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3º Ciclo

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GUIA DO<br />

PROFESSOR<br />

Carla Marques | Inês Silva<br />

Progressão por competências<br />

Grelhas de observação de competências<br />

Excertos dos Programas de Português do Ensino Básico<br />

Textos para reflexão<br />

Língua Portuguesa<br />

7º Ano | <strong>3º</strong> <strong>Ciclo</strong>


APRESENTAÇÃO<br />

O Guia do Professor é um complemento do manual Contos & Recontos, onde se apresentam materiais<br />

que se entendem úteis para o trabalho do professor, nomeadamente, um esquema de progressão<br />

didática associada aos diferentes descritores constantes do programa, que permite ao<br />

professor uma leitura em crescendo das propostas didáticas apresentadas ao longo das seis<br />

sequências.<br />

Este Guia do Professor inclui ainda os seguintes documentos, que se julgam úteis para a prática<br />

letiva:<br />

• Apresentação do projeto Contos & Recontos;<br />

• Grelhas de observação de competências;<br />

• Transcrição dos documentos áudio;<br />

• Propostas de resolução de algumas atividades do Manual;<br />

• Proposta de resolução dos testes de autoavaliação do Manual;<br />

• Excertos dos Programas de Português para o Ensino Básico.<br />

Com este instrumento de trabalho, pretende-se criar, acima de tudo, um auxiliar adicional para<br />

o professor, na sua adaptação aos Novos Programas de Português do Ensino Básico e aos seus<br />

desafios e exigências, para os quais o projeto Contos & Recontos procura ser uma resposta.<br />

As Autoras


ÍNDICE<br />

1. Projeto Contos & Recontos........................................................................................... 5<br />

2. Progressão por Competências .................................................................................... 9<br />

3. Grelhas de Observação de Competências............................................................. 23<br />

• Expressão Oral ................................................................................................................ 24<br />

• Escrita ............................................................................................................................... 25<br />

• Leitura Expressiva .......................................................................................................... 26<br />

• Revisão Textual ............................................................................................................... 27<br />

• Grelha-Síntese de Observação de Competências ..................................................... 28<br />

4. Transcrição dos Documentos Áudio........................................................................ 29<br />

5. Propostas de Resolução de Atividades Desenvolvidas em Trabalho<br />

de Grupo.................................................................................................................................. 39<br />

• Unidade 2: O Casamento de Mimosa, de Agustina Bessa-Luís ................................ 40<br />

• Unidade 2: Dentes de Rato, de Agustina Bessa-Luís ................................................. 40<br />

6. Propostas de Resolução dos Testes de Autoavaliação (Manual)........ 45<br />

• Sequência 1 ...................................................................................................................... 46<br />

• Sequência 2 ..................................................................................................................... 46<br />

• Sequência 3 ..................................................................................................................... 47<br />

• Sequência 4 ..................................................................................................................... 48<br />

• Sequência 5 ..................................................................................................................... 49<br />

• Sequência 6 ..................................................................................................................... 50<br />

7. Excertos dos Programas de Português para o Ensino Básico .............. 51<br />

8. Textos para Reflexão........................................................................................................ 67


1 PROJETO<br />

CONTOS &<br />

RECONTOS<br />

1<br />

1


6<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

O projeto Contos & Recontos contempla os seguintes componentes:<br />

Para o Aluno<br />

– Manual (2 volumes)<br />

– Minigramática 3. o <strong>Ciclo</strong> – OFERTA<br />

– Caderno de Atividades<br />

Para o Professor<br />

– Manual (Edição do Professor)<br />

– Materiais de Apoio à Implementação dos PPEB<br />

– Guia Prático do Novo Acordo Ortográfico<br />

– Guia do Professor<br />

– Planos de Aula<br />

– CD Áudio<br />

– 20 Aula Digital<br />

→ Manual<br />

O Manual do aluno apresenta uma organização clara e facilitadora da aprendizagem, encontrando-se organizado em 6 sequências,<br />

todas com estrutura semelhante (à exceção da Sequência 0, que se destina à realização de um diagnóstico dos conhecimentos<br />

dos alunos).<br />

Cada Sequência está assente num desenvolvimento equilibrado das competências – Leitura, Compreensão Oral, Expressão<br />

Oral, Escrita, Conhecimento Explícito da Língua –, estando claramente identificadas, em cada atividade, as competências a<br />

trabalhar.<br />

No final de cada sequência, apresenta-se síntese dos aspetos essenciais, na rubrica “O que aprendi”, e atividades de verificação<br />

de conhecimentos/capacidades, por competências, para consolidação das aprendizagens, na rubrica “Autoavaliação”.<br />

No final do manual, em Apêndice, sistematização das noções associadas ao texto literário e ao não literário oral e escrito.<br />

O Manual Contos & Recontos disponibiliza, ao longo das suas páginas, seis textos integrais – “A noiva do corvo”, de Teófilo Braga;<br />

“Os filhos da cobra Bona”, de Lourenço do Rosário; “A galinha”, de Vergílio Ferreira; “O príncipe e os três destinos”, de Pearl S.<br />

Buck; “A donzela do elmo de madeira”, de Pearl S. Buck; “Os Reis-Mandados”, de José Cardoso Pires –, acompanhados de propostas<br />

de exploração que permitem ao aluno um contacto direto e aprofundado com as obras recomendadas no programa.<br />

→ Minigramática<br />

(De acordo com o Dicionário Terminológico)<br />

Publicação de oferta ao aluno que pretende reforçar o domínio e a aplicação dos termos do Dicionário Terminológico, através<br />

da sistematização clara e organizada de todos os conteúdo gramaticais de 3. o <strong>Ciclo</strong>.<br />

→ Caderno de Atividades<br />

Obra que disponibiliza fichas de trabalho de Conhecimento Explícito da Língua, com exercícios de revisão, sistematização<br />

e aplicação, bem como laboratórios de língua por conteúdos, contribuindo assim para uma aprendizagem sustentada e refletida<br />

dos vários conteúdos de Conhecimento Explícito da Língua.<br />

Encerra com a apresentação de um Guião de Leitura de História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luis<br />

Sepúlveda.<br />

→ Manual (versão do Professor)<br />

A edição do Manual exclusiva do Professor (em banda lateral) auxilia o docente com sugestões científico-pedagógicas pertinentes<br />

e diversificadas, devidamente articuladas com os restantes componentes do projeto.<br />

Disponibiliza também um vasto conjunto de propostas de atividades que abarcam todas as competências, bem como sugestões<br />

de todas as atividades propostas para os alunos.


PROJETO CONTOS & RECONTOS<br />

→ Materiais de Apoio à Implementação dos PPEB<br />

Publicação que permite uma implementação segura e rigorosa dos PPEB através da disponibilização de materiais de apoio<br />

relevantes:<br />

– proposta de anualização de competências para o 3. o <strong>Ciclo</strong>;<br />

– planificação anual para o 7. o ano;<br />

– metas de aprendizagem para o 3. o <strong>Ciclo</strong>.<br />

→ Guia Prático do Novo Acordo Ortográfico<br />

Sistematização das principais alterações promovidas pelo Novo Acordo Ortográfico, bem como banco de exercícios que promovem<br />

a reflexão em torno da nova ortografia da língua portuguesa.<br />

→ Guia do Professor<br />

– Facilita a aplicação dos conteúdos e das orientações dos programas de Português do Ensino Básico, através da apresentação<br />

de excertos selecionados.<br />

– Auxilia na avaliação das várias competências através da disponibilização de grelhas de observação.<br />

– Disponibiliza propostas de resolução dos testes do Manual.<br />

→ Planos de Aula<br />

Planos para todas as aulas do ano letivo, devidamente articulados com todos os suportes do projeto, com a indicação dos<br />

descritores de desempenho e metas de aprendizagem, que permitem uma operacionalização eficaz de todos os conteúdos<br />

programáticos. Estes planos encontram-se ainda disponíveis em formato editável em .<br />

→ CD Áudio<br />

Apresenta a vocalização dos textos e registos áudio de suporte às atividades do manual, contribuindo para um trabalho contínuo<br />

de reforço da comunicação oral.<br />

O possibilita a fácil exploração do projeto Contos & Recontos 7, através das novas tecnologias em sala<br />

de aula. Trata-se de uma ferramenta inovadora que lhe permitirá tirar o melhor partido do seu projeto escolar, simplificando<br />

o seu trabalho diário.<br />

Para explorar e ir mais longe<br />

Pode projetar e explorar as páginas do manual em sala de aula e aceder a um vasto conjunto de conteúdos multimédia integrados<br />

com o manual, para tornar a sua aula mais dinâmica:<br />

• Animações de textos – os principais textos são apresentados com vocalização, ilustração, bem como com questões de<br />

interpretação.<br />

• Gramática interativa – animações que apresentam todos os tópicos gramaticais abordados ao longo do manual, acompanhados<br />

de avaliação da informação apresentada.<br />

• Áudios/Vídeos – diversos recursos que, ao longo do manual, permitirão tornar o processo de ensino/aprendizagem mais<br />

interativo.<br />

• Imagens – vários conjuntos de imagens que auxiliarão o professor na sua prática letiva.<br />

• Jogos - permitem a revisão da matéria de todo o manual de forma mais apelativa, mantendo a par as componentes lúdica<br />

e didática.<br />

• Testes Interativos – extenso banco de testes interativos, personalizáveis e organizados pelos diversos temas do manual.<br />

• Links internet – endereços para páginas na internet de apoio às matérias, para a obtenção de mais informação.<br />

7


8<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Preparação de aulas<br />

Pode aceder aos Planos de Aula disponíveis em papel e em formato Word e planificar as suas aulas de acordo com as características<br />

de cada turma:<br />

• utilizando as sequências de recursos digitais feitas de acordo com os Planos de Aula criados para si, que o apoiarão nas<br />

suas aulas com recurso a um projetor ou um quadro interativo.<br />

• personalizando os Planos de aula com recursos do projeto ou com os materiais criados por si.<br />

Avaliação dos alunos<br />

Poderá:<br />

• utilizar os testes predefinidos ou criar um à medida da sua turma, a partir de uma base de cerca de 200 questões.<br />

• imprimir os testes para distribuir, projetá-os em sala de aula ou envie-os aos seus alunos com correção automática.<br />

• acompanhar o progresso dos seus alunos através de relatórios de avaliação detalhados.


2<br />

PROGRESSÃO<br />

POR<br />

COMPETÊNCIAS<br />

2<br />

2


10<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Alguns descritores de desempenho não estão presentes, pois estão subjacentes a diversas atividades, como por exemplo:<br />

• o descritor “Consultar regularmente obras lexicográficas, mobilizando a informação na análise da receção e da produção dos<br />

modos oral e escrito”, na medida em que se parte do pressuposto que o aluno é regularmente convidado a utilizar dicionários,<br />

prontuários e gramáticas na preparação das duas produções, sem que esta indicação esteja dada explicitamente no Manual;<br />

• o descritor “Caracterizar classes de palavras e respetivas propriedades”, que está trabalhado sempre que se abordam as<br />

classes de palavras e suas propriedades distintivas;<br />

• o descritor “Sistematizar relações entre constituintes principais de frases e as funções sintáticas por eles desempenhadas”,<br />

que surge sistematizado sempre que se tratam os grupos de palavras e suas funções ou a sua articulação na frase.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Utilizar<br />

procedimentos<br />

para clarificar,<br />

registar, tratar e<br />

reter a informação<br />

em função de<br />

necessidades de<br />

comunicação<br />

específicas.<br />

Interpretar<br />

discursos orais<br />

com diferentes<br />

graus de<br />

formalidade e<br />

complexidade.<br />

Apreciar o grau de<br />

correção e<br />

adequação dos<br />

discursos ouvidos.<br />

Identificar e<br />

caracterizar os<br />

diferentes tipos e<br />

géneros presentes<br />

no discurso oral.<br />

Caracterizar<br />

propriedades de<br />

diferenciação e<br />

variação<br />

linguística,<br />

reconhecendo o<br />

papel da língua<br />

padrão.<br />

Identificar ideias-<br />

-chave (texto de<br />

dicionário).<br />

Ordenar informação<br />

temporalmente<br />

(texto narrativo).<br />

Identificar o tema<br />

(texto narrativo).<br />

Identificar marcas<br />

da fala espontânea<br />

(conto oral<br />

informal).<br />

COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL<br />

ESCUTAR PARA APRENDER E CONSTRUIR CONHECIMENTOS<br />

Identificar ideias-<br />

-chave.<br />

Hierarquizar<br />

informação.<br />

Identificar o<br />

assunto e o tema<br />

(texto expositivo /<br />

instrucional).<br />

Fazer inferências,<br />

deduções (texto<br />

expositivol).<br />

Apreciar<br />

criticamente o uso<br />

de expressões<br />

linguísticas num<br />

diálogo.<br />

Identificar<br />

variedades<br />

regionais e/ou<br />

sociais (texto<br />

dialogal).<br />

Reconhecer traços<br />

específicos da<br />

língua padrão (texto<br />

dialogal).<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Ordenar e<br />

hierarquizar tópicos<br />

e subtópicos.<br />

Identificar o tema<br />

(texto expositivo).<br />

Reconhecer<br />

especificidades do<br />

diálogo oral<br />

informal vs diálogo<br />

típico do texto<br />

dramático.<br />

Distinguir a fala<br />

espontânea da fala<br />

preparada.<br />

Identificar o texto<br />

conversacional<br />

como tipologia<br />

dominante na<br />

linguagem<br />

cinematográfica e<br />

teatral.<br />

Reproduzir a<br />

informação ouvida,<br />

associando os<br />

sujeitos das<br />

orações aos<br />

predicados.<br />

Utilizar a estratégia<br />

da audição<br />

orientada para reter<br />

informação.


Progressão por competências<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Planificar o uso da<br />

palavra em função<br />

da análise da<br />

situação, das<br />

intenções de<br />

comunicação<br />

específicas e das<br />

características da<br />

audiência visada.<br />

Utilizar informação<br />

pertinente,<br />

mobilizando<br />

conhecimentos<br />

pessoais ou dados<br />

obtidos em<br />

diferentes fontes.<br />

Organizar<br />

o discurso,<br />

assegurando a<br />

progressão de<br />

ideias.<br />

Produzir textos<br />

orais, de diferentes<br />

tipos, adaptados às<br />

situações e<br />

finalidades de<br />

comunicação.<br />

Usar da palavra<br />

com fluência e<br />

correção, utilizando<br />

recursos verbais<br />

e não verbais<br />

com um grau de<br />

complexidade<br />

adequado às<br />

situações de<br />

comunicação.<br />

Tomar notas. Expor conclusões<br />

da análise de textos<br />

(apresentação oral).<br />

Recontar eventos<br />

com alteração da<br />

ordem temporal<br />

(texto narrativo).<br />

COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL<br />

FALAR PARA CONSTRUIR E EXPRESSAR CONHECIMENTOS<br />

Planificar a partir<br />

de texto lido (texto<br />

narrativo).<br />

Recontar de acordo<br />

com um ponto<br />

de vista (texto<br />

narrativo).<br />

Apresentar factos<br />

e opiniões a partir<br />

de texto lido<br />

(apresentação oral).<br />

Usar a entoação<br />

adequada<br />

(exposição).<br />

Adequar a voz,<br />

gestos e postura<br />

(apresentação oral).<br />

Planificar a partir<br />

de sugestões (texto<br />

argumentativo).<br />

Observar mapas e<br />

registar o seu<br />

conteúdo.<br />

Organizar<br />

informações para<br />

uma apresentação<br />

oral.<br />

Mobilizar<br />

conhecimentos<br />

para relatar eventos<br />

imaginados (texto<br />

narrativo).<br />

Convencer de um<br />

ponto de vista,<br />

apresentando<br />

razões (texto de<br />

caráter<br />

argumentativo).<br />

Ler<br />

expressivamente<br />

uma página de<br />

diário.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Relatar através<br />

de notícia,<br />

acontecimentos<br />

verídicos.<br />

Planificar o<br />

discurso,<br />

recorrendo a<br />

pesquisa e<br />

tratamento de<br />

informação (texto<br />

argumentativo).<br />

Mobilizar<br />

conhecimentos<br />

sobre a tipologia<br />

descritiva, para<br />

descrever uma<br />

pintura.<br />

Apresentar razões<br />

para fundamentar<br />

uma escolha feita.<br />

Ler<br />

expressivamente<br />

textos poéticos.<br />

11


12<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Seguir diálogos,<br />

intervindo oportuna<br />

e construtivamente.<br />

Implicar-se na<br />

construção<br />

partilhada de<br />

sentidos.<br />

Respeitar as<br />

convenções que<br />

regulam a<br />

interação verbal.<br />

Assumir diferentes<br />

papéis em situação<br />

de comunicação.<br />

COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL<br />

PARTICIPAR EM SITUAÇÕES DE INTERAÇÃO ORAL<br />

Dialogar sobre<br />

ensinamentos de<br />

um texto (texto<br />

dialogal).<br />

Mobilizar<br />

conhecimentos<br />

prévios para relatar<br />

a vida futura<br />

(imaginada) de uma<br />

personagem.<br />

Respeitar a sua<br />

vez.<br />

Ouvir os<br />

interlocutores.<br />

Respeitar o<br />

princípio da<br />

delicadeza.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Discutir as<br />

mensagens de<br />

um conto.<br />

Respeitar a sua<br />

vez.<br />

Ouvir os<br />

interlocutores.<br />

Respeitar o<br />

princípio da<br />

delicadeza.<br />

Trocar impressões.<br />

Justificar opiniões.<br />

Pedir e dar<br />

explicações.<br />

Apresentar<br />

propostas e<br />

sugestões.<br />

Respeitar as regras<br />

do debate.<br />

Adequar o discurso<br />

ao papel<br />

desempenhado e<br />

ao objetivo visado.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Definir uma<br />

intenção, seguir<br />

uma orientação.<br />

Utilizar a leitura<br />

para localizar,<br />

selecionar e<br />

organizar a<br />

informação.<br />

Mobilizar<br />

conhecimentos<br />

para definir uma<br />

linha de leitura de<br />

um conto<br />

(simbologia,<br />

significado de uma<br />

personagem).<br />

Seguir uma<br />

orientação de<br />

leitura (pintura).<br />

Reconhecer<br />

elementos<br />

constitutivos da<br />

publicidade.<br />

LEITURA<br />

LER PARA CONSTRUIR CONHECIMENTO(S)<br />

Mobilizar<br />

conhecimentos<br />

para analisar<br />

comportamentos de<br />

uma personagem.<br />

Mobilizar<br />

conhecimentos<br />

para interpretar<br />

soluções<br />

encontradas numa<br />

narrativa.<br />

Reter a informação<br />

essencial de uma<br />

crónica (fluência de<br />

leitura).<br />

Identificar a<br />

estruturação de um<br />

texto (narrativa).<br />

Reter informação<br />

essencial de uma<br />

crónica.<br />

Leitura seletiva<br />

e analítica de<br />

narrativas.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Identificar<br />

temáticas<br />

estruturantes de<br />

um texto (texto<br />

dramático).<br />

Utilizar expressões<br />

ou versos de um<br />

texto lido num<br />

esquema<br />

interpretativo.<br />

Localizar<br />

informação numa<br />

B.D.


Progressão por competências<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Utilizar<br />

procedimentos<br />

adequados à<br />

organização e<br />

tratamento da<br />

informação.<br />

Interpretar textos<br />

com diferentes<br />

graus de<br />

complexidade,<br />

articulando os<br />

sentidos com a sua<br />

finalidade, os<br />

contextos e a<br />

intenção do autor.<br />

Identificar relações<br />

intratextuais,<br />

compreendendo de<br />

que modo a<br />

intenção do texto<br />

influencia<br />

a sua composição<br />

formal.<br />

Comparar textos,<br />

estabelecendo<br />

diferenças e<br />

semelhanças.<br />

Identificar e<br />

caracterizar as<br />

diferentes<br />

tipologias e<br />

géneros textuais.<br />

Recorrer à<br />

nominalização para<br />

sistematizar ideias-<br />

-chave (conto).<br />

Sistematizar<br />

percursos de uma<br />

personagem em<br />

grelhas de registo<br />

(conto).<br />

Identificar temas e<br />

ideias principais.<br />

Fazer inferências<br />

(conto).<br />

Discutir a moral de<br />

um conto.<br />

Identificar<br />

universos de<br />

referências<br />

(publicidade).<br />

Identificar<br />

elementos de<br />

persuasão<br />

(publicidade).<br />

Refletir sobre a<br />

organização da<br />

informação em<br />

textos dos media<br />

(notícia,<br />

reportagem).<br />

Distinguir<br />

características dos<br />

textos dos media<br />

(notícia breve vs<br />

notícia/reportagem).<br />

LEITURA<br />

LER PARA CONSTRUIR CONHECIMENTO(S)<br />

Esquematizar<br />

informações<br />

temporais e<br />

espaciais<br />

(narrativa).<br />

Reconhecer a<br />

ordenação de<br />

informação num<br />

texto descritivo.<br />

Analisar a estrutura<br />

lexical de um texto<br />

(narrativa).<br />

Analisar a polifonia<br />

presente no<br />

discurso do<br />

narrador.<br />

Fazer inferências.<br />

Identificar causas e<br />

efeitos.<br />

Analisar as<br />

relações temáticas<br />

entre o texto da<br />

contracapa<br />

e o conteúdo da<br />

narrativa.<br />

Identificar<br />

características de<br />

uma crónica.<br />

Esquematizar<br />

dados evocados<br />

pelo narrador de<br />

um diário.<br />

Fazer corresponder<br />

uma síntese ao<br />

texto lido (texto dos<br />

media).<br />

Descobrir<br />

diferentes formas<br />

de organização<br />

textual de<br />

narrativas<br />

literárias.<br />

Perceber a<br />

importância dos<br />

parênteses na<br />

demarcação de<br />

capítulos.<br />

Compreender<br />

diferenças entre<br />

diário, conto e<br />

novela.<br />

Identificar<br />

características do<br />

conto e da novela.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Dividir o texto<br />

em momentos<br />

estruturantes.<br />

Relacionar a<br />

conclusão de um<br />

texto com situações<br />

anteriores.<br />

Reconhecer<br />

diferentes<br />

tipologias textuais.<br />

Reconhecer os<br />

elementos que<br />

assinalam a<br />

estrutura externa<br />

de um texto (texto<br />

dramático).<br />

Sistematizar<br />

características do<br />

género dramático.<br />

Perceber a intenção<br />

subjacente a um<br />

cartoon e a uma<br />

B.D.<br />

Interpretar poemas<br />

visuais.<br />

Justificar a função<br />

explicativa de um<br />

poema.<br />

Perceber a<br />

inserção de um<br />

texto informativo<br />

numa revista de<br />

especialidade.<br />

Identificar recursos<br />

linguísticos<br />

utilizados.<br />

Reconhecer<br />

características do<br />

texto literário<br />

(poético): ritmo,<br />

métrica…<br />

13


14<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

SEQUÊNCIAS<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Expressar,<br />

de forma<br />

fundamentada,<br />

pontos de vista<br />

suscitados pelos<br />

textos lidos em<br />

diferentes<br />

suportes.<br />

Discutir diferentes<br />

interpretações de<br />

um mesmo texto,<br />

sequência ou<br />

parágrafo.<br />

Identificar<br />

processos<br />

utilizados nos<br />

textos para<br />

influenciar o leitor.<br />

Distinguir<br />

diferenças,<br />

semelhanças de um<br />

texto em relação a<br />

outro(s).<br />

Reconhecer e<br />

reflectir sobre os<br />

valores culturais,<br />

estéticos e éticos,<br />

que perpassam nos<br />

textos.<br />

Ler por iniciativa e<br />

gosto pessoal,<br />

aumentando<br />

progressivamente a<br />

extensão e<br />

complexidade dos<br />

livros e outros<br />

materiais que<br />

seleciona.<br />

Discutir a<br />

moralidade<br />

veiculada por um<br />

conto, a partir de<br />

sugestões dadas.<br />

Analisar recursos<br />

estilísticos com<br />

intenção persuasiva:<br />

modo verbal, frase<br />

interrogativa (texto<br />

publicitário).<br />

Comparar<br />

características da<br />

notícia (breve)<br />

com as da notícia /<br />

reportagem.<br />

Identificar marcas<br />

da cultura africana<br />

num conto<br />

tradicional<br />

africano.<br />

Elaborar uma<br />

pequena coletânea<br />

de contos<br />

tradicionais.<br />

Ler contos que<br />

incluam a figura do<br />

corvo.<br />

LEITURA<br />

LER PARA APRECIAR TEXTOS VARIADOS<br />

Analisar as<br />

intenções de uma<br />

narrativa.<br />

Discutir o<br />

fundamento das<br />

opções de uma<br />

personagem.<br />

Refletir sobre as<br />

mensagens centrais<br />

de um texto.<br />

Justificar a<br />

pertinência<br />

histórica de um<br />

diário da década de<br />

40 do século XX.<br />

Trocar impressões<br />

de leituras feitas<br />

num blogue.<br />

Discutir a<br />

pertinência de um<br />

“estranho” pedido,<br />

feito por uma<br />

personagem, tendo<br />

em conta a<br />

globalidade da<br />

narrativa.<br />

Reconhecer<br />

características<br />

poéticas de<br />

narrativas.<br />

Recolher para<br />

portefólio poemas<br />

de Sophia de Mello<br />

Breyner.<br />

Realizar um<br />

Projecto Individual<br />

de Leitura.<br />

Discutir as<br />

consequências da<br />

atitude de uma<br />

personagem no<br />

devir da narrativa.<br />

Contactar com<br />

diferentes<br />

mundividências a<br />

partir de dados<br />

textuais<br />

(reportagem).<br />

Refletir sobre o<br />

percurso de uma<br />

personagem.<br />

Discutir as<br />

mensagens<br />

veiculadas por um<br />

texto dramático.<br />

Debater diferentes<br />

interpretações de<br />

um passo de um<br />

excerto de um texto<br />

dramático.<br />

Distinguir<br />

diferenças entre<br />

uma narrativa e a<br />

sua adaptação<br />

cinematográfica.<br />

Distinguir<br />

diferenças entre o<br />

texto dramático e o<br />

espetáculo teatral.<br />

Justificar valores<br />

veiculados pelo<br />

texto com<br />

contextos<br />

socioculturais<br />

pretéritos.<br />

Expressar um<br />

ponto de vista<br />

sobre a forma<br />

como um elemento<br />

do real é<br />

apresentado num<br />

excerto de uma<br />

epopeia.<br />

Justificar a<br />

interpretação da<br />

fala de uma<br />

personagem de<br />

B.D.<br />

Distinguir um<br />

episódio histórico<br />

evocado numa<br />

epopeia e numa<br />

B.D.<br />

Refletir sobre as<br />

funções estética e<br />

social da poesia.


LEITURA<br />

LER TEXTOS LITERÁRIOS<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Progressão por competências<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Analisar os<br />

paratextos para<br />

contextualizar e<br />

antecipar o<br />

conteúdo de uma<br />

obra.<br />

Exprimir opiniões<br />

e problematizar<br />

sentidos, como<br />

reação pessoal à<br />

audição ou à leitura<br />

de uma obra<br />

integral.<br />

Caracterizar os<br />

diferentes modos e<br />

géneros literários.<br />

Analisar processos<br />

linguísticos e<br />

retóricos utilizados<br />

pelo autor na<br />

construção de uma<br />

obra literária.<br />

Identificar marcas<br />

do modo narrativo:<br />

narrador,<br />

personagens, ação.<br />

Antecipar<br />

conteúdos a partir<br />

de paratextos.<br />

Antecipar a<br />

estrutura da<br />

narrativa a partir do<br />

texto da contracapa.<br />

Antecipar a<br />

centralidade de<br />

uma personagem<br />

a partir do índice.<br />

Relacionar o índice<br />

com as categorias<br />

da narrativa para<br />

antecipar o conteúdo<br />

de uma obra.<br />

Identificar marcas<br />

do modo narrativo:<br />

personagens,<br />

espaço, tempo.<br />

Analisar a<br />

expressividade de<br />

recursos retóricos<br />

e tropos: metáfora,<br />

comparação.<br />

Antecipar o<br />

conteúdo da<br />

narrativa a partir<br />

do índice,<br />

recorrendo a<br />

vivências pessoais.<br />

Explicitar sentidos<br />

e manifestar<br />

opinião após a<br />

leitura de obras<br />

integrais. (Projeto<br />

Individual<br />

de Leitura).<br />

Explicitar a intriga,<br />

o papel do narrador<br />

e personagens, a<br />

importância do<br />

tempo e espaço nos<br />

géneros conto e<br />

novela.<br />

Analisar a<br />

expressividade de<br />

recursos retóricos<br />

e tropos:<br />

personificação,<br />

metáfora, hipérbole,<br />

comparação.<br />

Problematizar o<br />

título de um conto.<br />

Identificar<br />

categorias do modo<br />

narrativo:<br />

personagens,<br />

espaço.<br />

Identificar<br />

elementos-chave<br />

para a<br />

compreensão de<br />

um texto.<br />

Discutir diferentes<br />

visões<br />

interpretativas de<br />

uma obra.<br />

dentificar<br />

categorias do modo<br />

dramático.<br />

Analisar a<br />

funcionalidade do<br />

texto principal e<br />

das didascálias no<br />

texto dramático.<br />

Analisar o posfácio<br />

de uma antologia.<br />

Exprimir opiniões<br />

sobre ideias<br />

veiculadas em<br />

vários poemas.<br />

Dar opinião sobre o<br />

texto que mais<br />

apreciou, comparado<br />

com outro do<br />

mesmo tema.<br />

Modo lírico:<br />

contactar com<br />

características do<br />

género epopeia.<br />

Definir fábula.<br />

Identificar elementos<br />

constitutivos da<br />

poesia lírica<br />

(convenções<br />

versificatórias).<br />

Identificar tempos<br />

verbais reveladores<br />

da intenção do<br />

sujeito poético<br />

Perceber a<br />

importância de<br />

orações causais,<br />

condicionais e<br />

adversativas, num<br />

texto poético.<br />

Identificar recursos<br />

estilísticos como a<br />

dupla adjetivação,<br />

grau superlativo<br />

e expressividade<br />

do adjetivo…<br />

Analisar a<br />

importância de<br />

repetições, rima,<br />

métrica na criação<br />

de ritmo musical na<br />

poesia.<br />

15


16<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

LEITURA<br />

LER TEXTOS LITERÁRIOS (CONT.)<br />

SEQUÊNCIAS<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Comparar o modo<br />

como o tema de<br />

uma obra é tratado<br />

em outros textos.<br />

Analisar recriações<br />

de obras literárias<br />

com recurso a<br />

diferentes<br />

linguagens.<br />

Valorizar uma obra<br />

enquanto objeto<br />

simbólico, no plano<br />

do imaginário<br />

individual e<br />

coletivo.<br />

Reconhecer e<br />

refletir sobre as<br />

relações que as<br />

obras estabelecem<br />

com o contexto<br />

social, histórico<br />

e cultural no qual<br />

foram escritas.<br />

Analisar factos de<br />

um conto em<br />

função da sua<br />

simbologia.<br />

Verificar o valor<br />

literário de<br />

narrativas integrais<br />

de autores<br />

portugueses.<br />

Relacionar uma<br />

obra com o<br />

contexto social<br />

e histórico em<br />

que foi escrita<br />

(diário – anos 40<br />

do século XX).<br />

Comparar um<br />

aspeto da realidade<br />

tratado num texto<br />

literário e num<br />

texto não literário.<br />

Relacionar<br />

temáticas do texto<br />

com a realidade<br />

cultural em que se<br />

insere.<br />

Identificar relações<br />

intertextuais.<br />

Cotejar a<br />

especificidade<br />

da linguagem<br />

cinematográfica<br />

com a do texto<br />

narrativo original.<br />

Comparar dois<br />

poemas ao nível<br />

temático.<br />

Valorizar textos<br />

poéticos enquanto<br />

objectos histórico-<br />

-culturais e de<br />

crítica social.<br />

Analisar a<br />

especificidade de<br />

textos em verso.<br />

Analisar processos<br />

textuais presentes<br />

em poemas que<br />

estão de acordo<br />

com a intenção<br />

visada.


DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Recorrer à escrita<br />

para assegurar o<br />

registo e o<br />

tratamento de<br />

informação ouvida<br />

ou lida.<br />

Utilizar a escrita<br />

para estruturar o<br />

pensamento e<br />

sistematizar<br />

conhecimentos.<br />

Utilizar, com<br />

autonomia,<br />

estratégias de<br />

preparação e de<br />

planificação da<br />

escrita de textos.<br />

Selecionar tipos e<br />

formatos de textos<br />

adequados a<br />

intencionalidades e<br />

contextos<br />

específicos.<br />

Redigir textos<br />

coerentes,<br />

selecionando<br />

registos e recursos<br />

verbais adequados.<br />

Utilizar, com<br />

progressiva<br />

eficácia, técnicas<br />

de reformulação<br />

textual.<br />

Utilizar, com<br />

autonomia,<br />

estratégias de<br />

revisão e<br />

aperfeiçoamento<br />

de texto.<br />

Converter<br />

informação de texto<br />

dos media em texto<br />

expositivo.<br />

Esquematizar<br />

informação de texto<br />

expositivo (texto<br />

com duplo tópico).<br />

Converter<br />

informação de texto<br />

dos media em texto<br />

expositivo com<br />

alteração da ordem<br />

de apresentação da<br />

informação.<br />

Produzir um slogan<br />

e um texto<br />

publicitário (texto<br />

argumentativo).<br />

Completar um texto<br />

lacunar (síntese de<br />

texto narrativo).<br />

ESCRITA<br />

ESCREVER PARA CONSTRUIR E EXPRESSAR CONHECIMENTOS<br />

Esquematizar<br />

informação.<br />

Produzir um texto<br />

descritivo com<br />

plano dado<br />

(descrição<br />

literária).<br />

Produzir um texto<br />

dos media (notícia)<br />

e um texto<br />

descritivo.<br />

Esquematizar<br />

informação.<br />

Produzir biografia<br />

após pesquisa de<br />

informação.<br />

Organizar<br />

momentos da<br />

narrativa em<br />

função de uma<br />

intenção.<br />

Redigir um texto<br />

narrativo a partir<br />

de planificação<br />

sugerida.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Redigir uma<br />

reportagem de<br />

acordo com um<br />

assunto<br />

selecionado.<br />

Redigir uma<br />

descrição técnica<br />

em função de um<br />

objetivo pragmático<br />

específico.<br />

Redigir um texto<br />

respeitando o<br />

conteúdo, a forma<br />

e a mancha textual.<br />

Sistematizar<br />

características de<br />

um texto narrativo<br />

e sua adaptação<br />

cinematográfica,<br />

associadas a<br />

diferentes<br />

linguagens.<br />

Produzir um texto<br />

que inclua atos de<br />

fala diretivos.<br />

Reorganizar um<br />

texto<br />

desorganizado em<br />

função de uma<br />

planificação dada.<br />

Planificar um texto<br />

em função de um<br />

conjunto de atos de<br />

fala a utilizar.<br />

Adequar o formato<br />

textual à utilização<br />

de determinados<br />

atos de fala.<br />

Rever um texto<br />

em função da<br />

sua adequação<br />

pragmática.<br />

Progressão por competências<br />

Produzir uma<br />

ficha biográfica<br />

após pesquisa de<br />

informação.<br />

Produzir um texto<br />

curto interpretativo<br />

do título de um<br />

poema.<br />

Produzir um<br />

convite, de acordo<br />

com a intenção de<br />

comunicação.<br />

Produzir um<br />

bilhete, de acordo<br />

com a intenção de<br />

comunicação.<br />

17


18<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Explorar diferentes<br />

vozes e registos<br />

para comunicar<br />

vivências, emoções,<br />

conhecimentos,<br />

pontos de vista,<br />

universos no plano<br />

do imaginário.<br />

Explorar a criação<br />

de novas<br />

configurações<br />

textuais,<br />

mobilizando a<br />

reflexão sobre<br />

os textos e<br />

sobre as suas<br />

especificidades.<br />

Explorar efeitos<br />

estéticos da<br />

linguagem<br />

mobilizando saberes<br />

decorrentes da<br />

experiência<br />

enquanto leitor.<br />

Reinvestir em<br />

textos pessoais<br />

a informação<br />

decorrente de<br />

pesquisas e<br />

leituras efetuadas.<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO DA LÍNGUA, VARIAÇÃO E MUDANÇA<br />

SEQUÊNCIAS<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Identificar, em textos<br />

orais e escritos,<br />

a variação nos<br />

vários planos.<br />

Distinguir os<br />

contextos que estão<br />

na origem do<br />

português.<br />

Sistematizar<br />

propriedades da<br />

língua padrão.<br />

Consultar obras<br />

lexicográficas,<br />

mobilizando<br />

informações na<br />

análise da receção<br />

e da produção do<br />

modo oral e escrito.<br />

ESCRITA<br />

ESCREVER EM TERMOS PESSOAIS E CRIATIVOS<br />

Reescrever um<br />

excerto narrativo<br />

com alteração<br />

do ponto de vista.<br />

Produzir uma<br />

descrição a partir<br />

de modelo presente<br />

em texto literário<br />

(descrição<br />

literária).<br />

Produzir um texto<br />

de opinião.<br />

Produzir uma<br />

página de diário e<br />

uma carta a partir<br />

de texto narrativo.<br />

Produzir um texto<br />

com características<br />

poéticas a partir de<br />

um poema.<br />

Identificar variantes<br />

lexicais, sintáticas<br />

e semânticas num<br />

texto oral.<br />

Refletir sobre os<br />

usos linguísticos<br />

em certos<br />

contextos.<br />

Reconhecer a<br />

língua padrão como<br />

meio público, geral<br />

de comunicação.<br />

Consultar obras<br />

lexicográficas<br />

para alargar<br />

conhecimentos<br />

sobre realidades<br />

evocadas nos<br />

textos.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Produzir um texto<br />

criativo a partir de<br />

conhecimentos de<br />

natureza<br />

civilizacional.<br />

Distinguir marcas<br />

do oral formal e<br />

informal.<br />

Escrever um texto<br />

na terceira pessoa,<br />

para comunicar um<br />

ponto de vista.<br />

Produzir estrofes,<br />

utilizando diversos<br />

recursos.<br />

Produzir um texto<br />

pessoal, a partir da<br />

estrófe de um<br />

poema analisado.<br />

Distinguir registo<br />

formal de registo<br />

informal.


DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Sistematizar<br />

propriedades da<br />

sílaba métrica e da<br />

sílaba gramatical.<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO FONOLÓGICO<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Propriedades<br />

acentuais das<br />

sílabas<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO MORFOLÓGICO<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Sílaba métrica e<br />

sílaba gramatical.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Sistematizar<br />

paradigmas<br />

flexionais regulares<br />

e irregulares dos<br />

verbos.<br />

Sistematizar<br />

paradigmas<br />

flexionais<br />

irregulares em<br />

verbos de uso<br />

frequente e menos<br />

frequente.<br />

Sistematizar as<br />

categorias<br />

relevantes para a<br />

flexão das classes<br />

de palavras<br />

variáveis.<br />

Sistematizar<br />

padrões de<br />

formação de<br />

palavras<br />

complexas.<br />

Explicitar o<br />

significado de<br />

palavras complexas<br />

a partir do valor de<br />

prefixos e sufixos<br />

nominais do<br />

português.<br />

Flexão em número<br />

(nomes e<br />

adjetivos).<br />

Flexão em grau<br />

(nomes e<br />

adjetivos).<br />

Composição<br />

morfológica e<br />

morfossintática.<br />

Sentido das<br />

palavras complexas<br />

a partir<br />

da combinação da<br />

significação lexical<br />

dos radicais.<br />

Verbos regulares e<br />

verbos irregulares<br />

(marcas<br />

distintivas).<br />

Verbos irregulares.<br />

Flexão verbal. Flexão em caso dos<br />

pronomes.<br />

Derivação por<br />

sufixação e<br />

prefixação.<br />

Valor dos prefixos<br />

e sufixos na<br />

construção do<br />

significado de<br />

palavras derivadas.<br />

Progressão por competências<br />

19


20<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Sistematizar<br />

propriedades<br />

distintivas de<br />

classes e<br />

subclasses de<br />

palavras.<br />

Aplicar as regras<br />

de utilização do<br />

pronome pessoal<br />

átono (não reflexo)<br />

em adjacência<br />

verbal.<br />

Nome contável e<br />

não contável.<br />

Adjetivo relacional.<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO DAS CLASSES DE PALAVRAS<br />

Tipos de verbo<br />

principal: transitivo<br />

e intansitivo.<br />

Determinantes e<br />

pronomes.<br />

Determinantes<br />

indefinidos.<br />

Pronomes pessoais<br />

átonos (colocação<br />

em próclise, ênclise<br />

e mesóclise).<br />

Conjunções e<br />

locuções<br />

conjuntivas<br />

coordenativas<br />

conclusivas e<br />

subordinativas<br />

consecutivas.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Sistematizar<br />

os constituintes<br />

principais da frase e<br />

respetiva<br />

composição.<br />

Sistematizar<br />

funções sintáticas.<br />

Distinguir<br />

processos<br />

sintáticos de<br />

articulação entre<br />

frases complexas.<br />

Composição do<br />

grupo nominal.<br />

Composição do<br />

grupo verbal.<br />

Sujeito.<br />

Complemento<br />

direto.<br />

Complemento<br />

indireto.<br />

Complemento<br />

oblíquo.<br />

Modificador do<br />

verbo.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO SINTÁTICO<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Oração coordenada<br />

conclusiva.<br />

Oração subordinada<br />

consecutiva.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Determinar os<br />

significados que<br />

dada palavra pode<br />

ter em função do<br />

seu contexto de<br />

ocorrência.<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO LEXICAL E SEMÂNTICO<br />

Sentidos de uma<br />

palavra.<br />

Conotação e<br />

denotação.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Campo lexical.<br />

Campo semântico.


SEQUÊNCIAS<br />

Progressão por competências<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Distinguir<br />

propriedades<br />

semânticas que<br />

diferenciam<br />

palavras com um<br />

só significado de<br />

palavras com mais<br />

do que um<br />

significado.<br />

Caracterizar<br />

relações entre<br />

diferentes<br />

categorias, lexicais<br />

e gramaticais, para<br />

identificar diversos<br />

valores semânticos<br />

na frase.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Usar paratextos<br />

para recolher<br />

informações de<br />

natureza pragmática,<br />

semântica que<br />

orientam e regulam<br />

de modo relevante<br />

a leitura.<br />

Caracterizar<br />

elementos inerentes<br />

à comunicação e<br />

interação<br />

discursivas.<br />

Identificar<br />

diferentes atos<br />

de fala.<br />

Distinguir modos<br />

de reprodução do<br />

discurso no<br />

discurso.<br />

Deduzir informação<br />

não explicitada nos<br />

enunciados,<br />

recorrendo a<br />

processos<br />

interpretativos<br />

inferenciais.<br />

Usar princípios<br />

reguladores da<br />

interação verbal.<br />

Atos de fala<br />

diretivos<br />

(publicidade).<br />

Verbos introdutores<br />

do relato do<br />

discurso.<br />

Inferências<br />

(publicidade).<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO LEXICAL E SEMÂNTICO (CONT.)<br />

Valor dos nomes,<br />

adjetivos e<br />

advérbios.<br />

Paratextos: léxico e<br />

estrutura textual.<br />

Inferências (texto<br />

narrativo).<br />

Conotação e<br />

denotação.<br />

Paratextos: índice,<br />

capa, folha de<br />

rosto.<br />

Princípio da<br />

cortesia.<br />

Príncipio de<br />

cooperação.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO DISCURSIVO E TEXTUAL<br />

Princípio da<br />

cortesia.<br />

Príncipio de<br />

cooperação.<br />

Paratextos: capa,<br />

contracapa, folha<br />

de abertura.<br />

Atos de fala ao<br />

serviço do texto<br />

dramático.<br />

Princípio da<br />

cortesia.<br />

Príncipio de<br />

cooperação.<br />

Polissemia<br />

.<br />

Paratextos:<br />

posfácio.<br />

Formas de<br />

tratamento.<br />

Discurso direto<br />

e indireto.<br />

Significado de<br />

verbo introdutor do<br />

relato do discurso.<br />

21


22<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Reconhecer<br />

propriedades<br />

configuradoras da<br />

textualidade.<br />

Interpretar modalidades<br />

e relações de<br />

intertextualidade.<br />

Caracterizar os<br />

géneros/subgéneros<br />

literários e respetiva<br />

especificidade<br />

semântica, linguística e<br />

pragmática.<br />

Identificar figuras de<br />

retórica e tropos como<br />

mecanismos<br />

linguísticos geradores<br />

de densificação<br />

semântica e<br />

expressividade<br />

estilística.<br />

DESCRITORES 1 2 3 4 5 6<br />

Sistematizar as regras<br />

de uso de sinais de<br />

pontuação para:<br />

− delimitar<br />

constituintes de<br />

frase;<br />

− veicular valores<br />

discursivos.<br />

Sistematizar regras de<br />

uso de sinais<br />

auxiliares da escrita<br />

para destacar contextos<br />

específicos de<br />

utilização.<br />

Sistematizar regras de<br />

configuração gráfica<br />

para destacar<br />

palavras, frases ou<br />

partes de texto.<br />

Desambiguar sentidos<br />

decorrentes de<br />

relações entre a grafia<br />

e fonia de palavras.<br />

Pontuação no<br />

discurso direto.<br />

Uso de aspas no<br />

discurso direto.<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO DISCURSIVO E TEXTUAL (CONT.)<br />

Conectores<br />

aditivos,<br />

exolicativos,<br />

contrastivos.<br />

Conectores<br />

discursivos.<br />

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

PLANO DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA E ORTOGRÁFICA<br />

Valor dos<br />

parênteses na<br />

delimitação de<br />

partes de uma obra.<br />

Conectores<br />

discursivos.<br />

Recriação de um<br />

texto original.<br />

Configuração<br />

gráfica típica do<br />

texto dramático.<br />

Coesão.<br />

Coerência.<br />

Conectores<br />

discursivos.<br />

Modo narrativo. Modo narrativo. Modo narrativo. Modo narrativo. Modo dramático. Modo lírico.<br />

Identificar a<br />

metáfora,<br />

comparação.<br />

Identificar a<br />

comparação,<br />

metáfora,<br />

personificação,<br />

hipérbole.<br />

SEQUÊNCIAS<br />

SEQUÊNCIAS<br />

Aliteração,<br />

metáfora, hipérbole,<br />

anáfora, antítese.<br />

Regras do uso da<br />

vírgula para delimitar<br />

constituintes da<br />

frase.<br />

Utilização de<br />

vírgula para<br />

repontuar versos,<br />

para entender os<br />

valores discursivos<br />

do texto poético.<br />

Função das<br />

reticências.<br />

Noções de<br />

versificação.<br />

Diferentes destaques:<br />

tipos de letra;<br />

maiúsculas; negrito…<br />

Homonímia.


3<br />

GRELHAS DE<br />

OBSERVAÇÃO DE<br />

COMPETÊNCIAS<br />

3<br />

3


24<br />

Avaliação da expressão oral<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Nível<br />

atingido<br />

(1 a 5)<br />

Aspeto Voz Conteúdo<br />

Contactos Expressão<br />

Dicção Intensidade Ritmo Organização Qualidade Adequação<br />

visuais facial<br />

Abundantes / Expressiva/ Clara / Audível / Adequado / Organizado / Rica / Adequado /<br />

inexistentes inexpressiva imperfeita fraca desadequado desorganizado pobre desadequado<br />

Postura<br />

Parâmetros<br />

(1 a 5)<br />

Rígida /<br />

descontraída<br />

Alunos<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

22<br />

23<br />

24<br />

25<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30


Avaliação da expressão escrita<br />

Ortografia<br />

Conectores<br />

Organização das<br />

ideias<br />

Construção da<br />

frase<br />

Pontuação<br />

Desenho da<br />

palavra<br />

Disposição do<br />

texto na página<br />

Nome do aluno Caligrafia<br />

Acentuação<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

Grelhas de Observação de Competências<br />

22<br />

23<br />

24<br />

25<br />

Observações:<br />

25


26<br />

Avaliação da expressão oral – leitura expressiva<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Aspeto Voz<br />

Parâmetros<br />

(1 a 5)<br />

Nível<br />

atingido<br />

(1 a 5)<br />

Postura Contactos visuais Expressão facial Dicção Intensidade Ritmo<br />

Adequado /<br />

desadequado<br />

Audível /<br />

fraca<br />

Clara /<br />

imperfeita<br />

Expressiva /<br />

inexpressiva<br />

Abundantes /<br />

inexistentes<br />

Alunos Rígida / descontraída<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

22<br />

23<br />

24<br />

25<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30


Revisão textual<br />

Sim Não<br />

Planificação<br />

Elaborei o plano-guia do meu texto de acordo com o tipo de texto (carta, narrativa, texto descritivo, explicativo).<br />

Organizei a informação de forma pertinente.<br />

Segui o plano-guia apresentado no Manual.<br />

Escrita<br />

Redigi o meu texto de acordo com o plano-guia.<br />

Revisão<br />

1. Reli o texto para o corrigir a nível de:<br />

a) ortografia<br />

b) acentuação<br />

c) pontuação das frases<br />

d) criação / eliminação de parágrafos<br />

e) tempos verbais incorretos<br />

f) frases pouco claras<br />

g) organização das ideias<br />

h) repetição de ideias<br />

i) informação pouco pertinente<br />

Grelhas de Observação de Competências<br />

j) introdução de conectores adequados<br />

2. Verifiquei se o texto:<br />

a) tem título<br />

b) cumpre as margens da folha<br />

c) tem a minha identificação<br />

Última Fase<br />

Passei o texto a limpo com caligrafia legível<br />

27


28<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Registo dos diferentes elementos de avaliação (por competências) – Final de período<br />

Conhec. Explícito Outras<br />

Compreensão Oral Expressão Oral Leitura Expressão Escrita<br />

da Língua Comp.. Média Auto-<br />

Nível<br />

Final avaliação<br />

Nome Média Média Média Média Média Média<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

22<br />

23<br />

24<br />

25<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30


4<br />

4<br />

4<br />

TRANSCRIÇÃO<br />

DOS<br />

DOCUMENTOS<br />

ÁUDIO


30<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Faixa n. o 1<br />

Uma breve introdução<br />

A história que estou prestes a partilhar convosco passa-<br />

-se em 1931, sob os telhados de Paris. Aqui, irão conhecer um<br />

rapaz chamado Hugo Cabret, que, há muito tempo, descobriu<br />

um misterioso desenho que mudou a sua vida para sempre.<br />

Mas antes de virar a página, imagine-se sentado na escuridão,<br />

à espera do início de um filme. No ecrã, o sol nascerá<br />

em breve e vai dar por si a aproximar-se de uma estação de<br />

comboios, em plena cidade. Atravessa rapidamente as portas<br />

até chegar a uma estrada cheia de gente. Vai dar pela presença<br />

de um rapaz no meio da multidão. Ele começará a caminhar ao<br />

longo da estação. Siga-o, pois trata-se de Hugo Cabret. Tem<br />

o seu imaginário cheio de segredos e aguarda o início da sua<br />

história.<br />

Professor H. Alcofrisbas “Uma breve introdução” in Brian Selznick,<br />

A Invenção de Hugo Cabret. Porto, Edições Gailivro, 2008.<br />

Faixa n. o 2<br />

Corvo<br />

O simbolismo do corvo só recentemente adquiriu o seu aspeto<br />

puramente negativo, e quase exclusivamente na Europa.<br />

É considerado, nos sonhos, como uma figura de mau agouro,<br />

ligado ao medo da infelicidade. Esta aceção encontra-se na<br />

Índia, onde se compara os corvos aos mensageiros da morte.<br />

Na China e no Japão, ele é símbolo de gratidão filial. O facto<br />

de ele alimentar pai e mãe é considerado como sinal de um espantoso<br />

restabelecimento da ordem social.<br />

No Génesis, surge como símbolo de perspicácia: é ele que<br />

vai verificar se a terra começa, após o dilúvio, a reaparecer<br />

por cima das águas: Decorridos quarenta dias, Noé abriu a janela<br />

que havia feito na arca e soltou um corvo, que saiu repetidas<br />

vezes, e enquanto iam secando as águas sobre terra.<br />

Faixa n. o 3<br />

Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos.<br />

Teorema, 1994, pp. 234-235.<br />

Tu sabes como é que o coelho conseguiu casar com Chipha,<br />

a menina mais bela da aldeia? Pois é, o espertalhão conseguiu<br />

enganar a hiena, que era quem ia casar com a menina. Ah, pois<br />

é! O coelho conseguiu enganar a hiena porque fez com que esta<br />

parecesse a sua criada porque eee… Vamos lá começar pelo<br />

princípio … Ahhh… o coelho e a hiena eram muito amigos. Sim,<br />

eles eram amigos e um dia a hiena passou numa povoação e<br />

havia lá uma menina muito bonita, a Chipha, e pediu-a em casamento<br />

porque ela era muito bonita e ela disse que sim e<br />

disse-lhe que trouxesse um padrinho para o casamento. Entretanto,<br />

a hiena foi convidar o coelho para ser o seu padrinho<br />

de casamento. Mas já antes o coelho tinha passado pela aldeia,<br />

tinha visto a menina e também a tinha pedido em casamento.<br />

Mas a menina disse que não podia aceitar porque já tinha prometido<br />

casar com a hiena e já lhe tinha pedido para trazer um<br />

padrinho. E… e… e… O coelho pensou logo que iria arranjar<br />

maneira de humilhar a hiena, quer dizer…, de a fazer passar<br />

vergonhas e fazê-la passar por sua criada frente à menina.<br />

Então disse a Chipha que a hiena era sua criada e que até lhe<br />

servia de cavalo. Já estava a pensar numa forma de pôr a hiena<br />

a transportá-lo às costas para mostrar à menina que ele, coelho,<br />

era mais importante e assim casar com ela. E disse à menina<br />

que ela merecia ficar com uma pessoa mais importante.<br />

Por isso, quando a hiena foi ter com ele para o convidar para<br />

padrinho de casamento, o coelho disse que… disse que… Ora,<br />

o coelho tinha dificuldades em andar muito depressa e então<br />

a hiena ofereceu-se para o levar às costas e o coelho aproveitou<br />

para… para lhe pôr uma corda ao pescoço e aaah portanto…<br />

quando chegaram à aldeia, o coelho começou a fingir que cavalgava<br />

a hiena e quando estavam perto da rapariga, perto da<br />

Chipha, o coelho mandou a hiena ir mais depressa e quando<br />

chegaram junto da rapariga, o coelho disse à rapariga: “Estás<br />

a ver que a hiena é minha criada!», porque quando Chipha tinha<br />

recusado o pedido do coelho este tinha-lhe dito que a hiena<br />

era sua serviçal e que lhe servia de cavalo. Na altura Chipha<br />

tinha-lhe pedido provas. Ora, aqui estava a prova! Foi por isso<br />

que o coelho casou com a Chipha, porque ela ficou muito envergonhada<br />

com a situação. Pois foi…<br />

Narrativa adaptada ao oral espontâneo a partir de Lourenço do Rosário,<br />

“O coelho e a hiena”, in Contos Africanos. Lisboa, Texto Editora, 2001, pp. 9-10.<br />

Faixa n. o 4<br />

Havia em tempos uma pobre velha que tinha três filhas: as<br />

duas mais velhas eram lavadeiras e a mais nova era ainda<br />

muito criança. As duas mais velhas tinham muito má vontade<br />

à sua velha mãe. De uma vez aconselharam a mãe a que as<br />

fosse ajudar no seu serviço e lá a mataram enterrando o corpo<br />

na ribeira e levando a cabeça para casa, no intuito de a enterrar<br />

no quintal, como efetivamente a enterraram. A filha<br />

mais nova estranhou a falta da mãe e desconfiou das irmãs.<br />

Espreitou-as e viu que elas tinham enterrado qualquer coisa<br />

no quintal.


Quando as irmãs no dia seguinte foram para o lavadouro,<br />

foi ela ao quintal, cavou e encontrou a cabeça da mãe, que a<br />

aconselhou a que a enterrasse à porta da sua casa. A pequena<br />

isso fez.<br />

Passaram-se alguns anos, e no lugar onde a cabeça fora<br />

enterrada nasceu uma pereira, cujas peras eram belas e muito<br />

saborosas, notando-se porém que quando as mais velhas iam<br />

colher as peras, a árvore subia tão alta que nunca as alcançavam,<br />

e só à mais nova era lícito colher as peras.<br />

Passou por ali um príncipe que ficou tão agradado do sítio<br />

e da formosura da mais nova, que casou com esta e mandou<br />

formar no lugar da casa um lindo jardim e perto um bonito palácio.<br />

Ficou ali vivendo o príncipe com a sua esposa e acolheu<br />

no palácio as suas duas cunhadas. É claro que estas<br />

tinham ódio à sua irmã por ter a dita de casar com um príncipe<br />

poderoso. Quando esta estava para dar à luz uma criança,<br />

teve o príncipe de ir a uma guerra. Ali recebeu ele das cunhadas<br />

uma carta, informando-o de que a sua esposa parira<br />

um bicho em vez de um menino e que elas se tinham visto<br />

forçadas a matar o bicho.<br />

Teve o príncipe muita pena deste sucesso, e quando voltou<br />

conversou com a sua esposa a tal respeito.<br />

– Tenho a certeza, respondeu a esposa, de que quando tive<br />

o meu filho, o ouvi chorar e os seus vagidos eram de uma<br />

criança, no entanto minhas irmãs afirmam que era um bicho.<br />

Dois anos depois concebeu ela outro filho, que, por infelicidade,<br />

nasceu quando o príncipe estava noutra guerra e novamente<br />

recebeu ele de suas cunhadas a triste notícia de que<br />

lhe nascera outro bicho.<br />

Esta notícia foi-lhe muito desagradável, e o príncipe, quando<br />

voltou, vinha muito triste e doente.<br />

Não se atrevia a injuriar a esposa, cujas virtudes eram<br />

superiores a qualquer mau juízo, e por isso limitava-se a<br />

andar triste e a meter-se num quarto sem aparecer a ninguém.<br />

Neste estado se conservou durante cinco anos. Sua<br />

mulher sofria horrivelmente e as irmãs aconselharam-na a<br />

dar um passeio pelo jardim. Foi uma tarde ao jardim na companhia<br />

das irmãs e aproximou-se da grande pereira, cujos<br />

ramos ensombravam a boca da fonte, que o príncipe em tempos<br />

abrira junto da pereira.<br />

Quando ali chegou veio subitamente à memória o crime das<br />

irmãs, em matar sua mãe. Como alucinada chegou à boca da<br />

fonte e olhou para baixo, mas as irmãs pegaram-lhe pelos pés<br />

e lançaram-na na fonte, pondo-se em seguida a gritar e a pedir<br />

socorro, fazendo crer que sua irmã, desgostosa da tristeza do<br />

príncipe, se afogara na fonte. Ficou o príncipe contristíssimo<br />

com mais esta infelicidade e começou a manifestar indícios de<br />

loucura. Então os conselheiros tomaram muito a sério o futuro<br />

do reino e instaram com o rei que saísse a passeio.<br />

Uma tarde foi o rei com os conselheiros passear pelo jardim<br />

e aproximou-se da fonte. Olhou para o fundo e pareceu-lhe<br />

ver lá em baixo uma criança que o chamava. Gritou pelos conselheiros<br />

e contou-lhes o que via lá em baixo, mas eles, supondo<br />

ser indício de loucura, tentaram afastá-lo dali.<br />

– Não, não, não saio daqui — disse o rei energicamente —<br />

deitem imediatamente ao fundo do poço um balde e em seguida<br />

puxem pelo balde.<br />

Por comprazer, os conselheiros obedeceram, e qual foi o<br />

seu espanto quando dentro do balde subiu uma criança muito<br />

formosa, que pediu que tornassem a lançar à fonte o balde.<br />

Atiraram o balde segunda vez e veio uma menina, mais nova,<br />

e igualmente formosa, e ambos pediram que lançasse novamente<br />

o balde. À terceira vez subiu no balde a rainha!<br />

– O que vejo, senhora — exclamou o rei!<br />

Então a rainha disse: estas duas crianças são os nossos<br />

dois filhos que as minhas irmãs lançaram à fonte apenas nascidos.<br />

Também minhas irmãs, à falsa fé, me arrojaram para<br />

dentro desta fonte, felizmente porém, a Virgem se compadeceu<br />

de nós e ali nos tem conservado. Vês esta pereira? Pois<br />

esta pereira tem as raízes metidas na caveira de minha mãe e<br />

que minhas irmãs igualmente assassinaram.<br />

O rei voltou furioso para o palácio acompanhado da rainha<br />

e dos filhinhos. Logo que as duas irmãs os avistaram das janelas<br />

do palácio atiraram-se abaixo e morreram esmigalhadas<br />

na queda.<br />

Xavier Ataíde de Oliveira, in Contos tradicionais do Algarve, I volume,<br />

Edição Vega, 1989.<br />

Faixa n. o 5<br />

Transcrição dos Documentos Áudio<br />

Os miúdos saltaram da camioneta, carregados de sacos,<br />

cestos, garrafas, principalmente de muito entusiasmo.<br />

Pousaram o farnel nas mesas redondas, feitas de mós de<br />

moinhos, que em vez de moerem farinha serviam de apoio a<br />

piqueniques, e embrenharam-se pela mata, enquanto as duas<br />

professoras, alarmadas, gritavam:<br />

– Nada de aventuras! Almoçamos primeiro e vamos passear<br />

depois.<br />

– Vocês ainda se perdem!<br />

O motorista largou atrás deles, chamando para a direita,<br />

ameaçando para a esquerda e dentro de um quarto de hora<br />

os aventureiros trocavam os mistérios da floresta por uma<br />

sanduíche de queijo ou um copo de sumo.<br />

Todos, menos o Alfredo. Aquele era sempre assim: o mais decidido,<br />

o mais teimoso, o mais independente, o que mais arrelias<br />

causava.<br />

31


32<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Tinha-se escondido junto duns arbustos para que o motorista<br />

o não descobrisse e, enquanto ali estava, agachado, com<br />

a respiração suspensa, notou um ligeiro movimento entre as<br />

folhas. Que bicho seria?<br />

O que em seguida viu deixou-o espantado. Duas criaturinhas,<br />

pequeninas como ratos, gesticulavam e davam estalidos<br />

com os dedos. Estendeu a mão para as agarrar, mas já<br />

elas corriam pela caruma, aos ziguezagues, a fugir. Perseguiu-as<br />

perdendo-as aqui, encontrando-as acolá, assim se<br />

afastando até desembocar numa clareira onde uma geringonça<br />

de metal azul brilhava. Era para aí que os estranhos<br />

seres se dirigiam.<br />

– Ah! – decidiu o Alfredo – não me podem escapar.<br />

Com ganas de caçador precipitou-se, agarrando um deles.<br />

– Maldito! – gemeu baixinho, sentindo os dentes afiados<br />

cravarem-se na carne. Apertou-o mais, contorcido de dor, enquanto<br />

via o outro alcançar a pequena nave e sumir-se nela,<br />

céu fora.<br />

Só então atentou bem a mão, que escorria sangue e dentro<br />

da qual deixara de se agitar a criatura. Abriu-a. Um homenzinho<br />

em miniatura, com duas antenas no cocuruto da<br />

cabeça e rabo de esquilo, jazia ali. Abanou-o. Soprou-lhe. Não<br />

dava acordo de si.<br />

Tinha-o matado pela certa. Paciência. Enrolou-o no lenço,<br />

meteu-o na algibeira. Tratou então de encontrar o caminho de<br />

regresso.<br />

Mas a floresta parecia um labirinto. Pensava reconhecer<br />

um atalho, um pinheiro manso, um penhasco... enganava-se.<br />

Viera num tal frenesim, só com os olhos fitos nas criaturas<br />

verdes, que era impossível orientar-se. Chamava. Onde estavam<br />

os colegas? Ninguém lhe respondia.<br />

Já o Sol ia declinando e as sombras pareciam gigantes deitados,<br />

quando ouviu o trote de um cavalo. O guarda-florestal!<br />

Correu para ele.<br />

– Sabe dizer-me onde é o parque dos piqueniques?<br />

– Levo-te até lá, rapaz. Monta, que o cavalo pode com os<br />

dois e tu vens a deitar os bofes pela boca. Para que fugiste?<br />

Fazes ideia da aflição que causaste!<br />

Luísa Ducla Soares, Crime no expresso do tempo.<br />

Lisboa Editora, 1998.<br />

Faixa n. o 6<br />

O que podemos fazer para ajudar os nossos filhos a ser telespetadores<br />

críticos e a fazer boas escolhas em relação à televisão?<br />

Antes de mais, devemos ajudá-los a separar os factos da<br />

ficção. Conversar sobre a forma como as personagens da TV<br />

resolvem os seus problemas e tentar propor outras soluções<br />

melhores ou mais reais. Discutir sobre a violência na televisão,<br />

tentar perceber porque é que ocorreu e ver se seria possível<br />

encontrar uma solução não violenta para a mesma<br />

situação. Explicar às crianças que as histórias da TV não são<br />

reais, e propor-lhes que construam elas próprias histórias que<br />

gostariam de ver no seu programa favorito.<br />

Podemos também ajudar os nossos filhos a ser consumidores<br />

informados. Conversar sobre o que os anúncios propõem<br />

que compremos e analisar se são mesmo coisas boas<br />

para as pessoas, por exemplo, a comida plástica ou os refrigerantes.<br />

Comparar os brinquedos que comprámos com as<br />

características dos anúncios respetivos.<br />

Devemos, também, ensinar os nossos filhos, desde pequenos,<br />

a ter bons hábitos de ver televisão. Estabelecer limites<br />

nos horários de televisão e planear quais os programas a ver,<br />

evitar ver televisão ao acaso. Podemos preparar um esquema<br />

semanal, construindo a nossa própria TVGuia familiar. Não<br />

devemos pôr televisores nos quartos das crianças e devemos<br />

desligar o televisor quando se está a fazer outras atividades,<br />

como trabalhos de casa ou nas horas de refeição. Claro que<br />

ajuda muito ver televisão em família e ir conversando sobre o<br />

que se está a ver.<br />

Temos sempre que nos lembrar que quem deve ter o controlo<br />

é o telespetador. Não o televisor. Se a família estabelecer<br />

regras em relação à TV e as cumprir, então consegue<br />

manter o controlo da situação e, com a prática, toda a família<br />

aprenderá a ter bons hábitos de ver televisão e boa capacidade<br />

crítica. E, assim, em qualquer situação, com supervisão<br />

ou sem ela, os nossos filhos terão os instrumentos de que necessitam<br />

para interpretar o que veem na televisão.<br />

Clínica Geral - TSF<br />

Faixa n. o 7<br />

Cadillac V16<br />

A Cadillac superou a concorrência e surpreendeu o mundo<br />

quando, em dezembro de 1929, apresentou o seu novo motor V16.<br />

Alguns dos padrões de qualidade deste motor eram, no<br />

mínimo, surpreendentes: usava o acabamento cromado em<br />

todos os parafusos e tubos à vista, enquanto que as tampas<br />

das válvulas eram de alumínio, contrastando com a pintura<br />

preta das restantes peças. Os tubos de escape estavam pintados<br />

com uma cerâmica negra para suportar o intenso aquecimento<br />

e todos os cabos e fios do motor estavam escondidos.<br />

O motor V16 era, pois, impressionante por fora e por dentro.<br />

Por todas as suas capacidades, era impossível ao Cadillac V16


cumprir mais de 15 km com menos de 3 litros de combustível,<br />

mantendo um consumo de óleo elevado. A sorte é que nos anos<br />

30, tanto a gasolina como os lubrificantes eram baratos nos<br />

Estados Unidos e quem pagava milhares de dólares por um<br />

automóvel não ligava a esses custos menores.<br />

O chassis do V16 foi construído para proporcionar conforto.<br />

Mesmo assim, era suficientemente rígido para receber uma<br />

grande variedade de carroçarias, desde o cabriolet de dois lugares<br />

até às impressionantes limusinas.<br />

“100 Melhores Automóveis do Século”, in Revista Turbo, 1999, pp. 52-53.<br />

Faixa n. o 8<br />

Diálogo entre duas veraneantes, na Foz do Arelho<br />

A – Ora cá está a Tia Madalena. Desde o verão passado que<br />

não nos vemos.<br />

B – É verdade, D. Fátima. Mais um ano que passou. É tão bom<br />

vê-la por cá, na Foz do Arelho. Tem feito muito calor em Lisboa,<br />

o que me fez desejar imenso regressar a esta praia. Mas, traz<br />

o braço engessado.<br />

A – Nem sabe o que me aconteceu quando fui passar três<br />

dias a Bertelhe, terra dos meus pais, que fica na freguesia de<br />

Cepões, concelho e distrito de Viseu. Bem. A minha mãe<br />

pediu-me que fosse buscar um caldeiro de água, que estava<br />

logo ali, à minha beira, para que começasse a limpeza da<br />

casa a eito. Ela precisava dele no sótão e, quando vou a subir<br />

as escaleiras, escorrego e caio no chão. Por sorte não fiquei<br />

espetada numa seitoira, que o meu pai usa para ceifar, que<br />

ainda me rasgou a saia. Gritei pelo meu pai, que tinha ido<br />

pôr uma saca de espigas no canastro, mas não me respondeu.<br />

Gritei por minha mãe, que só dizia ao meu filho mais<br />

novo, que estava a lanchar, “Come p’ra baixo, para cresceres<br />

muito”, o que mais me irritava.<br />

B – Coitada! E depois, conseguiu levantar-se?<br />

A – Para ver se alguém reparava no que estava a acontecer,<br />

comecei a dizer “Ó mãe, não botes o comer p’ra gente! Não<br />

vês que caí aqui p’ia abaixo?” Lá apareceram todos e me acudiram.<br />

Disse por fim “Bem haja!”. Fui ao hospital e foi então<br />

que percebi que tinha o braço partido.<br />

B – O que é muito desagradável nesta altura do ano, uma vez<br />

que não pode ir ao mar… Mas pode contar com a minha ajuda<br />

para tudo o que precise. Mais uma vez conseguimos alugar<br />

barracas na mesma fila e mais uma vez vamos ser vizinhas.<br />

A – Sim, é sempre bom recordar amigos e poder conviver com<br />

eles todos os verões.<br />

Faixa n. o 9<br />

Frei João Sem-Cuidados<br />

Transcrição dos Documentos Áudio<br />

O rei ouvia sempre falar em Frei João Sem-Cuidados como<br />

um homem que não se afligia com coisa nenhuma deste<br />

mundo:<br />

– Deixa estar, que eu é que te hei de meter em trabalhos!<br />

Mandou-o chamar à sua presença e disse-lhe:<br />

– Vou dar-te uma adivinha e se dentro de três dias não me<br />

souberes responder, mando-te matar. Quero que me digas: 1. o<br />

Quanto pesa a Lua? 2. o Quanta água tem o mar? 3. o Que é que<br />

eu penso?<br />

Frei João Sem-Cuidados saiu do palácio bastante atrapalhado,<br />

pensando na resposta que havia de dar a cada uma daquelas<br />

perguntas. O seu moleiro encontrou-o no caminho e<br />

estranhou ver o frade tão macambúzio e de cabeça baixa.<br />

– Olá, Frei João Sem-Cuidados, então porque é que está tão<br />

triste?<br />

– É que o rei disse-me que me mandava matar se dentro de<br />

três dias não lhe respondesse quanto pesa a Lua, quanta água<br />

tem o mar e que é que ele pensa!<br />

O moleiro desatou a rir e disse-lhe que não tivesse cuidado,<br />

que lhe emprestasse o hábito de frade, que ele iria disfarçado<br />

e havia de dar boas respostas ao rei.<br />

Passados três dias, o moleiro, vestido de frade, foi pedir<br />

audiência ao rei. Este perguntou-lhe:<br />

– Então quanto pesa a Lua?<br />

– Saberá Vossa Majestade que não pode pesar mais de um<br />

arrátel, pois todos dizem que ela tem quatro quartos.<br />

– É verdade. E agora: quanta água tem o mar?<br />

– Isso é muito fácil de saber. Mas como Vossa Majestade só<br />

quer saber a água do mar, é preciso primeiro mandar tapar<br />

os rios, porque sem isso nada feito.<br />

O rei achou bem respondido, mas, zangado de ver o Frei<br />

João Sem-Cuidados a escapar-se às dificuldades, tornou:<br />

– Agora, se não souberes que é que eu penso, mando-te<br />

matar!<br />

O moleiro responde:<br />

– Ora, Vossa Majestade pensa que está a falar com Frei<br />

João Sem-Cuidados e está mas é a conversar com o seu moleiro.<br />

Deixou cair o capucho de frade e o rei ficou pasmado com<br />

a esperteza dele.<br />

Contos Populares Portugueses – “Antologia, (org. e prefácio de Viale<br />

Moutinho), Livros de Bolso Europa-América, s.d., p. 121.<br />

33


34<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Faixa n. o 10<br />

Geografia e natureza<br />

O Japão é constituído por cerca de 3500 ilhas, que constituem<br />

os cumes de uma cadeia montanhosa localizada abaixo<br />

da superfície do mar e originariamente ligada ao continente.<br />

Estas ilhas formam uma espécie de arco extenso a leste do<br />

continente asiático, encontrando-se separadas deste pelo mar<br />

do Japão. As quatro ilhas principais, Hocaido, Honshu, Shikoku<br />

e Kyushu, abrangem 97% do território total.<br />

Honshu – sob o signo do monte Fuji<br />

A ilha de Honshu é de longe a mais importante, ocupando,<br />

com os seus mais de 230 000 quilómetros quadrados, o oitavo<br />

lugar entre as maiores ilhas do mundo.<br />

A ilha é atravessada por algumas cadeias montanhosas<br />

muito pronunciadas. Situa-se aqui também o conhecido símbolo<br />

do Japão, o monte Fuji, um vulcão extinto que constitui o<br />

ponto mais elevado (3776 metros). O centro desta ilha, de 1000<br />

km de comprimento e 240 km de largura, é a zona tectonicamente<br />

mais ativa, devido ao facto de ser o ponto de encontro<br />

de duas cadeias montanhosas.<br />

Tufões e “chuva das ameixas”<br />

A entrada de massas de ar frio da Sibéria e a corrente fria<br />

de Oyashio contribuem para a queda abundante de neve na ilha<br />

de Hocaido. Aqui, os invernos são bem mais rigorosos do que<br />

noutras regiões da mesma latitude. Enquanto em março o<br />

clima em Hocaido é ainda agreste, nas ilhas do Sul, que se encontram<br />

sob a influência da corrente quente de Kuroshio, as<br />

cerejeiras encontram-se já em flor. A época principal das chuvas<br />

de Verão começa aqui, neste clima subtropical, com a chamada<br />

“chuva das ameixas”. Mais para norte, estas chuvas<br />

favoráveis tardam um pouco mais.<br />

Os meses de julho a setembro são especialmente propícios<br />

a tufões, que ocorrem principalmente no Sul e provocam<br />

consideráveis danos devido às altas velocidades do vento.<br />

Uma vida para a empresa?<br />

Os japoneses trabalham em média muito mais horas e dispõem<br />

de muito menos tempo livre do que os trabalhadores<br />

europeus. Consideram natural ficar no emprego até tarde.<br />

Às vezes nem aos sábados conseguem desligar-se da empresa:<br />

neste dia é frequente serem organizadas excursões<br />

para os funcionários. Muitos não aproveitam a totalidade do<br />

tempo de férias a que têm direito. Esta atitude não se baseia<br />

necessariamente numa obsessão pelo trabalho, mas é frequentemente<br />

resultado de uma pressão laboral impiedosa. Algumas<br />

pessoas tentam compensar esta pressão através da participação<br />

em cursos de budismo zen – o que obviamente apenas<br />

podem fazer quando dispõem de um fim de semana livre!<br />

Uma nação cortês e de muita delicadeza<br />

As regras de delicadeza japonesas distinguem-se, em muitos<br />

aspetos, das europeias. Dizer “não”, por exemplo, não é considerado<br />

de bom tom no Japão. Por outro lado, um “sim” pronunciado<br />

de maneira menos firme pode não ser identificado como<br />

uma expressão de consentimento. Ao entrar numa casa, as pessoas<br />

tiram os sapatos e colocam-nos no chão, com a ponta dos<br />

mesmos virada para a porta de entrada. Ao cumprimentarem-<br />

-se, os japoneses têm por hábito fazer uma vénia e os títulos<br />

académicos são de grande importância.<br />

In Geografia do Mundo – Ásia. Rio de Mouro, Círculo de Leitores,<br />

2006, pp. 44-47.<br />

Faixa n. o 11<br />

E do passado fez-se futuro<br />

A tradição já não é o que era, o que não significa que tenha<br />

de ser uma coisa completamente diferente. O galo de Barcelos<br />

e o Santo António ganharam novas cores, há azeite à venda<br />

em packs de turismo, as bolachas das nossas avós são gourmet<br />

e o fado afinal é música pop. O saudosismo está aí, só se virou<br />

um pouco de pernas para o ar.<br />

Não interessa se está com a típica batina castanha ou não.<br />

O Santo António é sempre o Santo António e a fama de casamenteiro<br />

ultrapassa-o, mesmo que ele apareça pintado em<br />

cores pop, como o cor-de-rosa forte ou o amarelo. "Quando os<br />

tinha na loja via muitas raparigas a falarem com ele", recorda<br />

Nuno Brandão, de 37 anos, o designer responsável pela ideia.<br />

Conta-se que basta escrever um papel com o nome do namorado,<br />

deixá-lo aos pés do santo e depois virá-lo com a cara<br />

para a parede. O pedido de casamento vai surgir a qualquer<br />

momento e depois, para lhe mostrarmos gratidão, o santo<br />

volta a encarar o mundo de frente. Agora só a crença é que é<br />

antiga. O Santo António, esse, já é um homem moderno.<br />

"Partiu tudo de uma experiência. É como o ovo de Colombo.<br />

Vi os santos em barro à venda numa loja e pensei: porque não<br />

pintá-los à minha maneira? Comecei com quatro ou cinco, passado<br />

um mês já me estavam a encomendar 30 ou 40 e agora<br />

ultrapassa isso largamente", diz Nuno. Tinha uma loja com<br />

vista para a estátua de Santo António em Lisboa e esta foi a


primeira peça criada por si mesmo que lá vendeu. Agora a loja<br />

está fechada e o santo vale por si, num negócio que é gerido<br />

através da internet como Goma 386. Não são os sonhos<br />

das meninas casadoiras que alimentam o sucesso da ideia.<br />

Nem as meninas hoje em dia querem assim tanto casar, nem<br />

os santos continuam assim tão bem cotados. "Os mais velhos<br />

até podem comprar pelo factor religioso. Mas a imagem, como<br />

eu a apresento, foge a isso. Os mais jovens compram porque<br />

o kitsch está na moda e porque querem decorar a casa de uma<br />

forma moderna, com um toque de design."<br />

Ou seja, o símbolo está lá mas já é outra coisa. O espírito<br />

que desponta deste tipo de criações dá ao saudosismo outra<br />

dimensão. Estes portugueses não querem apenas olhar para<br />

os produtos que nos lembram das nossas raízes e do nosso<br />

passado com um sorriso nostálgico. Olham, mas com os olhos<br />

postos noutro horizonte.<br />

In Revista Nós, n. o 15, de 15/08/2009.<br />

Faixa n. o 12<br />

Mãe: Olha, ontem vieste ao centro comercial com a Rita?<br />

Filha: Sim, ahh… fomos a uma loja de jogos fantástica… é<br />

nova… ahh… tem duas secções: uma só para jogos novos…<br />

ahh… tu sabes, as novidades e assim com jogos novos… a<br />

outra é a secção dos jogos mais antigos… tipo saldos… havia<br />

lá um que eu gostava mesmo de ter… estás a ver…<br />

Mãe: humm… estou a ver… e só foram a essa loja?<br />

Filha: Não, depois fomos comer um gelado lá acima e, por<br />

acaso encontrámos a Joana e o Pedro. Estivemos um bom<br />

bocado na conversa e a rir. Depois fomos ver um filme… ahh…<br />

até comprámos pipocas e tudo…<br />

Mãe: Ahh… por isso não fizeste nada do que te pedi…<br />

Filha: Boa!… já não me lembro de nada… o que me pediste?<br />

Mãe: Bom, vais ao hipermercado lá em baixo e compras pão,<br />

leite e alguns iogurtes. Depois, passas pela papelaria e compras<br />

o jornal de hoje.<br />

Filha: Ai, ai… está bem… mas isso não é nada divertido!<br />

Faixa n. o 13<br />

Diálogo entre um guia e uma turma que vai seguir o roteiro<br />

de José Rodrigues Miguéis.<br />

Guia: Bom dia! Vamos dar início a esta viagem por Lisboa para<br />

conhecer alguns lugares frequentados e muito amados por<br />

José Rodrigues Miguéis. O que conhecem sobre o escritor?<br />

Transcrição dos Documentos Áudio<br />

Aluno: Foi um escritor que viveu muitos anos nos Estados Unidos.<br />

Guia: Sim, ele foi um grande romancista que partiu para os Estados<br />

Unidos em busca de liberdade. Viveu lá 42 anos e em<br />

Portugal 37. Mas embora dominasse perfeitamente a língua inglesa,<br />

ele só publicou livros em português e a sua obra constitui<br />

um brilhante testemunho da vida alfacinha nas primeiras<br />

décadas do século XX.<br />

Aluno: Ele faleceu nos Estados Unidos?<br />

Guia: Sim, faleceu em Nova Iorque, em 1980.<br />

Aluno: Quais são as suas obras mais importantes?<br />

Guia: São várias: Léah e outras histórias, A Escola do Paraíso,<br />

O Milagre segundo Salomé, Páscoa Feliz…<br />

Aluno: Nas suas obras, ele vai descrevendo Lisboa…<br />

Guia: Sim, ele mantém na sua obra uma nítida imagem da pátria<br />

e nós vamos visitar agora alguns dos lugares que evoca. Estão<br />

preparados? Bem, José Rodrigues Miguéis nasceu a 9 de dezembro<br />

de 1901 na encosta do Castelo, numa mansarda virada<br />

para o Tejo. Aqui estamos nós, no Castelo de São Jorge, que<br />

domina a colina onde nasceu Lisboa. Se subirmos às muralhas<br />

recentemente restauradas, alcançaremos a visão de 360 graus<br />

da velha Lisboa.<br />

Aluno: Há personagens dos seus livros que viveram por aqui?<br />

Guia: Sim, há. Descendo pela porta de São Jorge, chegamos à<br />

rua do Chão da Feira onde em épocas longínquas se armava<br />

feira; podemos enveredar pela rua dos Milagres de Santo António,<br />

onde viveram Salomé e Gabriel, personagens-chave de O<br />

milagre segundo Salomé. Esta rua vai confinar com o largo de<br />

Loios, cuja designação deriva do convento de Santo Eloi. Este<br />

convento, cujo nome Miguéis insistiu sempre em escrever à<br />

moda antiga, Loyos com y, é várias vezes referido na obra.<br />

Aluno: Chegámos ao cimo da rua do Limoeiro mas não vejo nenhum<br />

limoeiro…<br />

Guia: Vês uma árvore tropical com cerca de 300 anos. Aquele<br />

edifício ali, hoje ocupado pelo Centro de Estudos Judiciários, já<br />

foi uma prisão, de que Miguéis fala na Escola do Paraíso.<br />

Aluno: Gostava de conhecer a rua onde nasceu o escritor.<br />

Guia: É a rua da Saudade. Quando lá chegarmos, procurem um<br />

velho prédio com o n. o 12. Mas os pais do romancista também<br />

viveram na travessa de Santo António, onde foi dado à luz o filho<br />

mais velho.<br />

Aluno: E onde fica a escola primária frequentada pelo escritor?<br />

Guia: Podemos ir à rua da Madalena, onde desemboca a rua das<br />

Pedras Negras. Aí se situava uma das diversas escolas primárias<br />

que o romancista frequentou.<br />

35


36<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Aluno: Há com certeza outras ruas por onde ele brincou na infância…<br />

Guia: Sim, por exemplo a rua de Santa Justa faz parte do mundo<br />

da infância de Miguéis. Aí, no actual n. o 70, ficava a entrada para<br />

um dos mais emblemáticos hotéis da capital, o Hotel Francfort,<br />

fundado em 1867. Ele refere-se a ele na Escola do Paraíso.<br />

Aluno: E qual o café preferido de José Rodrigues Miguéis?<br />

Guia: Fica no Chiado. É lá também que encontramos duas livrarias<br />

frequentadas pelo escritor: a Bertrand e a Sá da Costa. Mas<br />

sabem onde vamos terminar o nosso percurso?<br />

Alunos: Não.<br />

Guia: Na praça Luís de Camões. A revista Seara Nova mudou-se<br />

para lá, para o n. o 46, 2. o andar. E Miguéis foi, desde 1923, um colaborador<br />

assíduo dessa revista como ilustrador, contista, crítico<br />

e articulista.<br />

Alunos: Que grande homem!<br />

Faixa n. o 14<br />

Luísa Ducla Soares (texto) e Luís Félix (ilustração),<br />

Roteiro de José Rodrigues Miguéis – do Castelo ao Camões.<br />

Câmara Municipal de Lisboa, 2001 (adaptado).<br />

Este livro não é uma antologia e muito menos uma antologia<br />

panorâmica. Constituído por obras de poetas de todos<br />

os países de língua oficial portuguesa, é um livro de iniciação,<br />

destinado à infância e à adolescência e onde procurei<br />

reunir poemas que, sendo verdadeira poesia, sejam também<br />

acessíveis.<br />

É possível que muitos considerem este livro difícil. Mas a<br />

cultura é feita de exigências. Por isso afastei o infantilismo, o<br />

simplismo. Uma criança é uma criança mas não é um pateta.<br />

Organizei a minha escolha começando pelos poemas mais<br />

simples e caminhando de página em página até ao tempo da<br />

adolescência.<br />

Não fiz divisões etárias. Nunca sabemos bem o que uma<br />

criança entende ou não entende e quais os caminhos do seu<br />

entendimento. Aliás, como os adultos, as crianças são diferentes<br />

umas das outras. As mais sensíveis às imagens, ao ritmo,<br />

às assonâncias e ressonâncias, terão do poema uma perceção<br />

mais precoce. O livro está por isso aberto a todos para que a<br />

todos esteja aberto o acesso à sua plena possibilidade.<br />

Espero que estes poemas sejam lidos em voz alta, pois a<br />

poesia é oralidade. Toda a sua construção, as suas rimas, os<br />

jogos de sons, a melopeia, a síntese, a repetição, o ritmo, o<br />

número, se destinam à dicção oral.<br />

A poesia é a continuação da tradição oral. E é mestra da<br />

fala: quem, ao dizer o poema, salta uma sílaba, tropeça, como<br />

quem ao subir uma escada falha um degrau.<br />

Por isso, para que a leitura em voz alta se entenda e seja<br />

bela, é necessário que a dicção seja clara, nítida, bem silabada<br />

e bem ritmada. As diferenças de sotaque não criam problema<br />

algum, pois cada sotaque tem a sua beleza própria.<br />

E é importante aprender o poema de cor, pois o poema decorado<br />

fica connosco e vai-nos revelando melhor, sempre que<br />

o repetimos, o seu sentido e a beleza da sua linguagem e da<br />

sua construção.<br />

Partindo da possibilidade criada por uma língua comum,<br />

este livro é um lugar de encontro onde ponho lado a lado poemas<br />

de diversas nações, diversos continentes e diferentes<br />

culturas. Tentei destacar o que há de particular e o que há de<br />

universal em cada povo. Se os poemas portugueses são mais<br />

numerosos não é porque eu queira privilegiar a poesia do meu<br />

país mas porque tive de escolher ao longo de quase nove séculos<br />

de escrita.<br />

Em África como em Timor, os poemas que as crianças e<br />

os jovens ouvem desde a primeira infância são poemas em<br />

línguas africanas ou timorenses e que pertencem às riquíssimas<br />

e antigas tradições desses povos. Por outro lado, dada<br />

a atual dificuldade na circulação de livros, para ler tudo<br />

quanto em língua portuguesa se tem publicado em todos os<br />

países de língua oficial portuguesa, seria necessário uma<br />

longa e difícil investigação que não está dentro das minhas<br />

possibilidades.<br />

Aliás, a dificuldade em encontrar poesia timorense e africana<br />

própria para a infância foi uma das razões que contribuiu<br />

para, neste primeiro livro, eu dar um espaço maior à poesia<br />

para a adolescência – que aliás foi quase sempre escolhida<br />

entre obras para adultos. Num livro mais infantil a grande<br />

maioria dos textos seria quase só brasileira e portuguesa, o<br />

que viria a diminuir a diversidade que nesta seleção busquei.<br />

Por isso, dentro da informação que estava ao meu alcance,<br />

tentei fazer o livro possível, sabendo que, necessariamente,<br />

teria lacunas.<br />

Mas penso que este primeiro passo abre caminho e outros<br />

poderão, dentro do mesmo esquema ou de esquemas aproximados,<br />

fazer obras mais completas.<br />

(…)<br />

Sophia de Mello Breyner Andresen. “Posfácio”,<br />

in Primeiro Livro de Poesia, Caminho, 1991.


Faixa n. o 15<br />

Liberdade<br />

Sérgio Godinho<br />

Composição: Sérgio Godinho<br />

Viemos com o peso do passado e da semente<br />

Esperar tantos anos torna tudo mais urgente<br />

e a sede de uma espera só se estanca na torrente<br />

e a sede de uma espera só se estanca na torrente<br />

Vivemos tantos anos a falar pela calada<br />

Só se pode querer tudo quando não se teve nada<br />

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada<br />

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada<br />

Só há liberdade a sério quando houver<br />

A paz, o pão, habitação, saúde, educação<br />

Só há liberdade a sério quando houver<br />

Liberdade de mudar e decidir<br />

quando pertencer ao povo o que o povo produzir<br />

quando pertencer ao povo o que o povo produzir.<br />

Faixa n. o 16<br />

Neptuno era um deus romano do mar, inspirado na figura<br />

grega do deus Posídon. O planeta Neptuno provavelmente recebeu<br />

este nome devido à sua cor-azul-marinho".<br />

Neptuno era filho de Saturno e de Reia e irmão de Júpiter,<br />

Juno e Plutão. Na partilha do Universo feita por Júpiter,<br />

coube-lhe o império das águas, e passou a ser o deus do mar.<br />

Reia salvou-o da voracidade de seu pai, como salvara Júpiter,<br />

e encarregou uns pastores de o criarem. Quando já era<br />

homem, casou com Anfitrite, filha do Oceano e de Dóris,<br />

deusa do mar. Foi expulso do céu e, para viver, teve de ir<br />

tomar parte na reconstrução das muralhas de Tróia. Teve disputas<br />

com Minerva, filha de Júpiter e deusa da sabedoria, por<br />

causa do nome que se iria dar à nova cidade da Ática, que<br />

veio a chamar-se Atenas.<br />

Neptuno representa-se em figura majestática, sentado num<br />

coche em forma de concha, puxado por dois cavalos-marinhos,<br />

e um tridente na mão.<br />

Neptuno (mitologia). In Infopédia [Em linha].<br />

Porto, Porto Editora, 2003-2009.<br />

Faixa n. o 17<br />

Transcrição dos Documentos Áudio<br />

O pão na cozinha alentejana<br />

Mourejando em terras de seara, o pão predomina na mesa<br />

do alentejano, não apenas no açafate, mas condimentado no<br />

prato. Sem a batata, sem as couves que se migam no caldo,<br />

nem outras verduras que para o restante povo português são<br />

comuns, para estas bandas o pão desempenha um papel fundamental<br />

na cozinha e por isso impôs certas particularidades<br />

e preferências ao paladar. Vem a boiar na açorda, por entre as<br />

olhas do azeite, em vez do costumado talo de couve ou das vagens;<br />

faz-se em migas, amassadas no unto da frigideira, para<br />

acompanhar as carnes frias; aparece nos ensopados, substituindo<br />

a maioria das vezes com vantagem a batata do comum<br />

guisado, que é aqui principalmente de borrego ou cabrito,<br />

como aparece na surraburra, espécie de ensopado feito com as<br />

miudezas do porco; e, num delicioso prato estival, pitéu inconfundível,<br />

quando feito a preceito, comemo-lo dissolvido com o<br />

pepino e o tomate, no caldo grosso e frio do gaspacho.<br />

In Manuel Mendes, Roteiro Sentimental – A Sul do Tejo. Lisboa, 1965.<br />

37


5<br />

PROPOSTAS DE<br />

RESOLUÇÃO DE<br />

ATIVIDADES<br />

DESENVOLVIDAS<br />

EM TRABALHO<br />

DE GRUPO<br />

5<br />

5


40<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

O Casamento de Mimosa, Agustina Bessa-Luís<br />

:: LEITURA (Vol. 1, p. 86)<br />

Situações/Pessoas<br />

observadas<br />

Verbos de opinião<br />

(achar, parecer,…)<br />

Opinião de Lourença traduzida por…<br />

Associações<br />

D. Inês “Era como uma fada má”<br />

Carro de D. Inês “parecia uma cartola”<br />

Adjetivos,<br />

advérbios<br />

Menina “achava-a muito grosseira” Grosseira<br />

Casa da noiva “pareceu-lhe um castelo”<br />

Noiva<br />

“parecia desesperada”<br />

“tornou-se uma senhora<br />

casada com ares sérios e<br />

investigadores”<br />

Amigas da noiva “pareciam-lhe todas bonitas”<br />

“como se ela não soubesse<br />

andar”<br />

“vestidas como estrelas de<br />

cinema”<br />

“cara avermelhada e<br />

espinhenta”.<br />

Casada<br />

Sérios<br />

Investigadores<br />

Bonitas<br />

D. Inês “limpava os olhos tristemente”<br />

Bananas<br />

D. Inês<br />

Sr. Gordo<br />

Fim de festa<br />

“parecia-lhe que iam descobrir<br />

quantas bananas comera”<br />

“aquilo dava a impressão de<br />

coisa ordinária”<br />

Dentes de Rato, Agustina Bessa-Luís<br />

:: LEITURA / EXPRESSÃO ORAL (Vol. 1, pp. 87-89)<br />

Grupo um: O Pai<br />

“preocupada como se fosse uma<br />

criada”<br />

“era talvez uma ogre com a<br />

barriga cheia de carne assada”<br />

Excertos a considerar:<br />

• “O pai era sensacional uma vez por ano […] ela parecia uma cigana.» (p. 11);<br />

• “O pai era uma pessoa amável […] Uma vez comprou uma quinta, mas nunca ia lá.” (pp. 39-40)<br />

Elementos a identificar na caracterização do pai:<br />

• factos relativos ao pai: hábitos, atitudes, atitudes de outras personagens relativamente ao pai;<br />

• opiniões de Lourença relativamente ao pai.<br />

Preocupada


Propostas de resolução: tópicos.<br />

Grupo dois: A mãe e o Artur<br />

Propostas de Resolução de Atividades Desenvolvidas em Trabalho de Grupo<br />

Excertos a considerar:<br />

• Mãe: “Aos quatro anos, Lourença tirou o retrato […] De ferro não é.” (p. 9); “A mãe emprestava-lhe um leque […] mandá-la<br />

sair de casa.” (pp. 11-12); “A mãe procurava fazer de Lourença […] sair da cama.” (p. 16)<br />

• Artur: “Artur, o mais velho […] doze anos;” (p. 8); “Era a mãe quem se ocupava de tudo […] era impressionante.” (pp. 41-52)<br />

Elementos a identificar na caracterização da mãe:<br />

• factos relativos à mãe: hábitos, atitudes para com os filhos;<br />

• opiniões de Lourença relativamente à mãe.<br />

Elementos a identificar na caracterização de Artur:<br />

• factos relativos a Artur;<br />

• opiniões de Lourença a Artur.<br />

Propostas de resolução: tópicos.<br />

Factos relativos ao pai Opiniões de Lourença<br />

p. 11 p. 11<br />

No Carnaval comprava serpentinas e confetti. Sensacional uma vez por ano.<br />

p. 39 p. 39<br />

Levantava-se tarde.<br />

Nunca falava alto.<br />

Tinha uma voz rouca (ouvia-se mal).<br />

Não jantava em casa.<br />

Saía sempre às cinco da tarde bem vestido.<br />

Às vezes trazia presentes.<br />

Nunca se lembrava das datas dos aniversários.<br />

Não reparava nos presentes que as criadas davam às criadas.<br />

p. 40 p. 40<br />

Pessoa amável.<br />

Os presentes eram fabulosos.<br />

Ninguém podia ocupar o seu lugar na cabeceira da mesa. Era uma pessoa diferente das outras.<br />

p. 41<br />

Estava constantemente a mudar de ideias: comprava uma casa ou<br />

um automóvel e vendia-os logo.<br />

Gostava da ideia de ganhar dinheiro.<br />

Atitudes de outras personagens relativamente ao pai<br />

p. 39 p. 39<br />

A mãe lavava-lhe os pés e preparava-lhe comida especial. A mãe tratava-o com respeito.<br />

p. 40 p. 40<br />

Comprou um presente a Falco. Falco não ligava nada ao presente.<br />

Factos relativos à mãe Opiniões de Lourença<br />

p. 9 p. 9<br />

Levou Lourença a tirar um retrato com Falco.<br />

Tinha dores de cabeça e tomava umas pílulas de ferro pretas.<br />

Nunca percebeu nada dos gostos de Lourença.<br />

Os adultos mostravam-se muito agitados e tinham dores de cabeça<br />

se paravam.<br />

41


42<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

p. 11 p. 11<br />

No Carnaval emprestava um leque a Lourença e frisava-lhe o cabelo.<br />

Bateu muito a Lourença e disse que ela lhe causava grandes arrelias.<br />

Castigava Lourença mandando-a para o jardim.<br />

Nunca batia a Falco.<br />

Respeitava-o “como se fosse aia dele”.<br />

Não ouvia quando alguém o acusava.<br />

Não era levada a sério por Artur, que se ria dela.<br />

Isso desarmava-a.<br />

Quando Marta começou a namorar: elogiava-a constantemente e<br />

dava-lhe prendas.<br />

Passou a tratar Marta com cerimónia.<br />

Por vezes chorava e dizia que os filhos a abandonavam.<br />

p. 16 p. 16<br />

Procurava fazer de Lourença uma menina maravilhosa: dava-lhe<br />

vestidinhos de folhos.<br />

Grupo três: Marta<br />

Isto aborrecia-a.<br />

Factos relativos ao Artur Opiniões de Lourença<br />

p. 8 p. 8<br />

Mais velho dos irmãos. Tinha uma vida misteriosa.<br />

p. 42 p. 42<br />

Guiava um Ford velho. Não tinha idade para conduzir mas ninguém<br />

lhe dizia nada.<br />

Para evitar os buracos da estrada, aprendeu a passar pelo terreno<br />

de uma vizinha que tinha cães ferozes.<br />

Os cães não ladravam, só rosnavam.<br />

Não era perigoso andar por aquelas estradas.<br />

Era impressionante.<br />

Excertos a considerar:<br />

• “E, por fim o terceiro, uma rapariga […] mais aborrecida que há.” (p. 8); “Ela dormia no mesmo quarto com a irmã […] Marta<br />

lhe parecia.” (p. 14); “Quando viam Marta […] fosse bonita e ajuizada.” (pp. 20-21); “As grandes eram a coisa […] e não a<br />

deixassem.” (p. 27)<br />

Elementos a identificar na caracterização de Marta:<br />

• factos relativos a Marta: hábitos, atitudes relativamente aos colegas e aos irmãos;<br />

• opiniões de Lourença relativamente à Marta.<br />

Propostas de resolução: tópicos<br />

Factos relativos à Marta Opiniões de Lourença<br />

p. 8 p. 8<br />

Uma rapariga, mais velha.<br />

Passava o tempo a mudar de roupa, a falar ao telefone, a ler livros<br />

em voz alta.<br />

Mentia sobre o nome, dizendo que se chamava Helena ou Diana.<br />

Sofria desgostos com pormenores que ninguém via: era capaz de<br />

chorar durante duas horas porque o pai se rira do seu penteado.<br />

Parecia-se com uma pessoa adulta.<br />

Nem a considerava irmã.<br />

Tinha conversas incompreensíveis.<br />

Chamava a isto estudar.<br />

Punha-se muito tesa e com a cabeça de lado “como se estivesse<br />

num poleiro”.<br />

Achava-a uma senhora, a coisa mais aborrecida que há.<br />

Ficava espantada: Marta parecia outra pessoa.


p. 14<br />

Ocupava o espaço todo do quarto, com frascos, roupas, cartas,<br />

revistas,…<br />

Nunca se deitava sem sacudir as almofadas e os lençóis por causa<br />

das centopeias e das aranhas.<br />

p. 20 p. 20<br />

Esquecia-se de levar Lourença pela mão porque encontrava as<br />

amigas no caminho para o colégio.<br />

Conversava com as amigas.<br />

Nunca acabavam uma conversa.<br />

Davam gritos, empurravam-se e caíam do passeio.<br />

Levava os livros na mão, sem capa.<br />

p. 8<br />

Propostas de Resolução de Atividades Desenvolvidas em Trabalho de Grupo<br />

Factos relativos a Falco Opiniões de Lourença<br />

Era Francisco.<br />

Fazia asneiras (beber tinta de escrever vermelha; comer sabonete).<br />

p. 12 p. 12<br />

Espreitava as irmãs quando elas estavam no quarto e fazia isso<br />

com muita habilidade.<br />

p. 13 p. 13<br />

Gostava de sugerir quadros de terror.<br />

Falava de lagartas esmagadas, como se sangravam as lampreias.<br />

Sabia como se aplicavam sanguessugas atrás das orelhas das<br />

pessoas e como ficavam inchadas de sangue.<br />

(Marta) tinha sobre ele uma certa predileção.<br />

Sonhava sempre com perseguições e quedas de grande altura, e<br />

às vezes gritava e acordava toda a gente.<br />

Dormia num quarto que a mãe forrara de papel com árvores<br />

castanhas.<br />

Não era uma irmã muito prestável.<br />

Conversavam todas como se não se vissem há cem anos. Eram<br />

todas um bocado tolas.<br />

Gostava que vissem que era uma aluna adiantada.<br />

p. 21<br />

p. 27 p. 27<br />

Tinha doze anos.<br />

Esforçava-se por perceber as conversas das mais velhas.<br />

Fingia seguir todas as conversas e entrava nos segredos das mais<br />

velhas.<br />

Ficava corada e com ar humilde.<br />

Não se importava com a pouca atenção dada pela irmã.<br />

As grandes eram a coisa mais bonita que havia no colégio.<br />

Recebiam Marta no seu grupo por favor.<br />

Eram conversas complicadas.<br />

Ficava espantada: Marta parecia outra pessoa.<br />

Grupo quatro: Falco<br />

Excertos a considerar:<br />

• “Falco, que era Francisco […] coisas assim.” (p. 8); “Nunca se entendiam em conversas […] escuridão completa.” (pp. 12-13);<br />

“Quando Falco chegou à idade […] nem o ajudava muito.” (p. 15); “Falco combinou com Xerxes […] ela percebia.” (pp. 54-55)<br />

Elementos a identificar na caracterização de Falco:<br />

• factos relativos a Falco: hábitos, atitudes;<br />

• opiniões de Lourença relativamente a Falco.<br />

É muito difícil ser-se amigo íntimo dum irmão ou duma irmã.<br />

Gosta-se deles, mas não se tratam com a confiança que às vezes<br />

um estranho nos merece.<br />

Ninguém suportava ver aquilo senão Falco.<br />

43


44<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

p. 15<br />

Não foi à escola como os outros meninos.<br />

Rapazinho débil a quem aconteciam todos os desastres possíveis.<br />

Passava o inverno na cama.<br />

p. 55<br />

Apanhou um tiro na cara.<br />

Grupo cinco: Tio António, Emília e David<br />

Excertos a considerar:<br />

• Tio António: “O tio António […] não tivesse dito nada.” (pp. 10-11);<br />

• Emília e David: “Havia dois criados […] feitos de lã.” (pp. 43-44); “A vaca Rosinha […] varanda do lado.” (p. 50)<br />

Elementos a identificar na caracterização de Tio António, Emília e David:<br />

• factos relativos às personagens: hábitos, atitudes;<br />

• opiniões de Lourença relativamente a cada uma das personagens.<br />

Propostas de resolução: tópicos<br />

Factos relativos a Tio António Opiniões de Lourença<br />

p. 10 p. 10<br />

Era um homem novo que aparecia raramente.<br />

Puxava-lhes os cabelos e dava-lhes fortes palmadas.<br />

Tio António não podia agarrá-la pelos cabelos e puxar por eles até<br />

que ela se mostrasse paciente, como se estivesse morta.<br />

Contava coisas do tempo em que viveu em África e das caçadas<br />

que lá fizera.<br />

Era engenheiro e andara no mato a traçar caminhos de ferro,<br />

vestido como um verdadeiro explorador, com botas altas e um<br />

capacete forrado de cortiça para se defender do calor.<br />

Tinha um carro grande, descapotável, de cor verde, que lançava a<br />

toda a velocidade nas estradas.<br />

Tinha o dom de convencê-la.<br />

Tratava os sobrinhos como se fossem sacos de batata.<br />

Achava-o um bocado perigoso mas divertido.<br />

Não era pessoa para parar para apanhar uma boina.<br />

Factos relativos a Emília e David Opiniões de Lourença<br />

p. 43 p. 43<br />

Eram casados.<br />

Trabalhavam e cantavam todo o tempo e ocupavam-se pouco de<br />

Lourença.<br />

Ela seguia-os.<br />

Emília era tão alta que Lourença mal lhe chegava à cintura.<br />

O marido era tão pequeno que nunca lhe falava de perto, para ele<br />

não cansar o pescoço a olhar para cima.<br />

Emília descia pelos alçapões para tirar o leite às vacas, punha<br />

nome aos ratos e às formigas.<br />

Não tratava Lourença como uma boneca.<br />

Eram ambos muito boas pessoas.


6<br />

PROPOSTAS<br />

DE RESOLUÇÃO<br />

DOS TESTES DE<br />

AUTOAVALIAÇÃO<br />

6<br />

6


46<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Sequência 1 – Contos Sequência 2 – Literatura juvenil<br />

:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 1, p. 56)<br />

1.<br />

a) F;<br />

b) F;<br />

c) V;<br />

d) F;<br />

e) V;<br />

f) V;<br />

g) V;<br />

h) F;<br />

i) F;<br />

j) F.<br />

:: LEITURA (Vol. 1, pp. 57-58)<br />

1. Deu-lhe banho; sentou-o na casa que construiu; deu-lhe comida.<br />

2.1 Alfredo estremeceu uma primeira vez porque estranhou o<br />

facto de o marciano falar português. Estremeceu ainda<br />

uma segunda vez porque o marciano recordou-lhe que um<br />

amigo não prende outro.<br />

3.1 “Ao fim do dia tinham a boca seca de tanto falarem. Alfredo<br />

queria saber de Marte. Marci, o marciano, queria saber da<br />

Terra.” (ll. 35-36).<br />

4.1 Resposta livre.<br />

:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

(Vol. 1, p. 59)<br />

1. Classe do adjetivo.<br />

1.1 Adjetivos qualificativos.<br />

1.2 “muito abatido”: grau superlativo absoluto analítico;<br />

“amachucado”, “sujo”: grau normal.<br />

2.1 Telescola: tel- + escol[a].<br />

2.2 Telescola: escola à distância.<br />

3. Ao fim de uns dias tinham as bocas secas de tanto falarem.<br />

Alfredo queria saber de Marte. Marci, o marciano, queria<br />

saber da Terra.<br />

Quando as famílias chegaram das praias, as gaiolas foram<br />

escondidas, com os seus habitantes, nos armários.<br />

3.1 Alfredo, Marte, Marci e Terra, porque são nomes próprios.<br />

Logo, não flexionam no plural.<br />

:: ESCRITA (Vol. 1, p. 59)<br />

1. Resposta livre.<br />

:: LEITURA (Vol. 1, pp. 92-93)<br />

1. O texto é uma notícia.<br />

2. O assunto é a apresentação de um novo carro elétrico, que<br />

custará cerca de 18 450 euros.<br />

3. Primeiro parágrafo.<br />

4. a) O quê? Apresentação de um novo carro elétrico.<br />

b) Quem? Uma marca de automóveis.<br />

c) Quando? Madrugada de hoje, 2 de agosto de 2009.<br />

d) Onde? Yokohama.<br />

5.1 Dois tipos de relato de discurso: discurso direto e indireto.<br />

5.2 Exemplo de discurso direto: "Este não é um carro para<br />

certos nichos"; exemplo de discurso indireto: “(…) disse<br />

que o carro foi desenhado propositadamente para evitar<br />

um design futurista e estereotipado”.<br />

6.1 a) “este novo modelo” refere-se/tem como referente “novo<br />

carro, com o nome Leaf".<br />

b) “os dois países” refere-se/tem como referente “Portugal<br />

e Inglaterra”.<br />

7. A expressão temporal é “A longo prazo”.<br />

:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

(Vol. 1, p. 94)<br />

1.1 a) “planeia”: presente do indicativo; “poderá”: futuro do indicativo;<br />

“fizemos”: pretérito perfeito do indicativo; “é”:<br />

presente do indicativo.<br />

b) A forma verbal “planeia” (planear) pertence à 1. a conjugação;<br />

“poderá” (poder), “fizemos” (fazer) e “é” (ser) pertencem<br />

à 2. a conjugação.<br />

c) Todos os verbos são irregulares.<br />

1.2 Os sufixos flexionais são –rá e –e.<br />

2.1 Excerto A: “foi o primeiro a conduzir o carro para fora das<br />

instalações da fábrica”; excerto B: “quer lançar uma gama<br />

completa de veículos elétricos”.<br />

2.2 Desempenham a função de predicado.<br />

:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 1, p. 95)<br />

1. a Audição<br />

1. Motor, chassis, consumo.<br />

2.3 Excerto A: “O Presidente executivo da Nissan, Carlos<br />

Ghosn”; excerto B: “a Nissan”.<br />

2.4 a) complemento direto;<br />

b) complemento oblíquo;<br />

c) complemento oblíquo + complemento direto.<br />

2. a Audição<br />

1. (1) cromados; (2) tampas e válvulas em alumínio; (3) pretas;<br />

(4) tubos de escape pintados em cerâmica negra; (5) escondidos;<br />

(6) consumo; (7) confortável; (8) rígido.


:: LEITURA / EXPRESSÃO ORAL (Vol. 1, p. 160)<br />

B.<br />

Sequência 3 – Narrativas de autores<br />

portugueses<br />

1. A rubrica “factual” apresenta factos/acontecimentos que<br />

vão ter lugar num futuro próximo.<br />

2. a) ópera “Dido e Eneias”, de Purcell;<br />

b) Escola de Música do Conservatório Nacional;<br />

c) alunos da classe de ópera e do coro de câmara, Grupo de<br />

Bailados Canora Turba e elementos da Orquestra Sinfónica<br />

Portuguesa;<br />

d) encenador: Carlos Avilez; diretor musical: José Manuel<br />

Araújo; coreógrafa: Isabel Gonzaga;<br />

e) Teatro da Garagem;<br />

f) encenadora: Maria João Vicente; diretor musical: Luís<br />

Pacheco Cunha; diretora vocal e artística: Filomena<br />

Amaro.<br />

:: LEITURA (Vol. 1, pp. 161-164)<br />

1.1 a) Por um lado, há a história de Mademoiselle Nadine Fabre<br />

e, por outro, a de João Queiroz e Narcisa;<br />

b) Mademoiselle Nadine Fabre dirige-se para o São Carlos<br />

e João Queiroz e Narcisa para a clínica.<br />

2.1 Dois automóveis saem ao mesmo tempo (o táxi que<br />

transporta Mademoiselle Nadine Fabre e o carro de João<br />

Queiroz), cruzam-se nalguma esquina ou encontram-se<br />

nalgum cruzamento, criando-se aqui um impasse a ser<br />

possivelmente resolvido por João Queiroz.<br />

3.1 Quinto parágrafo.<br />

4. • nacionalidade: grega;<br />

• viagem que acabou de fazer: de Madrid para Lisboa;<br />

• quem a espera: uma multidão (de fãs);<br />

• o que veste: casaco de fazenda vermelha com gola de pele<br />

cinzenta;<br />

• o que faz ao sair do avião: diz adeus e agarra o chapéu devido<br />

ao vento;<br />

• o que leva nos braços: um caniche.<br />

5.1 O acontecimento é o incêndio no Chiado.<br />

5.2 Não era previsível: “e se algum horóscopo da altura previsse<br />

desgraça tamanha, toda a gente iria rir muito do<br />

disparate” (ll. 38-39).<br />

Propostas de Resolução dos Testes de Autoavaliação<br />

5.3 A ação passa-se em 1958.<br />

6.1 a) De olhos bem abertos, olha para os espelhos, alcatifas,<br />

pinturas, dourados do São Carlos; senta-se na poltrona<br />

de veludo vermelho; prepara-se para ouvir Maria Callas<br />

ao vivo; vai cantando em surdina; está a rebentar de felicidade.<br />

b) Encontra-se no palco vestida de tule cinzento-violeta,<br />

coberta de diamantes; encontra-se numa festa onde se<br />

canta, se fazem promessas de amor, se bebe champanhe;<br />

chama-se Violeta e ama Alfredo (personagens de<br />

La Traviata), vai morrer tuberculosa.<br />

7. A figura de estilo é a hipérbole.<br />

7.1 Sugere a felicidade, o entusiasmo e a euforia dos espetadores.<br />

8. Resposta livre.<br />

:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

(Vol. 1, pp. 164-165)<br />

1.1 A entrada de Mademoiselle Nadine Fabre para o táxi e de<br />

Narcisa para o carro.<br />

1.2 A conjugação é “Quando”. Estabeleceu-se uma relação<br />

temporal.<br />

1.3 “Entrou” está no pretérito perfeito e “estava” está no pretérito<br />

imperfeito. A forma verbal “entrou” refere-se ao momento<br />

em que Mademoiselle Nadine Fabre entrou para o<br />

táxi e “estava” indica uma ação simultânea à primeira, que<br />

é apresentada como inacabada.<br />

1.4 a) composição morfológica;<br />

b) derivação por sufixação;<br />

c) composição morfossintática.<br />

2.1 Verbo principal.<br />

2.2 O pronome -me estaria no acusativo porque desempenharia<br />

a função sintática de complemento direto.<br />

2.3 Porque entre ela e o taxista não há uma relação de proximidade.<br />

São dois desconhecidos, em que um presta um<br />

serviço a outro.<br />

47


48<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Sequência 4 – Narrativas de autor<br />

estrangeiro<br />

:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 2, p. 44)<br />

1. a Audição<br />

1.1 b) e f).<br />

1.2 b).<br />

2. a e 3. a Audições<br />

1. Escrever um papel com o nome do namorado; colocar o papel<br />

aos pés do santo; virar o santo para a parede; o santo faz o<br />

milagre; voltar o santo para a frente.<br />

2. a) Nuno Brandão pintou a imagem de Santo António de várias<br />

cores modernas e atuais.<br />

b) As pessoas compram a imagem porque é bonita e fica<br />

bem nas decorações modernas das suas casas. Apenas<br />

algumas compram a imagem por devoção.<br />

:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

(Vol. 2, p. 45)<br />

1.1 a) que; b) Nuno; c) pólvora; d) aplicada; e) Brandão;<br />

f) Nuno; g) pólvora.<br />

2. a) Nuno Brandão sabe que não a descobriu.<br />

b) Podemos encontrá-lo aplicado aos galos de Barcelos (…)<br />

3. a) “noutros”: preposição em contraída com o determinante<br />

indefinido outros; “nossas”: determinante possessivo.<br />

b) “Esta”: determinante demonstrativo; “um”: determinante<br />

artigo indefinido.<br />

4. Resposta livre.<br />

:: LEITURA (Vol. 2, pp. 46-48)<br />

1. b); d); e); a); f); c).<br />

2.1 • elementos físicos: magra, alta, vestido cinzento, grande<br />

chapéu de palha, andar mecânico;<br />

• elementos psicológicos: pouco sensível, sem capacidade<br />

de sonhar, rígida, facilmente irritável;<br />

• profissão: inspetora.<br />

2.2 c)<br />

2.3.1 Antes e depois do início da música tocada pela banda de<br />

Dario.<br />

2.3.2 A música terá influenciado o seu estado de espírito e terá<br />

quebrado alguma barreira que permitiu à Sra. Jargonos<br />

ter sentimentos. O sorriso de Dario terá ajudado.<br />

2.4.1 Comparação (3. o parágrafo) e metáfora (6. o parágrafo).<br />

2.4.2 A comparação evidencia os traços da Sra. Jargonos, que<br />

são semelhantes aos de uma garça: a cor e o porte. A<br />

metáfora implica que o narrador já assimilou a figura da<br />

garça à da Sra. Jargonos, pela forma de andar, pela postura<br />

e pelo comportamento.<br />

3.1 O narrador procede a um salto no tempo, destacando informação<br />

que descobrirá mais tarde e que lhe permitirá compreender<br />

o que aconteceu naquele dia.<br />

4.1 Medo, insegurança.<br />

4.2 A Sra. Jargonos tortura a Prof. a Laurencin; a Sra. Jargonos<br />

fechara a narradora no seu intituto de “desencantar histórias<br />

e de sacar a beleza da língua”.<br />

5. Narrador autodiegético (narrador participante que relata<br />

uma ação de que é personagem principal).<br />

5.1 Assustada com a presença da Sra. Jargonos; curiosa relativamente<br />

aos sentimentos humanos e sobretudo ao amor.<br />

6.1 A história da Sra. Jargonos e de Dario interessa-lhe porque<br />

se tratavam de pessoas muito diferentes que, à partida,<br />

não tinham nada em comum que as pudesse levar a<br />

apaixonarem-se uma pela outra.<br />

:: ESCRITA (Vol. 2, p. 49)<br />

Apaixonada.<br />

O pequeno anafado, a esguia e seca. Sentados lado a lado,<br />

em frente ao mar, sempre no mesmo local.<br />

Tinham rotinas.<br />

A Sra. Jargonos chegava primeiro, pelas dezassete horas,<br />

sempre com um vestido novo, sempre mais colorido que o anterior.<br />

Dizia “bom dia” e ocupava o seu lugar no meio de quatro<br />

pranchas que só o dono do Cargueiro tivera o desplante de<br />

batizar de "poltrona". Nunca esperava muito. Ao longe, Dario<br />

parecia uma grande bola, uma grande bola branca e azul a rolar.<br />

As suas pernas curtas só apareciam depois, quando ele caminhava<br />

ao longo do antigo estaleiro naval. Então percebia-se<br />

que ele quase corria.<br />

– Boa tarde.<br />

– Boa tarde.<br />

Dario apresentava as suas desculpas pelo atraso. E, ofegante,<br />

deixava-se cair na outra "poltrona". Não sei por que<br />

razão, toda a gente devia ter passado palavra, porque desde<br />

que os dois se apaixonaram, aqueles assentos estavam sempre<br />

vagos. Nem as gaivotas lá pousavam.<br />

E depois... mais nada.<br />

(…) Desde o seu primeiro olhar, começara entre eles uma<br />

conversa que, desde então, nunca mais terminara. Mas era uma<br />

conversa peculiar. Uma conversa sem palavras.<br />

A Sra. Jargonos está apaixonada!<br />

A novidade deste milagre rapidamente dera a volta à ilha, e<br />

aqueles encontros diários atraíam uma multidão (…) De tempos<br />

a tempos, víamos a mão direita de Dario avançar suavemente


em direção às costas nuas da namorada. Mas tinha o braço<br />

curto de mais.<br />

E mais uma vez, nada. Nenhuma palavra, nenhum movimento.<br />

Nós, os espetadores, maçávamo-nos de morte.<br />

– É isto, o amor?<br />

– Não tem interesse nenhum.<br />

O meu irmão Thomas era o mais impaciente.<br />

– Decididamente, os sentimentos são ridículos. Prefiro a<br />

eletrónica.<br />

– Não digas disparates. Tudo aquilo esconde um mistério.<br />

Vou continuar a minha investigação.<br />

Sequência 5 – Texto dramático<br />

:: EXPRESSÃO ORAL/COMPREENSÃO ORAL<br />

(Vol. 2, pp. 88-89)<br />

A.<br />

1.1 a) O roteiro é um livro que contém uma descrição pormenorizada<br />

de uma viagem ou de um percurso, com indicação<br />

por escrito da localização e direção das ruas,<br />

caminhos, praças, largos, etc.<br />

b) A ilustração da capa representa uma rua de Lisboa (Rua<br />

do Carmo).<br />

c) No seu interior vamos encontrar, tendo em conta a<br />

capa, ilustrações de ruas, praças e edifícios da cidade<br />

de Lisboa, acompanhadas pela descrição de um percurso<br />

que o autor tenha feito na sua vida ou cujos lugares<br />

tenha evocado na sua obra.<br />

d) Resposta livre.<br />

B.<br />

1. b).<br />

2. A presença de um locutor e de interlocutores; o decorrer<br />

das falas de forma alternada; a presença de palavras (deíticos)<br />

como “este”, “aqui”, que marcam a situação comunicacional.<br />

3. A guia, ao dirigir-se aos alunos, pretende essencialmente<br />

informá-los sobre aspetos da vida lisboeta e obra de Miguéis.<br />

4. O diálogo entre a guia e os alunos processa-se com sucesso<br />

porque todos colaboram cordialmente, não há atropelos<br />

de falas, faltas de educação, desvios despropositados<br />

do tema.<br />

5. Luísa Ducla Soares baseou-se tanto em lugares frequentados<br />

por Miguéis em Lisboa como em lugares evocados na<br />

sua obra.<br />

:: LEITURA (Vol. 2, pp. 89-90)<br />

Propostas de Resolução dos Testes de Autoavaliação<br />

1. Os nomes das personagens estão representados em maiúscula<br />

e as didascálias entre parênteses e em itálico.<br />

2. O ambiente é de aborrecimento, com os adolescentes enterrados<br />

nas poltronas a tentarem estudar, o pai a tentar<br />

ler e a mãe em silêncio.<br />

3. a) “(esgazeado)”<br />

b) “(riso alvar)” / “(pulando)”.<br />

4. Estava a ler Livro da Sabedoria, do professor Lebre da Mata.<br />

4.1 A matéria era relativa à formação de palavras a partir de<br />

nomes próprios.<br />

4.2 O facto de os nomes próprios perderem a maiúscula quando<br />

entram em composição de novas palavras.<br />

5.1 Utiliza a segunda pessoa do singular (tu).<br />

5.2 Utiliza um discurso informal, com expressões como “És<br />

burro, pá” , “Tás a confundir”.<br />

5.3 Não utiliza as mesmas expressões e a mesma forma de<br />

tratamento (trata-o por pai – 3. a pessoa) porque entre eles<br />

estabelece-se uma relação de pai-filho, que não é uma relação<br />

de “pares” (de amigos, de adolescentes, de pessoas<br />

da mesma idade ou do mesmo grupo).<br />

:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

(Vol. 2, p. 91)<br />

1. a) ric.<br />

b) model.<br />

c) peix.<br />

2. a) impróprio / propriamente;<br />

b) injusto / justamente;<br />

c) reaberto / abertura;<br />

d) sobrenatural / naturalidade.<br />

3. Sobremesa: sobre-; reinvestir: re-; penedia: -ia; predizer:<br />

pré-; queixada: -ada; pontear: -ar; laranjal: -al; pedreiro:<br />

-eiro; desordem: des-; sobrelevado: sobre-; pessimista: -ista;<br />

pequeninote: -ote; parasitário: -ário; pós-guerra: pós-; reação:<br />

re-; renascimento: re-.<br />

4. a) Estou com febre, / logo não vou à escola. – oração coordenada<br />

conclusiva;<br />

b) O ator era tão engraçado / que pôs a plateia ao rubro. –<br />

oração subordinada consecutiva;<br />

c) O tempo passou tão depressa / que nem dei por ele. –<br />

oração subordinada consecutiva;<br />

d) O espetáculo foi tal / que saiu nos jornais. – oração subordinada<br />

consecutiva.<br />

49


50<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Sequência 6 – Poesia<br />

:: COMPREENSÃO ORAL (Vol. 2, p. 131)<br />

1. a Audição<br />

1.1 O pão, na mesa dos alentejanos, surge condimentado no prato.<br />

2. A açorda, as migas, o ensopado e o gaspacho.<br />

:: LEITURA (Vol. 2, pp. 132-133)<br />

1. O grupo nominal é “pingas de chuva”.<br />

2.1 Ele reforça a ideia de espaçamento utilizando o hífen antes<br />

e depois do adjetivo “espaçadas”.<br />

3.1 a).<br />

4.1 Resposta livre.<br />

5.<br />

5.1 Onomatopeia.<br />

5.2 Sugerem os pingos a bater no solo.<br />

5.3 Cada palavra forma um verso para sugerir, graficamente, o<br />

cair de cada pingo e para conferir, pela leitura expressiva,<br />

ritmo musical ao texto.<br />

:: CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA<br />

(Vol. 2, p. 133)<br />

1.1 As palavras fazem parte do campo lexical de outono.<br />

2. Exemplos de onomatopeias: chsssssssss; plim.<br />

3. As vagas de chuva densa são absorvidas pela espaçada<br />

terra mole.<br />

4. E quando cai.


7<br />

EXCERTOS DOS<br />

PROGRAMAS DE<br />

PORTUGUÊS PARA<br />

O ENSINO BÁSICO<br />

7<br />

7


52<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Compreensão/<br />

Expressão Oral<br />

Leitura<br />

Escrita<br />

Conhecimento explícito<br />

da língua<br />

• Saber escutar, visando diferentes finalidades, discursos formais em diferentes variedades do Português, cuja complexidade<br />

e duração exijam atenção por períodos prolongados.<br />

• Interpretar criticamente a informação ouvida, analisando as estratégias e os recursos verbais e não verbais utilizados.<br />

• Compreender o essencial da mensagem, apreendendo o fio condutor da intervenção e retendo dados que permitam intervir<br />

construtivamente em situações de diálogo ou realizar tarefas específicas.<br />

• Tomar a palavra em contextos formais, selecionando o registo e os recursos adequados às finalidades visadas e considerando<br />

as reações dos interlocutores na construção do sentido.<br />

• Interagir com confiança e fluência sobre assuntos do quotidiano, de interesse pessoal, social ou escolar, expondo e justificando<br />

pontos de vista de forma lógica.<br />

• Produzir discursos orais corretos em português padrão, usando vocabulário e estruturas gramaticais diversificados e recorrendo<br />

a mecanismos de organização e de coesão discursiva.<br />

• Ler de forma fluente, apreendendo o sentido global de textos com diferentes intencionalidades e registos.<br />

• Ler textos de diferentes tipos e em suportes variados para obter informação, organizar o conhecimento ou para aceder a universos<br />

no plano do imaginário, adequando as estratégias de leitura às finalidades visadas.<br />

• Posicionar-se criticamente quanto à validade da informação, selecionando os dados necessários à concretização de tarefas<br />

específicas e mobilizando a informação de acordo com os princípios éticos do trabalho intelectual.<br />

• Apreciar textos de diferentes tipos, analisando o modo como a utilização intencional de recursos verbais e não verbais permite<br />

alcançar efeitos específicos.<br />

• Posicionar-se enquanto leitor de obras literárias, situando-as em função de grandes marcos temporais e geográfico-culturais<br />

e reconhecendo aspectos relevantes da linguagem literária.<br />

• Estabelecer relações entre a experiência pessoal e textos de diferentes épocas e culturas, tomando consciência do modo como<br />

as ideias, as experiências e os valores são diferentemente representados e aprofundando a construção de referentes culturais.<br />

• Escrever para responder a necessidades específicas de comunicação em diferentes contextos e como instrumento de apropriação<br />

e partilha do conhecimento.<br />

• Recorrer autonomamente a técnicas e processos de planificação, textualização e revisão, utilizando diferentes instrumentos<br />

de apoio, nomeadamente ferramentas informáticas.<br />

• Escrever com autonomia e fluência diferentes tipos de texto adequados ao contexto, às finalidades, aos destinatários e aos<br />

suportes da comunicação, adoptando as convenções próprias do género selecionado.<br />

• Produzir textos em termos pessoais e criativos, para expor representações e pontos de vista e mobilizando de forma criteriosa<br />

informação recolhida em fontes diversas.<br />

• Produzir textos em português padrão, recorrendo a vocabulário diversificado e a estruturas gramaticais com complexidade<br />

sintática, manifestando domínio de mecanismos de organização, de articulação e de coesão textuais e aplicando corretamente<br />

regras de ortografia e pontuação.<br />

• Refletir sobre o funcionamento da língua para, a partir da realização de atividades de caráter oficinal, analisar e questionar<br />

os sentidos dos textos.<br />

• Explicitar, usando a terminologia apropriada, aspectos fundamentais da estrutura e do uso do português padrão nos diferentes<br />

planos do conhecimento explícito da língua.<br />

• Mobilizar o conhecimento reflexivo e sistematizado para resolver problemas decorrentes da utilização da linguagem oral e escrita<br />

e para aperfeiçoar os desempenhos pessoais.<br />

• Analisar marcas específicas da linguagem oral e da linguagem escrita, distinguindo diferentes variedades e registos da língua<br />

e adequando-os aos contextos de comunicação.<br />

• Respeitar e valorizar as diferentes variedades do português, usando o português padrão como a norma.


Notas<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

(1) P. ex., ativação de estratégias de<br />

atenção, memorização e retenção<br />

de informação.<br />

Ouvinte (DT C.1.1.)<br />

• Dispor-se física e psicologicamente a escutar, focando a atenção no objeto e nos<br />

objetivos da comunicação (1).<br />

(2) Estes procedimentos devem ser<br />

objeto de trabalho explícito em sala<br />

de aula, com base na análise e no<br />

progressivo aperfeiçoamento das<br />

produções dos alunos.<br />

Informação (DT C.1.1.)<br />

• Utilizar procedimentos para clarificar, registar, tratar e reter a informação, em<br />

função de necessidades de comunicação específicas (2):<br />

− identificar ideias-chave; tomar notas;<br />

− solicitar informação complementar;<br />

− elaborar e utilizar grelhas de registo;<br />

− esquematizar.<br />

(3) P. ex., realização de trabalho<br />

sobre sentidos explícitos, implícitos<br />

e indícios. Cf. CEL, Plano Discursivo<br />

e Textual.<br />

Discurso; universo de discurso<br />

(DT C.1.1.)<br />

Processos interpretativos<br />

inferenciais (DT C.1.1.3.)<br />

(4) Identificação do essencial da<br />

informação ouvida, transmitindo-a<br />

com fidelidade.<br />

Figuras de retórica e tropos<br />

(DT C.1.3.1.)<br />

• Interpretar discursos orais com diferentes graus de formalidade e complexidade:<br />

− formular, confrontar e verificar hipóteses acerca do conteúdo;<br />

− agir em conformidade com instruções e informações recebidas;<br />

− identificar o assunto, tema ou tópicos;<br />

− distinguir o essencial do acessório;<br />

− distinguir visão objetiva e visão subjetiva;<br />

− fazer inferências e deduções (3);<br />

− identificar elementos de persuasão;<br />

− reconhecer qualidades estéticas da linguagem.<br />

(5) P. ex., informar, relatar, expor,<br />

narrar, descrever, explicar, argumentar,<br />

convencer, despertar a curiosidade.<br />

Identificação de intenções<br />

declaradas, explícitas ou implícitas.<br />

Relato; paráfrase; síntese<br />

Pragmática (DT C.1.)<br />

Ato de fala (DT C.1.1.)<br />

Contexto (DT C.1.1.)<br />

• Reproduzir o material ouvido recorrendo a técnicas de reformulação (4).<br />

(6) Exploração das diferentes tipologias<br />

do oral e de aspetos verbais<br />

e paraverbais da comunicação.<br />

• Distinguir diferentes intencionalidades comunicativas (5), relacionando-as com<br />

os contextos de comunicação e os recursos linguísticos mobilizados (6).<br />

Características da fala espontânea<br />

e características da fala preparada<br />

• Apreciar o grau de correção e adequação dos discursos ouvidos.<br />

(7) Vd. Referencial de textos.<br />

Escutar para aprender e construir conhecimento<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

• Manifestar ideias, sentimentos e pontos de vista suscitados pelos discursos ouvidos.<br />

(8) Sistematização de contrastes<br />

fonéticos, morfológicos, sintáticos e<br />

semânticos em diferentes realizações<br />

do português. Cf. CEL, Plano<br />

da Língua, Variação e Mudança.<br />

Tipologia textual: texto<br />

conversacional (DT C.1.2.)<br />

• Identificar e caracterizar os diferentes tipos e géneros presentes no discurso oral (7).<br />

Variação e normalização linguística (DT<br />

A.2.)<br />

Língua padrão (traços específicos) (DT<br />

A.2.2.)<br />

• Caracterizar propriedades de diferenciação e variação linguística, reconhecendo<br />

o papel da língua padrão (8).<br />

53


54<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Notas<br />

(1) Utilização de suportes escritos<br />

(notas, esquemas…) para apoiar a<br />

comunicação oral.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Variedades situacionais;<br />

variedades sociais (DT A.2.1.)<br />

• Planificar o uso da palavra em função da análise da situação, das intenções de<br />

comunicação específicas e das características da audiência visada (1).<br />

(2) P. ex., organização cronológica,<br />

lógica, por ordem de importância,<br />

argumento / contra-argumento, pergunta<br />

/ resposta.<br />

• Utilizar informação pertinente, mobilizando conhecimentos pessoais ou dados<br />

obtidos em diferentes fontes.<br />

• Organizar o discurso, assegurando a progressão de ideias e a sua hierarquização<br />

(2).<br />

(3) Vd. Referencial de textos e traços<br />

caracterizadores das diferentes tipologias.<br />

• Produzir textos orais, de diferentes tipos, adaptados às situações e finalidades<br />

de comunicação (3) (4):<br />

(4) Uso coerente de conectores e<br />

marcadores discursivos adequados<br />

à finalidade dos textos.<br />

(5) Observação e análise das especificidades<br />

fonéticas e fonológicas<br />

do oral (inserção, supressão, alteração,<br />

redução vocálica, assimilação,<br />

dissimilação…) e das especificidades<br />

sintáticas do oral (elipses, repetições,<br />

pausas, hesitações…).<br />

Oralidade (DT C.1.1.)<br />

Características da fala espontânea e<br />

características da fala preparada<br />

Tipologias textuais: texto narrativo, descritivo,<br />

expositivo, argumentativo, instrucional,<br />

preditivo (DT C.1.2.)<br />

Coerência; coesão DT C.1.2.)<br />

Princípio de pertinência e de<br />

cooperação (DT C.1.1.1.)<br />

Sequência de enunciados<br />

Progressão temática (C.1.2.)<br />

Deixis pessoal, temporal e espacial (C.1.1.)<br />

Implicaturas conversacionais<br />

(DT C.1.1.3.)<br />

− exprimir sentimentos e emoções;<br />

− relatar/recontar;<br />

− informar/explicar;<br />

− descrever;<br />

− fazer apreciações críticas;<br />

− apresentar e defender ideias, comportamentos e valores;<br />

− argumentar/convencer os interlocutores;<br />

− fazer exposições orais;<br />

− dar a conhecer/reconstruir universos no plano do imaginário.<br />

(6) Trabalho sobre a linguagem não<br />

verbal, a audibilidade dos enunciados<br />

orais (articulação, dicção), organização<br />

temporal da fala (respiração,<br />

distribuição equilibrada de sequências<br />

fónicas e pausas) e adequação<br />

do discurso ao tempo disponível.<br />

Prosódia/Nível Prosódico (DT B.1.2.)<br />

Características acústicas (DT B.1.2.1.)<br />

Entoação (DT B.1.2.4.)<br />

Elocução (DT C.1.3.2)<br />

• Usar da palavra com fluência e correção, utilizando recursos verbais e não verbais<br />

com um grau de complexidade adequado às situações de comunicação (5) (6).<br />

(7) P. ex.: recitação, improvisação,<br />

leitura encenada, representação, etc.<br />

Língua padrão (traços específicos) (DT<br />

A.2.2.)<br />

• Diversificar o vocabulário e as estruturas utilizadas no discurso, com recurso ao<br />

português-padrão.<br />

Falar para construir e expressar conhecimento<br />

(8) Exploração de relações entre<br />

várias formas de expressão estética<br />

(verbal, visual, musical, plástica,<br />

corporal).<br />

Recursos linguísticos e extralinguísticos<br />

• Explorar diferentes formas de comunicar e partilhar ideias e produções pessoais<br />

(7) selecionando estratégias e recursos adequados para envolver a audiência (8).<br />

• Utilizar adequadamente ferramentas tecnológicas para assegurar uma maior eficácia<br />

na comunicação.


Notas<br />

(1) Vd. Referencial de textos.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

(2) P. ex.: porta-voz, relator, moderador,<br />

entrevistador/entrevistado,<br />

animador.<br />

Reconhecimento de processos de<br />

construção da atitude do locutor<br />

face ao enunciado ou aos participantes<br />

num discurso.<br />

Tipologia textual: texto conversacional (DT<br />

C.1.2.)<br />

• Seguir diálogos, discussões ou exposições, intervindo oportuna e construtivamente<br />

(1).<br />

Comunicação e interação discursivas (C.1.1.)<br />

Locutor; interlocutor (C.1.1.)<br />

(3) Explicitação de estratégias de<br />

conquista e manutenção do interesse<br />

do auditório (elementos prosódicos;<br />

tom e volume da voz;<br />

elementos retórico-pragmáticos,<br />

entre outros).<br />

Princípios reguladores da interação<br />

discursiva (C1.1.1.)<br />

• Implicar-se na construção partilhada de sentidos:<br />

− atender às reações verbais e não verbais do interlocutor para uma possível reorientação<br />

do discurso;<br />

− pedir e dar informações, explicações, esclarecimentos;<br />

− apresentar propostas e sugestões;<br />

− retomar, precisar ou resumir ideias para facilitar a interação;<br />

− estabelecer relações com outros conhecimentos;<br />

− debater e justificar ideias e opiniões;<br />

− considerar pontos de vista contrários e reformular posições.<br />

(4) P. ex.: ouvir os outros, esperar a<br />

sua vez, demonstrar interesse.<br />

Máximas conversacionais; princípio de<br />

cortesia; formas de tratamento<br />

(DT C.1.1.)<br />

• Assumir diferentes papéis (2) em situações de comunicação, adequando as estratégias<br />

discursivas às funções e aos objetivos visados (3).<br />

(5) P. ex., relações de poder e processos<br />

de manipulação que se estabelecem<br />

através da fala.<br />

Diálogo; dialogismo (DT C.1.1.)<br />

• Respeitar as convenções que regulam a interação verbal (4).<br />

(6) P. ex., participação em dramatizações,<br />

simulações, improvisações.<br />

Estratégias discursivas (DT C.1.1.)<br />

• Explorar os processos de construção do diálogo e o modo como se pode agir<br />

através da fala (5) (6).<br />

Competência discursiva (DT C.1.1.)<br />

Participar em situações de interação oral<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

Argumentação (DT C.1.3.3)<br />

55


56<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Notas<br />

(1) Ativação de estratégias variadas<br />

de leitura: global, seletiva, analítica;<br />

leitura a partir de diferentes suportes<br />

da informação (texto impresso,<br />

texto visual, texto digital, texto audiovisual).<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Leitor (DT C.1.2.)<br />

Informação (DT C.1.1.)<br />

Bibliografia (DT C.1.2.)<br />

• Definir uma intenção, seguir uma orientação e selecionar um percurso de leitura<br />

adequado (1).<br />

• Utilizar, de modo autónomo, a leitura para localizar, selecionar, avaliar e organizar<br />

a informação.<br />

(2) Leitura de diferentes tipos de textos:<br />

narrativos, informativos, científicos,<br />

etc., com orientações e objetivos<br />

claramente definidos.<br />

Descritores temáticos<br />

Hipertexto (DT C.1.2.)<br />

(3) Trabalho sobre o uso coerente<br />

de conectores e marcadores discursivos<br />

adequados à finalidade<br />

dos textos.<br />

• Utilizar procedimentos adequados à organização e tratamento da informação:<br />

− tomar notas; identificar ideias-chave;<br />

− elaborar e utilizar grelhas de registo;<br />

− esquematizar.<br />

(4) P. ex., realização de trabalho<br />

sobre sentidos explícitos, implícitos<br />

e indícios.<br />

(5) Cf. CEL: análise de marcas linguísticas<br />

específicas (processos<br />

anafóricos, marcadores temporais,<br />

operadores lógicos e argumentativos,<br />

esquema dos tempos verbais, deíticos…);<br />

análise de relações parte/<br />

todo, causa/consequência, genérico/<br />

específico, etc.<br />

Texto (D.T C.1.2.)<br />

Tema (DT C.1.2.)<br />

Propriedades configuradoras da<br />

textualidade (DT C.1.2.)<br />

Sequência textual (DT C.1.2.)<br />

Estratégia discursiva (DT C.1.1.)<br />

Contexto e cotexto; Significação<br />

lexical (DT B.5.2.)<br />

Processos interpretativos inferenciais (DT<br />

C.1.2.)<br />

Figuras de retórica e tropos (C.1.3.1)<br />

• Interpretar textos com diferentes graus de complexidade, articulando os sentidos<br />

com a sua finalidade, os contextos e a intenção do autor (2) (3):<br />

− formular hipóteses sobre os textos;<br />

− identificar temas e ideias principais;<br />

− identificar pontos de vista e universos de referência;<br />

− identificar causas e efeitos;<br />

− fazer inferências e deduções (4);<br />

− distinguir facto de opinião;<br />

− identificar elementos de persuasão;<br />

− identificar recursos linguísticos utilizados;<br />

− explicitar o sentido global do texto.<br />

(6) P. ex.: aspetos temáticos, formais,<br />

de género.<br />

Princípio de pertinência (DT C.1.1.1.)<br />

• Identificar relações intratextuais, compreendendo de que modo o tipo e a intenção<br />

do texto influenciam a sua composição formal (5).<br />

Ler paea construir conhecimento(s)<br />

Texto literário e texto não-literário<br />

Tipologia textual (texto conversacional,<br />

narrativo, descritivo, expositivo,<br />

argumentativo, instrucional, preditivo)<br />

(DT C.1.2.)<br />

• Comparar e distinguir textos, estabelecendo diferenças e semelhanças em função<br />

de diferentes categorias (6).<br />

• Identificar e caracterizar as diferentes tipologias e géneros textuais. (7)<br />

Macroestruturas textuais (DT C.1.2.)<br />

Microestruturas textuais (DT C.1.2.)<br />

• Interpretar processos e efeitos de construção de significado em textos multimodais<br />

(8).


Notas<br />

(1) P. ex., mobilização dos conhecimentos<br />

prévios do aluno: sobre o<br />

assunto abordado, o tipo de texto.<br />

O trabalho incidirá sobre texto<br />

escrito e fílmico.<br />

(2) Papel dos diferentes suportes<br />

(papel, digital, visual) e espaços de<br />

circulação (jornal, internet…) na estruturação,<br />

receção e impacto dos<br />

textos.<br />

(3) Sentido e codificação cultural dos<br />

géneros e tipos textuais.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Semântica lexical: significação e relações semânticas<br />

entre palavras (DT B.5.2.)<br />

Intertexto/intertextualidade (DT C.1.2.)<br />

- Alusão, paráfrase, paródia<br />

(4) Criação na aula de espaços de<br />

diálogo e partilha das leituras realizadas;<br />

divulgação de livros; incentivo<br />

à utilização da biblioteca escolar.<br />

Contexto (DT C.1.1.)<br />

Contexto extraverbal<br />

Contexto situacional<br />

• Expressar, de forma fundamentada e sustentada, pontos de vista e apreciações<br />

críticas suscitados pelos textos lidos em diferentes suportes (1).<br />

• Discutir diferentes interpretações de um mesmo texto, sequência ou parágrafo.<br />

• Identificar processos utilizados nos textos para influenciar o leitor (2).<br />

• Distinguir diferenças, semelhanças ou a novidade de um texto em relação a<br />

outro(s).<br />

• Reconhecer e refletir sobre os valores culturais, estéticos, éticos, políticos e religiosos<br />

que perpassam nos textos.<br />

• Comparar ideias e valores expressos em diferentes textos de autores contemporâneos,<br />

com os de textos de outras épocas e culturas (3).<br />

• Ler por iniciativa e gosto pessoal, aumentando progressivamente a extensão e<br />

complexidade dos livros e outros materiais que seleciona (4).<br />

Ler para apreciar textos variados<br />

• Analisar os paratextos para contextualizar e antecipar o conteúdo de uma obra (1).<br />

Notas<br />

(1) Mobilização dos conhecimentos<br />

prévios do leitor; descodificação de<br />

indícios vários.<br />

• Exprimir opiniões e problematizar sentidos, como reação pessoal à audição ou<br />

leitura de uma obra integral.<br />

• Caracterizar os diferentes modos e géneros literários.<br />

(2) Sensibilização para a dimensão<br />

estética da literatura e para a especificidade<br />

da linguagem literária.<br />

(3) Recurso a representações conceptuais<br />

de obras lidas, de forma a<br />

consolidar a sua apropriação.<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

(4) P. ex., funções da descrição na<br />

narração, funções do diálogo.<br />

• Analisar processos linguísticos e retóricos utilizados pelo autor na construção de<br />

uma obra literária (2) (3):<br />

− analisar o ponto de vista (narrador, personagens);<br />

− identificar marcas de enunciação e de subjetividade;<br />

− analisar as relações entre os diversos modos de representação do discurso (4);<br />

(5) P. ex., proposta de alternativas<br />

distintas das do autor, mas compatíveis<br />

com a estrutura nuclear do texto;<br />

articular com atividades de leitura<br />

oral, recitação, dramatização e outras<br />

formas de expressão estética.<br />

− analisar o valor expressivo dos recursos retóricos.<br />

Ler textos literários<br />

(6) Trabalho com filmes, séries de<br />

TV, representações teatrais, pintura,<br />

publicidade, ilustrações, etc.<br />

Paratexto; prefácio; posfácio; epígrafe (DT<br />

C.1.2.)<br />

Enciclopédia (conhecimento do mundo) (DT<br />

C.1.1.)<br />

Informação; universo de discurso (DT C.1.1)<br />

Géneros e subgéneros literários dos modos<br />

narrativo, lírico e dramático<br />

Níveis e categorias da narrativa<br />

Elementos constitutivos da poesia lírica<br />

(convenções versificatórias)<br />

Elementos constitutivos do drama e espetáculo<br />

teatral<br />

Enunciação; enunciado; enunciador (DT C.1.1.)<br />

Autor (DT C.1.2.); Estilo (DT C.1.2.)<br />

Significado (DT B.6.); Sentido (DT C1.2.);<br />

Plurissignificação (DT C.1.2.)<br />

Figuras de retórica e tropos (DT C.1.3.1)<br />

- de natureza fonológica: aliteração;<br />

assonância;<br />

- de natureza sintática: hipérbato; apóstrofe;<br />

- de natureza semântica: antítese; alusão;<br />

metonímia; hipérbole.<br />

Intertexto/Intertextualidade (DT C.1.2.)<br />

Texto literário e texto não-literário<br />

Interdiscurso/interdiscursividade (DT C.1.1.)<br />

Contexto<br />

(7) Estabelecimento e exploração<br />

de relações com a variação e normalização<br />

linguística. Cf. CEL, Plano<br />

da Língua, Variação e Mudança.<br />

Contexto extraverbal: situacional, sociocultural,<br />

histórico (DT C.1.1.)<br />

• Comparar o modo como o tema de uma obra é tratado em outros textos.<br />

• Explorar processos de apropriação e de (re)criação de texto narrativo, poético ou<br />

outro (5).<br />

• Analisar recriações de obras literárias com recurso a diferentes linguagens (6).<br />

• Valorizar uma obra enquanto objecto simbólico, no plano do imaginário individual<br />

e coletivo.<br />

• Reconhecer e refletir sobre as relações que as obras estabelecem com o contexto<br />

social, histórico e cultural no qual foram escritas (7).<br />

57


58<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Notas<br />

(1) P. ex.: notas, esquemas, sumários,<br />

sínteses.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Escrita (DT C.1.1.)<br />

(2) Valorização do papel da escrita<br />

na clarificação do pensamento, na<br />

apropriação do conhecimento e<br />

no planeamento e organização de<br />

projetos de trabalho.<br />

• Produzir enunciados com diferentes graus de complexidade para responder com<br />

eficácia a instruções de trabalho.<br />

• Recorrer à escrita para assegurar o registo e o tratamento de informação ouvida<br />

ou lida (1).<br />

• Utilizar a escrita para estruturar o pensamento e sistematizar conhecimentos<br />

(2).<br />

• Utilizar, com autonomia, estratégias de preparação (3) e de planificação da escrita<br />

de textos (4).<br />

(3) P. ex., brainstorming, mapas de<br />

ideias, guião de trabalho, roteiro.<br />

Enunciados instrucionais<br />

Enunciação; enunciado (DT A.1.)<br />

Texto / textualidade (DT C.1.2.)<br />

Macroestruturas textuais (semânticas e formais)<br />

(DT C.1.2.)<br />

Microestruturas textuais (semânticas e<br />

estilístico-formais)<br />

(DT C.1.2.)<br />

Plano do texto (C.1.2.)<br />

(4) P. ex., definição da temática, intenção,<br />

tipo de texto, do(s) destinatário(s)<br />

e do suporte em que o<br />

texto vai ser lido.<br />

(5) Vd. Referencial de textos.<br />

(6) P. ex.: artigo de opinião e comentário<br />

crítico.<br />

Atender ao uso de mecanismos retóricos<br />

com o intuito de agir sobre<br />

os interlocutores e para o<br />

desenvolvimento de uma argumentação<br />

lógica,<br />

assente em exemplos pertinentes.<br />

Tipologia textual (DT C.1.2.)<br />

Sequência textual (DT C.1.2.)<br />

Sequência narrativa (eventos; cadeia de<br />

eventos)<br />

Sequência descritiva (descrição literária,<br />

descrição técnica, planos de descrição)<br />

Sequência expositiva (referente; análise ou<br />

síntese de ideias, conceitos, teorias)<br />

Sequência argumentativa (facto, hipótese,<br />

exemplo, prova, refutação)<br />

Sequência dialogal (intercâmbio de ideias,<br />

comentário de acontecimentos).<br />

• Selecionar tipos e formatos de textos adequados a intencionalidades e contextos<br />

específicos (5):<br />

− narrativos (reais ou ficcionais);<br />

− descritivos (reais ou ficcionais);<br />

− expositivos;<br />

− argumentativos (6);<br />

− instrucionais;<br />

− dialogais e dramáticos;<br />

− preditivos;<br />

− do domínio dos media (7);<br />

− do domínio das relações interpessoais.<br />

(7) P. ex.: textos para divulgação de<br />

informação, persuasão, manipulação,<br />

etc.<br />

(8) p. ex., observação da relação<br />

entre os recursos mobilizados e os<br />

efeitos produzidos.<br />

Reprodução do discurso no discurso (DT<br />

C.1.1.2.)<br />

Coerência textual (DT C.1.2.)<br />

• Redigir textos coerentes, selecionando registos e recursos verbais adequados (8):<br />

− desenvolver pontos de vista pessoais ou mobilizar dados recolhidos em diferentes<br />

fontes de informação (9);<br />

− ordenar e hierarquizar a informação, tendo em vista a continuidade de sentido,<br />

a progressão temática e a coerência global do texto;<br />

− dar ao texto a estrutura e o formato adequados, respeitando convenções tipológicas<br />

e (orto)gráficas estabelecidas;<br />

− diversificar o vocabulário e as estruturas utilizadas nos textos, com recurso<br />

ao português padrão.<br />

− respeitar as regras da pontuação e sinais auxiliares da escrita (10).<br />

Escrever para construir e expressar conhecimento(s)<br />

(9) Selecção de informação adequada<br />

às necessidades de trabalho,<br />

interpretação crítica da informação<br />

pesquisada e sua mobilização de<br />

acordo com os princípios éticos do<br />

trabalho intelectual (normas para<br />

citação, identificação das fontes<br />

utilizadas, produção de bibliografias...).<br />

Convenções e regras para a configuração<br />

gráfica (DT E.4.)<br />

Língua padrão (traços específicos) (DT<br />

A.2.2.)<br />

Variedades sociais e variedades<br />

situacionais (DT A.2.1.)<br />

Pontuação e sinais auxiliares de escrita<br />

(DT E.2.)<br />

(10) Cf. CEL, Plano da Representação<br />

Gráfica e Ortográfica.


Notas<br />

(1) Articulação com atividades de<br />

leitura.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Paráfrase, síntese, resumo<br />

• Utilizar, com progressiva eficácia, técnicas de reformulação textual (1).<br />

(2) Entendimento da revisão e<br />

aperfeiçoamento de texto como atividade<br />

que atravessa todo o processo<br />

de escrita e envolve operações de releitura,<br />

rescrita, expansão ou clarificação<br />

de ideias, apagamento de<br />

repetições, etc.<br />

Configuração gráfica (DT E.3.)<br />

• Utilizar, com autonomia, estratégias de revisão e aperfeiçoamento de texto (2).<br />

• Assegurar a legibilidade dos textos, em papel ou suporte digital (3).<br />

• Utilizar com critério as potencialidades das tecnologias da informação e comunicação<br />

nos planos da produção, revisão e edição de texto (4).<br />

(3) P. ex., considerar a mancha gráfica,<br />

a utilização de parágrafos para<br />

organizar o conteúdo do texto, a<br />

função das ilustrações, a produção<br />

de índices.<br />

(4) Utilização adequada de dicionários<br />

online e de corretores ortográficos.<br />

Escrever para construir e expressar conhecimento<br />

Notas<br />

(1) P. ex.: diário, autobiografia, memória,<br />

carta, retrato, autorretrato,<br />

comentário crítico, narrativas imaginárias,<br />

poemas.<br />

Texto / textualidade (DT C.1.2.)<br />

Polifonia (DT C.1.1.)<br />

Intertexto/ Intertextualidade (DT C.1.2.)<br />

• Explorar diferentes vozes e registos para comunicar vivências, emoções, conhecimentos,<br />

pontos de vista, universos no plano do imaginário (1).<br />

• Explorar a criação de novas configurações textuais, mobilizando a reflexão sobre<br />

os textos e sobre as suas especificidades.<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

(2) P. ex., exploração da imitação<br />

criativa.<br />

• Explorar efeitos estéticos da linguagem mobilizando saberes decorrentes da experiência<br />

enquanto leitor (2).<br />

(3) P. ex., articulação com diversas<br />

formas de expressão estética.<br />

(4) Promoção de formas variadas<br />

de circulação das produções dos<br />

alunos, em suporte de papel ou digital<br />

(jornal de escola ou de turma;<br />

antologias; exposição de textos; blogue;<br />

página de Internet da escola, da<br />

turma ou pessoal), prevendo circuitos<br />

de comunicação que assegurem<br />

a finalidade social dos escritos.<br />

• Reinvestir em textos pessoais a informação decorrente de pesquisas e leituras<br />

efetuadas.<br />

Registo formal/informal (DT C.1.1)<br />

Recursos expressivos<br />

• Explorar formas de interessar e implicar os leitores, considerando o papel da<br />

audiência na construção do sentido (3).<br />

• Utilizar os recursos tecnológicos para desenvolver projetos e circuitos de comunicação<br />

escrita (4).<br />

Escrever em termos pessoais e criativos<br />

• Escrever por iniciativa e gosto pessoal, de forma autónoma e fluente.<br />

59


60<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Conhecimento Explícito da Língua – 3. o <strong>Ciclo</strong><br />

O desenvolvimento da consciência (trans)linguística será feito no sentido de fazer evoluir o conhecimento implícito da língua para um estádio de conhecimento<br />

explícito. Trata-se de desenvolver um conhecimento reflexivo, objetivo e sistematizado da estrutura e do uso do português padrão.<br />

Notas<br />

(1) Articulação com o trabalho<br />

sobre textos na Oralidade e na Leitura,<br />

tanto na perspectiva sincrónica,<br />

como na diacrónica e com o<br />

domínio da Lexicografia.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Mudança linguística (DT A.4.)<br />

Factores internos e externos e tipos de<br />

mudança (DT A.4.1.)<br />

(2) Articulação com a consulta de<br />

dicionários etimológicos.<br />

• Reconhecer a língua como sistema dinâmico, aberto e em elaboração contínua.<br />

• Identificar, em textos orais e escritos, a variação nos vários planos (fonológico,<br />

lexical, sintático, semântico e pragmático) (1).<br />

• Distinguir contextos geográficos, sociais, situacionais e históricos que estão na<br />

origem de diferentes variedades do português.<br />

• Caracterizar o português como uma língua românica.<br />

Famílias de línguas; etimologia, étimo<br />

(DT A.4.3.)<br />

(3) Por ex., a colocação dos clíticos<br />

no PB, a abertura das vogais, etc.<br />

Atividades visando o contacto com<br />

as diferentes variedades do português,<br />

p. ex., na Internet e com textos<br />

de autores lusófonos (Cf., em<br />

Referencial de Textos, Autores de<br />

Língua Oficial Portuguesa).<br />

• Identificar dados que permitem contextualizar a variação histórica da língua portuguesa<br />

(2).<br />

• Caracterizar o processo de expansão da língua portuguesa e as realizações associadas<br />

ao seu contacto com línguas não-europeias.<br />

(4) Cf. Compreensão/Expressão<br />

Oral e Escrita.<br />

Variação histórica (português antigo,<br />

português clássico, português<br />

contemporâneo); palavras convergentes/<br />

palavras divergentes (DT A.4.2.)<br />

Substrato, superstrato, adstrato; crioulos<br />

de base lexical portuguesa; bilinguismo,<br />

multilinguismo (DT A.3.)<br />

Variedades do português; variedades<br />

africanas e variedade brasileira (DT A.2.3.)<br />

• Reconhecer especificidades fonológicas, lexicais e sintáticas nas variantes do<br />

português não-europeu (3).<br />

• Sistematizar propriedades da língua padrão (4).<br />

Plano de língua, variação e mudança<br />

Normalização linguística; língua padrão<br />

(DT A.2.2.)<br />

Glossários, thesaurus; terminologias.<br />

(DT D.1.)<br />

• Consultar regularmente obras lexicográficas, mobilizando a informação na análise<br />

da receção e da produção do modo oral e escrito.<br />

Notas<br />

(1) P. ex., publico/público; duvida/<br />

dúvida (verbo/ nome/ adjetivo).<br />

• Distinguir pares de palavras quanto à classe morfológica, pelo posicionamento da<br />

sílaba tónica (1).<br />

• Sistematizar propriedades do ditongo e do hiato.<br />

(2) Cf. com Plano da Representação<br />

Gráfica e das Relações entre Grafia<br />

e Fonia.<br />

• Sistematizar propriedades da sílaba gramatical e da sílaba métrica:<br />

− segmentar versos por sílaba métrica;<br />

− utilizar rima fonética e rima gráfica (2).<br />

(3) Estes processos não são exclusivos<br />

da história da língua, são verificáveis<br />

no quotidiano (exemplos:<br />

2.ª pes. sing. pret. perf: *fizestes,<br />

(e)x-(c)esso, tel(e)-fone, etc.).<br />

Propriedades acentuais das sílabas<br />

(DT B.1.2.3)<br />

Semivogal<br />

Ditongo: oral, nasal, crescente, decrescente<br />

Hiato (DT B.1.1.2.)<br />

Sílaba métrica e sílaba gramatical<br />

Relações entre palavras escritas e entre<br />

grafia e fonia (DT E.5.)<br />

Processos fonológicos (DT B.1.1.)<br />

Processos fonológicos de inserção, supressão<br />

e alteração; redução vocálica, assimilação e<br />

dissimilação; metátese (DT B.1.3.)<br />

Plano fonológico<br />

• Caracterizar processos fonológicos de inserção, supressão e alteração de segmentos.<br />

• Distinguir contextos de ocorrência de modificação dos fonemas nos planos diacrónico<br />

e sincrónico (3).


Notas<br />

(1) P. ex., dizer, estar, fazer, ir, poder,<br />

querer, ser, ter, pôr, medir; despender,<br />

redimir, intervir, etc.<br />

(2) Identificação da relação existente<br />

entre as formas dos pronomes<br />

pessoais – casos – e a função<br />

sintática desempenhada na frase<br />

(sujeito; complemento direto/indireto)<br />

(Cf. Plano Sintático).<br />

(3) Distinção entre palavra, forma<br />

de base, radical e afixo. Identificação<br />

de padrões de formação de palavras<br />

a partir da análise da sua<br />

estrutura interna. Vd. relevância<br />

dos processos de formação de palavras<br />

nos textos orais e escritos.<br />

(4) Distinção dos diferentes processos<br />

de formação de palavras<br />

compostas; observação das classes<br />

de palavras, dos elementos que<br />

as constituem (foco nas relações,<br />

de coordenação ou de subordinação,<br />

que se estabelecem entre<br />

esses elementos e possibilidade de<br />

flexão em número de cada um<br />

deles).<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Verbos defetivos impessoais; unipessoais;<br />

forma supletiva (DT B.2.2.2.)<br />

Formas verbais finitas e formas verbais<br />

não finitas (DT B.2.2.2.)<br />

• Sistematizar especificidades da flexão verbal em:<br />

− verbos de conjugação incompleta;<br />

− contraste das formas do infinitivo pessoal com as do infinitivo impessoal e respetivas<br />

realizações linguísticas.<br />

Verbo regular; verbo irregular (DT B.2.2.2.)<br />

• Sistematizar paradigmas flexionais regulares e irregulares dos verbos.<br />

Flexão:<br />

− Nominal, adjectival e verbal.<br />

− Determinantes e pronomes.<br />

− Pronomes pessoais: caso nominativo,<br />

acusativo, dativo e oblíquo (2).<br />

• Sistematizar paradigmas flexionais irregulares em verbos de uso frequente e<br />

menos frequente (1).<br />

• Sistematizar as categorias relevantes para a flexão das classes de palavras variáveis.<br />

Plano morfológico<br />

Composição<br />

Composição morfológica; composição<br />

morfossintáctica<br />

• Sistematizar padrões de formação de palavras complexas (3) (4):<br />

− por composição de duas ou mais formas de base.<br />

Afixação; derivação não afixal (DT B.2.3.1.)<br />

• Explicitar o significado de palavras complexas a partir do valor de prefixos e sufixos<br />

nominais, adjetivais e verbais do português.<br />

Notas<br />

1) Distinção de diferentes composições<br />

do complexo verbal.<br />

(2) P. ex., contrastar com artigo indefinido.<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

(3) Articulação com processos de articulação<br />

entre frases complexas (Cf.<br />

Plano Sintático).<br />

(4) Trabalho com verbos que seleccionam<br />

complemento oblíquo constituído<br />

por grupo preposicional introduzido<br />

por uma preposição que<br />

admita contração com o demonstrativo<br />

isso.<br />

Classe aberta de palavras (DT. B.3.1.)<br />

Classe fechada de palavras (DT B.3.2.)<br />

Nome: contável; não contável (DT B.3.1.)<br />

Adjetivo relacional (DT B.3.1.)<br />

Verbo principal: transitivo direto, indireto,<br />

direto e indireto; auxiliar (1) temporal,<br />

aspectual e modal (DT B. 3.1.)<br />

Determinante: indefinido (2); relativo<br />

(DT B.3.2.)<br />

Quantificador universal; existencial<br />

(DT B.3.2.)<br />

Conjunção coordenativa: conclusiva,<br />

explicativa (3)<br />

Conjunção subordinativa: comparativa,<br />

concessiva, consecutiva (3) (DT B.3.2.)<br />

Locução conjuncional (3) (DT B.3.2.)<br />

Locução preposicional (DT B.3.2.)<br />

Advérbio de predicado, de frase e conectivo<br />

(DT B.3.1.)<br />

Locução adverbial (DT B.3.1.)<br />

• Caracterizar classes de palavras e respetivas propriedades.<br />

• Sistematizar propriedades distintivas de classes e subclasses de palavras.<br />

Plano classes de palavras<br />

(5) Articulação com a expressão<br />

oral e escrita, p. ex., através de<br />

exercícios de pronominalização<br />

com frases afirmativas, negativas<br />

e interrogativas.<br />

Domínio dos padrões de uso dos<br />

pronomes pessoais átonos: próclise<br />

(Não me contes!); mesóclise<br />

(Contar-me-ás depois.); ênclise<br />

(Conta-me!)<br />

Transitivos indiretos (4); transitivos-<br />

-predicativos<br />

Pronomes: próclise, mesóclise, ênclise<br />

(DT. B.3.2.)<br />

• Caracterizar propriedades de seleção de verbos transitivos.<br />

• Aplicar as regras de utilização do pronome pessoal átono (reflexo e não reflexo)<br />

em adjacência verbal (5).<br />

61


62<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Notas<br />

(1) Frases em ordem canónica e<br />

ordem marcada (motivada pelo contexto<br />

discursivo).<br />

Atividades de comparação dos constituintes<br />

principais da frase e explicitação<br />

da sua distribuição típica nas<br />

frases do português.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Grupo nominal; grupo verbal; grupo adjetival;<br />

grupo preposicional; grupo adverbial<br />

(DT B4.1.)<br />

• Sistematizar os constituintes principais da frase e respetiva composição (1).<br />

Concordância; elipse (DT B.4.5.)<br />

•Sistematizar processos sintáticos (2).<br />

(2) Trabalho centrado quer no interior<br />

dos grupos constituintes, quer<br />

na combinação dos grupos entre si.<br />

Na concordância sujeito – forma<br />

verbal do predicado, verificar, entre<br />

outros, casos de concordância entre<br />

a forma verbal do predicado e o sujeito<br />

sintático configurado com os<br />

pronomes relativos «quem» e «que».<br />

Funções sintáticas ao nível da frase<br />

(DT B.4.2.)<br />

• Sistematizar relações entre constituintes principais de frases e as funções sintáticas<br />

por eles desempenhadas.<br />

Sujeito frásico (3)<br />

Sujeito composto (4) (DT B.4.2.)<br />

• Detetar diferentes configurações da função sintática de sujeito.<br />

(3) Oração completiva e oração<br />

substantiva relativa.<br />

(4) Grupos nominais simples ou<br />

coordenados.<br />

Funções sintáticas (DT B.4.2.)<br />

Sujeito; predicado; modificador; vocativo.<br />

Complemento (5); predicativo (6); modificador.<br />

Complemento do nome; modificador.<br />

Complemento do adjetivo<br />

Complemento do advérbio<br />

• Sistematizar funções sintáticas:<br />

− ao nível da frase;<br />

− internas ao grupo verbal;<br />

− internas ao grupo nominal;<br />

− internas ao grupo adjetival;<br />

− internas ao grupo adverbial.<br />

(5) Distinção entre complemento<br />

direto, indireto e oblíquo.<br />

(6) Distinguir predicativo do sujeito<br />

e predicativo do complemento direto.<br />

Frase passiva (DT B.4.3.)<br />

• Transformar frases ativas em frases passivas e vice-versa (7).<br />

Plano sintático<br />

Coordenação assindética (DT B.4.4.)<br />

• Sistematizar processos de articulação de grupos e de frases (8).<br />

(7) Trabalho sobre passivas reversíveis<br />

a partir de frases ativas com<br />

complexo verbal.<br />

Coordenação: oração coordenada conclusiva<br />

e explicativa<br />

Subordinação: oração subordinada<br />

substantiva(completiva); oração subordinada<br />

adjetiva (relativa restritiva e relativa<br />

explicativa); oração subordinada adverbial:<br />

concessiva e consecutiva (DT B.4.4)<br />

• Distinguir processos sintáticos de articulação entre frases complexas (9).<br />

(8) Articulação com regras de uso<br />

da vírgula.<br />

(9) Atividades de identificação de<br />

diferentes processos de articulação<br />

entre frases. Construção de<br />

frases complexas, por coordenação<br />

e subordinação, a partir de frases<br />

simples (articulação com a escrita).


Notas<br />

(1) P. ex., exercícios de diversificação<br />

e adequação vocabular, visando<br />

o domínio de um repertório de palavras/expressões<br />

relacionado com<br />

universos de discurso e campos lexicais<br />

utilizados.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Vocabulário; neologismo, arcaísmo<br />

(DT B.5.1.)<br />

• Sistematizar processos de enriquecimento lexical do português (1).<br />

Acrónimo, sigla, extensão semântica,<br />

empréstimo, amálgama, truncação<br />

(DT B.5.3.)<br />

• Caracterizar os processos irregulares de formação de palavras e de inovação<br />

lexical.<br />

(2) P. ex., consulta de dicionários e<br />

manipulação de informação lexicográfica.<br />

Articulação com Plano.<br />

Morfológico – processos irregulares<br />

– morfológicos, sintáticos e semânticos<br />

(neologismo, expressão idiomática).<br />

Estrutura lexical; campo semântico<br />

(DT B.5.2.)<br />

• Determinar os significados que dada palavra pode ter em função do seu contexto<br />

de ocorrência (2).<br />

Significação lexical; monossemia e polissemia<br />

(DT B.5.2.)<br />

• Distinguir propriedades semânticas que diferenciam palavras com um só significado<br />

de palavras com mais do que um significado.<br />

(3) Recurso a exercícios de procura<br />

dos correlatos de relações classeelemento<br />

e todo-parte, dado um dos<br />

elementos da relação.<br />

Hiperonímia, hiponímia (DT B.5.2.)<br />

• Sistematizar relações semânticas de semelhança e oposição, hierárquicas e de<br />

parte-todo (3).<br />

(4) Valores temporais, aspetuais e<br />

modais. P. ex., trabalho sobre os<br />

tempos verbais como paradigmas<br />

de flexão que podem assumir diferentes<br />

valores em função do contexto<br />

em que ocorrem.<br />

Valor temporal (DT B.2.)<br />

Valor aspetual/classes aspetuais: evento;<br />

situação estativa (DT B.6.3.)<br />

Aspecto lexical/ aspeto gramatical<br />

(DT B.6.3.)<br />

• Caracterizar relações entre diferentes categorias, lexicais e gramaticais, para<br />

identificar diversos valores semânticos na frase (4).<br />

(5) P. ex., exploração do valor<br />

modal (articulação com o princípio<br />

da cortesia) e temporal do condicional<br />

(condicional vs. futuro do<br />

pretérito).<br />

Valor modal; modalidade (DT. B.6.4.)<br />

• Caracterizar atitudes do locutor face a um enunciado ou aos participantes do<br />

discurso (5).<br />

Plano lexical e semântico<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

63


64<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Notas<br />

(1) Articulação com atividades de<br />

leitura.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Prefácio; posfácio; epígrafe; bibliografia<br />

(DT C.1.2.)<br />

• Usar paratextos para recolher informações de natureza pragmática, semântica<br />

e estético-literária que orientam e regulam de modo relevante a leitura (1).<br />

(2) P. ex., atividades de produção e<br />

interpretação de diferentes enunciados<br />

de acordo com os seus objetivos<br />

discursivos, focando a<br />

atenção dos alunos na seleção de<br />

verbos performativos ou de verbos<br />

que exprimam adequadamente o<br />

propósito ilocutório; modo verbal;<br />

advérbios; interjeições; entoação<br />

(modo oral); sinais de pontuação<br />

(modo escrito).<br />

Enunciação; enunciado;enunciador /<br />

destinatário; intenção comunicativa;<br />

contexto extraverbal, paraverbal, verbal;<br />

universo do discurso (DT C.1.1.)<br />

Ato de fala direto/indireto (DT C.1.1.) (2)<br />

• Caracterizar elementos inerentes à comunicação e interação discursivas.<br />

• Identificar diferentes atos de fala.<br />

• Caracterizar modalidades discursivas e sua funcionalidade.<br />

Monólogo (3)<br />

Discurso indireto livre (4) (DT C.1.1.2.)<br />

• Distinguir modos de reprodução do discurso no discurso e sua produtividade.<br />

(3) Articulação com a sua representação<br />

em textos dramáticos,<br />

narrativos e líricos (leitura e escrita)<br />

e com o trabalho na expressão<br />

oral.<br />

Princípio da cooperação; máximas<br />

conversacionais: de quantidade; de<br />

qualidade; de modo (DT C.1.1.1.)<br />

• Usar princípios reguladores da interação verbal (5).<br />

(4) Exploração da fusão de fronteiras<br />

entre a voz do enunciador-relator<br />

e do primeiro enunciador e dos<br />

procedimentos sintáticos que lhe<br />

estão associados.<br />

Pressuposição; implicação; implicatura<br />

conversacional (DT C.1.1.3.)<br />

• Deduzir informação não explicitada nos enunciados, recorrendo a processos interpretativos<br />

inferenciais (6).<br />

Macroestruturas textuais/microestruturas<br />

textuais (DT C.1.2.)<br />

Progressão temática<br />

Deixis (pessoal, temporal, espacial)<br />

(DT C.1.1); anáfora (DT C.1.2.)<br />

Conectores discursivos (aditivos ou<br />

sumativos; conclusivos ou explicativos;<br />

contrastivos ou contra-argumentativos)<br />

(DT C.1.1.)<br />

Intertexto; hipertexto (DT C.1.2.)<br />

• Reconhecer propriedades configuradoras da textualidade:<br />

− coerência textual;<br />

− referência;<br />

− coesão textual.<br />

(5) P. ex., exploração do condicional<br />

enquanto modo verbal articulável<br />

com realizações ligadas à comunicação<br />

e interação discursivas. Atenção<br />

à necessidade de os enunciados não<br />

contradizerem o que já foi dito. (Cf.<br />

Expressão oral: falar em situações<br />

de interação oral).<br />

Plano discursivo e textual<br />

• Interpretar várias modalidades e relações de intertextualidade (7).<br />

(6) Articulação com o trabalho na<br />

oralidade e na leitura.<br />

Modo narrativo, modo lírico e modo<br />

dramático<br />

Tipologia textual (DT C.1.2.)<br />

Plurissignificação (DT C.1.2.) (DT C.1.3.1.9)<br />

• Caracterizar os diferentes géneros e subgéneros literários e respetiva especificidade<br />

semântica, linguística e pragmática.<br />

(7) Articulação com o trabalho sobre<br />

a leitura (para apreciação de textos<br />

variados e obras literárias) e sobre<br />

a escrita (pessoal e criativa).<br />

Aliteração; pleonasmo; anáfora; hipálage<br />

Prosopopeia; imagem; antítese; perífrase;<br />

hipérbole; eufemismo; ironia<br />

Metáfora; alegoria; símbolo; sinédoque<br />

• Identificar figuras de retórica e tropos como mecanismos linguísticos geradores<br />

de densificação semântica e expressividade estilística:<br />

- figuras de dicção (de natureza fonológica, morfológica e sintática);<br />

- figuras de pensamento;<br />

- tropos.


Notas<br />

(1) O trabalho neste plano articulase<br />

com as diversas atividades da<br />

leitura e da escrita.<br />

Descritores de desempenho Conteúdos<br />

Sinais de pontuação (DT E.2.) (2) (3) (4) (5);<br />

• Sistematizar as regras de uso de sinais de pontuação (1) para:<br />

− delimitar constituintes de frase;<br />

− veicular valores discursivos.<br />

(2) Vírgula: marcação de segmentos<br />

elididos ou justapostos, p. ex.<br />

Sinais auxiliares da escrita (DT E.2.)<br />

Aspas (6)<br />

• Sistematizar regras de uso de sinais auxiliares da escrita para:<br />

− destacar contextos específicos de utilização.<br />

(3) Ponto e vírgula: marcação da<br />

coordenação assindética, p. ex.<br />

(4) Dois pontos: marcação de um<br />

processo de construção assindética,<br />

substituível por um conector<br />

lógico, p. ex.<br />

Formas de destaque (DT E.3.)<br />

Sobrescrito<br />

Susbscrito<br />

Nota de rodapé<br />

• Sistematizar regras de configuração gráfica para:<br />

− destacar palavras, frases ou partes de texto;<br />

− adicionar comentários de referência ou fonte.<br />

(5) Travessão: utilização para assinalar<br />

segmentos sequentes e/ou<br />

encaixados, equiparada à utilização<br />

de parênteses, p.ex.<br />

Conhecimento gramatical e lexical<br />

Homonímia (DT E.5) (7)<br />

• Desambiguar sentidos decorrentes de relações entre a grafia e fonia de palavras.<br />

(6) Associação a matizes expressivos,<br />

distanciando palavras e expressões<br />

do seu significado literal<br />

ou denotativo, p.ex..<br />

Plano da representação gráfica e ortográfica<br />

(7) Identificação de classes e subclasses<br />

de palavras. Articulação do<br />

uso intencional da homonímia<br />

como recurso expressivo na leitura<br />

e na escrita.<br />

Excertos dos programas de Português para o Ensino Básico<br />

65


8<br />

TEXTOS PARA<br />

REFLEXÃO<br />

8<br />

8


68<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Competências<br />

Competências nucleares<br />

Os níveis atingidos por cada sujeito na compreensão do<br />

oral, na leitura, na expressão oral, na expressão escrita e no<br />

conhecimento explícito determinam o seu nível de mestria linguística,<br />

pelo que elas constituem as competências nucleares<br />

a ter em conta no ensino da língua materna.<br />

A compreensão do oral é a competência responsável pela<br />

atribuição de significado a cadeias fónicas produzidas de<br />

acordo com a gramática de uma língua. Envolve a receção e a<br />

decifração da mensagem e implica o acesso à informação linguística<br />

registada permanentemente na memória. Sem tal registo<br />

não há compreensão, na medida em que não pode haver<br />

reconhecimento do significado das unidades ouvidas, sejam<br />

elas palavras, expressões ou frases.<br />

(…)<br />

Por leitura entende-se o processo interativo entre o leitor<br />

e o texto, através do qual o primeiro reconstrói o significado<br />

do segundo. A extração do significado e a consequente apropriação<br />

da informação veiculada pela escrita são os objetivos<br />

fundamentais da leitura, dependendo o nível de compreensão<br />

atingido do conhecimento prévio que o leitor tem sobre o assunto<br />

e do tipo de texto em presença.<br />

Ao contrário da compreensão do oral, a leitura não é nem<br />

uma atividade natural, nem de aquisição espontânea e universal.<br />

(…)<br />

A capacidade para produzir cadeias fónicas dotadas de significado<br />

e conformes à gramática de uma língua denomina-se<br />

expressão oral. Esta capacidade envolve o planeamento do<br />

que se pretende dizer, a formatação linguística do enunciado<br />

e a execução articulatória do mesmo.<br />

Compete à escola proporcionar aprendizagens conducentes<br />

a uma expressão fluente e adequada nos géneros formais<br />

e públicos do oral, que se caracterize por um vocabulário preciso<br />

e diversificado e por uma progressiva complexidade sintática.<br />

(…)<br />

Aprender a exprimir-se oralmente é, por isso, também,<br />

aprender a refletir sobre os vários géneros do oral, a conhecer<br />

as regras sociais que os regulam, a prever as reações dos<br />

interlocutores e a reformular o seu discurso em função das<br />

mesmas, a construir estratégias para informar, persuadir, explicar,<br />

argumentar com sucesso.<br />

(…)<br />

A expressão escrita consiste no processo complexo de produção<br />

de comunicação escrita. Tal como a leitura, não é uma<br />

atividade de aquisição espontânea e natural, exigindo, por isso,<br />

ensino explícito e sistematizado e uma prática frequente e supervisionada.<br />

Como modalidades secundárias da língua que partilham<br />

a necessidade do recurso à tradução do oral em gráfico,<br />

a leitura e a escrita usufruem reciprocamente do nível de mestria<br />

atingido em cada uma delas.<br />

A expressão escrita é um meio poderoso de comunicação e<br />

aprendizagem que requer o domínio apurado de técnicas e estratégias<br />

precisas, diversas e sofisticadas. As funções da escrita<br />

são múltiplas e variadas: escreve-se para identificar algo<br />

ou alguém, para mobilizar a ação, para recordar, para satisfazer<br />

pedidos ou exigências, para refletir, para aprender e para criar<br />

(Grabe & Kaplan, 1996).<br />

(…)<br />

Por conhecimento explícito entende-se a progressiva<br />

consciencialização e sistematização do conhecimento implícito<br />

no uso da língua.<br />

(…)<br />

[Assim,] na perspetiva da educação básica, é função da escola<br />

promover o desenvolvimento da consciência linguística<br />

dos alunos com o grau de sistematização necessário para que<br />

possam mobilizá-la com objetivos estritamente cognitivos e<br />

com objetivos instrumentais.<br />

Inês Sim-Sim et alii, A Língua Materna na Educação Básica. Competências<br />

Nucleares e Níveis de Desempenho.<br />

Ministério da Educação. Departamento da Educação Básica, Lisboa, 1997.<br />

Conhecimento Explícito da Língua<br />

Coerência e Coesão<br />

1. Coerência<br />

Os falantes, ao produzirem enunciados – orais ou escritos –,<br />

veiculam o seu conhecimento de factos, objetos, acontecimentos,<br />

estados de coisas, i.e., do mundo tal como o apreendem<br />

cognitivamente. Esta apreensão inteletiva encontra-se<br />

na base tanto da produção de frases, enunciados ou, sobretudo,<br />

de textos como da receção desses mesmos produtos linguísticos.<br />

Com efeito, um interlocutor (ouvinte/leitor) coloca<br />

o seu conhecimento do mundo ao serviço da interpretação<br />

dos enunciados, de forma a reconstruir os seus sentidos.<br />

Daqui se conclui que a comunicação, para se processar, exige<br />

um saber compartilhado por parte dos falantes envolvidos nas<br />

trocas verbais, enquanto fator fundamental para a construção<br />

de coerência.


Este facto explica por que razão se diz que enunciados como<br />

os abaixo apresentados “não fazem sentido”:<br />

• Está frio porque estão trinta e cinco graus.<br />

• Ele estuda tanto que não sabe nada.<br />

• Primeiro processo o texto no word, e, depois, ligo o computador.<br />

Com efeito, a incoerência das frases reside no facto de o<br />

“mundo” representado não estar de acordo com o nosso<br />

“mundo” tal como o conhecemos, onde “trinta e cinco graus”<br />

serão uma causa de calor e nunca de frio; “não saber nada”<br />

será uma consequência da falta de estudo e não de excesso de<br />

empenho; o normal é ligar o computador em primeiro lugar para<br />

depois processar um texto.<br />

Todavia, é possível, por processos linguísticos, reparar esta<br />

anormalidade de situações:<br />

• Apesar de estarem trinta e cinco graus sinto frio: devo estar<br />

doente!<br />

• É impressionante: ele estuda tanto e não sabe nada!<br />

• Antes de conhecer algo de informática pensava que primeiro<br />

se processava o texto e só depois se ligava o computador.<br />

As expressões em itálico assinalam que a situação descrita<br />

não deve ser interpretada dentro do que é expectável de acordo<br />

com o nosso conhecimento dos factos.<br />

A noção de coerência não se esgota, todavia, nestas relações<br />

semânticas operadas ao nível da frase, na medida em que<br />

a coerência é sobretudo uma propriedade textual, que se manifesta<br />

tanto na frase como na globalidade do texto. A coerência<br />

permite estabelecer a distinção entre uma acumulação de<br />

frases, sem ligação entre si, e um texto estruturado, que parte<br />

de um determinado tópico para criar uma progressão consistente,<br />

congruente e significativamente autónoma.<br />

Para além da dimensão central do texto que se relaciona com<br />

a apreensão cognitiva que se faz do mundo, consideram-se três<br />

princípios básicos como factores de textualidade, i.e., de coerência<br />

textual, a saber:<br />

a) não tautologia;<br />

b) não contradição;<br />

c) relevância.<br />

A dimensão da não tautologia é uma dimensão cognitiva que<br />

determina que um texto não deve ser nulamente informativo.<br />

Nesta linha, poderemos considerar textos incoerentes os seguintes<br />

fragmentos:<br />

• Eu quero porque quero.<br />

• Eu aproximei-me da casa, ou seja, aproximei-me da moradia,<br />

i.e., cheguei perto da habitação, na medida em que já<br />

estava à beira da referida casa.<br />

Textos Para Reflexão<br />

Uma outra condição cognitiva de aceitação de um texto encontra-se<br />

relacionada com a não coexistência de factos incompatíveis<br />

entre si. Assim, será incoerente um fragmento<br />

desta natureza:<br />

• Ele era alto e baixo, magro e gordo.<br />

• Aquele carro nunca tinha tido outro dono, estava impecável.<br />

Os seus nove proprietários sempre se queixaram dos<br />

problemas com a suspensão…<br />

Por fim, o princípio da relevância determina que entre os diferentes<br />

enunciados apresentados em sequência se estabeleçam<br />

relações de diversa ordem as quais se prendem, uma vez<br />

mais, com condições cognitivas relacionadas com o nosso conhecimento<br />

do mundo “real”. Estas relações têm a ver com uma<br />

ordem temporal e linear que reconstrói os factos do nosso<br />

mundo, o que explica a incoerência de enunciados como o seguinte:<br />

• Primeiro, revejo o texto, depois faço um primeiro esboço e,<br />

por fim, planifico as minhas ideias.<br />

A nível das relações de subordinação, verifica-se também<br />

um conjunto de relações lógicas expectáveis de causa/consequência<br />

ou causa/razão:<br />

• Tenho febre porque não estou doente.<br />

• João tem tão pouca relevância na ação que é considerado<br />

a personagem principal.<br />

A relevância manifesta-se também em relações de hiperonímia/hiponímia<br />

ou de holonímia/meronímia:<br />

• Gosto imenso de literatura: chocolates, rebuçados, pastilhas,<br />

gomas, …<br />

• As flores são constituídas por volantes, pedais, motor, …<br />

ou na própria perceção de uma determinada realidade:<br />

• Entrei na sala. Reparei no candeeiro: o teto está pendurado<br />

nele. Vi depois um belo exemplar d’ Os Maias. O livro estava<br />

agarrado ao João.<br />

Por fim, a diferença entre o texto e o ‘não texto’ manifesta-se<br />

também na continuidade e progressão. Um texto centra-se num<br />

determinado tópico que é retomado ao longo de um determinado<br />

espaço e sobre o qual se acrescentam informações novas<br />

que contribuem para a progressão textual. Um texto que não<br />

siga estes princípios (associados à coesão) será também ele<br />

incoerente.<br />

(…)<br />

2. Coesão<br />

A coesão é um processo de assegurar uma linearização que<br />

permite criar uma memória do texto (VILELA: 1999, p. 441), contribuindo,<br />

deste modo, para construir uma continuidade temática<br />

que assegura a tessitura textual. Somente a partir destes<br />

69


70<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

elementos de continuidade é possível construir a informatividade<br />

do texto, através da introdução de elementos de progressão<br />

que, associados aos elementos de retoma, estruturam<br />

o texto.<br />

A coesão constrói-se, em termos gerais, por dois processos<br />

que permitem a sequencialização de diferentes elementos da<br />

superfície textual:<br />

• coesão lexical, que assenta nas relações entre palavras;<br />

• coesão gramatical, que faz uso de mecanismos como:<br />

– cadeia de referência;<br />

– coesão interfrásica;<br />

– coesão temporo-aspetual.<br />

Trata-se de uma característica da linguagem verbal fundamental<br />

assente no plano microestrutural do texto (isto é, das<br />

sequências textuais dotadas de unidade e relação entre os elementos<br />

que as compõem, identificadas com os enunciados que<br />

configuram o texto no plano da superfície e que, nas relações<br />

estabelecidas entre si, constroem uma unidade de sentido conducente<br />

a unidades hierarquicamente superiores).<br />

Carla Marques et alii., Nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico<br />

e Secundário. Roteiros para a ação didática no Secundário.<br />

Coleção Ficheiros Pedagógicos. Porto, Edições ASA, 2006.<br />

Leitura<br />

A compreensão na leitura<br />

Macroprocessos<br />

A ideia principal<br />

No ensino da leitura, a noção de ideia principal sofreu uma<br />

evolução acentuada. No início do século, havia a tendência de<br />

considerar todas as informações de um texto com o mesmo<br />

grau de importância; verificaram-se, desde então, muitos processos<br />

e, hoje, os programas de ensino dão à informação<br />

principal do texto a importância que lhe cabe. Apesar desta<br />

evolução, reconhece-se que os alunos não dominam esta habilidade<br />

na primária. Duas possibilidades se apresentam ao<br />

professor para minorar este problema: melhorar as estratégias<br />

dos alunos ou modificar os textos que lhes dão a ler. Cada<br />

vez se admite mais que a compreensão das ideias principais<br />

pode ser melhorada graças à aplicação de certas regras<br />

quando se constroem os textos. Mas, dado que os alunos terão<br />

que ler, muitas vezes, livros que não respeitam essas regras,<br />

o ensino das estratégias de compreensão será sempre necessário<br />

(Baumann, 1986a).<br />

O que é uma informação importante?<br />

Reconhece-se que a avaliação sobre o que é importante<br />

num texto pode variar de um leitor para outro, de uma situação<br />

para outra. Quer isto dizer que é impossível determinar<br />

com segurança quais são as ideias principais de um texto?<br />

Importa, contudo, realçar que existem duas categorias de informação<br />

importante: a informação “textualmente importante”<br />

e a informação“contextualmente importante” (Van Dijk, 1979).<br />

1) A informação pode ser importante porque o autor a<br />

apresenta como tal. (Textualmente importante)<br />

2) A informação pode ser importante porque o leitor a considera<br />

como tal devido à sua intenção de leitura. (Contextualmente<br />

importante)<br />

O resumo<br />

Na escola, os primeiros contactos dos alunos com o resumo<br />

decorrem, por um lado, da obrigação de resumir livros<br />

e, por outro, de efetuar trabalhos documentais sobre um tema<br />

em particular (animais, plantas, grupos de cantores, ...).<br />

O resumo passou, a seguir, do campo dos investigadores<br />

para as mãos dos pedagogos. Os professores começaram a<br />

colocar-se as questões seguintes: “Os alunos sabem resumir?<br />

É possível melhorar esta habilidade e, se é, de que<br />

modo?”<br />

O que é um resumo?<br />

Segundo Laurent (1985), o resumo seria “a reescrita de um<br />

texto com um objetivo triplo: a conservação da equivalência<br />

informativa, a concretização de uma economia de meios de<br />

significação e a adaptação a uma nova situação de comunicação”<br />

(p. 73).<br />

Três elementos essenciais aparecem, portanto, ligados ao<br />

resumo:<br />

1) A conservação da equivalência informativa – O resumo<br />

deve representar o pensamento do autor e conter o essencial<br />

das informações dadas pelo texto.<br />

2) A economia de meios – Diminuindo o número de palavras<br />

utilizadas, o resumo deve apresentar a mesma informação<br />

que surge no texto original. Certas informações devem, por<br />

isso, ser eliminadas: são informações redundantes e as secundárias.<br />

3) A adaptação a uma nova situação de comunicação –<br />

Um resumo é sempre escrito em função de um público<br />

particular; é preciso ter em conta este factor no modo<br />

como se apresentam as informações. Assim, um texto<br />

não será resumido do mesmo modo, se se dirigir a gerentes<br />

bancários ou se visar potenciais clientes.


A estrutura dos textos narrativos<br />

Há uma diversidade de textos narrativos: a lenda, o conto,<br />

a fábula, … A narrativa, que é também um texto de estrutura<br />

narrativa, é provavelmente o tipo de texto que tem sido alvo<br />

de mais atenção e que suscitou maior número de pesquisas<br />

em educação os últimos 10 anos, razão pela qual as noções<br />

de gramática da narrativa e esquema da narrativa entraram<br />

há alguns anos no meio escolar.<br />

Enquanto que a gramática da narrativa tem a ver com a<br />

estrutura dos textos, o esquema da narrativa diz respeito ao<br />

leitor e pode ser definido como “uma representação interna<br />

idealizada das partes de uma narrativa típica” (Mandler e<br />

Johnson, 1977, p. 111). O esquema da narrativa é relativo a<br />

uma estrutura cognitiva geral no espírito do leitor, que este<br />

utiliza para tratar a informação da narrativa. O leitor utiliza<br />

este esquema para prever o que se vai passar, a seguir, na história,<br />

para determinar os elementos importantes da mesma, …<br />

A estrutura dos textos informativos<br />

Os alunos têm mais dificuldades em compreender os textos<br />

informativos do que os narrativos. Certos autores, entre<br />

os quais Muth (1987a), explicam esta situação pelo facto de os<br />

textos informativos conterem muitas vezes um conteúdo não<br />

familiar, conceitos novos, frases longas e estruturas sintáticas<br />

complexas. Outros, invocam, por outro lado, a falta de interesse<br />

e de motivação dos alunos perante este género de<br />

texto (Armbruster et al, 1987; Spiro e Taylor, 1987).<br />

O leitor hábil aborda o texto com um certo conhecimento do<br />

modo como os textos estão organizados e escolhe, do seu repertório<br />

de estruturas, a que corresponde melhor à estrutura<br />

do texto que vai ler. Certos aspetos do texto, certas marcas indicam-lhe<br />

o tipo de estrutura utilizada pelo autor. Apesar da<br />

habilidade de se servirem da estrutura do texto se desenvolver<br />

com o tempo, pode acontecer que os leitores não utilizem essa<br />

estrutura porque não sabem que é útil fazê-lo; daí, a importância<br />

de ensinar esta habilidade.<br />

Escrita<br />

Excertos de Jocelyne Giasson, A Compreensão na Leitura.<br />

Coleção “Práticas Pedagógicas”, Porto, Edições ASA, 2000.<br />

O texto escrito<br />

Segundo Ducrot e Schaeffer (1995: 494), “on définira le<br />

texte ici comme une chaîne linguistique parlée ou écrite formant<br />

une unité communicationnelle, peu importe qu’il s’agisse<br />

d’une séquence de phrases, d’une phrase unique, ou d’un<br />

fragment de phrase”. Neste sentido, o texto é entendido como<br />

Textos Para Reflexão<br />

objeto falado ou escrito e a unidade linguística de base que o<br />

caracteriza é dada como comunicacional (cf. Adam, 1990;<br />

Fonseca, 1992; Nerlich e Clarke, 1999).<br />

O objeto texto define-se pois em termos de conteúdo e de<br />

função, envolvendo-se aqui o nível semântico (significação<br />

global do texto) e o nível pragmático (função global, enquanto<br />

ato de linguagem). Estes dois níveis dizem respeito a dois<br />

tipos de coerência que se determinam mutuamente, e que<br />

correspondem às propriedades internas do texto (estruturas)<br />

e às externas (condições às quais estão submetidas as suas<br />

ocorrências em contextos específicos, as suas funções e os<br />

seus efeitos nesses mesmos contextos) (Van Dijk, 1981).<br />

No entanto, se se conceber o texto escrito numa materialidade,<br />

ou melhor, numa espacialidade (gráfica e visual) que<br />

lhe é própria e característica, diferente da materialidade do<br />

texto oral, ter-se-á que repensar os conceitos de escrita e de<br />

texto elaborados até ao presente. A organização do texto na<br />

página vai desde logo contribuir para a sua legibilidade. Entendo<br />

aqui por legibilidade a possibilidade de se ler e interpretar<br />

um texto através da ordenação (ou organização) visual<br />

de todos os seus elementos (no sentido de os colocar numa<br />

dada ordem e com uma determinada configuração significativas).<br />

Segundo Foucault (1966: 53), é uma tendência própria<br />

do homem, no espaço do saber, o ordenar e o configurar as<br />

diversas formas do conhecimento empírico.<br />

Com efeito, o texto escrito, embora admita variação estilística,<br />

é regido por um conjunto de regras espaciais, ortográficas,<br />

morfológicas, sintáticas e lexicais, válidas para a totalidade<br />

dos falantes do português europeu, por exemplo, e esse conjunto<br />

normativo é comummente designado por escrita padrão.<br />

É porque o sistema de escrita é normativo que se podem aferir<br />

correções ou incorreções na prática de escrita, isto é, desvios<br />

relativos a essa dita norma.<br />

O mesmo não se verifica em relação ao conceito de norma<br />

linguística (ou normas) apontado para uma dada língua falada,<br />

pertença de todos os indivíduos inseridos numa mesma<br />

comunidade linguística, daí que Coseriu (1978) tenha substituído<br />

os conceitos de correto/incorreto da tradição gramatical<br />

pelos conceitos de normal/anormal. Assim, segundo o<br />

autor, os “erros” no falar ocorrem, não porque “não se fale<br />

bem ou de maneira exemplar” numa comunidade linguística,<br />

mas sim porque determinados usos, embora admitidos pelo<br />

sistema linguístico de uma comunidade, não estão consagrados<br />

como “normais” nessa e por essa mesma comunidade. A<br />

viabilidade de um número infinito de escolhas linguísticas,<br />

por um qualquer falante, associada à aceitabilidade social,<br />

acarreta uma outra: um maior liberalismo gramatical, que<br />

é desejável, segundo Cunha e Cintra (1987). No caso do texto<br />

escrito, não é concedido espaço a esse liberalismo.<br />

Sintetizando, então, o que foi exposto, posso considerar<br />

o texto escrito como um objeto linguístico visual cujos<br />

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72<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

constituintes (que integram vários níveis de estruturação),<br />

“postos” normativamente numa espacialidade significante,<br />

perfazem uma unidade semântica global que, como tal, funciona<br />

numa situação de comunicação.<br />

A aprendizagem da escrita<br />

A língua escrita é uma faculdade que, ao contrário da língua<br />

oral 1 e dentro de todo o processo de manuseamento de<br />

uma língua materna, o homem civilizado deve aprender por<br />

direito, não sendo inata nem precoce. Pode dizer-se que todos<br />

os homens, enquanto falantes integrados numa realidade sociocultural,<br />

vão desenvolvendo uma experiência de linguagem<br />

própria e, enquanto cidadãos, cujo direito à educação é um<br />

direito fundamental nas sociedades democráticas, vão aprender<br />

a escrever.<br />

A aprendizagem da escrita processa-se de forma diferente,<br />

relativamente ao desenvolvimento da linguagem oral: primeiro<br />

porque é feita mais tardiamente e depende exclusivamente da<br />

escolaridade de um indivíduo (seja ela doméstica ou institucional);<br />

segundo, porque há níveis de escrita que nem sempre<br />

se adquirem e desenvolvem simultaneamente; terceiro, porque<br />

o escritor enfrenta um problema – deve saber utilizar os<br />

recursos da gramática da escrita mais sistematicamente do<br />

que os da oralidade.<br />

Falar é de facto mais fácil para o indivíduo, uma vez que ele<br />

está em presença do interlocutor, partilha o mesmo contexto,<br />

“explora” a recetividade do outro, podendo improvisar, reformular,<br />

“disfarçar” possíveis “desvios” que ocorram... Falar é<br />

um ato natural como andar ou correr. Escrever será como<br />

nadar ou ser campeão de maratona. Exige vontade, motivação,<br />

qualidades e treino. Por isso, todo o processo da escrita<br />

depende, ainda mais que da oralidade, de aspectos psicológicos,<br />

mnemónicos, culturais... e das atividades escolares.<br />

Assim, e no que respeita às práticas de escrita a promover,<br />

cabe ao professor gerir a escolha de certas atividades e a insistência<br />

com que elas são levadas a cabo. Essa gestão da<br />

aprendizagem da escrita deve passar por levar o aluno a escrever<br />

o maior número possível de textos, permitindo um<br />

processo de auto e heterocorreção eficaz; centrar-se nos<br />

novos interesses dos alunos, fazendo-os perceber que saber<br />

escrever corretamente é importante para, por exemplo, comunicar<br />

por correio eletrónico, escrever uma carta de pedido<br />

de emprego no final da escolaridade, participar em concursos<br />

literários, produzir letras para canções, redigir atas de<br />

reuniões do Escutismo, de clubes e associações recreativas...;<br />

escolher determinadas estratégias/atividades para a aprendizagem<br />

de determinadas estruturas da escrita onde recaiam<br />

maiores dificuldades, levando-as a cabo de forma progressiva,<br />

através da implementação de um programa de aprendizagem<br />

sistemática da escrita, cujo objetivo essencial seja o de<br />

levar o aluno a aprender e não apenas o de avaliar.<br />

Devo acrescentar que não se aprende a escrever “numa<br />

semana, num mês, num semestre, num ano, ou mesmo numa<br />

etapa do período escolar. Como qualquer aprendizagem, a<br />

aprendizagem da Leitura/Escrita é permanente, ocorre durante<br />

toda a vida, como diz o adágio “Morrendo e aprendendo”.<br />

No campo da Leitura/Escrita, somos eternos aprendizes,<br />

somos sempre surpreendidos, o que equivale a dizer, o desafio<br />

permanece (Lima, 1999: 30). Isto porque escrever é difícil.<br />

Todos nós já sentimos isso, enquanto crianças, jovens e<br />

mesmo adultos. À própria expressão “escrever” associa-se o<br />

sentido de convenção, de esforço, de trabalho, não se regendo<br />

esta atividade pela simples fórmula de “escrever ao sabor da<br />

pena” 2 . E para um jovem aprendiz, ainda se torna mais difícil<br />

pelas seguintes razões:<br />

1. Não é a palavra escrita que constitui a experiência da linguagem<br />

predominante de um indivíduo, mas sim a oralidade<br />

(a escrita é relegada para segundo plano na sociedade). Na<br />

infância, as crianças apercebem-se de que a linguagem verbal<br />

oral é uma atividade social de extrema importância para a<br />

própria afirmação pessoal no mundo sociocultural a que pertence,<br />

logo tendem a desenvolvê-la. Por outro lado, o código<br />

oral comporta um conjunto acessível, quase infinito, de formas<br />

de clarificar a mensagem – expressão facial, entoação,<br />

gestos, reformulações... – logo a criança não o encara como<br />

um sistema complexo e de difícil “uso”, já que pode recorrer<br />

a outros meios que não os verbais. Determinadas marcas da<br />

oralidade (anuladas na produção escrita), como repetições,<br />

bordões, hesitações, falsos inícios, interrupções abruptas de<br />

enunciados,..., embora consideradas “instáveis”, vão conferir<br />

uma certa “estabilidade” e autoconfiança no ato de comunicar.<br />

Além disso, a interação comunicativa verbal na sala<br />

de aula processa-se predominantemente na e pela oralidade.<br />

1 Cf. Sim-Sim et alii., 1997: 15: “A espécie humana é a única espécie biológica programada geneticamente para adquirir os sistemas altamente complexos, estruturados<br />

e específicos que são as línguas naturais. Na realidade, os seres humanos adquirem espontaneamente, com incrível rapidez e uniformidade, a língua natural<br />

da comunidade em que passam os primeiros anos de vida – a sua língua materna – e usam-na criativamente como locutores, interlocutores e ouvintes.”<br />

2 A este propósito, Bellenger (1981: 3) diz: “L’expression écrite est loin de soulever un pareil enthousiasme chez les adultes en général, et même chez les enfants.<br />

Ecrire est souvent perçu comme une corvée liée à des tâches rébarbatives : le courrier, les rapports, les notes diverses. L’écrivain se complaît dans<br />

la narration des douloureuses gestations de l’œuvre ; l’élève et l’étudiant peinent sur le « devoir écrit ». Aurait-on affaire à une névrose de l’écrit dans une<br />

société audio-visuelle voulant maintenir à tout prix la trace de la parole ? ”


Finalmente, a imagem e o som tornaram-se, nesta aldeia<br />

global em que vivemos, sistemas prioritários para o homem<br />

comunicante, em detrimento da escrita. Portanto, esta negociação<br />

entre experiências de linguagem verbal oral e escrita<br />

revela-se difícil.<br />

2. Ausência de um interlocutor: A mensagem terá de ser explícita<br />

e compreensível para o leitor (visto que o escritor é<br />

impossibilitado de proceder a esclarecimentos in loco),<br />

atendendo a que os conhecimentos do mundo empírico de<br />

ambos possam ser muito diferentes. É necessário que ele<br />

escreva fora de uma relação pessoal (e por isso contextual)<br />

e torna-se difícil, para uma criança ou para um jovem, “descentralizar-se<br />

de si próprio” e escrever para o outro entender.<br />

Se, na oralidade, ele consegue certificar-se de que<br />

o ouvinte está a perceber ou a gostar do que ele diz, o processo<br />

na escrita é contrário: o texto terá de ser consequência<br />

de um conhecimento previsível acerca das reações<br />

do leitor e conter toda a informação considerada necessária<br />

à compreensão, ou seja, toda a informação “nova” relativamente<br />

ao leitor.<br />

3. Compreensão do tipo de escrita a produzir / (re)conhecimento<br />

do tema: No âmbito das atividades escripturais escolares,<br />

as instruções dadas pelo professor, quanto ao tema<br />

e tipo de produção, nem sempre são claras e rigorosas, de<br />

forma a permitir o entendimento face às expetativas de<br />

quem pede e ao que é pedido. É necessário perceber se se<br />

pretende um maior ou menor envolvimento do escritor no<br />

texto, mais ou menos “factos”... , se deve ser produzido um<br />

conto ou reconto, uma carta formal ou informal, um texto<br />

explicativo ou argumentativo, um poema num estilo particular...<br />

, se o professor atribuirá mais importância às questões<br />

de ortografia, à seleção do léxico ou à pertinência do<br />

conteúdo, no ato de avaliação.<br />

É difícil escrever desconhecendo as intenções do professor<br />

e o tipo de produção escrita pedido. Além disso, referir temas<br />

como “Texto livre” ou “Fala de ti”, ou ainda outros que se reportem<br />

a um assunto desconhecido ou demasiado abstrato<br />

para determinados alunos, como por exemplo “O mito” ou<br />

“A crítica”, em certos níveis de escolaridade, podem ser<br />

fatores desencadeadores de dificuldades que recaem não na<br />

aplicação de recursos linguísticos propriamente ditos mas<br />

no nível conceptual da tarefa.<br />

Textos Para Reflexão<br />

4. Adequação discursiva a diferentes situações enunciativas:<br />

O aluno terá que saber adequar a escrita aos dados contextuais<br />

do momento e do lugar em que escreve, recorrer<br />

à sua formação ideológica e linguística, delinear a própria<br />

imagem do professor porque ela é fundamental como fator<br />

condicionante do texto. De facto, o interlocutor/professor<br />

afeta fortemente a forma como se escreve. E cedo o aluno<br />

se apercebe de que para diferentes professores há que produzir<br />

textos diferentes. Tal como afirmam Burgess et alii.<br />

(1973: 119), “It is remarkable how quickly children pick up<br />

the idiosyncracies of their teachers and modify their writing<br />

accordingly. A great deal of school writing is in this way<br />

modified by the child’s expectation of his teacher’s reaction;<br />

he has a picture of his reader as a judge – someone who<br />

will say ‘this is good’ and ‘that is bad’ (1973: 120, 121).<br />

Mas, e se o texto a escrever não tem como leitor o professor?<br />

A dificuldade recai então no entendimento que o aluno<br />

terá das diferentes situações de comunicação, que envolvem<br />

o seu ato de escrita, visando as expetativas do leitor,<br />

mesmo sendo este desconhecido, ou seja, ele terá de se<br />

centrar no factor intencionalidade, que está submetido à<br />

aceitabilidade do texto.<br />

5. Construção de uma unidade estrutural de interconexões:<br />

trabalhos recentes da análise textual vieram mostrar que<br />

“la textualisation ne résulte pas de la mise en œuvre d’un<br />

algorithme grammatical, mais est une activité processuelle<br />

obéissant à des contraintes qui sont essentiellement d’ordre<br />

cognitif et communicationnel” (Ducrot et Schaeeffer, 1995:<br />

501). Isto vai ao encontro da constatação de Burgess et alii.<br />

(1973: 17) de que a mobilização de recursos relativos à escrita<br />

está subordinada a dois aspetos: “first, the commitment to a<br />

search for meaning; second, a framing of that commitment in<br />

terms of the situation which the writer has to meet.”<br />

Neste sentido, é difícil para um sujeito (ainda em situação<br />

de aprendizagem, no caso dos jovens alunos), no momento<br />

em que escreve, “aplicar” mecanismos de ordem cognitiva<br />

e comunicacional, ou, dito de outra forma, proceder a uma<br />

interconexão de conhecimentos advindos do contexto situacional<br />

(da emissão e da receção) e da aprendizagem de<br />

um código escrito “fixo”, nos diferentes níveis:<br />

• letras, palavras (limitá-las com espaços anteriores e posteriores)<br />

3 , regras de pontuação, regras de acentuação, emprego<br />

das iniciais maiúsculas, divisão silábica, representação de<br />

vogais nasais, ditongos, ...<br />

• estrutura das unidades morfológicas e lexemáticas, frásicas.<br />

• estruturas globais e funções do texto.<br />

3 Como afirmam Burgess et alli., 1973: 117: “(Most infants write in one consecutive string of letters, without any indications of word-boundaries, because that<br />

is what happens, as close as they can make it, in speech.)”<br />

73


74<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Concluo então que é face a subordinações e a restrições ligadas<br />

a todo o processo da escrita que se pode justificar a afirmação<br />

de que escrever é difícil. Se muitos dos jovens<br />

escrevem com o “pensamento à solta”, procedendo ao tratamento<br />

da informação na escrita como o fazem na oralidade, tal<br />

não é permitido pelo sistema normativo da escrita (nem pela<br />

exigência da legibilidade), que é constituído por essas subordinações<br />

e restrições, as quais estão operantes a todos os níveis<br />

de análise.<br />

Inês Silva, Contributos para o Ensino da Escrita –<br />

A Materialidade da Escrita em Textos de Alunos do 3. o <strong>Ciclo</strong><br />

do Ensino Básico. “Cadernos CRIAP”, Porto, Edições ASA, 2005.<br />

Compreensão oral / Expressão oral<br />

Oralidade e terminologia linguística: como e para quê?<br />

"Eu tinha uma história para contar, a história dessa gente,<br />

de três gerações de uma família de camponeses do Alentejo,<br />

com tudo: fome, o desemprego, o latifúndio, a política, a igreja,<br />

tudo. Mas me faltava alguma coisa, me faltava como contar<br />

isso... Então, o que aconteceu? Na altura da página 24, 25, estava<br />

indo bem e por isso eu não estava gostando. E sem perceber,<br />

sem parar para pensar, comecei a escrever como todos<br />

os meus leitores hoje sabem que eu escrevo, sem pontuação.<br />

Sem nenhuma, sem essa parafernália de todos os sinais, de<br />

todos os sinais que vamos pondo aí... Então, eu acho que isso<br />

aconteceu porque, sem que eu percebesse, é como se, na<br />

hora de escrever, eu subitamente me encontrasse no lugar<br />

deles, só que agora narrando a eles o que eles me haviam narrado.<br />

Eu estava devolvendo pelo mesmo processo, pela oralidade,<br />

o que, pela oralidade, eu havia recebido deles."<br />

Saramago, Cadernos de Lanzarote, 1998: 22-23.<br />

1.<br />

Desde há muito que a Escola tem consciência da importância<br />

do ensino-aprendizagem do oral. Numa sociedade cada vez<br />

mais mediatizada, onde a comunicação in praesentia ou à distância<br />

ganham constantemente novos contornos, compreender<br />

as mensagens de diferentes locutores e saber falar, exprimindo-<br />

-se adequadamente em cada contexto, tornam-se instrumentos<br />

fundamentais para garantir o sucesso dos alunos, enquanto cidadãos<br />

e enquanto profissionais.<br />

Na ordem do dia, todavia, outra questão adquire uma pertinência<br />

particular: que contributo pode a operacionalização<br />

didática da TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos<br />

Básico e Secundário) trazer ao domínio do oral?<br />

A primeira questão que se levanta, a partir do texto de José<br />

Saramago, é a seguinte: é possível equacionar de forma diferente<br />

a questão do oral?<br />

Sabe-se que a oralidade é parte integrante de todos os programas<br />

de Língua Portuguesa, desde o ensino Básico ao Secundário<br />

– “Falar é tomar parte num processo condicionado<br />

por regras sociais. É a fala que permite a socialização da experiência<br />

individual.” (Programa de Língua Portuguesa para o<br />

Ensino Básico – 3. o <strong>Ciclo</strong> – Plano de Organização do Ensino-<br />

-Aprendizagem, Volume II. DGEBS); “O domínio da oralidade<br />

é uma competência transversal que deve permitir ao aluno a<br />

sua afirmação pessoal e a sua integração numa comunidade,<br />

ora como locutor eficaz, ora como ouvinte crítico, ora como<br />

interlocutor, em suma como cidadão.” (Programa de Língua<br />

Portuguesa – 10. o /11. o /12. o Anos – 2002).<br />

É facto assente que na sala de aula concede-se primazia à<br />

modalidade oral (sobre a modalidade escrita). Mas ensina-se<br />

o oral? Que diferenças existem entre o oral refletido e o espontâneo?<br />

Ensinar o oral não é apenas centrar-se em trocas<br />

verbais escolares do tipo “pergunta-resposta”; ou promover<br />

atividades de leitura expressiva; ou ensinar um conjunto de<br />

expressões-feitas; ou promover a aprendizagem natural por<br />

contacto artificial com diferentes situações de comunicação?…<br />

Dado que qualquer prática pedagógica assenta no oral,<br />

cabe ao professor desencadear, através de estratégias variadas,<br />

a tomada de consciência pelos alunos de modos de agir<br />

pela fala, adequados às situações de comunicação, permitindo<br />

a expressão verbal em interação e a comunicação oral regulada<br />

por técnicas. Não é possível continuar a crer que o oral<br />

se aprende por si mesmo, naturalmente, pois é este pressuposto<br />

que leva a outra afirmação de José Saramago: “(…) em<br />

rigor, a escola que tão mal ensina a escrever, não ensina de<br />

todo a falar. A aprendizagem elementar da fala e o desenvolvimento<br />

da língua estão entregues à família, ao meio técnico<br />

e cultural em que a criança vai crescer… é assim que costuma<br />

decorrer todo o processo de ensino-aprendizagem.”<br />

(José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário V, 1998).<br />

Assim, desenvolver a competência da expressão oral é comunicar,<br />

analisar e refletir, sendo uma competência um saber-em-<br />

-uso radicado numa capacidade, cujo domínio envolve treino<br />

e ensino formal. A capacidade para produzir cadeias fónicas<br />

dotadas de significado e conformes à gramática de uma língua<br />

denomina-se expressão oral. Esta capacidade envolve o planeamento<br />

do que se pretende dizer, a formatação linguística<br />

do enunciado e a execução do mesmo.<br />

Neste sentido, compete, por um lado, à escola proporcionar<br />

aprendizagens conducentes a uma expressão fluente e adequada<br />

nos géneros formais e públicos do oral, que se caracterize<br />

por um vocabulário preciso e diversificado e por uma<br />

progressiva complexidade sintática, e adotar uma pedagogia<br />

do oral que proporcione ao aluno um saber-fazer de ordem<br />

linguística, cognitiva e social; por outro lado, compete ao<br />

aluno preparar-se para se exprimir em português padrão nas


situações que o exigem: para pedir e dar informações em contexto<br />

formal, para defender um ponto de vista, para participar<br />

construtivamente num debate, para estruturar uma exposição,<br />

para planear coletivamente atividades a realizar (ensino<br />

básico); compete-lhe ainda expressar-se oralmente com coerência,<br />

de acordo com as finalidades e situações de comunicação;<br />

proceder a uma reflexão linguística e a uma sistematização de<br />

conhecimentos sobre o funcionamento da língua, a sua gramática,<br />

o modo de estruturação de textos/discursos, com<br />

vista a uma utilização correta e adequada dos modos de expressão<br />

linguística (ensino secundário).<br />

Este conhecimento do oral por parte do aluno só é possível<br />

se forem postos em prática determinados processos de<br />

operacionalização programáticos, de que damos conta:<br />

• Produzir enunciados adequados à situação comunicativa<br />

(adequação ao interlocutor, à intencionalidade comunicativa,<br />

ao contexto)<br />

• Utilizar formas de tratamento adequadas<br />

• Utilizar diferentes registos de língua consoante a situação<br />

• Produzir diferentes tipos de texto<br />

• Observar as máximas conversacionais (quantidade, qualidade,<br />

relação, modo)<br />

• Observar regras de cortesia<br />

• Intervir oportunamente<br />

• Exprimir sentimentos e emoções<br />

• Relatar acontecimentos e episódios<br />

• Descrever ações e objetos<br />

• Expor ideias<br />

• Exprimir e defender opiniões<br />

• Respeitar a opinião alheia<br />

• Trocar e confrontar opiniões<br />

• Discutir e argumentar<br />

• Utilizar argumentos e contra-argumentos (concretos e<br />

abstratos)<br />

• Realizar as fases de Planificação, Execução e Avaliação:<br />

– fase da planificação: construção do universo de referência/<br />

tópico; determinação da situação e objetivos de<br />

comunicação, do tipo de texto e de discurso; construção<br />

de um plano-guia);<br />

– fase da execução: produção de texto oral segundo a sua<br />

matriz discursiva, deverá o professor propor estratégias/atividades<br />

que visem o desbloqueamento da expressão<br />

e um domínio progressivo do uso da palavra;<br />

– fase da avaliação: o professor deverá promover as modalidades<br />

de autoavaliação, avaliação pelos colegas e<br />

pelo professor, a partir de instrumentos adequados, de<br />

modo a que esta fase assuma uma função formativa, permitindo<br />

ao aluno proceder aos eventuais ajustamentos<br />

sob a supervisão do professor.<br />

Textos Para Reflexão<br />

Após a leitura desta listagem, percebe-se que inerente à<br />

mesma se encontra um subdomínio da Linguística, denominado<br />

Pragmática e Linguística Textual (B7 – TLEBS), que deve<br />

ser incluído em todas as atividades de desenvolvimento da<br />

competência do oral. Está-se a falar de conteúdos como:<br />

1. Pragmática e linguística textual<br />

1.1 Interação verbal<br />

1.2 Competência linguística<br />

1.3 Contexto situacional<br />

1.4 Adequação discursiva<br />

1.5 Intencionalidade comunicativa<br />

1.6 Registos<br />

1.7 Saber compartilhado<br />

1.8 Análise conversacional<br />

1.9 Análise crítica do discurso<br />

1.10 Tipos de texto<br />

1.11 Coesão e coerência<br />

2. Pragmática<br />

2.1 Locutor/Interlocutor<br />

2.2 Situação de comunicação<br />

2.3 Registo formal e informal<br />

2.4 Formas de tratamento<br />

2.5 Princípios reguladores da interação discursiva<br />

2.6 Máximas conversacionais<br />

• Deixis<br />

3. Semântica frásica<br />

2.<br />

Não sendo único o objetivo de sublinhar o facto de que a Pragmática<br />

e Linguística Textual é um subdomínio basilar no ensino/aprendizagem<br />

do oral dos alunos, apresenta-se de<br />

seguida um exercício que se levou a cabo com um aluno, em<br />

julho de 2006, após este ter concluído o 9. o ano de escolaridade.<br />

O objetivo era perceber até que ponto a planificação<br />

prévia de uma exposição oral facilitaria a tarefa ao aluno (e o<br />

levaria ao sucesso em termos de finalidade discursiva), ao<br />

invés de uma exposição improvisada.<br />

75


76<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

Doc I – Exposição oral sem plano prévio<br />

Gostaria que me desses a tua opinião sobre a televisão nos<br />

dias de hoje.<br />

A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />

ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />

assuntos. Por exemplo, temos o jornal de notícias que<br />

ao longo dos dias nos vai dar as informações que se passam<br />

no país e no mundo sobre todos todas as coisas e todos os<br />

assuntos que podem existir. No verão costuma haver mais<br />

informação de incêndio, as imagens são muito algo por<br />

vezes chocam um bocadinho certas pessoas aquelas que<br />

são mais sensíveis e … é o verão. Este este ano temos nos<br />

confrontado com uma notícia também chocante que foi a<br />

guerra e as imagens também chamaram muito a atenção.<br />

Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres com<br />

a televisão. Na televisão acontecem várias coisas temos por<br />

exemplo as telenovelas, os desenhos animados e que todas<br />

as idades podem ver televisão. Por exemplo os desenhos<br />

animados é mais para a idade infantil, as telenovelas é mais<br />

para os adolescentes e também para as pessoas de idade<br />

(algumas gostam de ver) e o telejornal é mais para as pessoas<br />

mais de idade, assim que se interessam por notícias.<br />

Também temos alguns concursos, concursos que testam as<br />

pessoas (testam entre aspas) as pessoas com perguntas de<br />

vários tipos. O canal que se integra mais nos concursos eu<br />

acho que é a RTP. Desporto o desporto a televisão também<br />

nos informa muito sobre o desporto. Temos vários vários<br />

jogos de futebol, os jogos olímpicos também passam na televisão,<br />

acho que a televisão é muito importante nos dias de<br />

hoje, tanto que antigamente não havia televisão, e as pessoas<br />

não não eram muito muito informadas e agora as pessoas<br />

dizem que no antigamente não acontecia tantas coisas<br />

trágicas com as de hoje mas acontecia na mesma porque<br />

elas é que não viam porque não havia televisão. Acho que a<br />

televisão é muito, muito importante nos dias de hoje e espero<br />

que continue a progredir como tem progredido e desenvolvendo<br />

como até hoje.<br />

O resultado da produção oral apresentada pela aluna permite<br />

dois níveis de reflexão: a macroestrutura da produção textual e<br />

aspetos da sua microestrutura.<br />

No domínio macroestrutural, importa compreender que a<br />

indicação dada, “Gostaria que me desses a tua opinião sobre…”,<br />

condiciona a seleção da tipologia textual a desenvolver. O<br />

aluno terá de perceber que deverá atualizar sequências<br />

predominantemente argumentativas. Na TLEBS, no subdomínio<br />

da Pragmática e Linguística Textual, encontramos na entrada<br />

Texto Argumentativo a ideia de que este é atualizado por<br />

um conjunto de sequências orientadas para convencer alguém,<br />

defender um ponto de vista, refutar a opinião de outrem, partindo<br />

de uma determinada tese que se defende (demonstrando)<br />

ou que se refuta. Orientado por estes objetivos gerais, um texto<br />

dentro da tipologia argumentativa deve respeitar a seguinte estrutura<br />

básica: Introdução (apresentação da tese), Argumentação/Contra-argumentação<br />

(exemplificadas) e uma Conclusão<br />

(síntese).<br />

Ora, se se atentar, de novo, no texto da aluna, é possível<br />

perceber de que esta revela uma consciência ativa relativa à<br />

estrutura da tipologia textual que lhe foi solicitada, na medida<br />

em que começa por apresentar uma tese (“A televisão<br />

é muito importante nos dias de hoje…”), seguida de argumentação<br />

(“porque… ficamos mais cultos e dá-nos muita informação<br />

sobre vários assuntos.”), que é devidamente<br />

exemplificada (“Por exemplo temos o jornal de notícias”). Todavia,<br />

o rumo discursivo do seu texto fica comprometido<br />

quando a aluna integra na sua produção uma sequência longa<br />

de cariz descritivo, que segue uma ordem linear, de orientação<br />

enumerativa e predicativa que, pela sua extensão, compromete<br />

a orientação argumentativa que deveria estar<br />

subjacente a todo o texto (“Por exemplo os desenhos animados<br />

é mais para a idade infantil, as telenovelas é mais para os<br />

adolescentes e também para as pessoas de idade e o telejornal<br />

é mais para as pessoas mais de idade, assim que se interessam<br />

por notícias. Também temos alguns concursos,<br />

concursos que testam as pessoas com perguntas de vários<br />

tipos. O canal que se integra mais nos concursos eu acho<br />

que é a RTP…”).<br />

A outro nível, e atendendo de novo à orientação dada à<br />

aluna, “Gostaria que me desses a tua opinião sobre a televisão<br />

nos dias de hoje”, percebe-se que o tópico dado condiciona<br />

a estrutura da continuidade e a progressão da exposição oral.<br />

Assim, o tópico (elemento de continuidade) deverá ser a<br />

Televisão (nos inícios do século XXI) e a este dever-se-ão associar<br />

elementos de progressão que prediquem sobre o tópico<br />

nuclear. Também o conteúdo continuidade-progressão<br />

poderá ser abordado à luz de conceitos que surgem no subdomínio<br />

B7 da TLEBS (Pragmática e Linguística Textual).<br />

Se se observar a estruturação das ideias presente na produção<br />

oral na perspetiva de identificação da organização em<br />

tópico-informação nova, podemos constatar que a aluna se<br />

afasta, por três vezes, do tópico nuclear, como se pode observar.


Televisão importante nos<br />

dias de hoje<br />

• Cultura informação<br />

– jornal de notícias/<br />

informação<br />

– informação de incêndio<br />

• Ocupação dos tempos livres<br />

– telenovelas<br />

– desenhos animados<br />

– concursos<br />

• Desporto (informação)<br />

– jogos de futebol<br />

– jogos olímpicos<br />

Televisão importante nos<br />

dias de hoje<br />

• Antigamente não havia<br />

televisão<br />

– falta de informação<br />

Televisão importante nos<br />

dias de hoje<br />

• “espero que continue a<br />

progredir como tem<br />

progredido”<br />

Fuga ao tópico<br />

– imagens chocantes<br />

– chocante: [notícia e<br />

imagem] guerra<br />

– RTP canal dos<br />

concursos<br />

• opinião das pessoas:<br />

antigamente não acontecia<br />

nada<br />

– por falta de<br />

informação<br />

De uma forma global, em termos macroestruturais é seguido<br />

um plano interno que assenta numa estrutura de progressão<br />

pertinente (tópico→ subtópicos → exemplo(s)), o que<br />

denota alguma consciência do oral refletido. Não obstante,<br />

verificam-se situações de fuga ao tópico, o que se justificará<br />

essencialmente pela ausência de um plano organizativo de<br />

ideias, elaborado anteriormente à exposição. Por fim, é de<br />

realçar que a própria conclusão apresentada não segue a<br />

linha temática do texto (estrutura de continuidade), porque<br />

avança um tópico que não sintetiza/retoma alguma informação<br />

anterior. Todos estes aspetos permitem avançar a conclusão<br />

de que a elaboração de um plano-guia da exposição<br />

permitiria uma estrutura temática sem fugas ao tópico. A reflexão<br />

e a estruturação de ideias afiguram-se fundamentais<br />

para o desenvolvimento da competência do oral refletido.<br />

Deste modo, a planificação de uma exposição oral deve contemplar<br />

três aspetos essenciais: a tipologia textual dominante;<br />

a definição do tópico central e dos subtópicos a ele associados<br />

(elementos de continuidade); a definição dos elementos<br />

de progressão pertinentes em relação ao tópico tratado. São<br />

estes os conteúdos que deverão ser tratados explicitamente<br />

Textos Para Reflexão<br />

no espaço da sala de aula, numa perspetiva processual que<br />

permita a promoção do desenvolvimento de aspetos da competência<br />

da expressão oral.<br />

A outro nível, na microestrutura da produção apresentada<br />

pela aluna é notório que, a nível linguístico, a exposição oral<br />

denota problemas de vária ordem, nomeadamente:<br />

a) Definição da voz enunciativa: “ficamos mais cultos e dá-nos”<br />

(nós → primeira pessoa do plural); “eu acho que é a RTP.”<br />

(eu → primeira pessoa do singular).<br />

b) Coesão interfrásica<br />

• Repetição de conectores (exemplificação)<br />

Por exemplo temos o jornal de notícias que ao longo dos<br />

dias nos vai dar as informações (…)<br />

Na televisão acontecem várias coisas temos por exemplo<br />

as telenovelas, os desenhos animados e que todas<br />

as idades podem ver televisão.<br />

Por exemplo os desenhos animados (…)<br />

• Repetição de conectores (enumeração)<br />

Este este ano temos nos confrontado com uma notícia<br />

também chocante que foi a guerra e as imagens também<br />

chamaram muito a atenção. (…) Também temos alguns<br />

concursos, concursos que testam as pessoas (testam entre<br />

aspas) as pessoas com perguntas de vários tipos. O<br />

canal que se integra mais nos concursos eu acho que<br />

é a RTP. Desporto o desporto a televisão também nos<br />

informa muito sobre o desporto. Temos vários vários jogos<br />

de futebol, os jogos olímpicos também passam na<br />

televisão,<br />

• Ausência de coesão<br />

No verão costuma haver mais informação de incêndio,<br />

as imagens são muito algo por vezes chocam um bocadinho<br />

certas pessoas aquelas que são mais sensíveis<br />

e… é o verão.<br />

• Conectores que marcam rutura com o tópico textual<br />

Por exemplo temos o jornal de notícias que ao longo dos<br />

dias nos vai dar as informações que se passam no país<br />

e no mundo sobre todos todas as coisas e todos os assuntos<br />

que podem existir. No verão costuma haver mais<br />

informação de incêndio, as imagens são muito algo por<br />

vezes chocam um bocadinho certas pessoas aquelas que<br />

são mais sensíveis e… é o verão. Este este ano temos<br />

nos confrontado (…)<br />

77


78<br />

Contos & Recontos 7 | Guia do Professor<br />

c) Coesão lexical<br />

• Repetição de itens lexicais (nominais)<br />

A televisão é muito importante nos dias de hoje porque<br />

(…) Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres<br />

com a televisão. Na televisão acontecem várias coisas<br />

(…) Desporto o desporto a televisão também nos informa<br />

muito sobre o desporto. Temos vários vários jogos<br />

de futebol, os jogos olímpicos também passam na televisão,<br />

acho que a televisão é muito importante nos dias<br />

de hoje, tanto que antigamente não havia televisão, e as<br />

pessoas não não eram muito muito informadas e agora as<br />

pessoas dizem que no antigamente não acontecia tantas<br />

coisas trágicas com as de hoje (…) elas é que não viam porque<br />

não havia televisão. Acho que a televisão é muito, muito<br />

importante nos dias de hoje e espero que continue a progredir<br />

como tem progredido e desenvolvendo como até hoje.<br />

• Repetição de itens lexicais (família de palavras)<br />

A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />

ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />

assuntos. Por exemplo temos o jornal de notícias que<br />

ao longo dos dias nos vai dar as informações que se passam<br />

(…) No verão costuma haver mais informação de incêndio,<br />

(…) Desporto o desporto a televisão também nos<br />

informa muito sobre o desporto. Temos vários vários jogos<br />

de futebol, os jogos olímpicos também passam na televisão,<br />

acho que a televisão é muito importante nos dias<br />

de hoje, tanto que antigamente não havia televisão, e as pessoas<br />

não não eram muito muito informadas (…)<br />

• Repetição de itens lexicais (formas verbais)<br />

(…) temos o jornal de notícias (…) Este este ano temos nos<br />

confrontado com uma notícia também chocante que foi a<br />

guerra e as imagens também chamaram muito a atenção.<br />

Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres com<br />

a televisão. Na televisão acontecem várias coisas temos por<br />

exemplo as telenovelas (…) Também temos alguns concursos,<br />

(…) O canal que se integra mais nos concursos eu<br />

acho que é a RTP.<br />

Desporto o desporto a televisão também nos informa muito<br />

sobre o desporto. Temos vários vários jogos de futebol,<br />

os jogos olímpicos também passam na televisão, acho<br />

que a televisão é muito importante nos dias de hoje, (…)<br />

dizem que no antigamente não acontecia tantas coisas trágicas<br />

com as de hoje mas acontecia na mesma porque elas<br />

é que não viam porque não havia televisão. Acho que a<br />

televisão é muito, muito importante nos dias de hoje e espero<br />

que continue a progredir como tem progredido e desenvolvendo<br />

como até hoje.<br />

d) Sintaxe<br />

• Incorreções<br />

– “A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />

ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />

assuntos”.<br />

– “o jornal de notícias que ao longo dos dias nos vai dar as<br />

informações que se passam no país e no mundo”.<br />

• Repetições de estruturas sintáticas<br />

– “A televisão é muito importante nos dias de hoje”<br />

– “os desenhos animados é mais para a idade infantil, as<br />

telenovelas é mais para os adolescentes e também para<br />

as pessoas de idade (algumas gostam de ver) e o telejornal<br />

é mais para as pessoas mais de idade, assim que<br />

se interessam por notícias.”<br />

Perante os dados observados, pode, então, concluir-se<br />

provisoriamente que, a nível textual, a preparação de uma<br />

exposição deve englobar:<br />

• Reflexão sobre deíticos, para adequação das vozes discursivas<br />

(TLEBS → Deixis).<br />

• Pesquisa sobre relações semânticas entre palavras (sinonímia,<br />

antonímia, hiperonímia/hiponímia, holonímia/meronímia),<br />

para a diversificação lexical (TLEBS<br />

→ coesão lexical).<br />

• Clarificação das relações semântico-pragmáticas entre<br />

sequências textuais, para seleção de conectores textuais<br />

(TLEBS → coesão interfrásica).<br />

Doc I – Exposição oral sem plano prévio<br />

Gostaria que me desses a tua opinião sobre a televisão nos<br />

dias de hoje.<br />

A televisão é muito importante nos dias de hoje porque…<br />

ficamos mais cultos e dá-nos muita informação sobre vários<br />

assuntos. Por exemplo temos o jornal de notícias que<br />

ao longo dos dias nos vai dar as informações que se passam<br />

no país e no mundo sobre todos todas as coisas e todos<br />

os assuntos que podem existir. No verão costuma haver<br />

mais informação de incêndio, as imagens são muito algo<br />

por vezes chocam um bocadinho certas pessoas aquelas<br />

que são mais sensíveis e… é o verão. Este este ano temos<br />

nos confrontado com uma notícia também chocante que<br />

foi a guerra e as imagens também chamaram muito a atenção.<br />

Na televisão podemos ocupar os nossos tempos livres<br />

com a televisão. Na televisão acontecem várias coisas temos<br />

por exemplo as telenovelas, os desenhos animados<br />

e que todas as idades podem ver televisão. Por exemplo<br />

os desenhos animados é mais para a idade infantil, as telenovelas<br />

é mais para os adolescentes e também para as<br />

pessoas de idade (algumas gostam de ver) e o telejornal<br />

é mais para as pessoas mais de idade, assim que se interessam<br />

por notícias. Também temos alguns concursos,


Introdução<br />

Desenvolvimento<br />

Conclusão<br />

concursos que testam as pessoas (testam entre aspas)<br />

as pessoas com perguntas de vários tipos. O canal que<br />

se integra mais nos concursos eu acho que é a RTP. Desporto<br />

o desporto a televisão também nos informa muito<br />

sobre o desporto. Temos vários vários jogos de futebol,<br />

os jogos olímpicos também passam na televisão, acho<br />

que a televisão é muito importante nos dias de hoje, tanto<br />

que antigamente não havia televisão, e as pessoas não<br />

não eram muito muito informadas e agora as pessoas dizem<br />

que no antigamente não acontecia tantas coisas trágicas<br />

com as de hoje mas acontecia na mesma porque<br />

elas é que não viam porque não havia televisão. Acho que<br />

a televisão é muito, muito importante nos dias de hoje<br />

e espero que continue a progredir como tem progredido<br />

e desenvolvendo como até hoje.<br />

Notas que a aluna registou no plano dado<br />

Curso que escolheste<br />

Em relação ao curso que escolhi foi Ciências Sociais<br />

e Humanas<br />

Tenho c/o<br />

• Primeira razão – uma saída deste curso, a comunicação<br />

social, sempre gostei de ver os jornalistas<br />

na tel.<br />

Como<br />

• Segunda razão – sempre me fascinou comunicação<br />

em geral, a comunicação c/ as crianças, com<br />

as pessoas, através do teatro no fundo sou bastante<br />

comunicativa.<br />

Por fim, a minha<br />

• Terceira razão – é ter muita matemática, eu não<br />

desgosto de matemática, mas tb não é das coisas<br />

que gxt +, embora eu saiba k é mt importtt para o<br />

futuro e p/ kk profissão.<br />

Concluindo c/o<br />

Expetativas em relação ao futuro<br />

N pretendo ir para a Universidade clássica, mx para<br />

um conservatório. Para me especializar em representação,<br />

visto que me cativou bastante a televisão<br />

e o teatro.<br />

3.<br />

De seguida, foi pedido ao aluno que preenchesse um esquema,<br />

onde constaria a planificação da sua exposição,<br />

sendo que planificar é determinar a estrutura do texto e<br />

fazer a respetiva representação gráfica num plano, sendo<br />

o resultado o que se apresenta no doc. II.<br />

As sequências que atualizam o texto solicitado (expositivo-<br />

-explicativo, tipologia condicionada pela questão que foi<br />

Textos Para Reflexão<br />

colocada ao aluno) procuram fazer compreender essa mesma<br />

questão (prévia) que necessita de uma explicação. Assim,<br />

a estrutura básica do texto é a seguinte:<br />

• Apresentação do problema/questionamento: curso que<br />

escolheste para o ensino secundário – qual e porquê?<br />

• Explicação ou resposta:<br />

– introdução; desenvolvimento<br />

• Conclusão<br />

O aluno preenche o plano dado. A elaboração daquele<br />

plano-guia da exposição contemplou a tipologia textual exigida;<br />

além disso, verificou-se a definição do tópico central<br />

e dos subtópicos a ele associados (elementos de continuidade),<br />

permitindo uma estrutura temática sem fugas ao tópico,<br />

isto é, o aluno seguiu um plano interno que assentou<br />

numa estrutura de progressão pertinente: TÓPICO (curso<br />

escolhido) → SUBTÓPICOS (razões associadas ao tópico<br />

nuclear; expetativas futuras). O aluno instaurou-se como<br />

enunciador, expôs as suas razões com uma determinada finalidade<br />

comunicativa: a de responder à questão inicialmente<br />

colocada. Não foge ao tema. Verifica-se correção a<br />

nível linguístico-discursivo e a nível da coesão (interfrásica<br />

e lexical) e da coerência. Há apenas a assinalar incorreções<br />

na sintaxe, semântica e uso do léxico.<br />

4.<br />

Em síntese, pode dizer-se que a escola deveria tratar a<br />

oralidade como conteúdo (sempre dentro do quadro da<br />

Pragmática e da Linguística Textual) e como competência…<br />

Mas sabe-se que a oralidade não é tratada como objeto de<br />

estudo autónomo por razões diversas: ausência de formação,<br />

falta de materiais didáticos, indefinição dos conteúdos<br />

a tratar, presença intuitiva do oral na aula, dificuldade em<br />

produzir instrumentos de avaliação, confusão entre oral escolar<br />

e oral refletido.<br />

Assim, e em primeiro lugar, é extremamente necessário<br />

estruturar a atividade de exposição oral em três etapas:<br />

• Planificação<br />

– escolha da situação-problema<br />

– determinação dos objetivos da comunicação<br />

– tipo de discurso e de texto<br />

– elaboração do plano-guia<br />

• Execução<br />

– Construção do enunciado de acordo com o plano-guia<br />

• Avaliação<br />

– Utilização de instrumentos de auto e heteroavaliação<br />

Em segundo lugar, é possível utilizar um novo instrumento<br />

na aula de português, a Nova Terminologia Linguística<br />

para os Ensinos Básico e Secundário, na melhoria das competências<br />

da oralidade dos alunos.<br />

Carla Marques e Inês Silva, Saber ouvir/Saber falar<br />

(Comunicação apresentada no 7º Encontro Nacional da APP)<br />

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