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Barbara Erskine<br />
– Onde estás? – A voz parecia mais próxima. Nela, Jess pressentiu<br />
o medo da criança.<br />
– Aqui. – Correu mais uns passos na direcção da floresta. – Segue<br />
a minha voz. Estou aqui. No trilho!<br />
Agora, ouvia o vento a ressoar no vale, o seu murmúrio subtil<br />
ganhando força ao mesmo tempo que os ramos das árvores começavam<br />
a balouçar. O som aproximava-se, o sussurro convertia-se em rugido.<br />
Sentiu o ar frio no rosto. Depois, no cabelo. Do outro lado do amplo<br />
vale, as sombras do luar corriam pela ondulação nocturna das colinas.<br />
– Vem ter comigo, minha querida. Não queiras ser colhida pela<br />
tempestade. Aqui, a meu lado, ficarás a salvo. Vamos esconder-nos dentro<br />
de casa!<br />
Jess chamava-a o mais alto que podia, gritando as palavras contra<br />
o estridor da ramagem fustigada pelo vento.<br />
Foi então que a viu, à luz da Lua, nuvens negras varrendo o vale na<br />
sua direcção. Uma rapariguinha com cabelos de um louro-pálido, vestido<br />
comprido, sem cor no turbilhão de sombras, pés nus, braços estendidos<br />
em desespero e dois olhos gigantes no rosto assustado.<br />
– Vem, minha querida! Estou aqui!<br />
Jess já corria ao seu encontro. Estava a passos de distância. Num<br />
segundo, alcançaria a criança, puxá-la-ia para a segurança dos seus braços.<br />
A Lua desapareceu por um instante. Quando voltou, a tempestade<br />
cessara. A noite mergulhara no seu silêncio. A rapariguinha já não<br />
estava ali.<br />
– Jess? – Era a voz da irmã, atrás dela. – Jess! Vem para dentro. Não<br />
devias estar aí fora sozinha, no escuro.<br />
No seu sono, Jess virou-se para o outro lado e procurou a almofada.<br />
Lágrimas caíam-lhe sobre as faces. O sonho terminara.<br />
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