferentes elementos de avaliação (por competências) – Final de período<br />
Conhec. Explícito Outras<br />
Compreensão Oral Expressão Oral Leitura Expressão Escrita<br />
da Língua Comp.. Média Auto-<br />
Nível<br />
Final avaliação<br />
Nome Média Média Média Média Média Média<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
20<br />
21<br />
22<br />
23<br />
24<br />
25<br />
26<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30
4<br />
4<br />
4<br />
TRANSCRIÇÃO<br />
DOS<br />
DOCUMENTOS<br />
ÁUDIO
30<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Faixa n. o 1<br />
Uma breve introdução<br />
A história que estou prestes a partilhar convosco passa-<br />
-se em 1931, sob os telhados de Paris. Aqui, irão conhecer um<br />
rapaz chamado Hugo Cabret, que, há muito tempo, descobriu<br />
um misterioso desenho que mudou a sua vida para sempre.<br />
Mas antes de virar a página, imagine-se sentado na escuridão,<br />
à espera do início de um filme. No ecrã, o sol nascerá<br />
em breve e vai dar por si a aproximar-se de uma estação de<br />
comboios, em plena cidade. Atravessa rapidamente as portas<br />
até chegar a uma estrada cheia de gente. Vai dar pela presença<br />
de um rapaz no meio da multidão. Ele começará a caminhar ao<br />
longo da estação. Siga-o, pois trata-se de Hugo Cabret. Tem<br />
o seu imaginário cheio de segredos e aguarda o início da sua<br />
história.<br />
Professor H. Alcofrisbas “Uma breve introdução” in Brian Selznick,<br />
A Invenção de Hugo Cabret. Porto, Edições Gailivro, 2008.<br />
Faixa n. o 2<br />
Corvo<br />
O simbolismo do corvo só recentemente adquiriu o seu aspeto<br />
puramente negativo, e quase exclusivamente na Europa.<br />
É considerado, nos sonhos, como uma figura de mau agouro,<br />
ligado ao medo da infelicidade. Esta aceção encontra-se na<br />
Índia, onde se compara os corvos aos mensageiros da morte.<br />
Na China e no Japão, ele é símbolo de gratidão filial. O facto<br />
de ele alimentar pai e mãe é considerado como sinal de um espantoso<br />
restabelecimento da ordem social.<br />
No Génesis, surge como símbolo de perspicácia: é ele que<br />
vai verificar se a terra começa, após o dilúvio, a reaparecer<br />
por cima das águas: Decorridos quarenta dias, Noé abriu a janela<br />
que havia feito na arca e soltou um corvo, que saiu repetidas<br />
vezes, e enquanto iam secando as águas sobre terra.<br />
Faixa n. o 3<br />
Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos.<br />
Teorema, 1994, pp. 234-235.<br />
Tu sabes como é que o coelho conseguiu casar com Chipha,<br />
a menina mais bela da aldeia? Pois é, o espertalhão conseguiu<br />
enganar a hiena, que era quem ia casar com a menina. Ah, pois<br />
é! O coelho conseguiu enganar a hiena porque fez com que esta<br />
parecesse a sua criada porque eee… Vamos lá começar pelo<br />
princípio … Ahhh… o coelho e a hiena eram muito amigos. Sim,<br />
eles eram amigos e um dia a hiena passou numa povoação e<br />
havia lá uma menina muito bonita, a Chipha, e pediu-a em casamento<br />
porque ela era muito bonita e ela disse que sim e<br />
disse-lhe que trouxesse um padrinho para o casamento. Entretanto,<br />
a hiena foi convidar o coelho para ser o seu padrinho<br />
de casamento. Mas já antes o coelho tinha passado pela aldeia,<br />
tinha visto a menina e também a tinha pedido em casamento.<br />
Mas a menina disse que não podia aceitar porque já tinha prometido<br />
casar com a hiena e já lhe tinha pedido para trazer um<br />
padrinho. E… e… e… O coelho pensou logo que iria arranjar<br />
maneira de humilhar a hiena, quer dizer…, de a fazer passar<br />
vergonhas e fazê-la passar por sua criada frente à menina.<br />
Então disse a Chipha que a hiena era sua criada e que até lhe<br />
servia de cavalo. Já estava a pensar numa forma de pôr a hiena<br />
a transportá-lo às costas para mostrar à menina que ele, coelho,<br />
era mais importante e assim casar com ela. E disse à menina<br />
que ela merecia ficar com uma pessoa mais importante.<br />
Por isso, quando a hiena foi ter com ele para o convidar para<br />
padrinho de casamento, o coelho disse que… disse que… Ora,<br />
o coelho tinha dificuldades em andar muito depressa e então<br />
a hiena ofereceu-se para o levar às costas e o coelho aproveitou<br />
para… para lhe pôr uma corda ao pescoço e aaah portanto…<br />
quando chegaram à aldeia, o coelho começou a fingir que cavalgava<br />
a hiena e quando estavam perto da rapariga, perto da<br />
Chipha, o coelho mandou a hiena ir mais depressa e quando<br />
chegaram junto da rapariga, o coelho disse à rapariga: “Estás<br />
a ver que a hiena é minha criada!», porque quando Chipha tinha<br />
recusado o pedido do coelho este tinha-lhe dito que a hiena<br />
era sua serviçal e que lhe servia de cavalo. Na altura Chipha<br />
tinha-lhe pedido provas. Ora, aqui estava a prova! Foi por isso<br />
que o coelho casou com a Chipha, porque ela ficou muito envergonhada<br />
com a situação. Pois foi…<br />
Narrativa adaptada ao oral espontâneo a partir de Lourenço do Rosário,<br />
“O coelho e a hiena”, in Contos Africanos. Lisboa, Texto Editora, 2001, pp. 9-10.<br />
Faixa n. o 4<br />
Havia em tempos uma pobre velha que tinha três filhas: as<br />
duas mais velhas eram lavadeiras e a mais nova era ainda<br />
muito criança. As duas mais velhas tinham muito má vontade<br />
à sua velha mãe. De uma vez aconselharam a mãe a que as<br />
fosse ajudar no seu serviço e lá a mataram enterrando o corpo<br />
na ribeira e levando a cabeça para casa, no intuito de a enterrar<br />
no quintal, como efetivamente a enterraram. A filha<br />
mais nova estranhou a falta da mãe e desconfiou das irmãs.<br />
Espreitou-as e viu que elas tinham enterrado qualquer coisa<br />
no quintal.
Quando as irmãs no dia seguinte foram para o lavadouro,<br />
foi ela ao quintal, cavou e encontrou a cabeça da mãe, que a<br />
aconselhou a que a enterrasse à porta da sua casa. A pequena<br />
isso fez.<br />
Passaram-se alguns anos, e no lugar onde a cabeça fora<br />
enterrada nasceu uma pereira, cujas peras eram belas e muito<br />
saborosas, notando-se porém que quando as mais velhas iam<br />
colher as peras, a árvore subia tão alta que nunca as alcançavam,<br />
e só à mais nova era lícito colher as peras.<br />
Passou por ali um príncipe que ficou tão agradado do sítio<br />
e da formosura da mais nova, que casou com esta e mandou<br />
formar no lugar da casa um lindo jardim e perto um bonito palácio.<br />
Ficou ali vivendo o príncipe com a sua esposa e acolheu<br />
no palácio as suas duas cunhadas. É claro que estas<br />
tinham ódio à sua irmã por ter a dita de casar com um príncipe<br />
poderoso. Quando esta estava para dar à luz uma criança,<br />
teve o príncipe de ir a uma guerra. Ali recebeu ele das cunhadas<br />
uma carta, informando-o de que a sua esposa parira<br />
um bicho em vez de um menino e que elas se tinham visto<br />
forçadas a matar o bicho.<br />
Teve o príncipe muita pena deste sucesso, e quando voltou<br />
conversou com a sua esposa a tal respeito.<br />
– Tenho a certeza, respondeu a esposa, de que quando tive<br />
o meu filho, o ouvi chorar e os seus vagidos eram de uma<br />
criança, no entanto minhas irmãs afirmam que era um bicho.<br />
Dois anos depois concebeu ela outro filho, que, por infelicidade,<br />
nasceu quando o príncipe estava noutra guerra e novamente<br />
recebeu ele de suas cunhadas a triste notícia de que<br />
lhe nascera outro bicho.<br />
Esta notícia foi-lhe muito desagradável, e o príncipe, quando<br />
voltou, vinha muito triste e doente.<br />
Não se atrevia a injuriar a esposa, cujas virtudes eram<br />
superiores a qualquer mau juízo, e por isso limitava-se a<br />
andar triste e a meter-se num quarto sem aparecer a ninguém.<br />
Neste estado se conservou durante cinco anos. Sua<br />
mulher sofria horrivelmente e as irmãs aconselharam-na a<br />
dar um passeio pelo jardim. Foi uma tarde ao jardim na companhia<br />
das irmãs e aproximou-se da grande pereira, cujos<br />
ramos ensombravam a boca da fonte, que o príncipe em tempos<br />
abrira junto da pereira.<br />
Quando ali chegou veio subitamente à memória o crime das<br />
irmãs, em matar sua mãe. Como alucinada chegou à boca da<br />
fonte e olhou para baixo, mas as irmãs pegaram-lhe pelos pés<br />
e lançaram-na na fonte, pondo-se em seguida a gritar e a pedir<br />
socorro, fazendo crer que sua irmã, desgostosa da tristeza do<br />
príncipe, se afogara na fonte. Ficou o príncipe contristíssimo<br />
com mais esta infelicidade e começou a manifestar indícios de<br />
loucura. Então os conselheiros tomaram muito a sério o futuro<br />
do reino e instaram com o rei que saísse a passeio.<br />
Uma tarde foi o rei com os conselheiros passear pelo jardim<br />
e aproximou-se da fonte. Olhou para o fundo e pareceu-lhe<br />
ver lá em baixo uma criança que o chamava. Gritou pelos conselheiros<br />
e contou-lhes o que via lá em baixo, mas eles, supondo<br />
ser indício de loucura, tentaram afastá-lo dali.<br />
– Não, não, não saio daqui — disse o rei energicamente —<br />
deitem imediatamente ao fundo do poço um balde e em seguida<br />
puxem pelo balde.<br />
Por comprazer, os conselheiros obedeceram, e qual foi o<br />
seu espanto quando dentro do balde subiu uma criança muito<br />
formosa, que pediu que tornassem a lançar à fonte o balde.<br />
Atiraram o balde segunda vez e veio uma menina, mais nova,<br />
e igualmente formosa, e ambos pediram que lançasse novamente<br />
o balde. À terceira vez subiu no balde a rainha!<br />
– O que vejo, senhora — exclamou o rei!<br />
Então a rainha disse: estas duas crianças são os nossos<br />
dois filhos que as minhas irmãs lançaram à fonte apenas nascidos.<br />
Também minhas irmãs, à falsa fé, me arrojaram para<br />
dentro desta fonte, felizmente porém, a Virgem se compadeceu<br />
de nós e ali nos tem conservado. Vês esta pereira? Pois<br />
esta pereira tem as raízes metidas na caveira de minha mãe e<br />
que minhas irmãs igualmente assassinaram.<br />
O rei voltou furioso para o palácio acompanhado da rainha<br />
e dos filhinhos. Logo que as duas irmãs os avistaram das janelas<br />
do palácio atiraram-se abaixo e morreram esmigalhadas<br />
na queda.<br />
Xavier Ataíde de Oliveira, in Contos tradicionais do Algarve, I volume,<br />
Edição Vega, 1989.<br />
Faixa n. o 5<br />
Transcrição dos Documentos Áudio<br />
Os miúdos saltaram da camioneta, carregados de sacos,<br />
cestos, garrafas, principalmente de muito entusiasmo.<br />
Pousaram o farnel nas mesas redondas, feitas de mós de<br />
moinhos, que em vez de moerem farinha serviam de apoio a<br />
piqueniques, e embrenharam-se pela mata, enquanto as duas<br />
professoras, alarmadas, gritavam:<br />
– Nada de aventuras! Almoçamos primeiro e vamos passear<br />
depois.<br />
– Vocês ainda se perdem!<br />
O motorista largou atrás deles, chamando para a direita,<br />
ameaçando para a esquerda e dentro de um quarto de hora<br />
os aventureiros trocavam os mistérios da floresta por uma<br />
sanduíche de queijo ou um copo de sumo.<br />
Todos, menos o Alfredo. Aquele era sempre assim: o mais decidido,<br />
o mais teimoso, o mais independente, o que mais arrelias<br />
causava.<br />
31
32<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Tinha-se escondido junto duns arbustos para que o motorista<br />
o não descobrisse e, enquanto ali estava, agachado, com<br />
a respiração suspensa, notou um ligeiro movimento entre as<br />
folhas. Que bicho seria?<br />
O que em seguida viu deixou-o espantado. Duas criaturinhas,<br />
pequeninas como ratos, gesticulavam e davam estalidos<br />
com os dedos. Estendeu a mão para as agarrar, mas já<br />
elas corriam pela caruma, aos ziguezagues, a fugir. Perseguiu-as<br />
perdendo-as aqui, encontrando-as acolá, assim se<br />
afastando até desembocar numa clareira onde uma geringonça<br />
de metal azul brilhava. Era para aí que os estranhos<br />
seres se dirigiam.<br />
– Ah! – decidiu o Alfredo – não me podem escapar.<br />
Com ganas de caçador precipitou-se, agarrando um deles.<br />
– Maldito! – gemeu baixinho, sentindo os dentes afiados<br />
cravarem-se na carne. Apertou-o mais, contorcido de dor, enquanto<br />
via o outro alcançar a pequena nave e sumir-se nela,<br />
céu fora.<br />
Só então atentou bem a mão, que escorria sangue e dentro<br />
da qual deixara de se agitar a criatura. Abriu-a. Um homenzinho<br />
em miniatura, com duas antenas no cocuruto da<br />
cabeça e rabo de esquilo, jazia ali. Abanou-o. Soprou-lhe. Não<br />
dava acordo de si.<br />
Tinha-o matado pela certa. Paciência. Enrolou-o no lenço,<br />
meteu-o na algibeira. Tratou então de encontrar o caminho de<br />
regresso.<br />
Mas a floresta parecia um labirinto. Pensava reconhecer<br />
um atalho, um pinheiro manso, um penhasco... enganava-se.<br />
Viera num tal frenesim, só com os olhos fitos nas criaturas<br />
verdes, que era impossível orientar-se. Chamava. Onde estavam<br />
os colegas? Ninguém lhe respondia.<br />
Já o Sol ia declinando e as sombras pareciam gigantes deitados,<br />
quando ouviu o trote de um cavalo. O guarda-florestal!<br />
Correu para ele.<br />
– Sabe dizer-me onde é o parque dos piqueniques?<br />
– Levo-te até lá, rapaz. Monta, que o cavalo pode com os<br />
dois e tu vens a deitar os bofes pela boca. Para que fugiste?<br />
Fazes ideia da aflição que causaste!<br />
Luísa Ducla Soares, Crime no expresso do tempo.<br />
Lisboa Editora, 1998.<br />
Faixa n. o 6<br />
O que podemos fazer para ajudar os nossos filhos a ser telespetadores<br />
críticos e a fazer boas escolhas em relação à televisão?<br />
Antes de mais, devemos ajudá-los a separar os factos da<br />
ficção. Conversar sobre a forma como as personagens da TV<br />
resolvem os seus problemas e tentar propor outras soluções<br />
melhores ou mais reais. Discutir sobre a violência na televisão,<br />
tentar perceber porque é que ocorreu e ver se seria possível<br />
encontrar uma solução não violenta para a mesma<br />
situação. Explicar às crianças que as histórias da TV não são<br />
reais, e propor-lhes que construam elas próprias histórias que<br />
gostariam de ver no seu programa favorito.<br />
Podemos também ajudar os nossos filhos a ser consumidores<br />
informados. Conversar sobre o que os anúncios propõem<br />
que compremos e analisar se são mesmo coisas boas<br />
para as pessoas, por exemplo, a comida plástica ou os refrigerantes.<br />
Comparar os brinquedos que comprámos com as<br />
características dos anúncios respetivos.<br />
Devemos, também, ensinar os nossos filhos, desde pequenos,<br />
a ter bons hábitos de ver televisão. Estabelecer limites<br />
nos horários de televisão e planear quais os programas a ver,<br />
evitar ver televisão ao acaso. Podemos preparar um esquema<br />
semanal, construindo a nossa própria TVGuia familiar. Não<br />
devemos pôr televisores nos quartos das crianças e devemos<br />
desligar o televisor quando se está a fazer outras atividades,<br />
como trabalhos de casa ou nas horas de refeição. Claro que<br />
ajuda muito ver televisão em família e ir conversando sobre o<br />
que se está a ver.<br />
Temos sempre que nos lembrar que quem deve ter o controlo<br />
é o telespetador. Não o televisor. Se a família estabelecer<br />
regras em relação à TV e as cumprir, então consegue<br />
manter o controlo da situação e, com a prática, toda a família<br />
aprenderá a ter bons hábitos de ver televisão e boa capacidade<br />
crítica. E, assim, em qualquer situação, com supervisão<br />
ou sem ela, os nossos filhos terão os instrumentos de que necessitam<br />
para interpretar o que veem na televisão.<br />
Clínica Geral - TSF<br />
Faixa n. o 7<br />
Cadillac V16<br />
A Cadillac superou a concorrência e surpreendeu o mundo<br />
quando, em dezembro de 1929, apresentou o seu novo motor V16.<br />
Alguns dos padrões de qualidade deste motor eram, no<br />
mínimo, surpreendentes: usava o acabamento cromado em<br />
todos os parafusos e tubos à vista, enquanto que as tampas<br />
das válvulas eram de alumínio, contrastando com a pintura<br />
preta das restantes peças. Os tubos de escape estavam pintados<br />
com uma cerâmica negra para suportar o intenso aquecimento<br />
e todos os cabos e fios do motor estavam escondidos.<br />
O motor V16 era, pois, impressionante por fora e por dentro.<br />
Por todas as suas capacidades, era impossível ao Cadillac V16
cumprir mais de 15 km com menos de 3 litros de combustível,<br />
mantendo um consumo de óleo elevado. A sorte é que nos anos<br />
30, tanto a gasolina como os lubrificantes eram baratos nos<br />
Estados Unidos e quem pagava milhares de dólares por um<br />
automóvel não ligava a esses custos menores.<br />
O chassis do V16 foi construído para proporcionar conforto.<br />
Mesmo assim, era suficientemente rígido para receber uma<br />
grande variedade de carroçarias, desde o cabriolet de dois lugares<br />
até às impressionantes limusinas.<br />
“100 Melhores Automóveis do Século”, in Revista Turbo, 1999, pp. 52-53.<br />
Faixa n. o 8<br />
Diálogo entre duas veraneantes, na Foz do Arelho<br />
A – Ora cá está a Tia Madalena. Desde o verão passado que<br />
não nos vemos.<br />
B – É verdade, D. Fátima. Mais um ano que passou. É tão bom<br />
vê-la por cá, na Foz do Arelho. Tem feito muito calor em Lisboa,<br />
o que me fez desejar imenso regressar a esta praia. Mas, traz<br />
o braço engessado.<br />
A – Nem sabe o que me aconteceu quando fui passar três<br />
dias a Bertelhe, terra dos meus pais, que fica na freguesia de<br />
Cepões, concelho e distrito de Viseu. Bem. A minha mãe<br />
pediu-me que fosse buscar um caldeiro de água, que estava<br />
logo ali, à minha beira, para que começasse a limpeza da<br />
casa a eito. Ela precisava dele no sótão e, quando vou a subir<br />
as escaleiras, escorrego e caio no chão. Por sorte não fiquei<br />
espetada numa seitoira, que o meu pai usa para ceifar, que<br />
ainda me rasgou a saia. Gritei pelo meu pai, que tinha ido<br />
pôr uma saca de espigas no canastro, mas não me respondeu.<br />
Gritei por minha mãe, que só dizia ao meu filho mais<br />
novo, que estava a lanchar, “Come p’ra baixo, para cresceres<br />
muito”, o que mais me irritava.<br />
B – Coitada! E depois, conseguiu levantar-se?<br />
A – Para ver se alguém reparava no que estava a acontecer,<br />
comecei a dizer “Ó mãe, não botes o comer p’ra gente! Não<br />
vês que caí aqui p’ia abaixo?” Lá apareceram todos e me acudiram.<br />
Disse por fim “Bem haja!”. Fui ao hospital e foi então<br />
que percebi que tinha o braço partido.<br />
B – O que é muito desagradável nesta altura do ano, uma vez<br />
que não pode ir ao mar… Mas pode contar com a minha ajuda<br />
para tudo o que precise. Mais uma vez conseguimos alugar<br />
barracas na mesma fila e mais uma vez vamos ser vizinhas.<br />
A – Sim, é sempre bom recordar amigos e poder conviver com<br />
eles todos os verões.<br />
Faixa n. o 9<br />
Frei João Sem-Cuidados<br />
Transcrição dos Documentos Áudio<br />
O rei ouvia sempre falar em Frei João Sem-Cuidados como<br />
um homem que não se afligia com coisa nenhuma deste<br />
mundo:<br />
– Deixa estar, que eu é que te hei de meter em trabalhos!<br />
Mandou-o chamar à sua presença e disse-lhe:<br />
– Vou dar-te uma adivinha e se dentro de três dias não me<br />
souberes responder, mando-te matar. Quero que me digas: 1. o<br />
Quanto pesa a Lua? 2. o Quanta água tem o mar? 3. o Que é que<br />
eu penso?<br />
Frei João Sem-Cuidados saiu do palácio bastante atrapalhado,<br />
pensando na resposta que havia de dar a cada uma daquelas<br />
perguntas. O seu moleiro encontrou-o no caminho e<br />
estranhou ver o frade tão macambúzio e de cabeça baixa.<br />
– Olá, Frei João Sem-Cuidados, então porque é que está tão<br />
triste?<br />
– É que o rei disse-me que me mandava matar se dentro de<br />
três dias não lhe respondesse quanto pesa a Lua, quanta água<br />
tem o mar e que é que ele pensa!<br />
O moleiro desatou a rir e disse-lhe que não tivesse cuidado,<br />
que lhe emprestasse o hábito de frade, que ele iria disfarçado<br />
e havia de dar boas respostas ao rei.<br />
Passados três dias, o moleiro, vestido de frade, foi pedir<br />
audiência ao rei. Este perguntou-lhe:<br />
– Então quanto pesa a Lua?<br />
– Saberá Vossa Majestade que não pode pesar mais de um<br />
arrátel, pois todos dizem que ela tem quatro quartos.<br />
– É verdade. E agora: quanta água tem o mar?<br />
– Isso é muito fácil de saber. Mas como Vossa Majestade só<br />
quer saber a água do mar, é preciso primeiro mandar tapar<br />
os rios, porque sem isso nada feito.<br />
O rei achou bem respondido, mas, zangado de ver o Frei<br />
João Sem-Cuidados a escapar-se às dificuldades, tornou:<br />
– Agora, se não souberes que é que eu penso, mando-te<br />
matar!<br />
O moleiro responde:<br />
– Ora, Vossa Majestade pensa que está a falar com Frei<br />
João Sem-Cuidados e está mas é a conversar com o seu moleiro.<br />
Deixou cair o capucho de frade e o rei ficou pasmado com<br />
a esperteza dele.<br />
Contos Populares Portugueses – “Antologia, (org. e prefácio de Viale<br />
Moutinho), Livros de Bolso Europa-América, s.d., p. 121.<br />
33
34<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Faixa n. o 10<br />
Geografia e natureza<br />
O Japão é constituído por cerca de 3500 ilhas, que constituem<br />
os cumes de uma cadeia montanhosa localizada abaixo<br />
da superfície do mar e originariamente ligada ao continente.<br />
Estas ilhas formam uma espécie de arco extenso a leste do<br />
continente asiático, encontrando-se separadas deste pelo mar<br />
do Japão. As quatro ilhas principais, Hocaido, Honshu, Shikoku<br />
e Kyushu, abrangem 97% do território total.<br />
Honshu – sob o signo do monte Fuji<br />
A ilha de Honshu é de longe a mais importante, ocupando,<br />
com os seus mais de 230 000 quilómetros quadrados, o oitavo<br />
lugar entre as maiores ilhas do mundo.<br />
A ilha é atravessada por algumas cadeias montanhosas<br />
muito pronunciadas. Situa-se aqui também o conhecido símbolo<br />
do Japão, o monte Fuji, um vulcão extinto que constitui o<br />
ponto mais elevado (3776 metros). O centro desta ilha, de 1000<br />
km de comprimento e 240 km de largura, é a zona tectonicamente<br />
mais ativa, devido ao facto de ser o ponto de encontro<br />
de duas cadeias montanhosas.<br />
Tufões e “chuva das ameixas”<br />
A entrada de massas de ar frio da Sibéria e a corrente fria<br />
de Oyashio contribuem para a queda abundante de neve na ilha<br />
de Hocaido. Aqui, os invernos são bem mais rigorosos do que<br />
noutras regiões da mesma latitude. Enquanto em março o<br />
clima em Hocaido é ainda agreste, nas ilhas do Sul, que se encontram<br />
sob a influência da corrente quente de Kuroshio, as<br />
cerejeiras encontram-se já em flor. A época principal das chuvas<br />
de Verão começa aqui, neste clima subtropical, com a chamada<br />
“chuva das ameixas”. Mais para norte, estas chuvas<br />
favoráveis tardam um pouco mais.<br />
Os meses de julho a setembro são especialmente propícios<br />
a tufões, que ocorrem principalmente no Sul e provocam<br />
consideráveis danos devido às altas velocidades do vento.<br />
Uma vida para a empresa?<br />
Os japoneses trabalham em média muito mais horas e dispõem<br />
de muito menos tempo livre do que os trabalhadores<br />
europeus. Consideram natural ficar no emprego até tarde.<br />
Às vezes nem aos sábados conseguem desligar-se da empresa:<br />
neste dia é frequente serem organizadas excursões<br />
para os funcionários. Muitos não aproveitam a totalidade do<br />
tempo de férias a que têm direito. Esta atitude não se baseia<br />
necessariamente numa obsessão pelo trabalho, mas é frequentemente<br />
resultado de uma pressão laboral impiedosa. Algumas<br />
pessoas tentam compensar esta pressão através da participação<br />
em cursos de budismo zen – o que obviamente apenas<br />
podem fazer quando dispõem de um fim de semana livre!<br />
Uma nação cortês e de muita delicadeza<br />
As regras de delicadeza japonesas distinguem-se, em muitos<br />
aspetos, das europeias. Dizer “não”, por exemplo, não é considerado<br />
de bom tom no Japão. Por outro lado, um “sim” pronunciado<br />
de maneira menos firme pode não ser identificado como<br />
uma expressão de consentimento. Ao entrar numa casa, as pessoas<br />
tiram os sapatos e colocam-nos no chão, com a ponta dos<br />
mesmos virada para a porta de entrada. Ao cumprimentarem-<br />
-se, os japoneses têm por hábito fazer uma vénia e os títulos<br />
académicos são de grande importância.<br />
In Geografia do Mundo – Ásia. Rio de Mouro, Círculo de Leitores,<br />
2006, pp. 44-47.<br />
Faixa n. o 11<br />
E do passado fez-se futuro<br />
A tradição já não é o que era, o que não significa que tenha<br />
de ser uma coisa completamente diferente. O galo de Barcelos<br />
e o Santo António ganharam novas cores, há azeite à venda<br />
em packs de turismo, as bolachas das nossas avós são gourmet<br />
e o fado afinal é música pop. O saudosismo está aí, só se virou<br />
um pouco de pernas para o ar.<br />
Não interessa se está com a típica batina castanha ou não.<br />
O Santo António é sempre o Santo António e a fama de casamenteiro<br />
ultrapassa-o, mesmo que ele apareça pintado em<br />
cores pop, como o cor-de-rosa forte ou o amarelo. "Quando os<br />
tinha na loja via muitas raparigas a falarem com ele", recorda<br />
Nuno Brandão, de 37 anos, o designer responsável pela ideia.<br />
Conta-se que basta escrever um papel com o nome do namorado,<br />
deixá-lo aos pés do santo e depois virá-lo com a cara<br />
para a parede. O pedido de casamento vai surgir a qualquer<br />
momento e depois, para lhe mostrarmos gratidão, o santo<br />
volta a encarar o mundo de frente. Agora só a crença é que é<br />
antiga. O Santo António, esse, já é um homem moderno.<br />
"Partiu tudo de uma experiência. É como o ovo de Colombo.<br />
Vi os santos em barro à venda numa loja e pensei: porque não<br />
pintá-los à minha maneira? Comecei com quatro ou cinco, passado<br />
um mês já me estavam a encomendar 30 ou 40 e agora<br />
ultrapassa isso largamente", diz Nuno. Tinha uma loja com<br />
vista para a estátua de Santo António em Lisboa e esta foi a
primeira peça criada por si mesmo que lá vendeu. Agora a loja<br />
está fechada e o santo vale por si, num negócio que é gerido<br />
através da internet como Goma 386. Não são os sonhos<br />
das meninas casadoiras que alimentam o sucesso da ideia.<br />
Nem as meninas hoje em dia querem assim tanto casar, nem<br />
os santos continuam assim tão bem cotados. "Os mais velhos<br />
até podem comprar pelo factor religioso. Mas a imagem, como<br />
eu a apresento, foge a isso. Os mais jovens compram porque<br />
o kitsch está na moda e porque querem decorar a casa de uma<br />
forma moderna, com um toque de design."<br />
Ou seja, o símbolo está lá mas já é outra coisa. O espírito<br />
que desponta deste tipo de criações dá ao saudosismo outra<br />
dimensão. Estes portugueses não querem apenas olhar para<br />
os produtos que nos lembram das nossas raízes e do nosso<br />
passado com um sorriso nostálgico. Olham, mas com os olhos<br />
postos noutro horizonte.<br />
In Revista Nós, n. o 15, de 15/08/2009.<br />
Faixa n. o 12<br />
Mãe: Olha, ontem vieste ao centro comercial com a Rita?<br />
Filha: Sim, ahh… fomos a uma loja de jogos fantástica… é<br />
nova… ahh… tem duas secções: uma só para jogos novos…<br />
ahh… tu sabes, as novidades e assim com jogos novos… a<br />
outra é a secção dos jogos mais antigos… tipo saldos… havia<br />
lá um que eu gostava mesmo de ter… estás a ver…<br />
Mãe: humm… estou a ver… e só foram a essa loja?<br />
Filha: Não, depois fomos comer um gelado lá acima e, por<br />
acaso encontrámos a Joana e o Pedro. Estivemos um bom<br />
bocado na conversa e a rir. Depois fomos ver um filme… ahh…<br />
até comprámos pipocas e tudo…<br />
Mãe: Ahh… por isso não fizeste nada do que te pedi…<br />
Filha: Boa!… já não me lembro de nada… o que me pediste?<br />
Mãe: Bom, vais ao hipermercado lá em baixo e compras pão,<br />
leite e alguns iogurtes. Depois, passas pela papelaria e compras<br />
o jornal de hoje.<br />
Filha: Ai, ai… está bem… mas isso não é nada divertido!<br />
Faixa n. o 13<br />
Diálogo entre um guia e uma turma que vai seguir o roteiro<br />
de José Rodrigues Miguéis.<br />
Guia: Bom dia! Vamos dar início a esta viagem por Lisboa para<br />
conhecer alguns lugares frequentados e muito amados por<br />
José Rodrigues Miguéis. O que conhecem sobre o escritor?<br />
Transcrição dos Documentos Áudio<br />
Aluno: Foi um escritor que viveu muitos anos nos Estados Unidos.<br />
Guia: Sim, ele foi um grande romancista que partiu para os Estados<br />
Unidos em busca de liberdade. Viveu lá 42 anos e em<br />
Portugal 37. Mas embora dominasse perfeitamente a língua inglesa,<br />
ele só publicou livros em português e a sua obra constitui<br />
um brilhante testemunho da vida alfacinha nas primeiras<br />
décadas do século XX.<br />
Aluno: Ele faleceu nos Estados Unidos?<br />
Guia: Sim, faleceu em Nova Iorque, em 1980.<br />
Aluno: Quais são as suas obras mais importantes?<br />
Guia: São várias: Léah e outras histórias, A Escola do Paraíso,<br />
O Milagre segundo Salomé, Páscoa Feliz…<br />
Aluno: Nas suas obras, ele vai descrevendo Lisboa…<br />
Guia: Sim, ele mantém na sua obra uma nítida imagem da pátria<br />
e nós vamos visitar agora alguns dos lugares que evoca. Estão<br />
preparados? Bem, José Rodrigues Miguéis nasceu a 9 de dezembro<br />
de 1901 na encosta do Castelo, numa mansarda virada<br />
para o Tejo. Aqui estamos nós, no Castelo de São Jorge, que<br />
domina a colina onde nasceu Lisboa. Se subirmos às muralhas<br />
recentemente restauradas, alcançaremos a visão de 360 graus<br />
da velha Lisboa.<br />
Aluno: Há personagens dos seus livros que viveram por aqui?<br />
Guia: Sim, há. Descendo pela porta de São Jorge, chegamos à<br />
rua do Chão da Feira onde em épocas longínquas se armava<br />
feira; podemos enveredar pela rua dos Milagres de Santo António,<br />
onde viveram Salomé e Gabriel, personagens-chave de O<br />
milagre segundo Salomé. Esta rua vai confinar com o largo de<br />
Loios, cuja designação deriva do convento de Santo Eloi. Este<br />
convento, cujo nome Miguéis insistiu sempre em escrever à<br />
moda antiga, Loyos com y, é várias vezes referido na obra.<br />
Aluno: Chegámos ao cimo da rua do Limoeiro mas não vejo nenhum<br />
limoeiro…<br />
Guia: Vês uma árvore tropical com cerca de 300 anos. Aquele<br />
edifício ali, hoje ocupado pelo Centro de Estudos Judiciários, já<br />
foi uma prisão, de que Miguéis fala na Escola do Paraíso.<br />
Aluno: Gostava de conhecer a rua onde nasceu o escritor.<br />
Guia: É a rua da Saudade. Quando lá chegarmos, procurem um<br />
velho prédio com o n. o 12. Mas os pais do romancista também<br />
viveram na travessa de Santo António, onde foi dado à luz o filho<br />
mais velho.<br />
Aluno: E onde fica a escola primária frequentada pelo escritor?<br />
Guia: Podemos ir à rua da Madalena, onde desemboca a rua das<br />
Pedras Negras. Aí se situava uma das diversas escolas primárias<br />
que o romancista frequentou.<br />
35
36<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Aluno: Há com certeza outras ruas por onde ele brincou na infância…<br />
Guia: Sim, por exemplo a rua de Santa Justa faz parte do mundo<br />
da infância de Miguéis. Aí, no actual n. o 70, ficava a entrada para<br />
um dos mais emblemáticos hotéis da capital, o Hotel Francfort,<br />
fundado em 1867. Ele refere-se a ele na Escola do Paraíso.<br />
Aluno: E qual o café preferido de José Rodrigues Miguéis?<br />
Guia: Fica no Chiado. É lá também que encontramos duas livrarias<br />
frequentadas pelo escritor: a Bertrand e a Sá da Costa. Mas<br />
sabem onde vamos terminar o nosso percurso?<br />
Alunos: Não.<br />
Guia: Na praça Luís de Camões. A revista Seara Nova mudou-se<br />
para lá, para o n. o 46, 2. o andar. E Miguéis foi, desde 1923, um colaborador<br />
assíduo dessa revista como ilustrador, contista, crítico<br />
e articulista.<br />
Alunos: Que grande homem!<br />
Faixa n. o 14<br />
Luísa Ducla Soares (texto) e Luís Félix (ilustração),<br />
Roteiro de José Rodrigues Miguéis – do Castelo ao Camões.<br />
Câmara Municipal de Lisboa, 2001 (adaptado).<br />
Este livro não é uma antologia e muito menos uma antologia<br />
panorâmica. Constituído por obras de poetas de todos<br />
os países de língua oficial portuguesa, é um livro de iniciação,<br />
destinado à infância e à adolescência e onde procurei<br />
reunir poemas que, sendo verdadeira poesia, sejam também<br />
acessíveis.<br />
É possível que muitos considerem este livro difícil. Mas a<br />
cultura é feita de exigências. Por isso afastei o infantilismo, o<br />
simplismo. Uma criança é uma criança mas não é um pateta.<br />
Organizei a minha escolha começando pelos poemas mais<br />
simples e caminhando de página em página até ao tempo da<br />
adolescência.<br />
Não fiz divisões etárias. Nunca sabemos bem o que uma<br />
criança entende ou não entende e quais os caminhos do seu<br />
entendimento. Aliás, como os adultos, as crianças são diferentes<br />
umas das outras. As mais sensíveis às imagens, ao ritmo,<br />
às assonâncias e ressonâncias, terão do poema uma perceção<br />
mais precoce. O livro está por isso aberto a todos para que a<br />
todos esteja aberto o acesso à sua plena possibilidade.<br />
Espero que estes poemas sejam lidos em voz alta, pois a<br />
poesia é oralidade. Toda a sua construção, as suas rimas, os<br />
jogos de sons, a melopeia, a síntese, a repetição, o ritmo, o<br />
número, se destinam à dicção oral.<br />
A poesia é a continuação da tradição oral. E é mestra da<br />
fala: quem, ao dizer o poema, salta uma sílaba, tropeça, como<br />
quem ao subir uma escada falha um degrau.<br />
Por isso, para que a leitura em voz alta se entenda e seja<br />
bela, é necessário que a dicção seja clara, nítida, bem silabada<br />
e bem ritmada. As diferenças de sotaque não criam problema<br />
algum, pois cada sotaque tem a sua beleza própria.<br />
E é importante aprender o poema de cor, pois o poema decorado<br />
fica connosco e vai-nos revelando melhor, sempre que<br />
o repetimos, o seu sentido e a beleza da sua linguagem e da<br />
sua construção.<br />
Partindo da possibilidade criada por uma língua comum,<br />
este livro é um lugar de encontro onde ponho lado a lado poemas<br />
de diversas nações, diversos continentes e diferentes<br />
culturas. Tentei destacar o que há de particular e o que há de<br />
universal em cada povo. Se os poemas portugueses são mais<br />
numerosos não é porque eu queira privilegiar a poesia do meu<br />
país mas porque tive de escolher ao longo de quase nove séculos<br />
de escrita.<br />
Em África como em Timor, os poemas que as crianças e<br />
os jovens ouvem desde a primeira infância são poemas em<br />
línguas africanas ou timorenses e que pertencem às riquíssimas<br />
e antigas tradições desses povos. Por outro lado, dada<br />
a atual dificuldade na circulação de livros, para ler tudo<br />
quanto em língua portuguesa se tem publicado em todos os<br />
países de língua oficial portuguesa, seria necessário uma<br />
longa e difícil investigação que não está dentro das minhas<br />
possibilidades.<br />
Aliás, a dificuldade em encontrar poesia timorense e africana<br />
própria para a infância foi uma das razões que contribuiu<br />
para, neste primeiro livro, eu dar um espaço maior à poesia<br />
para a adolescência – que aliás foi quase sempre escolhida<br />
entre obras para adultos. Num livro mais infantil a grande<br />
maioria dos textos seria quase só brasileira e portuguesa, o<br />
que viria a diminuir a diversidade que nesta seleção busquei.<br />
Por isso, dentro da informação que estava ao meu alcance,<br />
tentei fazer o livro possível, sabendo que, necessariamente,<br />
teria lacunas.<br />
Mas penso que este primeiro passo abre caminho e outros<br />
poderão, dentro do mesmo esquema ou de esquemas aproximados,<br />
fazer obras mais completas.<br />
(…)<br />
Sophia de Mello Breyner Andresen. “Posfácio”,<br />
in Primeiro Livro de Poesia, Caminho, 1991.
Faixa n. o 15<br />
Liberdade<br />
Sérgio Godinho<br />
Composição: Sérgio Godinho<br />
Viemos com o peso do passado e da semente<br />
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente<br />
e a sede de uma espera só se estanca na torrente<br />
e a sede de uma espera só se estanca na torrente<br />
Vivemos tantos anos a falar pela calada<br />
Só se pode querer tudo quando não se teve nada<br />
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada<br />
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada<br />
Só há liberdade a sério quando houver<br />
A paz, o pão, habitação, saúde, educação<br />
Só há liberdade a sério quando houver<br />
Liberdade de mudar e decidir<br />
quando pertencer ao povo o que o povo produzir<br />
quando pertencer ao povo o que o povo produzir.<br />
Faixa n. o 16<br />
Neptuno era um deus romano do mar, inspirado na figura<br />
grega do deus Posídon. O planeta Neptuno provavelmente recebeu<br />
este nome devido à sua cor-azul-marinho".<br />
Neptuno era filho de Saturno e de Reia e irmão de Júpiter,<br />
Juno e Plutão. Na partilha do Universo feita por Júpiter,<br />
coube-lhe o império das águas, e passou a ser o deus do mar.<br />
Reia salvou-o da voracidade de seu pai, como salvara Júpiter,<br />
e encarregou uns pastores de o criarem. Quando já era<br />
homem, casou com Anfitrite, filha do Oceano e de Dóris,<br />
deusa do mar. Foi expulso do céu e, para viver, teve de ir<br />
tomar parte na reconstrução das muralhas de Tróia. Teve disputas<br />
com Minerva, filha de Júpiter e deusa da sabedoria, por<br />
causa do nome que se iria dar à nova cidade da Ática, que<br />
veio a chamar-se Atenas.<br />
Neptuno representa-se em figura majestática, sentado num<br />
coche em forma de concha, puxado por dois cavalos-marinhos,<br />
e um tridente na mão.<br />
Neptuno (mitologia). In Infopédia [Em linha].<br />
Porto, Porto Editora, 2003-2009.<br />
Faixa n. o 17<br />
Transcrição dos Documentos Áudio<br />
O pão na cozinha alentejana<br />
Mourejando em terras de seara, o pão predomina na mesa<br />
do alentejano, não apenas no açafate, mas condimentado no<br />
prato. Sem a batata, sem as couves que se migam no caldo,<br />
nem outras verduras que para o restante povo português são<br />
comuns, para estas bandas o pão desempenha um papel fundamental<br />
na cozinha e por isso impôs certas particularidades<br />
e preferências ao paladar. Vem a boiar na açorda, por entre as<br />
olhas do azeite, em vez do costumado talo de couve ou das vagens;<br />
faz-se em migas, amassadas no unto da frigideira, para<br />
acompanhar as carnes frias; aparece nos ensopados, substituindo<br />
a maioria das vezes com vantagem a batata do comum<br />
guisado, que é aqui principalmente de borrego ou cabrito,<br />
como aparece na surraburra, espécie de ensopado feito com as<br />
miudezas do porco; e, num delicioso prato estival, pitéu inconfundível,<br />
quando feito a preceito, comemo-lo dissolvido com o<br />
pepino e o tomate, no caldo grosso e frio do gaspacho.<br />
In Manuel Mendes, Roteiro Sentimental – A Sul do Tejo. Lisboa, 1965.<br />
37
5<br />
PROPOSTAS DE<br />
RESOLUÇÃO DE<br />
ATIVIDADES<br />
DESENVOLVIDAS<br />
EM TRABALHO<br />
DE GRUPO<br />
5<br />
5
40<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
O Casamento de Mimosa, Agustina Bessa-Luís<br />
:: LEITURA (Vol. 1, p. 86)<br />
Situações/Pessoas<br />
observadas<br />
Verbos de opinião<br />
(achar, parecer,…)<br />
Opinião de Lourença traduzida por…<br />
Associações<br />
D. Inês “Era como uma fada má”<br />
Carro de D. Inês “parecia uma cartola”<br />
Adjetivos,<br />
advérbios<br />
Menina “achava-a muito grosseira” Grosseira<br />
Casa da noiva “pareceu-lhe um castelo”<br />
Noiva<br />
“parecia desesperada”<br />
“tornou-se uma senhora<br />
casada com ares sérios e<br />
investigadores”<br />
Amigas da noiva “pareciam-lhe todas bonitas”<br />
“como se ela não soubesse<br />
andar”<br />
“vestidas como estrelas de<br />
cinema”<br />
“cara avermelhada e<br />
espinhenta”.<br />
Casada<br />
Sérios<br />
Investigadores<br />
Bonitas<br />
D. Inês “limpava os olhos tristemente”<br />
Bananas<br />
D. Inês<br />
Sr. Gordo<br />
Fim de festa<br />
“parecia-lhe que iam descobrir<br />
quantas bananas comera”<br />
“aquilo dava a impressão de<br />
coisa ordinária”<br />
Dentes de Rato, Agustina Bessa-Luís<br />
:: LEITURA / EXPRESSÃO ORAL (Vol. 1, pp. 87-89)<br />
Grupo um: O Pai<br />
“preocupada como se fosse uma<br />
criada”<br />
“era talvez uma ogre com a<br />
barriga cheia de carne assada”<br />
Excertos a considerar:<br />
• “O pai era sensacional uma vez por ano […] ela parecia uma cigana.» (p. 11);<br />
• “O pai era uma pessoa amável […] Uma vez comprou uma quinta, mas nunca ia lá.” (pp. 39-40)<br />
Elementos a identificar na caracterização do pai:<br />
• factos relativos ao pai: hábitos, atitudes, atitudes de outras personagens relativamente ao pai;<br />
• opiniões de Lourença relativamente ao pai.<br />
Preocupada
Propostas de resolução: tópicos.<br />
Grupo dois: A mãe e o Artur<br />
Propostas de Resolução de Atividades Desenvolvidas em Trabalho de Grupo<br />
Excertos a considerar:<br />
• Mãe: “Aos quatro anos, Lourença tirou o retrato […] De ferro não é.” (p. 9); “A mãe emprestava-lhe um leque […] mandá-la<br />
sair de casa.” (pp. 11-12); “A mãe procurava fazer de Lourença […] sair da cama.” (p. 16)<br />
• Artur: “Artur, o mais velho […] doze anos;” (p. 8); “Era a mãe quem se ocupava de tudo […] era impressionante.” (pp. 41-52)<br />
Elementos a identificar na caracterização da mãe:<br />
• factos relativos à mãe: hábitos, atitudes para com os filhos;<br />
• opiniões de Lourença relativamente à mãe.<br />
Elementos a identificar na caracterização de Artur:<br />
• factos relativos a Artur;<br />
• opiniões de Lourença a Artur.<br />
Propostas de resolução: tópicos.<br />
Factos relativos ao pai Opiniões de Lourença<br />
p. 11 p. 11<br />
No Carnaval comprava serpentinas e confetti. Sensacional uma vez por ano.<br />
p. 39 p. 39<br />
Levantava-se tarde.<br />
Nunca falava alto.<br />
Tinha uma voz rouca (ouvia-se mal).<br />
Não jantava em casa.<br />
Saía sempre às cinco da tarde bem vestido.<br />
Às vezes trazia presentes.<br />
Nunca se lembrava das datas dos aniversários.<br />
Não reparava nos presentes que as criadas davam às criadas.<br />
p. 40 p. 40<br />
Pessoa amável.<br />
Os presentes eram fabulosos.<br />
Ninguém podia ocupar o seu lugar na cabeceira da mesa. Era uma pessoa diferente das outras.<br />
p. 41<br />
Estava constantemente a mudar de ideias: comprava uma casa ou<br />
um automóvel e vendia-os logo.<br />
Gostava da ideia de ganhar dinheiro.<br />
Atitudes de outras personagens relativamente ao pai<br />
p. 39 p. 39<br />
A mãe lavava-lhe os pés e preparava-lhe comida especial. A mãe tratava-o com respeito.<br />
p. 40 p. 40<br />
Comprou um presente a Falco. Falco não ligava nada ao presente.<br />
Factos relativos à mãe Opiniões de Lourença<br />
p. 9 p. 9<br />
Levou Lourença a tirar um retrato com Falco.<br />
Tinha dores de cabeça e tomava umas pílulas de ferro pretas.<br />
Nunca percebeu nada dos gostos de Lourença.<br />
Os adultos mostravam-se muito agitados e tinham dores de cabeça<br />
se paravam.<br />
41
42<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
p. 11 p. 11<br />
No Carnaval emprestava um leque a Lourença e frisava-lhe o cabelo.<br />
Bateu muito a Lourença e disse que ela lhe causava grandes arrelias.<br />
Castigava Lourença mandando-a para o jardim.<br />
Nunca batia a Falco.<br />
Respeitava-o “como se fosse aia dele”.<br />
Não ouvia quando alguém o acusava.<br />
Não era levada a sério por Artur, que se ria dela.<br />
Isso desarmava-a.<br />
Quando Marta começou a namorar: elogiava-a constantemente e<br />
dava-lhe prendas.<br />
Passou a tratar Marta com cerimónia.<br />
Por vezes chorava e dizia que os filhos a abandonavam.<br />
p. 16 p. 16<br />
Procurava fazer de Lourença uma menina maravilhosa: dava-lhe<br />
vestidinhos de folhos.<br />
Grupo três: Marta<br />
Isto aborrecia-a.<br />
Factos relativos ao Artur Opiniões de Lourença<br />
p. 8 p. 8<br />
Mais velho dos irmãos. Tinha uma vida misteriosa.<br />
p. 42 p. 42<br />
Guiava um Ford velho. Não tinha idade para conduzir mas ninguém<br />
lhe dizia nada.<br />
Para evitar os buracos da estrada, aprendeu a passar pelo terreno<br />
de uma vizinha que tinha cães ferozes.<br />
Os cães não ladravam, só rosnavam.<br />
Não era perigoso andar por aquelas estradas.<br />
Era impressionante.<br />
Excertos a considerar:<br />
• “E, por fim o terceiro, uma rapariga […] mais aborrecida que há.” (p. 8); “Ela dormia no mesmo quarto com a irmã […] Marta<br />
lhe parecia.” (p. 14); “Quando viam Marta […] fosse bonita e ajuizada.” (pp. 20-21); “As grandes eram a coisa […] e não a<br />
deixassem.” (p. 27)<br />
Elementos a identificar na caracterização de Marta:<br />
• factos relativos a Marta: hábitos, atitudes relativamente aos colegas e aos irmãos;<br />
• opiniões de Lourença relativamente à Marta.<br />
Propostas de resolução: tópicos<br />
Factos relativos à Marta Opiniões de Lourença<br />
p. 8 p. 8<br />
Uma rapariga, mais velha.<br />
Passava o tempo a mudar de roupa, a falar ao telefone, a ler livros<br />
em voz alta.<br />
Mentia sobre o nome, dizendo que se chamava Helena ou Diana.<br />
Sofria desgostos com pormenores que ninguém via: era capaz de<br />
chorar durante duas horas porque o pai se rira do seu penteado.<br />
Parecia-se com uma pessoa adulta.<br />
Nem a considerava irmã.<br />
Tinha conversas incompreensíveis.<br />
Chamava a isto estudar.<br />
Punha-se muito tesa e com a cabeça de lado “como se estivesse<br />
num poleiro”.<br />
Achava-a uma senhora, a coisa mais aborrecida que há.<br />
Ficava espantada: Marta parecia outra pessoa.
p. 14<br />
Ocupava o espaço todo do quarto, com frascos, roupas, cartas,<br />
revistas,…<br />
Nunca se deitava sem sacudir as almofadas e os lençóis por causa<br />
das centopeias e das aranhas.<br />
p. 20 p. 20<br />
Esquecia-se de levar Lourença pela mão porque encontrava as<br />
amigas no caminho para o colégio.<br />
Conversava com as amigas.<br />
Nunca acabavam uma conversa.<br />
Davam gritos, empurravam-se e caíam do passeio.<br />
Levava os livros na mão, sem capa.<br />
p. 8<br />
Propostas de Resolução de Atividades Desenvolvidas em Trabalho de Grupo<br />
Factos relativos a Falco Opiniões de Lourença<br />
Era Francisco.<br />
Fazia asneiras (beber tinta de escrever vermelha; comer sabonete).<br />
p. 12 p. 12<br />
Espreitava as irmãs quando elas estavam no quarto e fazia isso<br />
com muita habilidade.<br />
p. 13 p. 13<br />
Gostava de sugerir quadros de terror.<br />
Falava de lagartas esmagadas, como se sangravam as lampreias.<br />
Sabia como se aplicavam sanguessugas atrás das orelhas das<br />
pessoas e como ficavam inchadas de sangue.<br />
(Marta) tinha sobre ele uma certa predileção.<br />
Sonhava sempre com perseguições e quedas de grande altura, e<br />
às vezes gritava e acordava toda a gente.<br />
Dormia num quarto que a mãe forrara de papel com árvores<br />
castanhas.<br />
Não era uma irmã muito prestável.<br />
Conversavam todas como se não se vissem há cem anos. Eram<br />
todas um bocado tolas.<br />
Gostava que vissem que era uma aluna adiantada.<br />
p. 21<br />
p. 27 p. 27<br />
Tinha doze anos.<br />
Esforçava-se por perceber as conversas das mais velhas.<br />
Fingia seguir todas as conversas e entrava nos segredos das mais<br />
velhas.<br />
Ficava corada e com ar humilde.<br />
Não se importava com a pouca atenção dada pela irmã.<br />
As grandes eram a coisa mais bonita que havia no colégio.<br />
Recebiam Marta no seu grupo por favor.<br />
Eram conversas complicadas.<br />
Ficava espantada: Marta parecia outra pessoa.<br />
Grupo quatro: Falco<br />
Excertos a considerar:<br />
• “Falco, que era Francisco […] coisas assim.” (p. 8); “Nunca se entendiam em conversas […] escuridão completa.” (pp. 12-13);<br />
“Quando Falco chegou à idade […] nem o ajudava muito.” (p. 15); “Falco combinou com Xerxes […] ela percebia.” (pp. 54-55)<br />
Elementos a identificar na caracterização de Falco:<br />
• factos relativos a Falco: hábitos, atitudes;<br />
• opiniões de Lourença relativamente a Falco.<br />
É muito difícil ser-se amigo íntimo dum irmão ou duma irmã.<br />
Gosta-se deles, mas não se tratam com a confiança que às vezes<br />
um estranho nos merece.<br />
Ninguém suportava ver aquilo senão Falco.<br />
43
44<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
p. 15<br />
Não foi à escola como os outros meninos.<br />
Rapazinho débil a quem aconteciam todos os desastres possíveis.<br />
Passava o inverno na cama.<br />
p. 55<br />
Apanhou um tiro na cara.<br />
Grupo cinco: Tio António, Emília e David<br />
Excertos a considerar:<br />
• Tio António: “O tio António […] não tivesse dito nada.” (pp. 10-11);<br />
• Emília e David: “Havia dois criados […] feitos de lã.” (pp. 43-44); “A vaca Rosinha […] varanda do lado.” (p. 50)<br />
Elementos a identificar na caracterização de Tio António, Emília e David:<br />
• factos relativos às personagens: hábitos, atitudes;<br />
• opiniões de Lourença relativamente a cada uma das personagens.<br />
Propostas de resolução: tópicos<br />
Factos relativos a Tio António Opiniões de Lourença<br />
p. 10 p. 10<br />
Era um homem novo que aparecia raramente.<br />
Puxava-lhes os cabelos e dava-lhes fortes palmadas.<br />
Tio António não podia agarrá-la pelos cabelos e puxar por eles até<br />
que ela se mostrasse paciente, como se estivesse morta.<br />
Contava coisas do tempo em que viveu em África e das caçadas<br />
que lá fizera.<br />
Era engenheiro e andara no mato a traçar caminhos de ferro,<br />
vestido como um verdadeiro explorador, com botas altas e um<br />
capacete forrado de cortiça para se defender do calor.<br />
Tinha um carro grande, descapotável, de cor verde, que lançava a<br />
toda a velocidade nas estradas.<br />
Tinha o dom de convencê-la.<br />
Tratava os sobrinhos como se fossem sacos de batata.<br />
Achava-o um bocado perigoso mas divertido.<br />
Não era pessoa para parar para apanhar uma boina.<br />
Factos relativos a Emília e David Opiniões de Lourença<br />
p. 43 p. 43<br />
Eram casados.<br />
Trabalhavam e cantavam todo o tempo e ocupavam-se pouco de<br />
Lourença.<br />
Ela seguia-os.<br />
Emília era tão alta que Lourença mal lhe chegava à cintura.<br />
O marido era tão pequeno que nunca lhe falava de perto, para ele<br />
não cansar o pescoço a olhar para cima.<br />
Emília descia pelos alçapões para tirar o leite às vacas, punha<br />
nome aos ratos e às formigas.<br />
Não tratava Lourença como uma boneca.<br />
Eram ambos muito boas pessoas.
6<br />
PROPOSTAS<br />
DE RESOLUÇÃO<br />
DOS TESTES DE<br />
AUTOAVALIAÇÃO<br />
6<br />
6
46<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Sequência 1 – Contos Sequência 2 – Literatura juvenil<br />
:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 1, p. 56)<br />
1.<br />
a) F;<br />
b) F;<br />
c) V;<br />
d) F;<br />
e) V;<br />
f) V;<br />
g) V;<br />
h) F;<br />
i) F;<br />
j) F.<br />
:: LEITURA (Vol. 1, pp. 57-58)<br />
1. Deu-lhe banho; sentou-o na casa que construiu; deu-lhe comida.<br />
2.1 Alfredo estremeceu uma primeira vez porque estranhou o<br />
facto de o marciano falar português. Estremeceu ainda<br />
uma segunda vez porque o marciano recordou-lhe que um<br />
amigo não prende outro.<br />
3.1 “Ao fim do dia tinham a boca seca de tanto falarem. Alfredo<br />
queria saber de Marte. Marci, o marciano, queria saber da<br />
Terra.” (ll. 35-36).<br />
4.1 Resposta livre.<br />
:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
(Vol. 1, p. 59)<br />
1. Classe do adjetivo.<br />
1.1 Adjetivos qualificativos.<br />
1.2 “muito abatido”: grau superlativo absoluto analítico;<br />
“amachucado”, “sujo”: grau normal.<br />
2.1 Telescola: tel- + escol[a].<br />
2.2 Telescola: escola à distância.<br />
3. Ao fim de uns dias tinham as bocas secas de tanto falarem.<br />
Alfredo queria saber de Marte. Marci, o marciano, queria<br />
saber da Terra.<br />
Quando as famílias chegaram das praias, as gaiolas foram<br />
escondidas, com os seus habitantes, nos armários.<br />
3.1 Alfredo, Marte, Marci e Terra, porque são nomes próprios.<br />
Logo, não flexionam no plural.<br />
:: ESCRITA (Vol. 1, p. 59)<br />
1. Resposta livre.<br />
:: LEITURA (Vol. 1, pp. 92-93)<br />
1. O texto é uma notícia.<br />
2. O assunto é a apresentação de um novo carro elétrico, que<br />
custará cerca de 18 450 euros.<br />
3. Primeiro parágrafo.<br />
4. a) O quê? Apresentação de um novo carro elétrico.<br />
b) Quem? Uma marca de automóveis.<br />
c) Quando? Madrugada de hoje, 2 de agosto de 2009.<br />
d) Onde? Yokohama.<br />
5.1 Dois tipos de relato de discurso: discurso direto e indireto.<br />
5.2 Exemplo de discurso direto: "Este não é um carro para<br />
certos nichos"; exemplo de discurso indireto: “(…) disse<br />
que o carro foi desenhado propositadamente para evitar<br />
um design futurista e estereotipado”.<br />
6.1 a) “este novo modelo” refere-se/tem como referente “novo<br />
carro, com o nome Leaf".<br />
b) “os dois países” refere-se/tem como referente “Portugal<br />
e Inglaterra”.<br />
7. A expressão temporal é “A longo prazo”.<br />
:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
(Vol. 1, p. 94)<br />
1.1 a) “planeia”: presente do indicativo; “poderá”: futuro do indicativo;<br />
“fizemos”: pretérito perfeito do indicativo; “é”:<br />
presente do indicativo.<br />
b) A forma verbal “planeia” (planear) pertence à 1. a conjugação;<br />
“poderá” (poder), “fizemos” (fazer) e “é” (ser) pertencem<br />
à 2. a conjugação.<br />
c) Todos os verbos são irregulares.<br />
1.2 Os sufixos flexionais são –rá e –e.<br />
2.1 Excerto A: “foi o primeiro a conduzir o carro para fora das<br />
instalações da fábrica”; excerto B: “quer lançar uma gama<br />
completa de veículos elétricos”.<br />
2.2 Desempenham a função de predicado.<br />
:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 1, p. 95)<br />
1. a Audição<br />
1. Motor, chassis, consumo.<br />
2.3 Excerto A: “O Presidente executivo da Nissan, Carlos<br />
Ghosn”; excerto B: “a Nissan”.<br />
2.4 a) complemento direto;<br />
b) complemento oblíquo;<br />
c) complemento oblíquo + complemento direto.<br />
2. a Audição<br />
1. (1) cromados; (2) tampas e válvulas em alumínio; (3) pretas;<br />
(4) tubos de escape pintados em cerâmica negra; (5) escondidos;<br />
(6) consumo; (7) confortável; (8) rígido.
:: LEITURA / EXPRESSÃO ORAL (Vol. 1, p. 160)<br />
B.<br />
Sequência 3 – Narrativas de autores<br />
portugueses<br />
1. A rubrica “factual” apresenta factos/acontecimentos que<br />
vão ter lugar num futuro próximo.<br />
2. a) ópera “Dido e Eneias”, de Purcell;<br />
b) Escola de Música do Conservatório Nacional;<br />
c) alunos da classe de ópera e do coro de câmara, Grupo de<br />
Bailados Canora Turba e elementos da Orquestra Sinfónica<br />
Portuguesa;<br />
d) encenador: Carlos Avilez; diretor musical: José Manuel<br />
Araújo; coreógrafa: Isabel Gonzaga;<br />
e) Teatro da Garagem;<br />
f) encenadora: Maria João Vicente; diretor musical: Luís<br />
Pacheco Cunha; diretora vocal e artística: Filomena<br />
Amaro.<br />
:: LEITURA (Vol. 1, pp. 161-164)<br />
1.1 a) Por um lado, há a história de Mademoiselle Nadine Fabre<br />
e, por outro, a de João Queiroz e Narcisa;<br />
b) Mademoiselle Nadine Fabre dirige-se para o São Carlos<br />
e João Queiroz e Narcisa para a clínica.<br />
2.1 Dois automóveis saem ao mesmo tempo (o táxi que<br />
transporta Mademoiselle Nadine Fabre e o carro de João<br />
Queiroz), cruzam-se nalguma esquina ou encontram-se<br />
nalgum cruzamento, criando-se aqui um impasse a ser<br />
possivelmente resolvido por João Queiroz.<br />
3.1 Quinto parágrafo.<br />
4. • nacionalidade: grega;<br />
• viagem que acabou de fazer: de Madrid para Lisboa;<br />
• quem a espera: uma multidão (de fãs);<br />
• o que veste: casaco de fazenda vermelha com gola de pele<br />
cinzenta;<br />
• o que faz ao sair do avião: diz adeus e agarra o chapéu devido<br />
ao vento;<br />
• o que leva nos braços: um caniche.<br />
5.1 O acontecimento é o incêndio no Chiado.<br />
5.2 Não era previsível: “e se algum horóscopo da altura previsse<br />
desgraça tamanha, toda a gente iria rir muito do<br />
disparate” (ll. 38-39).<br />
Propostas de Resolução dos Testes de Autoavaliação<br />
5.3 A ação passa-se em 1958.<br />
6.1 a) De olhos bem abertos, olha para os espelhos, alcatifas,<br />
pinturas, dourados do São Carlos; senta-se na poltrona<br />
de veludo vermelho; prepara-se para ouvir Maria Callas<br />
ao vivo; vai cantando em surdina; está a rebentar de felicidade.<br />
b) Encontra-se no palco vestida de tule cinzento-violeta,<br />
coberta de diamantes; encontra-se numa festa onde se<br />
canta, se fazem promessas de amor, se bebe champanhe;<br />
chama-se Violeta e ama Alfredo (personagens de<br />
La Traviata), vai morrer tuberculosa.<br />
7. A figura de estilo é a hipérbole.<br />
7.1 Sugere a felicidade, o entusiasmo e a euforia dos espetadores.<br />
8. Resposta livre.<br />
:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
(Vol. 1, pp. 164-165)<br />
1.1 A entrada de Mademoiselle Nadine Fabre para o táxi e de<br />
Narcisa para o carro.<br />
1.2 A conjugação é “Quando”. Estabeleceu-se uma relação<br />
temporal.<br />
1.3 “Entrou” está no pretérito perfeito e “estava” está no pretérito<br />
imperfeito. A forma verbal “entrou” refere-se ao momento<br />
em que Mademoiselle Nadine Fabre entrou para o<br />
táxi e “estava” indica uma ação simultânea à primeira, que<br />
é apresentada como inacabada.<br />
1.4 a) composição morfológica;<br />
b) derivação por sufixação;<br />
c) composição morfossintática.<br />
2.1 Verbo principal.<br />
2.2 O pronome -me estaria no acusativo porque desempenharia<br />
a função sintática de complemento direto.<br />
2.3 Porque entre ela e o taxista não há uma relação de proximidade.<br />
São dois desconhecidos, em que um presta um<br />
serviço a outro.<br />
47
48<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Sequência 4 – Narrativas de autor<br />
estrangeiro<br />
:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 2, p. 44)<br />
1. a Audição<br />
1.1 b) e f).<br />
1.2 b).<br />
2. a e 3. a Audições<br />
1. Escrever um papel com o nome do namorado; colocar o papel<br />
aos pés do santo; virar o santo para a parede; o santo faz o<br />
milagre; voltar o santo para a frente.<br />
2. a) Nuno Brandão pintou a imagem de Santo António de várias<br />
cores modernas e atuais.<br />
b) As pessoas compram a imagem porque é bonita e fica<br />
bem nas decorações modernas das suas casas. Apenas<br />
algumas compram a imagem por devoção.<br />
:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
(Vol. 2, p. 45)<br />
1.1 a) que; b) Nuno; c) pólvora; d) aplicada; e) Brandão;<br />
f) Nuno; g) pólvora.<br />
2. a) Nuno Brandão sabe que não a descobriu.<br />
b) Podemos encontrá-lo aplicado aos galos de Barcelos (…)<br />
3. a) “noutros”: preposição em contraída com o determinante<br />
indefinido outros; “nossas”: determinante possessivo.<br />
b) “Esta”: determinante demonstrativo; “um”: determinante<br />
artigo indefinido.<br />
4. Resposta livre.<br />
:: LEITURA (Vol. 2, pp. 46-48)<br />
1. b); d); e); a); f); c).<br />
2.1 • elementos físicos: magra, alta, vestido cinzento, grande<br />
chapéu de palha, andar mecânico;<br />
• elementos psicológicos: pouco sensível, sem capacidade<br />
de sonhar, rígida, facilmente irritável;<br />
• profissão: inspetora.<br />
2.2 c)<br />
2.3.1 Antes e depois do início da música tocada pela banda de<br />
Dario.<br />
2.3.2 A música terá influenciado o seu estado de espírito e terá<br />
quebrado alguma barreira que permitiu à Sra. Jargonos<br />
ter sentimentos. O sorriso de Dario terá ajudado.<br />
2.4.1 Comparação (3. o parágrafo) e metáfora (6. o parágrafo).<br />
2.4.2 A comparação evidencia os traços da Sra. Jargonos, que<br />
são semelhantes aos de uma garça: a cor e o porte. A<br />
metáfora implica que o narrador já assimilou a figura da<br />
garça à da Sra. Jargonos, pela forma de andar, pela postura<br />
e pelo comportamento.<br />
3.1 O narrador procede a um salto no tempo, destacando informação<br />
que descobrirá mais tarde e que lhe permitirá compreender<br />
o que aconteceu naquele dia.<br />
4.1 Medo, insegurança.<br />
4.2 A Sra. Jargonos tortura a Prof. a Laurencin; a Sra. Jargonos<br />
fechara a narradora no seu intituto de “desencantar histórias<br />
e de sacar a beleza da língua”.<br />
5. Narrador autodiegético (narrador participante que relata<br />
uma ação de que é personagem principal).<br />
5.1 Assustada com a presença da Sra. Jargonos; curiosa relativamente<br />
aos sentimentos humanos e sobretudo ao amor.<br />
6.1 A história da Sra. Jargonos e de Dario interessa-lhe porque<br />
se tratavam de pessoas muito diferentes que, à partida,<br />
não tinham nada em comum que as pudesse levar a<br />
apaixonarem-se uma pela outra.<br />
:: ESCRITA (Vol. 2, p. 49)<br />
Apaixonada.<br />
O pequeno anafado, a esguia e seca. Sentados lado a lado,<br />
em frente ao mar, sempre no mesmo local.<br />
Tinham rotinas.<br />
A Sra. Jargonos chegava primeiro, pelas dezassete horas,<br />
sempre com um vestido novo, sempre mais colorido que o anterior.<br />
Dizia “bom dia” e ocupava o seu lugar no meio de quatro<br />
pranchas que só o dono do Cargueiro tivera o desplante de<br />
batizar de "poltrona". Nunca esperava muito. Ao longe, Dario<br />
parecia uma grande bola, uma grande bola branca e azul a rolar.<br />
As suas pernas curtas só apareciam depois, quando ele caminhava<br />
ao longo do antigo estaleiro naval. Então percebia-se<br />
que ele quase corria.<br />
– Boa tarde.<br />
– Boa tarde.<br />
Dario apresentava as suas desculpas pelo atraso. E, ofegante,<br />
deixava-se cair na outra "poltrona". Não sei por que<br />
razão, toda a gente devia ter passado palavra, porque desde<br />
que os dois se apaixonaram, aqueles assentos estavam sempre<br />
vagos. Nem as gaivotas lá pousavam.<br />
E depois... mais nada.<br />
(…) Desde o seu primeiro olhar, começara entre eles uma<br />
conversa que, desde então, nunca mais terminara. Mas era uma<br />
conversa peculiar. Uma conversa sem palavras.<br />
A Sra. Jargonos está apaixonada!<br />
A novidade deste milagre rapidamente dera a volta à ilha, e<br />
aqueles encontros diários atraíam uma multidão (…) De tempos<br />
a tempos, víamos a mão direita de Dario avançar suavemente
em direção às costas nuas da namorada. Mas tinha o braço<br />
curto de mais.<br />
E mais uma vez, nada. Nenhuma palavra, nenhum movimento.<br />
Nós, os espetadores, maçávamo-nos de morte.<br />
– É isto, o amor?<br />
– Não tem interesse nenhum.<br />
O meu irmão Thomas era o mais impaciente.<br />
– Decididamente, os sentimentos são ridículos. Prefiro a<br />
eletrónica.<br />
– Não digas disparates. Tudo aquilo esconde um mistério.<br />
Vou continuar a minha investigação.<br />
Sequência 5 – Texto dramático<br />
:: EXPRESSÃO ORAL/COMPREENSÃO ORAL<br />
(Vol. 2, pp. 88-89)<br />
A.<br />
1.1 a) O roteiro é um livro que contém uma descrição pormenorizada<br />
de uma viagem ou de um percurso, com indicação<br />
por escrito da localização e direção das ruas,<br />
caminhos, praças, largos, etc.<br />
b) A ilustração da capa representa uma rua de Lisboa (Rua<br />
do Carmo).<br />
c) No seu interior vamos encontrar, tendo em conta a<br />
capa, ilustrações de ruas, praças e edifícios da cidade<br />
de Lisboa, acompanhadas pela descrição de um percurso<br />
que o autor tenha feito na sua vida ou cujos lugares<br />
tenha evocado na sua obra.<br />
d) Resposta livre.<br />
B.<br />
1. b).<br />
2. A presença de um locutor e de interlocutores; o decorrer<br />
das falas de forma alternada; a presença de palavras (deíticos)<br />
como “este”, “aqui”, que marcam a situação comunicacional.<br />
3. A guia, ao dirigir-se aos alunos, pretende essencialmente<br />
informá-los sobre aspetos da vida lisboeta e obra de Miguéis.<br />
4. O diálogo entre a guia e os alunos processa-se com sucesso<br />
porque todos colaboram cordialmente, não há atropelos<br />
de falas, faltas de educação, desvios despropositados<br />
do tema.<br />
5. Luísa Ducla Soares baseou-se tanto em lugares frequentados<br />
por Miguéis em Lisboa como em lugares evocados na<br />
sua obra.<br />
:: LEITURA (Vol. 2, pp. 89-90)<br />
Propostas de Resolução dos Testes de Autoavaliação<br />
1. Os nomes das personagens estão representados em maiúscula<br />
e as didascálias entre parênteses e em itálico.<br />
2. O ambiente é de aborrecimento, com os adolescentes enterrados<br />
nas poltronas a tentarem estudar, o pai a tentar<br />
ler e a mãe em silêncio.<br />
3. a) “(esgazeado)”<br />
b) “(riso alvar)” / “(pulando)”.<br />
4. Estava a ler Livro da Sabedoria, do professor Lebre da Mata.<br />
4.1 A matéria era relativa à formação de palavras a partir de<br />
nomes próprios.<br />
4.2 O facto de os nomes próprios perderem a maiúscula quando<br />
entram em composição de novas palavras.<br />
5.1 Utiliza a segunda pessoa do singular (tu).<br />
5.2 Utiliza um discurso informal, com expressões como “És<br />
burro, pá” , “Tás a confundir”.<br />
5.3 Não utiliza as mesmas expressões e a mesma forma de<br />
tratamento (trata-o por pai – 3. a pessoa) porque entre eles<br />
estabelece-se uma relação de pai-filho, que não é uma relação<br />
de “pares” (de amigos, de adolescentes, de pessoas<br />
da mesma idade ou do mesmo grupo).<br />
:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
(Vol. 2, p. 91)<br />
1. a) ric.<br />
b) model.<br />
c) peix.<br />
2. a) impróprio / propriamente;<br />
b) injusto / justamente;<br />
c) reaberto / abertura;<br />
d) sobrenatural / naturalidade.<br />
3. Sobremesa: sobre-; reinvestir: re-; penedia: -ia; predizer:<br />
pré-; queixada: -ada; pontear: -ar; laranjal: -al; pedreiro:<br />
-eiro; desordem: des-; sobrelevado: sobre-; pessimista: -ista;<br />
pequeninote: -ote; parasitário: -ário; pós-guerra: pós-; reação:<br />
re-; renascimento: re-.<br />
4. a) Estou com febre, / logo não vou à escola. – oração coordenada<br />
conclusiva;<br />
b) O ator era tão engraçado / que pôs a plateia ao rubro. –<br />
oração subordinada consecutiva;<br />
c) O tempo passou tão depressa / que nem dei por ele. –<br />
oração subordinada consecutiva;<br />
d) O espetáculo foi tal / que saiu nos jornais. – oração subordinada<br />
consecutiva.<br />
49
50<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Sequência 6 – Poesia<br />
:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 2, p. 131)<br />
1. a Audição<br />
1.1 O pão, na mesa dos alentejanos, surge condimentado no prato.<br />
2. A açorda, as migas, o ensopado e o gaspacho.<br />
:: LEITURA (Vol. 2, pp. 132-133)<br />
1. O grupo nominal é “pingas de chuva”.<br />
2.1 Ele reforça a ideia de espaçamento utilizando o hífen antes<br />
e depois do adjetivo “espaçadas”.<br />
3.1 a).<br />
4.1 Resposta livre.<br />
5.<br />
5.1 Onomatopeia.<br />
5.2 Sugerem os pingos a bater no solo.<br />
5.3 Cada palavra forma um verso para sugerir, graficamente, o<br />
cair de cada pingo e para conferir, pela leitura expressiva,<br />
ritmo musical ao texto.<br />
:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />
(Vol. 2, p. 133)<br />
1.1 As palavras fazem parte do campo lexical de outono.<br />
2. Exemplos de onomatopeias: chsssssssss; plim.<br />
3. As vagas de chuva densa são absorvidas pela espaçada<br />
terra mole.<br />
4. E quando cai.
7<br />
EXCERTOS DOS<br />
PROGRAMAS DE<br />
PORTUGUÊS PARA<br />
O ENSINO BÁSICO<br />
7<br />
7
52<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Compreensão/<br />
Expressão Oral<br />
Leitura<br />
Escrita<br />
Conhecimento explícito<br />
da língua<br />
• Saber escutar, visando diferentes finalidades, discursos formais em diferentes variedades do Português, cuja complexidade<br />
e duração exijam atenção por períodos prolongados.<br />
• Interpretar criticamente a informação ouvida, analisando as estratégias e os recursos verbais e não verbais utilizados.<br />
• Compreender o essencial da mensagem, apreendendo o fio condutor da intervenção e retendo dados que permitam intervir<br />
construtivamente em situações de diálogo ou realizar tarefas específicas.<br />
• Tomar a palavra em contextos formais, selecionando o registo e os recursos adequados às finalidades visadas e considerando<br />
as reações dos interlocutores na construção do sentido.<br />
• Interagir com confiança e fluência sobre assuntos do quotidiano, de interesse pessoal, social ou escolar, expondo e justificando<br />
pontos de vista de forma lógica.<br />
• Produzir discursos orais corretos em português padrão, usando vocabulário e estruturas gramaticais diversificados e recorrendo<br />
a mecanismos de organização e de coesão discursiva.<br />
• Ler de forma fluente, apreendendo o sentido global de textos com diferentes intencionalidades e registos.<br />
• Ler textos de diferentes tipos e em suportes variados para obter informação, organizar o conhecimento ou para aceder a universos<br />
no plano do imaginário, adequando as estratégias de leitura às finalidades visadas.<br />
• Posicionar-se criticamente quanto à validade da informação, selecionando os dados necessários à concretização de tarefas<br />
específicas e mobilizando a informação de acordo com os princípios éticos do trabalho intelectual.<br />
• Apreciar textos de diferentes tipos, analisando o modo como a utilização intencional de recursos verbais e não verbais permite<br />
alcançar efeitos específicos.<br />
• Posicionar-se enquanto leitor de obras literárias, situando-as em função de grandes marcos temporais e geográfico-culturais<br />
e reconhecendo aspectos relevantes da linguagem literária.<br />
• Estabelecer relações entre a experiência pessoal e textos de diferentes épocas e culturas, tomando consciência do modo como<br />
as ideias, as experiências e os valores são diferentemente representados e aprofundando a construção de referentes culturais.<br />
• Escrever para responder a necessidades específicas de comunicação em diferentes contextos e como instrumento de apropriação<br />
e partilha do conhecimento.<br />
• Recorrer autonomamente a técnicas e processos de planificação, textualização e revisão, utilizando diferentes instrumentos<br />
de apoio, nomeadamente ferramentas informáticas.<br />
• Escrever com autonomia e fluência diferentes tipos de texto adequados ao contexto, às finalidades, aos destinatários e aos<br />
suportes da comunicação, adoptando as convenções próprias do género selecionado.<br />
• Produzir textos em termos pessoais e criativos, para expor representações e pontos de vista e mobilizando de forma criteriosa<br />
informação recolhida em fontes diversas.<br />
• Produzir textos em português padrão, recorrendo a vocabulário diversificado e a estruturas gramaticais com complexidade<br />
sintática, manifestando domínio de mecanismos de organização, de articulação e de coesão textuais e aplicando corretamente<br />
regras de ortografia e pontuação.<br />
• Refletir sobre o funcionamento da língua para, a partir da realização de atividades de caráter oficinal, analisar e questionar<br />
os sentidos dos textos.<br />
• Explicitar, usando a terminologia apropriada, aspectos fundamentais da estrutura e do uso do português padrão nos diferentes<br />
planos do conhecimento explícito da língua.<br />
• Mobilizar o conhecimento reflexivo e sistematizado para resolver problemas decorrentes da utilização da linguagem oral e escrita<br />
e para aperfeiçoar os desempenhos pessoais.<br />
• Analisar marcas específicas da linguagem oral e da linguagem escrita, distinguindo diferentes variedades e registos da língua<br />
e adequando-os aos contextos de comunicação.<br />
• Respeitar e valorizar as diferentes variedades do português, usando o português padrão como a norma.
Notas<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
(1) P. ex., ativação de estratégias de<br />
atenção, memorização e retenção<br />
de informação.<br />
Ouvinte (DT C.1.1.)<br />
• Dispor-se física e psicologicamente a escutar, focando a atenção no objeto e nos<br />
objetivos da comunicação (1).<br />
(2) Estes procedimentos devem ser<br />
objeto de trabalho explícito em sala<br />
de aula, com base na análise e no<br />
progressivo aperfeiçoamento das<br />
produções dos alunos.<br />
Informação (DT C.1.1.)<br />
• Utilizar procedimentos para clarificar, registar, tratar e reter a informação, em<br />
função de necessidades de comunicação específicas (2):<br />
− identificar ideias-chave; tomar notas;<br />
− solicitar informação complementar;<br />
− elaborar e utilizar grelhas de registo;<br />
− esquematizar.<br />
(3) P. ex., realização de trabalho<br />
sobre sentidos explícitos, implícitos<br />
e indícios. Cf. CEL, Plano Discursivo<br />
e Textual.<br />
Discurso; universo de discurso<br />
(DT C.1.1.)<br />
Processos interpretativos<br />
inferenciais (DT C.1.1.3.)<br />
(4) Identificação do essencial da<br />
informação ouvida, transmitindo-a<br />
com fidelidade.<br />
Figuras de retórica e tropos<br />
(DT C.1.3.1.)<br />
• Interpretar discursos orais com diferentes graus de formalidade e complexidade:<br />
− formular, confrontar e verificar hipóteses acerca do conteúdo;<br />
− agir em conformidade com instruções e informações recebidas;<br />
− identificar o assunto, tema ou tópicos;<br />
− distinguir o essencial do acessório;<br />
− distinguir visão objetiva e visão subjetiva;<br />
− fazer inferências e deduções (3);<br />
− identificar elementos de persuasão;<br />
− reconhecer qualidades estéticas da linguagem.<br />
(5) P. ex., informar, relatar, expor,<br />
narrar, descrever, explicar, argumentar,<br />
convencer, despertar a curiosidade.<br />
Identificação de intenções<br />
declaradas, explícitas ou implícitas.<br />
Relato; paráfrase; síntese<br />
Pragmática (DT C.1.)<br />
Ato de fala (DT C.1.1.)<br />
Contexto (DT C.1.1.)<br />
• Reproduzir o material ouvido recorrendo a técnicas de reformulação (4).<br />
(6) Exploração das diferentes tipologias<br />
do oral e de aspetos verbais<br />
e paraverbais da comunicação.<br />
• Distinguir diferentes intencionalidades comunicativas (5), relacionando-as com<br />
os contextos de comunicação e os recursos linguísticos mobilizados (6).<br />
Características da fala espontânea<br />
e características da fala preparada<br />
• Apreciar o grau de correção e adequação dos discursos ouvidos.<br />
(7) Vd. Referencial de textos.<br />
Escutar para aprender e construir conhecimento<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
• Manifestar ideias, sentimentos e pontos de vista suscitados pelos discursos ouvidos.<br />
(8) Sistematização de contrastes<br />
fonéticos, morfológicos, sintáticos e<br />
semânticos em diferentes realizações<br />
do português. Cf. CEL, Plano<br />
da Língua, Variação e Mudança.<br />
Tipologia textual: texto<br />
conversacional (DT C.1.2.)<br />
• Identificar e caracterizar os diferentes tipos e géneros presentes no discurso oral (7).<br />
Variação e normalização linguística (DT<br />
A.2.)<br />
Língua padrão (traços específicos) (DT<br />
A.2.2.)<br />
• Caracterizar propriedades de diferenciação e variação linguística, reconhecendo<br />
o papel da língua padrão (8).<br />
53
54<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Notas<br />
(1) Utilização de suportes escritos<br />
(notas, esquemas…) para apoiar a<br />
comunicação oral.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Variedades situacionais;<br />
variedades sociais (DT A.2.1.)<br />
• Planificar o uso da palavra em função da análise da situação, das intenções de<br />
comunicação específicas e das características da audiência visada (1).<br />
(2) P. ex., organização cronológica,<br />
lógica, por ordem de importância,<br />
argumento / contra-argumento, pergunta<br />
/ resposta.<br />
• Utilizar informação pertinente, mobilizando conhecimentos pessoais ou dados<br />
obtidos em diferentes fontes.<br />
• Organizar o discurso, assegurando a progressão de ideias e a sua hierarquização<br />
(2).<br />
(3) Vd. Referencial de textos e traços<br />
caracterizadores das diferentes tipologias.<br />
• Produzir textos orais, de diferentes tipos, adaptados às situações e finalidades<br />
de comunicação (3) (4):<br />
(4) Uso coerente de conectores e<br />
marcadores discursivos adequados<br />
à finalidade dos textos.<br />
(5) Observação e análise das especificidades<br />
fonéticas e fonológicas<br />
do oral (inserção, supressão, alteração,<br />
redução vocálica, assimilação,<br />
dissimilação…) e das especificidades<br />
sintáticas do oral (elipses, repetições,<br />
pausas, hesitações…).<br />
Oralidade (DT C.1.1.)<br />
Características da fala espontânea e<br />
características da fala preparada<br />
Tipologias textuais: texto narrativo, descritivo,<br />
expositivo, argumentativo, instrucional,<br />
preditivo (DT C.1.2.)<br />
Coerência; coesão DT C.1.2.)<br />
Princípio de pertinência e de<br />
cooperação (DT C.1.1.1.)<br />
Sequência de enunciados<br />
Progressão temática (C.1.2.)<br />
Deixis pessoal, temporal e espacial (C.1.1.)<br />
Implicaturas conversacionais<br />
(DT C.1.1.3.)<br />
− exprimir sentimentos e emoções;<br />
− relatar/recontar;<br />
− informar/explicar;<br />
− descrever;<br />
− fazer apreciações críticas;<br />
− apresentar e defender ideias, comportamentos e valores;<br />
− argumentar/convencer os interlocutores;<br />
− fazer exposições orais;<br />
− dar a conhecer/reconstruir universos no plano do imaginário.<br />
(6) Trabalho sobre a linguagem não<br />
verbal, a audibilidade dos enunciados<br />
orais (articulação, dicção), organização<br />
temporal da fala (respiração,<br />
distribuição equilibrada de sequências<br />
fónicas e pausas) e adequação<br />
do discurso ao tempo disponível.<br />
Prosódia/Nível Prosódico (DT B.1.2.)<br />
Características acústicas (DT B.1.2.1.)<br />
Entoação (DT B.1.2.4.)<br />
Elocução (DT C.1.3.2)<br />
• Usar da palavra com fluência e correção, utilizando recursos verbais e não verbais<br />
com um grau de complexidade adequado às situações de comunicação (5) (6).<br />
(7) P. ex.: recitação, improvisação,<br />
leitura encenada, representação, etc.<br />
Língua padrão (traços específicos) (DT<br />
A.2.2.)<br />
• Diversificar o vocabulário e as estruturas utilizadas no discurso, com recurso ao<br />
português-padrão.<br />
Falar para construir e expressar conhecimento<br />
(8) Exploração de relações entre<br />
várias formas de expressão estética<br />
(verbal, visual, musical, plástica,<br />
corporal).<br />
Recursos linguísticos e extralinguísticos<br />
• Explorar diferentes formas de comunicar e partilhar ideias e produções pessoais<br />
(7) selecionando estratégias e recursos adequados para envolver a audiência (8).<br />
• Utilizar adequadamente ferramentas tecnológicas para assegurar uma maior eficácia<br />
na comunicação.
Notas<br />
(1) Vd. Referencial de textos.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
(2) P. ex.: porta-voz, relator, moderador,<br />
entrevistador/entrevistado,<br />
animador.<br />
Reconhecimento de processos de<br />
construção da atitude do locutor<br />
face ao enunciado ou aos participantes<br />
num discurso.<br />
Tipologia textual: texto conversacional (DT<br />
C.1.2.)<br />
• Seguir diálogos, discussões ou exposições, intervindo oportuna e construtivamente<br />
(1).<br />
Comunicação e interação discursivas (C.1.1.)<br />
Locutor; interlocutor (C.1.1.)<br />
(3) Explicitação de estratégias de<br />
conquista e manutenção do interesse<br />
do auditório (elementos prosódicos;<br />
tom e volume da voz;<br />
elementos retórico-pragmáticos,<br />
entre outros).<br />
Princípios reguladores da interação<br />
discursiva (C1.1.1.)<br />
• Implicar-se na construção partilhada de sentidos:<br />
− atender às reações verbais e não verbais do interlocutor para uma possível reorientação<br />
do discurso;<br />
− pedir e dar informações, explicações, esclarecimentos;<br />
− apresentar propostas e sugestões;<br />
− retomar, precisar ou resumir ideias para facilitar a interação;<br />
− estabelecer relações com outros conhecimentos;<br />
− debater e justificar ideias e opiniões;<br />
− considerar pontos de vista contrários e reformular posições.<br />
(4) P. ex.: ouvir os outros, esperar a<br />
sua vez, demonstrar interesse.<br />
Máximas conversacionais; princípio de<br />
cortesia; formas de tratamento<br />
(DT C.1.1.)<br />
• Assumir diferentes papéis (2) em situações de comunicação, adequando as estratégias<br />
discursivas às funções e aos objetivos visados (3).<br />
(5) P. ex., relações de poder e processos<br />
de manipulação que se estabelecem<br />
através da fala.<br />
Diálogo; dialogismo (DT C.1.1.)<br />
• Respeitar as convenções que regulam a interação verbal (4).<br />
(6) P. ex., participação em dramatizações,<br />
simulações, improvisações.<br />
Estratégias discursivas (DT C.1.1.)<br />
• Explorar os processos de construção do diálogo e o modo como se pode agir<br />
através da fala (5) (6).<br />
Competência discursiva (DT C.1.1.)<br />
Participar em situações de interação oral<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
Argumentação (DT C.1.3.3)<br />
55
56<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Notas<br />
(1) Ativação de estratégias variadas<br />
de leitura: global, seletiva, analítica;<br />
leitura a partir de diferentes suportes<br />
da informação (texto impresso,<br />
texto visual, texto digital, texto audiovisual).<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Leitor (DT C.1.2.)<br />
Informação (DT C.1.1.)<br />
Bibliografia (DT C.1.2.)<br />
• Definir uma intenção, seguir uma orientação e selecionar um percurso de leitura<br />
adequado (1).<br />
• Utilizar, de modo autónomo, a leitura para localizar, selecionar, avaliar e organizar<br />
a informação.<br />
(2) Leitura de diferentes tipos de textos:<br />
narrativos, informativos, científicos,<br />
etc., com orientações e objetivos<br />
claramente definidos.<br />
Descritores temáticos<br />
Hipertexto (DT C.1.2.)<br />
(3) Trabalho sobre o uso coerente<br />
de conectores e marcadores discursivos<br />
adequados à finalidade<br />
dos textos.<br />
• Utilizar procedimentos adequados à organização e tratamento da informação:<br />
− tomar notas; identificar ideias-chave;<br />
− elaborar e utilizar grelhas de registo;<br />
− esquematizar.<br />
(4) P. ex., realização de trabalho<br />
sobre sentidos explícitos, implícitos<br />
e indícios.<br />
(5) Cf. CEL: análise de marcas linguísticas<br />
específicas (processos<br />
anafóricos, marcadores temporais,<br />
operadores lógicos e argumentativos,<br />
esquema dos tempos verbais, deíticos…);<br />
análise de relações parte/<br />
todo, causa/consequência, genérico/<br />
específico, etc.<br />
Texto (D.T C.1.2.)<br />
Tema (DT C.1.2.)<br />
Propriedades configuradoras da<br />
textualidade (DT C.1.2.)<br />
Sequência textual (DT C.1.2.)<br />
Estratégia discursiva (DT C.1.1.)<br />
Contexto e cotexto; Significação<br />
lexical (DT B.5.2.)<br />
Processos interpretativos inferenciais (DT<br />
C.1.2.)<br />
Figuras de retórica e tropos (C.1.3.1)<br />
• Interpretar textos com diferentes graus de complexidade, articulando os sentidos<br />
com a sua finalidade, os contextos e a intenção do autor (2) (3):<br />
− formular hipóteses sobre os textos;<br />
− identificar temas e ideias principais;<br />
− identificar pontos de vista e universos de referência;<br />
− identificar causas e efeitos;<br />
− fazer inferências e deduções (4);<br />
− distinguir facto de opinião;<br />
− identificar elementos de persuasão;<br />
− identificar recursos linguísticos utilizados;<br />
− explicitar o sentido global do texto.<br />
(6) P. ex.: aspetos temáticos, formais,<br />
de género.<br />
Princípio de pertinência (DT C.1.1.1.)<br />
• Identificar relações intratextuais, compreendendo de que modo o tipo e a intenção<br />
do texto influenciam a sua composição formal (5).<br />
Ler paea construir conhecimento(s)<br />
Texto literário e texto não-literário<br />
Tipologia textual (texto conversacional,<br />
narrativo, descritivo, expositivo,<br />
argumentativo, instrucional, preditivo)<br />
(DT C.1.2.)<br />
• Comparar e distinguir textos, estabelecendo diferenças e semelhanças em função<br />
de diferentes categorias (6).<br />
• Identificar e caracterizar as diferentes tipologias e géneros textuais. (7)<br />
Macroestruturas textuais (DT C.1.2.)<br />
Microestruturas textuais (DT C.1.2.)<br />
• Interpretar processos e efeitos de construção de significado em textos multimodais<br />
(8).
Notas<br />
(1) P. ex., mobilização dos conhecimentos<br />
prévios do aluno: sobre o<br />
assunto abordado, o tipo de texto.<br />
O trabalho incidirá sobre texto<br />
escrito e fílmico.<br />
(2) Papel dos diferentes suportes<br />
(papel, digital, visual) e espaços de<br />
circulação (jornal, internet…) na estruturação,<br />
receção e impacto dos<br />
textos.<br />
(3) Sentido e codificação cultural dos<br />
géneros e tipos textuais.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Semântica lexical: significação e relações semânticas<br />
entre palavras (DT B.5.2.)<br />
Intertexto/intertextualidade (DT C.1.2.)<br />
- Alusão, paráfrase, paródia<br />
(4) Criação na aula de espaços de<br />
diálogo e partilha das leituras realizadas;<br />
divulgação de livros; incentivo<br />
à utilização da biblioteca escolar.<br />
Contexto (DT C.1.1.)<br />
Contexto extraverbal<br />
Contexto situacional<br />
• Expressar, de forma fundamentada e sustentada, pontos de vista e apreciações<br />
críticas suscitados pelos textos lidos em diferentes suportes (1).<br />
• Discutir diferentes interpretações de um mesmo texto, sequência ou parágrafo.<br />
• Identificar processos utilizados nos textos para influenciar o leitor (2).<br />
• Distinguir diferenças, semelhanças ou a novidade de um texto em relação a<br />
outro(s).<br />
• Reconhecer e refletir sobre os valores culturais, estéticos, éticos, políticos e religiosos<br />
que perpassam nos textos.<br />
• Comparar ideias e valores expressos em diferentes textos de autores contemporâneos,<br />
com os de textos de outras épocas e culturas (3).<br />
• Ler por iniciativa e gosto pessoal, aumentando progressivamente a extensão e<br />
complexidade dos livros e outros materiais que seleciona (4).<br />
Ler para apreciar textos variados<br />
• Analisar os paratextos para contextualizar e antecipar o conteúdo de uma obra (1).<br />
Notas<br />
(1) Mobilização dos conhecimentos<br />
prévios do leitor; descodificação de<br />
indícios vários.<br />
• Exprimir opiniões e problematizar sentidos, como reação pessoal à audição ou<br />
leitura de uma obra integral.<br />
• Caracterizar os diferentes modos e géneros literários.<br />
(2) Sensibilização para a dimensão<br />
estética da literatura e para a especificidade<br />
da linguagem literária.<br />
(3) Recurso a representações conceptuais<br />
de obras lidas, de forma a<br />
consolidar a sua apropriação.<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
(4) P. ex., funções da descrição na<br />
narração, funções do diálogo.<br />
• Analisar processos linguísticos e retóricos utilizados pelo autor na construção de<br />
uma obra literária (2) (3):<br />
− analisar o ponto de vista (narrador, personagens);<br />
− identificar marcas de enunciação e de subjetividade;<br />
− analisar as relações entre os diversos modos de representação do discurso (4);<br />
(5) P. ex., proposta de alternativas<br />
distintas das do autor, mas compatíveis<br />
com a estrutura nuclear do texto;<br />
articular com atividades de leitura<br />
oral, recitação, dramatização e outras<br />
formas de expressão estética.<br />
− analisar o valor expressivo dos recursos retóricos.<br />
Ler textos literários<br />
(6) Trabalho com filmes, séries de<br />
TV, representações teatrais, pintura,<br />
publicidade, ilustrações, etc.<br />
Paratexto; prefácio; posfácio; epígrafe (DT<br />
C.1.2.)<br />
Enciclopédia (conhecimento do mundo) (DT<br />
C.1.1.)<br />
Informação; universo de discurso (DT C.1.1)<br />
Géneros e subgéneros literários dos modos<br />
narrativo, lírico e dramático<br />
Níveis e categorias da narrativa<br />
Elementos constitutivos da poesia lírica<br />
(convenções versificatórias)<br />
Elementos constitutivos do drama e espetáculo<br />
teatral<br />
Enunciação; enunciado; enunciador (DT C.1.1.)<br />
Autor (DT C.1.2.); Estilo (DT C.1.2.)<br />
Significado (DT B.6.); Sentido (DT C1.2.);<br />
Plurissignificação (DT C.1.2.)<br />
Figuras de retórica e tropos (DT C.1.3.1)<br />
- de natureza fonológica: aliteração;<br />
assonância;<br />
- de natureza sintática: hipérbato; apóstrofe;<br />
- de natureza semântica: antítese; alusão;<br />
metonímia; hipérbole.<br />
Intertexto/Intertextualidade (DT C.1.2.)<br />
Texto literário e texto não-literário<br />
Interdiscurso/interdiscursividade (DT C.1.1.)<br />
Contexto<br />
(7) Estabelecimento e exploração<br />
de relações com a variação e normalização<br />
linguística. Cf. CEL, Plano<br />
da Língua, Variação e Mudança.<br />
Contexto extraverbal: situacional, sociocultural,<br />
histórico (DT C.1.1.)<br />
• Comparar o modo como o tema de uma obra é tratado em outros textos.<br />
• Explorar processos de apropriação e de (re)criação de texto narrativo, poético ou<br />
outro (5).<br />
• Analisar recriações de obras literárias com recurso a diferentes linguagens (6).<br />
• Valorizar uma obra enquanto objecto simbólico, no plano do imaginário individual<br />
e coletivo.<br />
• Reconhecer e refletir sobre as relações que as obras estabelecem com o contexto<br />
social, histórico e cultural no qual foram escritas (7).<br />
57
58<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Notas<br />
(1) P. ex.: notas, esquemas, sumários,<br />
sínteses.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Escrita (DT C.1.1.)<br />
(2) Valorização do papel da escrita<br />
na clarificação do pensamento, na<br />
apropriação do conhecimento e<br />
no planeamento e organização de<br />
projetos de trabalho.<br />
• Produzir enunciados com diferentes graus de complexidade para responder com<br />
eficácia a instruções de trabalho.<br />
• Recorrer à escrita para assegurar o registo e o tratamento de informação ouvida<br />
ou lida (1).<br />
• Utilizar a escrita para estruturar o pensamento e sistematizar conhecimentos<br />
(2).<br />
• Utilizar, com autonomia, estratégias de preparação (3) e de planificação da escrita<br />
de textos (4).<br />
(3) P. ex., brainstorming, mapas de<br />
ideias, guião de trabalho, roteiro.<br />
Enunciados instrucionais<br />
Enunciação; enunciado (DT A.1.)<br />
Texto / textualidade (DT C.1.2.)<br />
Macroestruturas textuais (semânticas e formais)<br />
(DT C.1.2.)<br />
Microestruturas textuais (semânticas e<br />
estilístico-formais)<br />
(DT C.1.2.)<br />
Plano do texto (C.1.2.)<br />
(4) P. ex., definição da temática, intenção,<br />
tipo de texto, do(s) destinatário(s)<br />
e do suporte em que o<br />
texto vai ser lido.<br />
(5) Vd. Referencial de textos.<br />
(6) P. ex.: artigo de opinião e comentário<br />
crítico.<br />
Atender ao uso de mecanismos retóricos<br />
com o intuito de agir sobre<br />
os interlocutores e para o<br />
desenvolvimento de uma argumentação<br />
lógica,<br />
assente em exemplos pertinentes.<br />
Tipologia textual (DT C.1.2.)<br />
Sequência textual (DT C.1.2.)<br />
Sequência narrativa (eventos; cadeia de<br />
eventos)<br />
Sequência descritiva (descrição literária,<br />
descrição técnica, planos de descrição)<br />
Sequência expositiva (referente; análise ou<br />
síntese de ideias, conceitos, teorias)<br />
Sequência argumentativa (facto, hipótese,<br />
exemplo, prova, refutação)<br />
Sequência dialogal (intercâmbio de ideias,<br />
comentário de acontecimentos).<br />
• Selecionar tipos e formatos de textos adequados a intencionalidades e contextos<br />
específicos (5):<br />
− narrativos (reais ou ficcionais);<br />
− descritivos (reais ou ficcionais);<br />
− expositivos;<br />
− argumentativos (6);<br />
− instrucionais;<br />
− dialogais e dramáticos;<br />
− preditivos;<br />
− do domínio dos media (7);<br />
− do domínio das relações interpessoais.<br />
(7) P. ex.: textos para divulgação de<br />
informação, persuasão, manipulação,<br />
etc.<br />
(8) p. ex., observação da relação<br />
entre os recursos mobilizados e os<br />
efeitos produzidos.<br />
Reprodução do discurso no discurso (DT<br />
C.1.1.2.)<br />
Coerência textual (DT C.1.2.)<br />
• Redigir textos coerentes, selecionando registos e recursos verbais adequados (8):<br />
− desenvolver pontos de vista pessoais ou mobilizar dados recolhidos em diferentes<br />
fontes de informação (9);<br />
− ordenar e hierarquizar a informação, tendo em vista a continuidade de sentido,<br />
a progressão temática e a coerência global do texto;<br />
− dar ao texto a estrutura e o formato adequados, respeitando convenções tipológicas<br />
e (orto)gráficas estabelecidas;<br />
− diversificar o vocabulário e as estruturas utilizadas nos textos, com recurso<br />
ao português padrão.<br />
− respeitar as regras da pontuação e sinais auxiliares da escrita (10).<br />
Escrever para construir e expressar conhecimento(s)<br />
(9) Selecção de informação adequada<br />
às necessidades de trabalho,<br />
interpretação crítica da informação<br />
pesquisada e sua mobilização de<br />
acordo com os princípios éticos do<br />
trabalho intelectual (normas para<br />
citação, identificação das fontes<br />
utilizadas, produção de bibliografias...).<br />
Convenções e regras para a configuração<br />
gráfica (DT E.4.)<br />
Língua padrão (traços específicos) (DT<br />
A.2.2.)<br />
Variedades sociais e variedades<br />
situacionais (DT A.2.1.)<br />
Pontuação e sinais auxiliares de escrita<br />
(DT E.2.)<br />
(10) Cf. CEL, Plano da Representação<br />
Gráfica e Ortográfica.
Notas<br />
(1) Articulação com atividades de<br />
leitura.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Paráfrase, síntese, resumo<br />
• Utilizar, com progressiva eficácia, técnicas de reformulação textual (1).<br />
(2) Entendimento da revisão e<br />
aperfeiçoamento de texto como atividade<br />
que atravessa todo o processo<br />
de escrita e envolve operações de releitura,<br />
rescrita, expansão ou clarificação<br />
de ideias, apagamento de<br />
repetições, etc.<br />
Configuração gráfica (DT E.3.)<br />
• Utilizar, com autonomia, estratégias de revisão e aperfeiçoamento de texto (2).<br />
• Assegurar a legibilidade dos textos, em papel ou suporte digital (3).<br />
• Utilizar com critério as potencialidades das tecnologias da informação e comunicação<br />
nos planos da produção, revisão e edição de texto (4).<br />
(3) P. ex., considerar a mancha gráfica,<br />
a utilização de parágrafos para<br />
organizar o conteúdo do texto, a<br />
função das ilustrações, a produção<br />
de índices.<br />
(4) Utilização adequada de dicionários<br />
online e de corretores ortográficos.<br />
Escrever para construir e expressar conhecimento<br />
Notas<br />
(1) P. ex.: diário, autobiografia, memória,<br />
carta, retrato, autorretrato,<br />
comentário crítico, narrativas imaginárias,<br />
poemas.<br />
Texto / textualidade (DT C.1.2.)<br />
Polifonia (DT C.1.1.)<br />
Intertexto/ Intertextualidade (DT C.1.2.)<br />
• Explorar diferentes vozes e registos para comunicar vivências, emoções, conhecimentos,<br />
pontos de vista, universos no plano do imaginário (1).<br />
• Explorar a criação de novas configurações textuais, mobilizando a reflexão sobre<br />
os textos e sobre as suas especificidades.<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
(2) P. ex., exploração da imitação<br />
criativa.<br />
• Explorar efeitos estéticos da linguagem mobilizando saberes decorrentes da experiência<br />
enquanto leitor (2).<br />
(3) P. ex., articulação com diversas<br />
formas de expressão estética.<br />
(4) Promoção de formas variadas<br />
de circulação das produções dos<br />
alunos, em suporte de papel ou digital<br />
(jornal de escola ou de turma;<br />
antologias; exposição de textos; blogue;<br />
página de Internet da escola, da<br />
turma ou pessoal), prevendo circuitos<br />
de comunicação que assegurem<br />
a finalidade social dos escritos.<br />
• Reinvestir em textos pessoais a informação decorrente de pesquisas e leituras<br />
efetuadas.<br />
Registo formal/informal (DT C.1.1)<br />
Recursos expressivos<br />
• Explorar formas de interessar e implicar os leitores, considerando o papel da<br />
audiência na construção do sentido (3).<br />
• Utilizar os recursos tecnológicos para desenvolver projetos e circuitos de comunicação<br />
escrita (4).<br />
Escrever em termos pessoais e criativos<br />
• Escrever por iniciativa e gosto pessoal, de forma autónoma e fluente.<br />
59
60<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Conhecimento Explícito da Língua – 3. o <strong>Ciclo</strong><br />
O desenvolvimento da consciência (trans)linguística será feito no sentido de fazer evoluir o conhecimento implícito da língua para um estádio de conhecimento<br />
explícito. Trata-se de desenvolver um conhecimento reflexivo, objetivo e sistematizado da estrutura e do uso do português padrão.<br />
Notas<br />
(1) Articulação com o trabalho<br />
sobre textos na Oralidade e na Leitura,<br />
tanto na perspectiva sincrónica,<br />
como na diacrónica e com o<br />
domínio da Lexicografia.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Mudança linguística (DT A.4.)<br />
Factores internos e externos e tipos de<br />
mudança (DT A.4.1.)<br />
(2) Articulação com a consulta de<br />
dicionários etimológicos.<br />
• Reconhecer a língua como sistema dinâmico, aberto e em elaboração contínua.<br />
• Identificar, em textos orais e escritos, a variação nos vários planos (fonológico,<br />
lexical, sintático, semântico e pragmático) (1).<br />
• Distinguir contextos geográficos, sociais, situacionais e históricos que estão na<br />
origem de diferentes variedades do português.<br />
• Caracterizar o português como uma língua românica.<br />
Famílias de línguas; etimologia, étimo<br />
(DT A.4.3.)<br />
(3) Por ex., a colocação dos clíticos<br />
no PB, a abertura das vogais, etc.<br />
Atividades visando o contacto com<br />
as diferentes variedades do português,<br />
p. ex., na Internet e com textos<br />
de autores lusófonos (Cf., em<br />
Referencial de Textos, Autores de<br />
Língua Oficial Portuguesa).<br />
• Identificar dados que permitem contextualizar a variação histórica da língua portuguesa<br />
(2).<br />
• Caracterizar o processo de expansão da língua portuguesa e as realizações associadas<br />
ao seu contacto com línguas não-europeias.<br />
(4) Cf. Compreensão/Expressão<br />
Oral e Escrita.<br />
Variação histórica (português antigo,<br />
português clássico, português<br />
contemporâneo); palavras convergentes/<br />
palavras divergentes (DT A.4.2.)<br />
Substrato, superstrato, adstrato; crioulos<br />
de base lexical portuguesa; bilinguismo,<br />
multilinguismo (DT A.3.)<br />
Variedades do português; variedades<br />
africanas e variedade brasileira (DT A.2.3.)<br />
• Reconhecer especificidades fonológicas, lexicais e sintáticas nas variantes do<br />
português não-europeu (3).<br />
• Sistematizar propriedades da língua padrão (4).<br />
Plano de língua, variação e mudança<br />
Normalização linguística; língua padrão<br />
(DT A.2.2.)<br />
Glossários, thesaurus; terminologias.<br />
(DT D.1.)<br />
• Consultar regularmente obras lexicográficas, mobilizando a informação na análise<br />
da receção e da produção do modo oral e escrito.<br />
Notas<br />
(1) P. ex., publico/público; duvida/<br />
dúvida (verbo/ nome/ adjetivo).<br />
• Distinguir pares de palavras quanto à classe morfológica, pelo posicionamento da<br />
sílaba tónica (1).<br />
• Sistematizar propriedades do ditongo e do hiato.<br />
(2) Cf. com Plano da Representação<br />
Gráfica e das Relações entre Grafia<br />
e Fonia.<br />
• Sistematizar propriedades da sílaba gramatical e da sílaba métrica:<br />
− segmentar versos por sílaba métrica;<br />
− utilizar rima fonética e rima gráfica (2).<br />
(3) Estes processos não são exclusivos<br />
da história da língua, são verificáveis<br />
no quotidiano (exemplos:<br />
2.ª pes. sing. pret. perf: *fizestes,<br />
(e)x-(c)esso, tel(e)-fone, etc.).<br />
Propriedades acentuais das sílabas<br />
(DT B.1.2.3)<br />
Semivogal<br />
Ditongo: oral, nasal, crescente, decrescente<br />
Hiato (DT B.1.1.2.)<br />
Sílaba métrica e sílaba gramatical<br />
Relações entre palavras escritas e entre<br />
grafia e fonia (DT E.5.)<br />
Processos fonológicos (DT B.1.1.)<br />
Processos fonológicos de inserção, supressão<br />
e alteração; redução vocálica, assimilação e<br />
dissimilação; metátese (DT B.1.3.)<br />
Plano fonológico<br />
• Caracterizar processos fonológicos de inserção, supressão e alteração de segmentos.<br />
• Distinguir contextos de ocorrência de modificação dos fonemas nos planos diacrónico<br />
e sincrónico (3).
Notas<br />
(1) P. ex., dizer, estar, fazer, ir, poder,<br />
querer, ser, ter, pôr, medir; despender,<br />
redimir, intervir, etc.<br />
(2) Identificação da relação existente<br />
entre as formas dos pronomes<br />
pessoais – casos – e a função<br />
sintática desempenhada na frase<br />
(sujeito; complemento direto/indireto)<br />
(Cf. Plano Sintático).<br />
(3) Distinção entre palavra, forma<br />
de base, radical e afixo. Identificação<br />
de padrões de formação de palavras<br />
a partir da análise da sua<br />
estrutura interna. Vd. relevância<br />
dos processos de formação de palavras<br />
nos textos orais e escritos.<br />
(4) Distinção dos diferentes processos<br />
de formação de palavras<br />
compostas; observação das classes<br />
de palavras, dos elementos que<br />
as constituem (foco nas relações,<br />
de coordenação ou de subordinação,<br />
que se estabelecem entre<br />
esses elementos e possibilidade de<br />
flexão em número de cada um<br />
deles).<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Verbos defetivos impessoais; unipessoais;<br />
forma supletiva (DT B.2.2.2.)<br />
Formas verbais finitas e formas verbais<br />
não finitas (DT B.2.2.2.)<br />
• Sistematizar especificidades da flexão verbal em:<br />
− verbos de conjugação incompleta;<br />
− contraste das formas do infinitivo pessoal com as do infinitivo impessoal e respetivas<br />
realizações linguísticas.<br />
Verbo regular; verbo irregular (DT B.2.2.2.)<br />
• Sistematizar paradigmas flexionais regulares e irregulares dos verbos.<br />
Flexão:<br />
− Nominal, adjectival e verbal.<br />
− Determinantes e pronomes.<br />
− Pronomes pessoais: caso nominativo,<br />
acusativo, dativo e oblíquo (2).<br />
• Sistematizar paradigmas flexionais irregulares em verbos de uso frequente e<br />
menos frequente (1).<br />
• Sistematizar as categorias relevantes para a flexão das classes de palavras variáveis.<br />
Plano morfológico<br />
Composição<br />
Composição morfológica; composição<br />
morfossintáctica<br />
• Sistematizar padrões de formação de palavras complexas (3) (4):<br />
− por composição de duas ou mais formas de base.<br />
Afixação; derivação não afixal (DT B.2.3.1.)<br />
• Explicitar o significado de palavras complexas a partir do valor de prefixos e sufixos<br />
nominais, adjetivais e verbais do português.<br />
Notas<br />
1) Distinção de diferentes composições<br />
do complexo verbal.<br />
(2) P. ex., contrastar com artigo indefinido.<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
(3) Articulação com processos de articulação<br />
entre frases complexas (Cf.<br />
Plano Sintático).<br />
(4) Trabalho com verbos que seleccionam<br />
complemento oblíquo constituído<br />
por grupo preposicional introduzido<br />
por uma preposição que<br />
admita contração com o demonstrativo<br />
isso.<br />
Classe aberta de palavras (DT. B.3.1.)<br />
Classe fechada de palavras (DT B.3.2.)<br />
Nome: contável; não contável (DT B.3.1.)<br />
Adjetivo relacional (DT B.3.1.)<br />
Verbo principal: transitivo direto, indireto,<br />
direto e indireto; auxiliar (1) temporal,<br />
aspectual e modal (DT B. 3.1.)<br />
Determinante: indefinido (2); relativo<br />
(DT B.3.2.)<br />
Quantificador universal; existencial<br />
(DT B.3.2.)<br />
Conjunção coordenativa: conclusiva,<br />
explicativa (3)<br />
Conjunção subordinativa: comparativa,<br />
concessiva, consecutiva (3) (DT B.3.2.)<br />
Locução conjuncional (3) (DT B.3.2.)<br />
Locução preposicional (DT B.3.2.)<br />
Advérbio de predicado, de frase e conectivo<br />
(DT B.3.1.)<br />
Locução adverbial (DT B.3.1.)<br />
• Caracterizar classes de palavras e respetivas propriedades.<br />
• Sistematizar propriedades distintivas de classes e subclasses de palavras.<br />
Plano classes de palavras<br />
(5) Articulação com a expressão<br />
oral e escrita, p. ex., através de<br />
exercícios de pronominalização<br />
com frases afirmativas, negativas<br />
e interrogativas.<br />
Domínio dos padrões de uso dos<br />
pronomes pessoais átonos: próclise<br />
(Não me contes!); mesóclise<br />
(Contar-me-ás depois.); ênclise<br />
(Conta-me!)<br />
Transitivos indiretos (4); transitivos-<br />
-predicativos<br />
Pronomes: próclise, mesóclise, ênclise<br />
(DT. B.3.2.)<br />
• Caracterizar propriedades de seleção de verbos transitivos.<br />
• Aplicar as regras de utilização do pronome pessoal átono (reflexo e não reflexo)<br />
em adjacência verbal (5).<br />
61
62<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Notas<br />
(1) Frases em ordem canónica e<br />
ordem marcada (motivada pelo contexto<br />
discursivo).<br />
Atividades de comparação dos constituintes<br />
principais da frase e explicitação<br />
da sua distribuição típica nas<br />
frases do português.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Grupo nominal; grupo verbal; grupo adjetival;<br />
grupo preposicional; grupo adverbial<br />
(DT B4.1.)<br />
• Sistematizar os constituintes principais da frase e respetiva composição (1).<br />
Concordância; elipse (DT B.4.5.)<br />
•Sistematizar processos sintáticos (2).<br />
(2) Trabalho centrado quer no interior<br />
dos grupos constituintes, quer<br />
na combinação dos grupos entre si.<br />
Na concordância sujeito – forma<br />
verbal do predicado, verificar, entre<br />
outros, casos de concordância entre<br />
a forma verbal do predicado e o sujeito<br />
sintático configurado com os<br />
pronomes relativos «quem» e «que».<br />
Funções sintáticas ao nível da frase<br />
(DT B.4.2.)<br />
• Sistematizar relações entre constituintes principais de frases e as funções sintáticas<br />
por eles desempenhadas.<br />
Sujeito frásico (3)<br />
Sujeito composto (4) (DT B.4.2.)<br />
• Detetar diferentes configurações da função sintática de sujeito.<br />
(3) Oração completiva e oração<br />
substantiva relativa.<br />
(4) Grupos nominais simples ou<br />
coordenados.<br />
Funções sintáticas (DT B.4.2.)<br />
Sujeito; predicado; modificador; vocativo.<br />
Complemento (5); predicativo (6); modificador.<br />
Complemento do nome; modificador.<br />
Complemento do adjetivo<br />
Complemento do advérbio<br />
• Sistematizar funções sintáticas:<br />
− ao nível da frase;<br />
− internas ao grupo verbal;<br />
− internas ao grupo nominal;<br />
− internas ao grupo adjetival;<br />
− internas ao grupo adverbial.<br />
(5) Distinção entre complemento<br />
direto, indireto e oblíquo.<br />
(6) Distinguir predicativo do sujeito<br />
e predicativo do complemento direto.<br />
Frase passiva (DT B.4.3.)<br />
• Transformar frases ativas em frases passivas e vice-versa (7).<br />
Plano sintático<br />
Coordenação assindética (DT B.4.4.)<br />
• Sistematizar processos de articulação de grupos e de frases (8).<br />
(7) Trabalho sobre passivas reversíveis<br />
a partir de frases ativas com<br />
complexo verbal.<br />
Coordenação: oração coordenada conclusiva<br />
e explicativa<br />
Subordinação: oração subordinada<br />
substantiva(completiva); oração subordinada<br />
adjetiva (relativa restritiva e relativa<br />
explicativa); oração subordinada adverbial:<br />
concessiva e consecutiva (DT B.4.4)<br />
• Distinguir processos sintáticos de articulação entre frases complexas (9).<br />
(8) Articulação com regras de uso<br />
da vírgula.<br />
(9) Atividades de identificação de<br />
diferentes processos de articulação<br />
entre frases. Construção de<br />
frases complexas, por coordenação<br />
e subordinação, a partir de frases<br />
simples (articulação com a escrita).
Notas<br />
(1) P. ex., exercícios de diversificação<br />
e adequação vocabular, visando<br />
o domínio de um repertório de palavras/expressões<br />
relacionado com<br />
universos de discurso e campos lexicais<br />
utilizados.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Vocabulário; neologismo, arcaísmo<br />
(DT B.5.1.)<br />
• Sistematizar processos de enriquecimento lexical do português (1).<br />
Acrónimo, sigla, extensão semântica,<br />
empréstimo, amálgama, truncação<br />
(DT B.5.3.)<br />
• Caracterizar os processos irregulares de formação de palavras e de inovação<br />
lexical.<br />
(2) P. ex., consulta de dicionários e<br />
manipulação de informação lexicográfica.<br />
Articulação com Plano.<br />
Morfológico – processos irregulares<br />
– morfológicos, sintáticos e semânticos<br />
(neologismo, expressão idiomática).<br />
Estrutura lexical; campo semântico<br />
(DT B.5.2.)<br />
• Determinar os significados que dada palavra pode ter em função do seu contexto<br />
de ocorrência (2).<br />
Significação lexical; monossemia e polissemia<br />
(DT B.5.2.)<br />
• Distinguir propriedades semânticas que diferenciam palavras com um só significado<br />
de palavras com mais do que um significado.<br />
(3) Recurso a exercícios de procura<br />
dos correlatos de relações classeelemento<br />
e todo-parte, dado um dos<br />
elementos da relação.<br />
Hiperonímia, hiponímia (DT B.5.2.)<br />
• Sistematizar relações semânticas de semelhança e oposição, hierárquicas e de<br />
parte-todo (3).<br />
(4) Valores temporais, aspetuais e<br />
modais. P. ex., trabalho sobre os<br />
tempos verbais como paradigmas<br />
de flexão que podem assumir diferentes<br />
valores em função do contexto<br />
em que ocorrem.<br />
Valor temporal (DT B.2.)<br />
Valor aspetual/classes aspetuais: evento;<br />
situação estativa (DT B.6.3.)<br />
Aspecto lexical/ aspeto gramatical<br />
(DT B.6.3.)<br />
• Caracterizar relações entre diferentes categorias, lexicais e gramaticais, para<br />
identificar diversos valores semânticos na frase (4).<br />
(5) P. ex., exploração do valor<br />
modal (articulação com o princípio<br />
da cortesia) e temporal do condicional<br />
(condicional vs. futuro do<br />
pretérito).<br />
Valor modal; modalidade (DT. B.6.4.)<br />
• Caracterizar atitudes do locutor face a um enunciado ou aos participantes do<br />
discurso (5).<br />
Plano lexical e semântico<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
63
64<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Notas<br />
(1) Articulação com atividades de<br />
leitura.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Prefácio; posfácio; epígrafe; bibliografia<br />
(DT C.1.2.)<br />
• Usar paratextos para recolher informações de natureza pragmática, semântica<br />
e estético-literária que orientam e regulam de modo relevante a leitura (1).<br />
(2) P. ex., atividades de produção e<br />
interpretação de diferentes enunciados<br />
de acordo com os seus objetivos<br />
discursivos, focando a<br />
atenção dos alunos na seleção de<br />
verbos performativos ou de verbos<br />
que exprimam adequadamente o<br />
propósito ilocutório; modo verbal;<br />
advérbios; interjeições; entoação<br />
(modo oral); sinais de pontuação<br />
(modo escrito).<br />
Enunciação; enunciado;enunciador /<br />
destinatário; intenção comunicativa;<br />
contexto extraverbal, paraverbal, verbal;<br />
universo do discurso (DT C.1.1.)<br />
Ato de fala direto/indireto (DT C.1.1.) (2)<br />
• Caracterizar elementos inerentes à comunicação e interação discursivas.<br />
• Identificar diferentes atos de fala.<br />
• Caracterizar modalidades discursivas e sua funcionalidade.<br />
Monólogo (3)<br />
Discurso indireto livre (4) (DT C.1.1.2.)<br />
• Distinguir modos de reprodução do discurso no discurso e sua produtividade.<br />
(3) Articulação com a sua representação<br />
em textos dramáticos,<br />
narrativos e líricos (leitura e escrita)<br />
e com o trabalho na expressão<br />
oral.<br />
Princípio da cooperação; máximas<br />
conversacionais: de quantidade; de<br />
qualidade; de modo (DT C.1.1.1.)<br />
• Usar princípios reguladores da interação verbal (5).<br />
(4) Exploração da fusão de fronteiras<br />
entre a voz do enunciador-relator<br />
e do primeiro enunciador e dos<br />
procedimentos sintáticos que lhe<br />
estão associados.<br />
Pressuposição; implicação; implicatura<br />
conversacional (DT C.1.1.3.)<br />
• Deduzir informação não explicitada nos enunciados, recorrendo a processos interpretativos<br />
inferenciais (6).<br />
Macroestruturas textuais/microestruturas<br />
textuais (DT C.1.2.)<br />
Progressão temática<br />
Deixis (pessoal, temporal, espacial)<br />
(DT C.1.1); anáfora (DT C.1.2.)<br />
Conectores discursivos (aditivos ou<br />
sumativos; conclusivos ou explicativos;<br />
contrastivos ou contra-argumentativos)<br />
(DT C.1.1.)<br />
Intertexto; hipertexto (DT C.1.2.)<br />
• Reconhecer propriedades configuradoras da textualidade:<br />
− coerência textual;<br />
− referência;<br />
− coesão textual.<br />
(5) P. ex., exploração do condicional<br />
enquanto modo verbal articulável<br />
com realizações ligadas à comunicação<br />
e interação discursivas. Atenção<br />
à necessidade de os enunciados não<br />
contradizerem o que já foi dito. (Cf.<br />
Expressão oral: falar em situações<br />
de interação oral).<br />
Plano discursivo e textual<br />
• Interpretar várias modalidades e relações de intertextualidade (7).<br />
(6) Articulação com o trabalho na<br />
oralidade e na leitura.<br />
Modo narrativo, modo lírico e modo<br />
dramático<br />
Tipologia textual (DT C.1.2.)<br />
Plurissignificação (DT C.1.2.) (DT C.1.3.1.9)<br />
• Caracterizar os diferentes géneros e subgéneros literários e respetiva especificidade<br />
semântica, linguística e pragmática.<br />
(7) Articulação com o trabalho sobre<br />
a leitura (para apreciação de textos<br />
variados e obras literárias) e sobre<br />
a escrita (pessoal e criativa).<br />
Aliteração; pleonasmo; anáfora; hipálage<br />
Prosopopeia; imagem; antítese; perífrase;<br />
hipérbole; eufemismo; ironia<br />
Metáfora; alegoria; símbolo; sinédoque<br />
• Identificar figuras de retórica e tropos como mecanismos linguísticos geradores<br />
de densificação semântica e expressividade estilística:<br />
- figuras de dicção (de natureza fonológica, morfológica e sintática);<br />
- figuras de pensamento;<br />
- tropos.
Notas<br />
(1) O trabalho neste plano articulase<br />
com as diversas atividades da<br />
leitura e da escrita.<br />
Descritores de desempenho Conteúdos<br />
Sinais de pontuação (DT E.2.) (2) (3) (4) (5);<br />
• Sistematizar as regras de uso de sinais de pontuação (1) para:<br />
− delimitar constituintes de frase;<br />
− veicular valores discursivos.<br />
(2) Vírgula: marcação de segmentos<br />
elididos ou justapostos, p. ex.<br />
Sinais auxiliares da escrita (DT E.2.)<br />
Aspas (6)<br />
• Sistematizar regras de uso de sinais auxiliares da escrita para:<br />
− destacar contextos específicos de utilização.<br />
(3) Ponto e vírgula: marcação da<br />
coordenação assindética, p. ex.<br />
(4) Dois pontos: marcação de um<br />
processo de construção assindética,<br />
substituível por um conector<br />
lógico, p. ex.<br />
Formas de destaque (DT E.3.)<br />
Sobrescrito<br />
Susbscrito<br />
Nota de rodapé<br />
• Sistematizar regras de configuração gráfica para:<br />
− destacar palavras, frases ou partes de texto;<br />
− adicionar comentários de referência ou fonte.<br />
(5) Travessão: utilização para assinalar<br />
segmentos sequentes e/ou<br />
encaixados, equiparada à utilização<br />
de parênteses, p.ex.<br />
Conhecimento gramatical e lexical<br />
Homonímia (DT E.5) (7)<br />
• Desambiguar sentidos decorrentes de relações entre a grafia e fonia de palavras.<br />
(6) Associação a matizes expressivos,<br />
distanciando palavras e expressões<br />
do seu significado literal<br />
ou denotativo, p.ex..<br />
Plano da representação gráfica e ortográfica<br />
(7) Identificação de classes e subclasses<br />
de palavras. Articulação do<br />
uso intencional da homonímia<br />
como recurso expressivo na leitura<br />
e na escrita.<br />
Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />
65
8<br />
TEXTOS PARA<br />
REFLEXÃO<br />
8<br />
8
68<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Competências<br />
Competências nucleares<br />
Os níveis atingidos por cada sujeito na compreensão do<br />
oral, na leitura, na expressão oral, na expressão escrita e no<br />
conhecimento explícito determinam o seu nível de mestria linguística,<br />
pelo que elas constituem as competências nucleares<br />
a ter em conta no ensino da língua materna.<br />
A compreensão do oral é a competência responsável pela<br />
atribuição de significado a cadeias fónicas produzidas de<br />
acordo com a gramática de uma língua. Envolve a receção e a<br />
decifração da mensagem e implica o acesso à informação linguística<br />
registada permanentemente na memória. Sem tal registo<br />
não há compreensão, na medida em que não pode haver<br />
reconhecimento do significado das unidades ouvidas, sejam<br />
elas palavras, expressões ou frases.<br />
(…)<br />
Por leitura entende-se o processo interativo entre o leitor<br />
e o texto, através do qual o primeiro reconstrói o significado<br />
do segundo. A extração do significado e a consequente apropriação<br />
da informação veiculada pela escrita são os objetivos<br />
fundamentais da leitura, dependendo o nível de compreensão<br />
atingido do conhecimento prévio que o leitor tem sobre o assunto<br />
e do tipo de texto em presença.<br />
Ao contrário da compreensão do oral, a leitura não é nem<br />
uma atividade natural, nem de aquisição espontânea e universal.<br />
(…)<br />
A capacidade para produzir cadeias fónicas dotadas de significado<br />
e conformes à gramática de uma língua denomina-se<br />
expressão oral. Esta capacidade envolve o planeamento do<br />
que se pretende dizer, a formatação linguística do enunciado<br />
e a execução articulatória do mesmo.<br />
Compete à escola proporcionar aprendizagens conducentes<br />
a uma expressão fluente e adequada nos géneros formais<br />
e públicos do oral, que se caracterize por um vocabulário preciso<br />
e diversificado e por uma progressiva complexidade sintática.<br />
(…)<br />
Aprender a exprimir-se oralmente é, por isso, também,<br />
aprender a refletir sobre os vários géneros do oral, a conhecer<br />
as regras sociais que os regulam, a prever as reações dos<br />
interlocutores e a reformular o seu discurso em função das<br />
mesmas, a construir estratégias para informar, persuadir, explicar,<br />
argumentar com sucesso.<br />
(…)<br />
A expressão escrita consiste no processo complexo de produção<br />
de comunicação escrita. Tal como a leitura, não é uma<br />
atividade de aquisição espontânea e natural, exigindo, por isso,<br />
ensino explícito e sistematizado e uma prática frequente e supervisionada.<br />
Como modalidades secundárias da língua que partilham<br />
a necessidade do recurso à tradução do oral em gráfico,<br />
a leitura e a escrita usufruem reciprocamente do nível de mestria<br />
atingido em cada uma delas.<br />
A expressão escrita é um meio poderoso de comunicação e<br />
aprendizagem que requer o domínio apurado de técnicas e estratégias<br />
precisas, diversas e sofisticadas. As funções da escrita<br />
são múltiplas e variadas: escreve-se para identificar algo<br />
ou alguém, para mobilizar a ação, para recordar, para satisfazer<br />
pedidos ou exigências, para refletir, para aprender e para criar<br />
(Grabe & Kaplan, 1996).<br />
(…)<br />
Por conhecimento explícito entende-se a progressiva<br />
consciencialização e sistematização do conhecimento implícito<br />
no uso da língua.<br />
(…)<br />
[Assim,] na perspetiva da educação básica, é função da escola<br />
promover o desenvolvimento da consciência linguística<br />
dos alunos com o grau de sistematização necessário para que<br />
possam mobilizá-la com objetivos estritamente cognitivos e<br />
com objetivos instrumentais.<br />
Inês Sim-Sim et alii, A Língua Materna na Educação Básica. Competências<br />
Nucleares e Níveis de Desempenho.<br />
Ministério da Educação. Departamento da Educação Básica, Lisboa, 1997.<br />
Conhecimento Explícito da Língua<br />
Coerência e Coesão<br />
1. Coerência<br />
Os falantes, ao produzirem enunciados – orais ou escritos –,<br />
veiculam o seu conhecimento de factos, objetos, acontecimentos,<br />
estados de coisas, i.e., do mundo tal como o apreendem<br />
cognitivamente. Esta apreensão inteletiva encontra-se<br />
na base tanto da produção de frases, enunciados ou, sobretudo,<br />
de textos como da receção desses mesmos produtos linguísticos.<br />
Com efeito, um interlocutor (ouvinte/leitor) coloca<br />
o seu conhecimento do mundo ao serviço da interpretação<br />
dos enunciados, de forma a reconstruir os seus sentidos.<br />
Daqui se conclui que a comunicação, para se processar, exige<br />
um saber compartilhado por parte dos falantes envolvidos nas<br />
trocas verbais, enquanto fator fundamental para a construção<br />
de coerência.
Este facto explica por que razão se diz que enunciados como<br />
os abaixo apresentados “não fazem sentido”:<br />
• Está frio porque estão trinta e cinco graus.<br />
• Ele estuda tanto que não sabe nada.<br />
• Primeiro processo o texto no word, e, depois, ligo o computador.<br />
Com efeito, a incoerência das frases reside no facto de o<br />
“mundo” representado não estar de acordo com o nosso<br />
“mundo” tal como o conhecemos, onde “trinta e cinco graus”<br />
serão uma causa de calor e nunca de frio; “não saber nada”<br />
será uma consequência da falta de estudo e não de excesso de<br />
empenho; o normal é ligar o computador em primeiro lugar para<br />
depois processar um texto.<br />
Todavia, é possível, por processos linguísticos, reparar esta<br />
anormalidade de situações:<br />
• Apesar de estarem trinta e cinco graus sinto frio: devo estar<br />
doente!<br />
• É impressionante: ele estuda tanto e não sabe nada!<br />
• Antes de conhecer algo de informática pensava que primeiro<br />
se processava o texto e só depois se ligava o computador.<br />
As expressões em itálico assinalam que a situação descrita<br />
não deve ser interpretada dentro do que é expectável de acordo<br />
com o nosso conhecimento dos factos.<br />
A noção de coerência não se esgota, todavia, nestas relações<br />
semânticas operadas ao nível da frase, na medida em que<br />
a coerência é sobretudo uma propriedade textual, que se manifesta<br />
tanto na frase como na globalidade do texto. A coerência<br />
permite estabelecer a distinção entre uma acumulação de<br />
frases, sem ligação entre si, e um texto estruturado, que parte<br />
de um determinado tópico para criar uma progressão consistente,<br />
congruente e significativamente autónoma.<br />
Para além da dimensão central do texto que se relaciona com<br />
a apreensão cognitiva que se faz do mundo, consideram-se três<br />
princípios básicos como factores de textualidade, i.e., de coerência<br />
textual, a saber:<br />
a) não tautologia;<br />
b) não contradição;<br />
c) relevância.<br />
A dimensão da não tautologia é uma dimensão cognitiva que<br />
determina que um texto não deve ser nulamente informativo.<br />
Nesta linha, poderemos considerar textos incoerentes os seguintes<br />
fragmentos:<br />
• Eu quero porque quero.<br />
• Eu aproximei-me da casa, ou seja, aproximei-me da moradia,<br />
i.e., cheguei perto da habitação, na medida em que já<br />
estava à beira da referida casa.<br />
Textos Para Reflexão<br />
Uma outra condição cognitiva de aceitação de um texto encontra-se<br />
relacionada com a não coexistência de factos incompatíveis<br />
entre si. Assim, será incoerente um fragmento<br />
desta natureza:<br />
• Ele era alto e baixo, magro e gordo.<br />
• Aquele carro nunca tinha tido outro dono, estava impecável.<br />
Os seus nove proprietários sempre se queixaram dos<br />
problemas com a suspensão…<br />
Por fim, o princípio da relevância determina que entre os diferentes<br />
enunciados apresentados em sequência se estabeleçam<br />
relações de diversa ordem as quais se prendem, uma vez<br />
mais, com condições cognitivas relacionadas com o nosso conhecimento<br />
do mundo “real”. Estas relações têm a ver com uma<br />
ordem temporal e linear que reconstrói os factos do nosso<br />
mundo, o que explica a incoerência de enunciados como o seguinte:<br />
• Primeiro, revejo o texto, depois faço um primeiro esboço e,<br />
por fim, planifico as minhas ideias.<br />
A nível das relações de subordinação, verifica-se também<br />
um conjunto de relações lógicas expectáveis de causa/consequência<br />
ou causa/razão:<br />
• Tenho febre porque não estou doente.<br />
• João tem tão pouca relevância na ação que é considerado<br />
a personagem principal.<br />
A relevância manifesta-se também em relações de hiperonímia/hiponímia<br />
ou de holonímia/meronímia:<br />
• Gosto imenso de literatura: chocolates, rebuçados, pastilhas,<br />
gomas, …<br />
• As flores são constituídas por volantes, pedais, motor, …<br />
ou na própria perceção de uma determinada realidade:<br />
• Entrei na sala. Reparei no candeeiro: o teto está pendurado<br />
nele. Vi depois um belo exemplar d’ Os Maias. O livro estava<br />
agarrado ao João.<br />
Por fim, a diferença entre o texto e o ‘não texto’ manifesta-se<br />
também na continuidade e progressão. Um texto centra-se num<br />
determinado tópico que é retomado ao longo de um determinado<br />
espaço e sobre o qual se acrescentam informações novas<br />
que contribuem para a progressão textual. Um texto que não<br />
siga estes princípios (associados à coesão) será também ele<br />
incoerente.<br />
(…)<br />
2. Coesão<br />
A coesão é um processo de assegurar uma linearização que<br />
permite criar uma memória do texto (VILELA: 1999, p. 441), contribuindo,<br />
deste modo, para construir uma continuidade temática<br />
que assegura a tessitura textual. Somente a partir destes<br />
69
70<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
elementos de continuidade é possível construir a informatividade<br />
do texto, através da introdução de elementos de progressão<br />
que, associados aos elementos de retoma, estruturam<br />
o texto.<br />
A coesão constrói-se, em termos gerais, por dois processos<br />
que permitem a sequencialização de diferentes elementos da<br />
superfície textual:<br />
• coesão lexical, que assenta nas relações entre palavras;<br />
• coesão gramatical, que faz uso de mecanismos como:<br />
– cadeia de referência;<br />
– coesão interfrásica;<br />
– coesão temporo-aspetual.<br />
Trata-se de uma característica da linguagem verbal fundamental<br />
assente no plano microestrutural do texto (isto é, das<br />
sequências textuais dotadas de unidade e relação entre os elementos<br />
que as compõem, identificadas com os enunciados que<br />
configuram o texto no plano da superfície e que, nas relações<br />
estabelecidas entre si, constroem uma unidade de sentido conducente<br />
a unidades hierarquicamente superiores).<br />
Carla Marques et alii., Nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico<br />
e Secundário. Roteiros para a ação didática no Secundário.<br />
Coleção Ficheiros Pedagógicos. Porto, Edições ASA, 2006.<br />
Leitura<br />
A compreensão na leitura<br />
Macroprocessos<br />
A ideia principal<br />
No ensino da leitura, a noção de ideia principal sofreu uma<br />
evolução acentuada. No início do século, havia a tendência de<br />
considerar todas as informações de um texto com o mesmo<br />
grau de importância; verificaram-se, desde então, muitos processos<br />
e, hoje, os programas de ensino dão à informação<br />
principal do texto a importância que lhe cabe. Apesar desta<br />
evolução, reconhece-se que os alunos não dominam esta habilidade<br />
na primária. Duas possibilidades se apresentam ao<br />
professor para minorar este problema: melhorar as estratégias<br />
dos alunos ou modificar os textos que lhes dão a ler. Cada<br />
vez se admite mais que a compreensão das ideias principais<br />
pode ser melhorada graças à aplicação de certas regras<br />
quando se constroem os textos. Mas, dado que os alunos terão<br />
que ler, muitas vezes, livros que não respeitam essas regras,<br />
o ensino das estratégias de compreensão será sempre necessário<br />
(Baumann, 1986a).<br />
O que é uma informação importante?<br />
Reconhece-se que a avaliação sobre o que é importante<br />
num texto pode variar de um leitor para outro, de uma situação<br />
para outra. Quer isto dizer que é impossível determinar<br />
com segurança quais são as ideias principais de um texto?<br />
Importa, contudo, realçar que existem duas categorias de informação<br />
importante: a informação “textualmente importante”<br />
e a informação“contextualmente importante” (Van Dijk, 1979).<br />
1) A informação pode ser importante porque o autor a<br />
apresenta como tal. (Textualmente importante)<br />
2) A informação pode ser importante porque o leitor a considera<br />
como tal devido à sua intenção de leitura. (Contextualmente<br />
importante)<br />
O resumo<br />
Na escola, os primeiros contactos dos alunos com o resumo<br />
decorrem, por um lado, da obrigação de resumir livros<br />
e, por outro, de efetuar trabalhos documentais sobre um tema<br />
em particular (animais, plantas, grupos de cantores, ...).<br />
O resumo passou, a seguir, do campo dos investigadores<br />
para as mãos dos pedagogos. Os professores começaram a<br />
colocar-se as questões seguintes: “Os alunos sabem resumir?<br />
É possível melhorar esta habilidade e, se é, de que<br />
modo?”<br />
O que é um resumo?<br />
Segundo Laurent (1985), o resumo seria “a reescrita de um<br />
texto com um objetivo triplo: a conservação da equivalência<br />
informativa, a concretização de uma economia de meios de<br />
significação e a adaptação a uma nova situação de comunicação”<br />
(p. 73).<br />
Três elementos essenciais aparecem, portanto, ligados ao<br />
resumo:<br />
1) A conservação da equivalência informativa – O resumo<br />
deve representar o pensamento do autor e conter o essencial<br />
das informações dadas pelo texto.<br />
2) A economia de meios – Diminuindo o número de palavras<br />
utilizadas, o resumo deve apresentar a mesma informação<br />
que surge no texto original. Certas informações devem, por<br />
isso, ser eliminadas: são informações redundantes e as secundárias.<br />
3) A adaptação a uma nova situação de comunicação –<br />
Um resumo é sempre escrito em função de um público<br />
particular; é preciso ter em conta este factor no modo<br />
como se apresentam as informações. Assim, um texto<br />
não será resumido do mesmo modo, se se dirigir a gerentes<br />
bancários ou se visar potenciais clientes.
A estrutura dos textos narrativos<br />
Há uma diversidade de textos narrativos: a lenda, o conto,<br />
a fábula, … A narrativa, que é também um texto de estrutura<br />
narrativa, é provavelmente o tipo de texto que tem sido alvo<br />
de mais atenção e que suscitou maior número de pesquisas<br />
em educação os últimos 10 anos, razão pela qual as noções<br />
de gramática da narrativa e esquema da narrativa entraram<br />
há alguns anos no meio escolar.<br />
Enquanto que a gramática da narrativa tem a ver com a<br />
estrutura dos textos, o esquema da narrativa diz respeito ao<br />
leitor e pode ser definido como “uma representação interna<br />
idealizada das partes de uma narrativa típica” (Mandler e<br />
Johnson, 1977, p. 111). O esquema da narrativa é relativo a<br />
uma estrutura cognitiva geral no espírito do leitor, que este<br />
utiliza para tratar a informação da narrativa. O leitor utiliza<br />
este esquema para prever o que se vai passar, a seguir, na história,<br />
para determinar os elementos importantes da mesma, …<br />
A estrutura dos textos informativos<br />
Os alunos têm mais dificuldades em compreender os textos<br />
informativos do que os narrativos. Certos autores, entre<br />
os quais Muth (1987a), explicam esta situação pelo facto de os<br />
textos informativos conterem muitas vezes um conteúdo não<br />
familiar, conceitos novos, frases longas e estruturas sintáticas<br />
complexas. Outros, invocam, por outro lado, a falta de interesse<br />
e de motivação dos alunos perante este género de<br />
texto (Armbruster et al, 1987; Spiro e Taylor, 1987).<br />
O leitor hábil aborda o texto com um certo conhecimento do<br />
modo como os textos estão organizados e escolhe, do seu repertório<br />
de estruturas, a que corresponde melhor à estrutura<br />
do texto que vai ler. Certos aspetos do texto, certas marcas indicam-lhe<br />
o tipo de estrutura utilizada pelo autor. Apesar da<br />
habilidade de se servirem da estrutura do texto se desenvolver<br />
com o tempo, pode acontecer que os leitores não utilizem essa<br />
estrutura porque não sabem que é útil fazê-lo; daí, a importância<br />
de ensinar esta habilidade.<br />
Escrita<br />
Excertos de Jocelyne Giasson, A Compreensão na Leitura.<br />
Coleção “Práticas Pedagógicas”, Porto, Edições ASA, 2000.<br />
O texto escrito<br />
Segundo Ducrot e Schaeffer (1995: 494), “on définira le<br />
texte ici comme une chaîne linguistique parlée ou écrite formant<br />
une unité communicationnelle, peu importe qu’il s’agisse<br />
d’une séquence de phrases, d’une phrase unique, ou d’un<br />
fragment de phrase”. Neste sentido, o texto é entendido como<br />
Textos Para Reflexão<br />
objeto falado ou escrito e a unidade linguística de base que o<br />
caracteriza é dada como comunicacional (cf. Adam, 1990;<br />
Fonseca, 1992; Nerlich e Clarke, 1999).<br />
O objeto texto define-se pois em termos de conteúdo e de<br />
função, envolvendo-se aqui o nível semântico (significação<br />
global do texto) e o nível pragmático (função global, enquanto<br />
ato de linguagem). Estes dois níveis dizem respeito a dois<br />
tipos de coerência que se determinam mutuamente, e que<br />
correspondem às propriedades internas do texto (estruturas)<br />
e às externas (condições às quais estão submetidas as suas<br />
ocorrências em contextos específicos, as suas funções e os<br />
seus efeitos nesses mesmos contextos) (Van Dijk, 1981).<br />
No entanto, se se conceber o texto escrito numa materialidade,<br />
ou melhor, numa espacialidade (gráfica e visual) que<br />
lhe é própria e característica, diferente da materialidade do<br />
texto oral, ter-se-á que repensar os conceitos de escrita e de<br />
texto elaborados até ao presente. A organização do texto na<br />
página vai desde logo contribuir para a sua legibilidade. Entendo<br />
aqui por legibilidade a possibilidade de se ler e interpretar<br />
um texto através da ordenação (ou organização) visual<br />
de todos os seus elementos (no sentido de os colocar numa<br />
dada ordem e com uma determinada configuração significativas).<br />
Segundo Foucault (1966: 53), é uma tendência própria<br />
do homem, no espaço do saber, o ordenar e o configurar as<br />
diversas formas do conhecimento empírico.<br />
Com efeito, o texto escrito, embora admita variação estilística,<br />
é regido por um conjunto de regras espaciais, ortográficas,<br />
morfológicas, sintáticas e lexicais, válidas para a totalidade<br />
dos falantes do português europeu, por exemplo, e esse conjunto<br />
normativo é comummente designado por escrita padrão.<br />
É porque o sistema de escrita é normativo que se podem aferir<br />
correções ou incorreções na prática de escrita, isto é, desvios<br />
relativos a essa dita norma.<br />
O mesmo não se verifica em relação ao conceito de norma<br />
linguística (ou normas) apontado para uma dada língua falada,<br />
pertença de todos os indivíduos inseridos numa mesma<br />
comunidade linguística, daí que Coseriu (1978) tenha substituído<br />
os conceitos de correto/incorreto da tradição gramatical<br />
pelos conceitos de normal/anormal. Assim, segundo o<br />
autor, os “erros” no falar ocorrem, não porque “não se fale<br />
bem ou de maneira exemplar” numa comunidade linguística,<br />
mas sim porque determinados usos, embora admitidos pelo<br />
sistema linguístico de uma comunidade, não estão consagrados<br />
como “normais” nessa e por essa mesma comunidade. A<br />
viabilidade de um número infinito de escolhas linguísticas,<br />
por um qualquer falante, associada à aceitabilidade social,<br />
acarreta uma outra: um maior liberalismo gramatical, que<br />
é desejável, segundo Cunha e Cintra (1987). No caso do texto<br />
escrito, não é concedido espaço a esse liberalismo.<br />
Sintetizando, então, o que foi exposto, posso considerar<br />
o texto escrito como um objeto linguístico visual cujos<br />
71
72<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
constituintes (que integram vários níveis de estruturação),<br />
“postos” normativamente numa espacialidade significante,<br />
perfazem uma unidade semântica global que, como tal, funciona<br />
numa situação de comunicação.<br />
A aprendizagem da escrita<br />
A língua escrita é uma faculdade que, ao contrário da língua<br />
oral 1 e dentro de todo o processo de manuseamento de<br />
uma língua materna, o homem civilizado deve aprender por<br />
direito, não sendo inata nem precoce. Pode dizer-se que todos<br />
os homens, enquanto falantes integrados numa realidade sociocultural,<br />
vão desenvolvendo uma experiência de linguagem<br />
própria e, enquanto cidadãos, cujo direito à educação é um<br />
direito fundamental nas sociedades democráticas, vão aprender<br />
a escrever.<br />
A aprendizagem da escrita processa-se de forma diferente,<br />
relativamente ao desenvolvimento da linguagem oral: primeiro<br />
porque é feita mais tardiamente e depende exclusivamente da<br />
escolaridade de um indivíduo (seja ela doméstica ou institucional);<br />
segundo, porque há níveis de escrita que nem sempre<br />
se adquirem e desenvolvem simultaneamente; terceiro, porque<br />
o escritor enfrenta um problema – deve saber utilizar os<br />
recursos da gramática da escrita mais sistematicamente do<br />
que os da oralidade.<br />
Falar é de facto mais fácil para o indivíduo, uma vez que ele<br />
está em presença do interlocutor, partilha o mesmo contexto,<br />
“explora” a recetividade do outro, podendo improvisar, reformular,<br />
“disfarçar” possíveis “desvios” que ocorram... Falar é<br />
um ato natural como andar ou correr. Escrever será como<br />
nadar ou ser campeão de maratona. Exige vontade, motivação,<br />
qualidades e treino. Por isso, todo o processo da escrita<br />
depende, ainda mais que da oralidade, de aspectos psicológicos,<br />
mnemónicos, culturais... e das atividades escolares.<br />
Assim, e no que respeita às práticas de escrita a promover,<br />
cabe ao professor gerir a escolha de certas atividades e a insistência<br />
com que elas são levadas a cabo. Essa gestão da<br />
aprendizagem da escrita deve passar por levar o aluno a escrever<br />
o maior número possível de textos, permitindo um<br />
processo de auto e heterocorreção eficaz; centrar-se nos<br />
novos interesses dos alunos, fazendo-os perceber que saber<br />
escrever corretamente é importante para, por exemplo, comunicar<br />
por correio eletrónico, escrever uma carta de pedido<br />
de emprego no final da escolaridade, participar em concursos<br />
literários, produzir letras para canções, redigir atas de<br />
reuniões do Escutismo, de clubes e associações recreativas...;<br />
escolher determinadas estratégias/atividades para a aprendizagem<br />
de determinadas estruturas da escrita onde recaiam<br />
maiores dificuldades, levando-as a cabo de forma progressiva,<br />
através da implementação de um programa de aprendizagem<br />
sistemática da escrita, cujo objetivo essencial seja o de<br />
levar o aluno a aprender e não apenas o de avaliar.<br />
Devo acrescentar que não se aprende a escrever “numa<br />
semana, num mês, num semestre, num ano, ou mesmo numa<br />
etapa do período escolar. Como qualquer aprendizagem, a<br />
aprendizagem da Leitura/Escrita é permanente, ocorre durante<br />
toda a vida, como diz o adágio “Morrendo e aprendendo”.<br />
No campo da Leitura/Escrita, somos eternos aprendizes,<br />
somos sempre surpreendidos, o que equivale a dizer, o desafio<br />
permanece (Lima, 1999: 30). Isto porque escrever é difícil.<br />
Todos nós já sentimos isso, enquanto crianças, jovens e<br />
mesmo adultos. À própria expressão “escrever” associa-se o<br />
sentido de convenção, de esforço, de trabalho, não se regendo<br />
esta atividade pela simples fórmula de “escrever ao sabor da<br />
pena” 2 . E para um jovem aprendiz, ainda se torna mais difícil<br />
pelas seguintes razões:<br />
1. Não é a palavra escrita que constitui a experiência da linguagem<br />
predominante de um indivíduo, mas sim a oralidade<br />
(a escrita é relegada para segundo plano na sociedade). Na<br />
infância, as crianças apercebem-se de que a linguagem verbal<br />
oral é uma atividade social de extrema importância para a<br />
própria afirmação pessoal no mundo sociocultural a que pertence,<br />
logo tendem a desenvolvê-la. Por outro lado, o código<br />
oral comporta um conjunto acessível, quase infinito, de formas<br />
de clarificar a mensagem – expressão facial, entoação,<br />
gestos, reformulações... – logo a criança não o encara como<br />
um sistema complexo e de difícil “uso”, já que pode recorrer<br />
a outros meios que não os verbais. Determinadas marcas da<br />
oralidade (anuladas na produção escrita), como repetições,<br />
bordões, hesitações, falsos inícios, interrupções abruptas de<br />
enunciados,..., embora consideradas “instáveis”, vão conferir<br />
uma certa “estabilidade” e autoconfiança no ato de comunicar.<br />
Além disso, a interação comunicativa verbal na sala<br />
de aula processa-se predominantemente na e pela oralidade.<br />
1 Cf. Sim-Sim et alii., 1997: 15: “A espécie humana é a única espécie biológica programada geneticamente para adquirir os sistemas altamente complexos, estruturados<br />
e específicos que são as línguas naturais. Na realidade, os seres humanos adquirem espontaneamente, com incrível rapidez e uniformidade, a língua natural<br />
da comunidade em que passam os primeiros anos de vida – a sua língua materna – e usam-na criativamente como locutores, interlocutores e ouvintes.”<br />
2 A este propósito, Bellenger (1981: 3) diz: “L’expression écrite est loin de soulever un pareil enthousiasme chez les adultes en général, et même chez les enfants.<br />
Ecrire est souvent perçu comme une corvée liée à des tâches rébarbatives : le courrier, les rapports, les notes diverses. L’écrivain se complaît dans<br />
la narration des douloureuses gestations de l’œuvre ; l’élève et l’étudiant peinent sur le « devoir écrit ». Aurait-on affaire à une névrose de l’écrit dans une<br />
société audio-visuelle voulant maintenir à tout prix la trace de la parole ? ”
Finalmente, a imagem e o som tornaram-se, nesta aldeia<br />
global em que vivemos, sistemas prioritários para o homem<br />
comunicante, em detrimento da escrita. Portanto, esta negociação<br />
entre experiências de linguagem verbal oral e escrita<br />
revela-se difícil.<br />
2. Ausência de um interlocutor: A mensagem terá de ser explícita<br />
e compreensível para o leitor (visto que o escritor é<br />
impossibilitado de proceder a esclarecimentos in loco),<br />
atendendo a que os conhecimentos do mundo empírico de<br />
ambos possam ser muito diferentes. É necessário que ele<br />
escreva fora de uma relação pessoal (e por isso contextual)<br />
e torna-se difícil, para uma criança ou para um jovem, “descentralizar-se<br />
de si próprio” e escrever para o outro entender.<br />
Se, na oralidade, ele consegue certificar-se de que<br />
o ouvinte está a perceber ou a gostar do que ele diz, o processo<br />
na escrita é contrário: o texto terá de ser consequência<br />
de um conhecimento previsível acerca das reações<br />
do leitor e conter toda a informação considerada necessária<br />
à compreensão, ou seja, toda a informação “nova” relativamente<br />
ao leitor.<br />
3. Compreensão do tipo de escrita a produzir / (re)conhecimento<br />
do tema: No âmbito das atividades escripturais escolares,<br />
as instruções dadas pelo professor, quanto ao tema<br />
e tipo de produção, nem sempre são claras e rigorosas, de<br />
forma a permitir o entendimento face às expetativas de<br />
quem pede e ao que é pedido. É necessário perceber se se<br />
pretende um maior ou menor envolvimento do escritor no<br />
texto, mais ou menos “factos”... , se deve ser produzido um<br />
conto ou reconto, uma carta formal ou informal, um texto<br />
explicativo ou argumentativo, um poema num estilo particular...<br />
, se o professor atribuirá mais importância às questões<br />
de ortografia, à seleção do léxico ou à pertinência do<br />
conteúdo, no ato de avaliação.<br />
É difícil escrever desconhecendo as intenções do professor<br />
e o tipo de produção escrita pedido. Além disso, referir temas<br />
como “Texto livre” ou “Fala de ti”, ou ainda outros que se reportem<br />
a um assunto desconhecido ou demasiado abstrato<br />
para determinados alunos, como por exemplo “O mito” ou<br />
“A crítica”, em certos níveis de escolaridade, podem ser<br />
fatores desencadeadores de dificuldades que recaem não na<br />
aplicação de recursos linguísticos propriamente ditos mas<br />
no nível conceptual da tarefa.<br />
Textos Para Reflexão<br />
4. Adequação discursiva a diferentes situações enunciativas:<br />
O aluno terá que saber adequar a escrita aos dados contextuais<br />
do momento e do lugar em que escreve, recorrer<br />
à sua formação ideológica e linguística, delinear a própria<br />
imagem do professor porque ela é fundamental como fator<br />
condicionante do texto. De facto, o interlocutor/professor<br />
afeta fortemente a forma como se escreve. E cedo o aluno<br />
se apercebe de que para diferentes professores há que produzir<br />
textos diferentes. Tal como afirmam Burgess et alii.<br />
(1973: 119), “It is remarkable how quickly children pick up<br />
the idiosyncracies of their teachers and modify their writing<br />
accordingly. A great deal of school writing is in this way<br />
modified by the child’s expectation of his teacher’s reaction;<br />
he has a picture of his reader as a judge – someone who<br />
will say ‘this is good’ and ‘that is bad’ (1973: 120, 121).<br />
Mas, e se o texto a escrever não tem como leitor o professor?<br />
A dificuldade recai então no entendimento que o aluno<br />
terá das diferentes situações de comunicação, que envolvem<br />
o seu ato de escrita, visando as expetativas do leitor,<br />
mesmo sendo este desconhecido, ou seja, ele terá de se<br />
centrar no factor intencionalidade, que está submetido à<br />
aceitabilidade do texto.<br />
5. Construção de uma unidade estrutural de interconexões:<br />
trabalhos recentes da análise textual vieram mostrar que<br />
“la textualisation ne résulte pas de la mise en œuvre d’un<br />
algorithme grammatical, mais est une activité processuelle<br />
obéissant à des contraintes qui sont essentiellement d’ordre<br />
cognitif et communicationnel” (Ducrot et Schaeeffer, 1995:<br />
501). Isto vai ao encontro da constatação de Burgess et alii.<br />
(1973: 17) de que a mobilização de recursos relativos à escrita<br />
está subordinada a dois aspetos: “first, the commitment to a<br />
search for meaning; second, a framing of that commitment in<br />
terms of the situation which the writer has to meet.”<br />
Neste sentido, é difícil para um sujeito (ainda em situação<br />
de aprendizagem, no caso dos jovens alunos), no momento<br />
em que escreve, “aplicar” mecanismos de ordem cognitiva<br />
e comunicacional, ou, dito de outra forma, proceder a uma<br />
interconexão de conhecimentos advindos do contexto situacional<br />
(da emissão e da receção) e da aprendizagem de<br />
um código escrito “fixo”, nos diferentes níveis:<br />
• letras, palavras (limitá-las com espaços anteriores e posteriores)<br />
3 , regras de pontuação, regras de acentuação, emprego<br />
das iniciais maiúsculas, divisão silábica, representação de<br />
vogais nasais, ditongos, ...<br />
• estrutura das unidades morfológicas e lexemáticas, frásicas.<br />
• estruturas globais e funções do texto.<br />
3 Como afirmam Burgess et alli., 1973: 117: “(Most infants write in one consecutive string of letters, without any indications of word-boundaries, because that<br />
is what happens, as close as they can make it, in speech.)”<br />
73
74<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Concluo então que é face a subordinações e a restrições ligadas<br />
a todo o processo da escrita que se pode justificar a afirmação<br />
de que escrever é difícil. Se muitos dos jovens<br />
escrevem com o “pensamento à solta”, procedendo ao tratamento<br />
da informação na escrita como o fazem na oralidade, tal<br />
não é permitido pelo sistema normativo da escrita (nem pela<br />
exigência da legibilidade), que é constituído por essas subordinações<br />
e restrições, as quais estão operantes a todos os níveis<br />
de análise.<br />
Inês Silva, Contributos para o Ensino da Escrita –<br />
A Materialidade da Escrita em Textos de Alunos do 3. o <strong>Ciclo</strong><br />
do Ensino Básico. “Cadernos CRIAP”, Porto, Edições ASA, 2005.<br />
Compreensão oral / Expressão oral<br />
Oralidade e terminologia linguística: como e para quê?<br />
"Eu tinha uma história para contar, a história dessa gente,<br />
de três gerações de uma família de camponeses do Alentejo,<br />
com tudo: fome, o desemprego, o latifúndio, a política, a igreja,<br />
tudo. Mas me faltava alguma coisa, me faltava como contar<br />
isso... Então, o que aconteceu? Na altura da página 24, 25, estava<br />
indo bem e por isso eu não estava gostando. E sem perceber,<br />
sem parar para pensar, comecei a escrever como todos<br />
os meus leitores hoje sabem que eu escrevo, sem pontuação.<br />
Sem nenhuma, sem essa parafernália de todos os sinais, de<br />
todos os sinais que vamos pondo aí... Então, eu acho que isso<br />
aconteceu porque, sem que eu percebesse, é como se, na<br />
hora de escrever, eu subitamente me encontrasse no lugar<br />
deles, só que agora narrando a eles o que eles me haviam narrado.<br />
Eu estava devolvendo pelo mesmo processo, pela oralidade,<br />
o que, pela oralidade, eu havia recebido deles."<br />
Saramago, Cadernos de Lanzarote, 1998: 22-23.<br />
1.<br />
Desde há muito que a Escola tem consciência da importância<br />
do ensino-aprendizagem do oral. Numa sociedade cada vez<br />
mais mediatizada, onde a comunicação in praesentia ou à distância<br />
ganham constantemente novos contornos, compreender<br />
as mensagens de diferentes locutores e saber falar, exprimindo-<br />
-se adequadamente em cada contexto, tornam-se instrumentos<br />
fundamentais para garantir o sucesso dos alunos, enquanto cidadãos<br />
e enquanto profissionais.<br />
Na ordem do dia, todavia, outra questão adquire uma pertinência<br />
particular: que contributo pode a operacionalização<br />
didática da TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos<br />
Básico e Secundário) trazer ao domínio do oral?<br />
A primeira questão que se levanta, a partir do texto de José<br />
Saramago, é a seguinte: é possível equacionar de forma diferente<br />
a questão do oral?<br />
Sabe-se que a oralidade é parte integrante de todos os programas<br />
de Língua Portuguesa, desde o ensino Básico ao Secundário<br />
– “Falar é tomar parte num processo condicionado<br />
por regras sociais. É a fala que permite a socialização da experiência<br />
individual.” (Programa de Língua Portuguesa para o<br />
Ensino Básico – 3. o <strong>Ciclo</strong> – Plano de Organização do Ensino-<br />
-Aprendizagem, Volume II. DGEBS); “O domínio da oralidade<br />
é uma competência transversal que deve permitir ao aluno a<br />
sua afirmação pessoal e a sua integração numa comunidade,<br />
ora como locutor eficaz, ora como ouvinte crítico, ora como<br />
interlocutor, em suma como cidadão.” (Programa de Língua<br />
Portuguesa – 10. o /11. o /12. o Anos – 2002).<br />
É facto assente que na sala de aula concede-se primazia à<br />
modalidade oral (sobre a modalidade escrita). Mas ensina-se<br />
o oral? Que diferenças existem entre o oral refletido e o espontâneo?<br />
Ensinar o oral não é apenas centrar-se em trocas<br />
verbais escolares do tipo “pergunta-resposta”; ou promover<br />
atividades de leitura expressiva; ou ensinar um conjunto de<br />
expressões-feitas; ou promover a aprendizagem natural por<br />
contacto artificial com diferentes situações de comunicação?…<br />
Dado que qualquer prática pedagógica assenta no oral,<br />
cabe ao professor desencadear, através de estratégias variadas,<br />
a tomada de consciência pelos alunos de modos de agir<br />
pela fala, adequados às situações de comunicação, permitindo<br />
a expressão verbal em interação e a comunicação oral regulada<br />
por técnicas. Não é possível continuar a crer que o oral<br />
se aprende por si mesmo, naturalmente, pois é este pressuposto<br />
que leva a outra afirmação de José Saramago: “(…) em<br />
rigor, a escola que tão mal ensina a escrever, não ensina de<br />
todo a falar. A aprendizagem elementar da fala e o desenvolvimento<br />
da língua estão entregues à família, ao meio técnico<br />
e cultural em que a criança vai crescer… é assim que costuma<br />
decorrer todo o processo de ensino-aprendizagem.”<br />
(José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário V, 1998).<br />
Assim, desenvolver a competência da expressão oral é comunicar,<br />
analisar e refletir, sendo uma competência um saber-em-<br />
-uso radicado numa capacidade, cujo domínio envolve treino<br />
e ensino formal. A capacidade para produzir cadeias fónicas<br />
dotadas de significado e conformes à gramática de uma língua<br />
denomina-se expressão oral. Esta capacidade envolve o planeamento<br />
do que se pretende dizer, a formatação linguística<br />
do enunciado e a execução do mesmo.<br />
Neste sentido, compete, por um lado, à escola proporcionar<br />
aprendizagens conducentes a uma expressão fluente e adequada<br />
nos géneros formais e públicos do oral, que se caracterize<br />
por um vocabulário preciso e diversificado e por uma<br />
progressiva complexidade sintática, e adotar uma pedagogia<br />
do oral que proporcione ao aluno um saber-fazer de ordem<br />
linguística, cognitiva e social; por outro lado, compete ao<br />
aluno preparar-se para se exprimir em português padrão nas
situações que o exigem: para pedir e dar informações em contexto<br />
formal, para defender um ponto de vista, para participar<br />
construtivamente num debate, para estruturar uma exposição,<br />
para planear coletivamente atividades a realizar (ensino<br />
básico); compete-lhe ainda expressar-se oralmente com coerência,<br />
de acordo com as finalidades e situações de comunicação;<br />
proceder a uma reflexão linguística e a uma sistematização de<br />
conhecimentos sobre o funcionamento da língua, a sua gramática,<br />
o modo de estruturação de textos/discursos, com<br />
vista a uma utilização correta e adequada dos modos de expressão<br />
linguística (ensino secundário).<br />
Este conhecimento do oral por parte do aluno só é possível<br />
se forem postos em prática determinados processos de<br />
operacionalização programáticos, de que damos conta:<br />
• Produzir enunciados adequados à situação comunicativa<br />
(adequação ao interlocutor, à intencionalidade comunicativa,<br />
ao contexto)<br />
• Utilizar formas de tratamento adequadas<br />
• Utilizar diferentes registos de língua consoante a situação<br />
• Produzir diferentes tipos de texto<br />
• Observar as máximas conversacionais (quantidade, qualidade,<br />
relação, modo)<br />
• Observar regras de cortesia<br />
• Intervir oportunamente<br />
• Exprimir sentimentos e emoções<br />
• Relatar acontecimentos e episódios<br />
• Descrever ações e objetos<br />
• Expor ideias<br />
• Exprimir e defender opiniões<br />
• Respeitar a opinião alheia<br />
• Trocar e confrontar opiniões<br />
• Discutir e argumentar<br />
• Utilizar argumentos e contra-argumentos (concretos e<br />
abstratos)<br />
• Realizar as fases de Planificação, Execução e Avaliação:<br />
– fase da planificação: construção do universo de referência/<br />
tópico; determinação da situação e objetivos de<br />
comunicação, do tipo de texto e de discurso; construção<br />
de um plano-guia);<br />
– fase da execução: produção de texto oral segundo a sua<br />
matriz discursiva, deverá o professor propor estratégias/atividades<br />
que visem o desbloqueamento da expressão<br />
e um domínio progressivo do uso da palavra;<br />
– fase da avaliação: o professor deverá promover as modalidades<br />
de autoavaliação, avaliação pelos colegas e<br />
pelo professor, a partir de instrumentos adequados, de<br />
modo a que esta fase assuma uma função formativa, permitindo<br />
ao aluno proceder aos eventuais ajustamentos<br />
sob a supervisão do professor.<br />
Textos Para Reflexão<br />
Após a leitura desta listagem, percebe-se que inerente à<br />
mesma se encontra um subdomínio da Linguística, denominado<br />
Pragmática e Linguística Textual (B7 – TLEBS), que deve<br />
ser incluído em todas as atividades de desenvolvimento da<br />
competência do oral. Está-se a falar de conteúdos como:<br />
1. Pragmática e linguística textual<br />
1.1 Interação verbal<br />
1.2 Competência linguística<br />
1.3 Contexto situacional<br />
1.4 Adequação discursiva<br />
1.5 Intencionalidade comunicativa<br />
1.6 Registos<br />
1.7 Saber compartilhado<br />
1.8 Análise conversacional<br />
1.9 Análise crítica do discurso<br />
1.10 Tipos de texto<br />
1.11 Coesão e coerência<br />
2. Pragmática<br />
2.1 Locutor/Interlocutor<br />
2.2 Situação de comunicação<br />
2.3 Registo formal e informal<br />
2.4 Formas de tratamento<br />
2.5 Princípios reguladores da interação discursiva<br />
2.6 Máximas conversacionais<br />
• Deixis<br />
3. Semântica frásica<br />
2.<br />
Não sendo único o objetivo de sublinhar o facto de que a Pragmática<br />
e Linguística Textual é um subdomínio basilar no ensino/aprendizagem<br />
do oral dos alunos, apresenta-se de<br />
seguida um exercício que se levou a cabo com um aluno, em<br />
julho de 2006, após este ter concluído o 9. o ano de escolaridade.<br />
O objetivo era perceber até que ponto a planificação<br />
prévia de uma exposição oral facilitaria a tarefa ao aluno (e o<br />
levaria ao sucesso em termos de finalidade discursiva), ao<br />
invés de uma exposição improvisada.<br />
75
76<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
Doc I – Exposição oral sem plano prévio<br />
Gostaria que me desses a tua opinião sobre a televisão nos<br />
dias de hoje.<br />
A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />
ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />
assuntos. Por exemplo, temos o jornal de notícias que<br />
ao longo dos dias nos vai dar as informações que se passam<br />
no país e no mundo sobre todos todas as coisas e todos os<br />
assuntos que podem existir. No verão costuma haver mais<br />
informação de incêndio, as imagens são muito algo por<br />
vezes chocam um bocadinho certas pessoas aquelas que<br />
são mais sensíveis e … é o verão. Este este ano temos nos<br />
confrontado com uma notícia também chocante que foi a<br />
guerra e as imagens também chamaram muito a atenção.<br />
Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres com<br />
a televisão. Na televisão acontecem várias coisas temos por<br />
exemplo as telenovelas, os desenhos animados e que todas<br />
as idades podem ver televisão. Por exemplo os desenhos<br />
animados é mais para a idade infantil, as telenovelas é mais<br />
para os adolescentes e também para as pessoas de idade<br />
(algumas gostam de ver) e o telejornal é mais para as pessoas<br />
mais de idade, assim que se interessam por notícias.<br />
Também temos alguns concursos, concursos que testam as<br />
pessoas (testam entre aspas) as pessoas com perguntas de<br />
vários tipos. O canal que se integra mais nos concursos eu<br />
acho que é a RTP. Desporto o desporto a televisão também<br />
nos informa muito sobre o desporto. Temos vários vários<br />
jogos de futebol, os jogos olímpicos também passam na televisão,<br />
acho que a televisão é muito importante nos dias de<br />
hoje, tanto que antigamente não havia televisão, e as pessoas<br />
não não eram muito muito informadas e agora as pessoas<br />
dizem que no antigamente não acontecia tantas coisas<br />
trágicas com as de hoje mas acontecia na mesma porque<br />
elas é que não viam porque não havia televisão. Acho que a<br />
televisão é muito, muito importante nos dias de hoje e espero<br />
que continue a progredir como tem progredido e desenvolvendo<br />
como até hoje.<br />
O resultado da produção oral apresentada pela aluna permite<br />
dois níveis de reflexão: a macroestrutura da produção textual e<br />
aspetos da sua microestrutura.<br />
No domínio macroestrutural, importa compreender que a<br />
indicação dada, “Gostaria que me desses a tua opinião sobre…”,<br />
condiciona a seleção da tipologia textual a desenvolver. O<br />
aluno terá de perceber que deverá atualizar sequências<br />
predominantemente argumentativas. Na TLEBS, no subdomínio<br />
da Pragmática e Linguística Textual, encontramos na entrada<br />
Texto Argumentativo a ideia de que este é atualizado por<br />
um conjunto de sequências orientadas para convencer alguém,<br />
defender um ponto de vista, refutar a opinião de outrem, partindo<br />
de uma determinada tese que se defende (demonstrando)<br />
ou que se refuta. Orientado por estes objetivos gerais, um texto<br />
dentro da tipologia argumentativa deve respeitar a seguinte estrutura<br />
básica: Introdução (apresentação da tese), Argumentação/Contra-argumentação<br />
(exemplificadas) e uma Conclusão<br />
(síntese).<br />
Ora, se se atentar, de novo, no texto da aluna, é possível<br />
perceber de que esta revela uma consciência ativa relativa à<br />
estrutura da tipologia textual que lhe foi solicitada, na medida<br />
em que começa por apresentar uma tese (“A televisão<br />
é muito importante nos dias de hoje…”), seguida de argumentação<br />
(“porque… ficamos mais cultos e dá-nos muita informação<br />
sobre vários assuntos.”), que é devidamente<br />
exemplificada (“Por exemplo temos o jornal de notícias”). Todavia,<br />
o rumo discursivo do seu texto fica comprometido<br />
quando a aluna integra na sua produção uma sequência longa<br />
de cariz descritivo, que segue uma ordem linear, de orientação<br />
enumerativa e predicativa que, pela sua extensão, compromete<br />
a orientação argumentativa que deveria estar<br />
subjacente a todo o texto (“Por exemplo os desenhos animados<br />
é mais para a idade infantil, as telenovelas é mais para os<br />
adolescentes e também para as pessoas de idade e o telejornal<br />
é mais para as pessoas mais de idade, assim que se interessam<br />
por notícias. Também temos alguns concursos,<br />
concursos que testam as pessoas com perguntas de vários<br />
tipos. O canal que se integra mais nos concursos eu acho<br />
que é a RTP…”).<br />
A outro nível, e atendendo de novo à orientação dada à<br />
aluna, “Gostaria que me desses a tua opinião sobre a televisão<br />
nos dias de hoje”, percebe-se que o tópico dado condiciona<br />
a estrutura da continuidade e a progressão da exposição oral.<br />
Assim, o tópico (elemento de continuidade) deverá ser a<br />
Televisão (nos inícios do século XXI) e a este dever-se-ão associar<br />
elementos de progressão que prediquem sobre o tópico<br />
nuclear. Também o conteúdo continuidade-progressão<br />
poderá ser abordado à luz de conceitos que surgem no subdomínio<br />
B7 da TLEBS (Pragmática e Linguística Textual).<br />
Se se observar a estruturação das ideias presente na produção<br />
oral na perspetiva de identificação da organização em<br />
tópico-informação nova, podemos constatar que a aluna se<br />
afasta, por três vezes, do tópico nuclear, como se pode observar.
Televisão importante nos<br />
dias de hoje<br />
• Cultura informação<br />
– jornal de notícias/<br />
informação<br />
– informação de incêndio<br />
• Ocupação dos tempos livres<br />
– telenovelas<br />
– desenhos animados<br />
– concursos<br />
• Desporto (informação)<br />
– jogos de futebol<br />
– jogos olímpicos<br />
Televisão importante nos<br />
dias de hoje<br />
• Antigamente não havia<br />
televisão<br />
– falta de informação<br />
Televisão importante nos<br />
dias de hoje<br />
• “espero que continue a<br />
progredir como tem<br />
progredido”<br />
Fuga ao tópico<br />
– imagens chocantes<br />
– chocante: [notícia e<br />
imagem] guerra<br />
– RTP canal dos<br />
concursos<br />
• opinião das pessoas:<br />
antigamente não acontecia<br />
nada<br />
– por falta de<br />
informação<br />
De uma forma global, em termos macroestruturais é seguido<br />
um plano interno que assenta numa estrutura de progressão<br />
pertinente (tópico→ subtópicos → exemplo(s)), o que<br />
denota alguma consciência do oral refletido. Não obstante,<br />
verificam-se situações de fuga ao tópico, o que se justificará<br />
essencialmente pela ausência de um plano organizativo de<br />
ideias, elaborado anteriormente à exposição. Por fim, é de<br />
realçar que a própria conclusão apresentada não segue a<br />
linha temática do texto (estrutura de continuidade), porque<br />
avança um tópico que não sintetiza/retoma alguma informação<br />
anterior. Todos estes aspetos permitem avançar a conclusão<br />
de que a elaboração de um plano-guia da exposição<br />
permitiria uma estrutura temática sem fugas ao tópico. A reflexão<br />
e a estruturação de ideias afiguram-se fundamentais<br />
para o desenvolvimento da competência do oral refletido.<br />
Deste modo, a planificação de uma exposição oral deve contemplar<br />
três aspetos essenciais: a tipologia textual dominante;<br />
a definição do tópico central e dos subtópicos a ele associados<br />
(elementos de continuidade); a definição dos elementos<br />
de progressão pertinentes em relação ao tópico tratado. São<br />
estes os conteúdos que deverão ser tratados explicitamente<br />
Textos Para Reflexão<br />
no espaço da sala de aula, numa perspetiva processual que<br />
permita a promoção do desenvolvimento de aspetos da competência<br />
da expressão oral.<br />
A outro nível, na microestrutura da produção apresentada<br />
pela aluna é notório que, a nível linguístico, a exposição oral<br />
denota problemas de vária ordem, nomeadamente:<br />
a) Definição da voz enunciativa: “ficamos mais cultos e dá-nos”<br />
(nós → primeira pessoa do plural); “eu acho que é a RTP.”<br />
(eu → primeira pessoa do singular).<br />
b) Coesão interfrásica<br />
• Repetição de conectores (exemplificação)<br />
Por exemplo temos o jornal de notícias que ao longo dos<br />
dias nos vai dar as informações (…)<br />
Na televisão acontecem várias coisas temos por exemplo<br />
as telenovelas, os desenhos animados e que todas<br />
as idades podem ver televisão.<br />
Por exemplo os desenhos animados (…)<br />
• Repetição de conectores (enumeração)<br />
Este este ano temos nos confrontado com uma notícia<br />
também chocante que foi a guerra e as imagens também<br />
chamaram muito a atenção. (…) Também temos alguns<br />
concursos, concursos que testam as pessoas (testam entre<br />
aspas) as pessoas com perguntas de vários tipos. O<br />
canal que se integra mais nos concursos eu acho que<br />
é a RTP. Desporto o desporto a televisão também nos<br />
informa muito sobre o desporto. Temos vários vários jogos<br />
de futebol, os jogos olímpicos também passam na<br />
televisão,<br />
• Ausência de coesão<br />
No verão costuma haver mais informação de incêndio,<br />
as imagens são muito algo por vezes chocam um bocadinho<br />
certas pessoas aquelas que são mais sensíveis<br />
e… é o verão.<br />
• Conectores que marcam rutura com o tópico textual<br />
Por exemplo temos o jornal de notícias que ao longo dos<br />
dias nos vai dar as informações que se passam no país<br />
e no mundo sobre todos todas as coisas e todos os assuntos<br />
que podem existir. No verão costuma haver mais<br />
informação de incêndio, as imagens são muito algo por<br />
vezes chocam um bocadinho certas pessoas aquelas que<br />
são mais sensíveis e… é o verão. Este este ano temos<br />
nos confrontado (…)<br />
77
78<br />
Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />
c) Coesão lexical<br />
• Repetição de itens lexicais (nominais)<br />
A televisão é muito importante nos dias de hoje porque<br />
(…) Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres<br />
com a televisão. Na televisão acontecem várias coisas<br />
(…) Desporto o desporto a televisão também nos informa<br />
muito sobre o desporto. Temos vários vários jogos<br />
de futebol, os jogos olímpicos também passam na televisão,<br />
acho que a televisão é muito importante nos dias<br />
de hoje, tanto que antigamente não havia televisão, e as<br />
pessoas não não eram muito muito informadas e agora as<br />
pessoas dizem que no antigamente não acontecia tantas<br />
coisas trágicas com as de hoje (…) elas é que não viam porque<br />
não havia televisão. Acho que a televisão é muito, muito<br />
importante nos dias de hoje e espero que continue a progredir<br />
como tem progredido e desenvolvendo como até hoje.<br />
• Repetição de itens lexicais (família de palavras)<br />
A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />
ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />
assuntos. Por exemplo temos o jornal de notícias que<br />
ao longo dos dias nos vai dar as informações que se passam<br />
(…) No verão costuma haver mais informação de incêndio,<br />
(…) Desporto o desporto a televisão também nos<br />
informa muito sobre o desporto. Temos vários vários jogos<br />
de futebol, os jogos olímpicos também passam na televisão,<br />
acho que a televisão é muito importante nos dias<br />
de hoje, tanto que antigamente não havia televisão, e as pessoas<br />
não não eram muito muito informadas (…)<br />
• Repetição de itens lexicais (formas verbais)<br />
(…) temos o jornal de notícias (…) Este este ano temos nos<br />
confrontado com uma notícia também chocante que foi a<br />
guerra e as imagens também chamaram muito a atenção.<br />
Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres com<br />
a televisão. Na televisão acontecem várias coisas temos por<br />
exemplo as telenovelas (…) Também temos alguns concursos,<br />
(…) O canal que se integra mais nos concursos eu<br />
acho que é a RTP.<br />
Desporto o desporto a televisão também nos informa muito<br />
sobre o desporto. Temos vários vários jogos de futebol,<br />
os jogos olímpicos também passam na televisão, acho<br />
que a televisão é muito importante nos dias de hoje, (…)<br />
dizem que no antigamente não acontecia tantas coisas trágicas<br />
com as de hoje mas acontecia na mesma porque elas<br />
é que não viam porque não havia televisão. Acho que a<br />
televisão é muito, muito importante nos dias de hoje e espero<br />
que continue a progredir como tem progredido e desenvolvendo<br />
como até hoje.<br />
d) Sintaxe<br />
• Incorreções<br />
– “A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />
ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />
assuntos”.<br />
– “o jornal de notícias que ao longo dos dias nos vai dar as<br />
informações que se passam no país e no mundo”.<br />
• Repetições de estruturas sintáticas<br />
– “A televisão é muito importante nos dias de hoje”<br />
– “os desenhos animados é mais para a idade infantil, as<br />
telenovelas é mais para os adolescentes e também para<br />
as pessoas de idade (algumas gostam de ver) e o telejornal<br />
é mais para as pessoas mais de idade, assim que<br />
se interessam por notícias.”<br />
Perante os dados observados, pode, então, concluir-se<br />
provisoriamente que, a nível textual, a preparação de uma<br />
exposição deve englobar:<br />
• Reflexão sobre deíticos, para adequação das vozes discursivas<br />
(TLEBS → Deixis).<br />
• Pesquisa sobre relações semânticas entre palavras (sinonímia,<br />
antonímia, hiperonímia/hiponímia, holonímia/meronímia),<br />
para a diversificação lexical (TLEBS<br />
→ coesão lexical).<br />
• Clarificação das relações semântico-pragmáticas entre<br />
sequências textuais, para seleção de conectores textuais<br />
(TLEBS → coesão interfrásica).<br />
Doc I – Exposição oral sem plano prévio<br />
Gostaria que me desses a tua opinião sobre a televisão nos<br />
dias de hoje.<br />
A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />
ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />
assuntos. Por exemplo temos o jornal de notícias que<br />
ao longo dos dias nos vai dar as informações que se passam<br />
no país e no mundo sobre todos todas as coisas e todos<br />
os assuntos que podem existir. No verão costuma haver<br />
mais informação de incêndio, as imagens são muito algo<br />
por vezes chocam um bocadinho certas pessoas aquelas<br />
que são mais sensíveis e… é o verão. Este este ano temos<br />
nos confrontado com uma notícia também chocante que<br />
foi a guerra e as imagens também chamaram muito a atenção.<br />
Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres<br />
com a televisão. Na televisão acontecem várias coisas temos<br />
por exemplo as telenovelas, os desenhos animados<br />
e que todas as idades podem ver televisão. Por exemplo<br />
os desenhos animados é mais para a idade infantil, as telenovelas<br />
é mais para os adolescentes e também para as<br />
pessoas de idade (algumas gostam de ver) e o telejornal<br />
é mais para as pessoas mais de idade, assim que se interessam<br />
por notícias. Também temos alguns concursos,
Introdução<br />
Desenvolvimento<br />
Conclusão<br />
concursos que testam as pessoas (testam entre aspas)<br />
as pessoas com perguntas de vários tipos. O canal que<br />
se integra mais nos concursos eu acho que é a RTP. Desporto<br />
o desporto a televisão também nos informa muito<br />
sobre o desporto. Temos vários vários jogos de futebol,<br />
os jogos olímpicos também passam na televisão, acho<br />
que a televisão é muito importante nos dias de hoje, tanto<br />
que antigamente não havia televisão, e as pessoas não<br />
não eram muito muito informadas e agora as pessoas dizem<br />
que no antigamente não acontecia tantas coisas trágicas<br />
com as de hoje mas acontecia na mesma porque<br />
elas é que não viam porque não havia televisão. Acho que<br />
a televisão é muito, muito importante nos dias de hoje<br />
e espero que continue a progredir como tem progredido<br />
e desenvolvendo como até hoje.<br />
Notas que a aluna registou no plano dado<br />
Curso que escolheste<br />
Em relação ao curso que escolhi foi Ciências Sociais<br />
e Humanas<br />
Tenho c/o<br />
• Primeira razão – uma saída deste curso, a comunicação<br />
social, sempre gostei de ver os jornalistas<br />
na tel.<br />
Como<br />
• Segunda razão – sempre me fascinou comunicação<br />
em geral, a comunicação c/ as crianças, com<br />
as pessoas, através do teatro no fundo sou bastante<br />
comunicativa.<br />
Por fim, a minha<br />
• Terceira razão – é ter muita matemática, eu não<br />
desgosto de matemática, mas tb não é das coisas<br />
que gxt +, embora eu saiba k é mt importtt para o<br />
futuro e p/ kk profissão.<br />
Concluindo c/o<br />
Expetativas em relação ao futuro<br />
N pretendo ir para a Universidade clássica, mx para<br />
um conservatório. Para me especializar em representação,<br />
visto que me cativou bastante a televisão<br />
e o teatro.<br />
3.<br />
De seguida, foi pedido ao aluno que preenchesse um esquema,<br />
onde constaria a planificação da sua exposição,<br />
sendo que planificar é determinar a estrutura do texto e<br />
fazer a respetiva representação gráfica num plano, sendo<br />
o resultado o que se apresenta no doc. II.<br />
As sequências que atualizam o texto solicitado (expositivo-<br />
-explicativo, tipologia condicionada pela questão que foi<br />
Textos Para Reflexão<br />
colocada ao aluno) procuram fazer compreender essa mesma<br />
questão (prévia) que necessita de uma explicação. Assim,<br />
a estrutura básica do texto é a seguinte:<br />
• Apresentação do problema/questionamento: curso que<br />
escolheste para o ensino secundário – qual e porquê?<br />
• Explicação ou resposta:<br />
– introdução; desenvolvimento<br />
• Conclusão<br />
O aluno preenche o plano dado. A elaboração daquele<br />
plano-guia da exposição contemplou a tipologia textual exigida;<br />
além disso, verificou-se a definição do tópico central<br />
e dos subtópicos a ele associados (elementos de continuidade),<br />
permitindo uma estrutura temática sem fugas ao tópico,<br />
isto é, o aluno seguiu um plano interno que assentou<br />
numa estrutura de progressão pertinente: TÓPICO (curso<br />
escolhido) → SUBTÓPICOS (razões associadas ao tópico<br />
nuclear; expetativas futuras). O aluno instaurou-se como<br />
enunciador, expôs as suas razões com uma determinada finalidade<br />
comunicativa: a de responder à questão inicialmente<br />
colocada. Não foge ao tema. Verifica-se correção a<br />
nível linguístico-discursivo e a nível da coesão (interfrásica<br />
e lexical) e da coerência. Há apenas a assinalar incorreções<br />
na sintaxe, semântica e uso do léxico.<br />
4.<br />
Em síntese, pode dizer-se que a escola deveria tratar a<br />
oralidade como conteúdo (sempre dentro do quadro da<br />
Pragmática e da Linguística Textual) e como competência…<br />
Mas sabe-se que a oralidade não é tratada como objeto de<br />
estudo autónomo por razões diversas: ausência de formação,<br />
falta de materiais didáticos, indefinição dos conteúdos<br />
a tratar, presença intuitiva do oral na aula, dificuldade em<br />
produzir instrumentos de avaliação, confusão entre oral escolar<br />
e oral refletido.<br />
Assim, e em primeiro lugar, é extremamente necessário<br />
estruturar a atividade de exposição oral em três etapas:<br />
• Planificação<br />
– escolha da situação-problema<br />
– determinação dos objetivos da comunicação<br />
– tipo de discurso e de texto<br />
– elaboração do plano-guia<br />
• Execução<br />
– Construção do enunciado de acordo com o plano-guia<br />
• Avaliação<br />
– Utilização de instrumentos de auto e heteroavaliação<br />
Em segundo lugar, é possível utilizar um novo instrumento<br />
na aula de português, a Nova Terminologia Linguística<br />
para os Ensinos Básico e Secundário, na melhoria das competências<br />
da oralidade dos alunos.<br />
Carla Marques e Inês Silva, Saber ouvir/Saber falar<br />
(Comunicação apresentada no 7º Encontro Nacional da APP)<br />
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