Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Edição nº 31
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AFLP fez com que o dendrograma<br />
ficasse muito semelhante ao gerado<br />
unicamente dos marcadores AFLP.<br />
Utilizando-se um valor máximo<br />
de 50% para a similaridade genética<br />
entre os indivíduos, o dendrograma<br />
gerado a partir de marcadores RAPD<br />
(Figura 2) dividiu-se em doze grupos.<br />
A maior similaridade genética foi observada<br />
entre os indivíduos L11 e L13,<br />
com 86% de similaridade e o ponto de<br />
união de todos os grupos apresenta<br />
30,5% de similaridade.<br />
O dendrograma gerado de marcadores<br />
AFLP (Figura 3) dividiu-se em<br />
quinze grupos, utilizando-se 50%<br />
como similaridade máxima; o ponto<br />
de união de todos os grupos apresenta<br />
24% de similaridade. Com esses<br />
marcadores, a similaridade genética<br />
entre pares de indivíduos variou de<br />
24% a 81%.<br />
Deve-se considerar que existe uma<br />
relação entre o número dado a cada<br />
planta e sua proximidade geográfica,<br />
sendo mais próximos geograficamente<br />
os indivíduos cujos números são mais<br />
próximos. Dessa forma, pode-se observar<br />
que os argumentos de plantas<br />
são aleatórios, formados por indivíduos<br />
dispersos pelo Parque, em uma área<br />
de 2,34 km 2 . Esse dado sugere que<br />
indivíduos geograficamente, os quais<br />
podem ser aparentados, não apresentam<br />
grande similaridade genética.<br />
Considerações Finais<br />
Um aspecto importante a ser considerado<br />
é que a A. angustifolia provavelmente<br />
possuía uma grande diversidade<br />
genética antes da exploração ocorrida<br />
durante o ciclo da madeira no sul<br />
do Brasil (Auler et al., 2002).<br />
Dessa forma, antes de qualquer<br />
previsão de melhoramento genético é<br />
essencial conhecer a diversidade genética<br />
existente nas populações remanescentes,<br />
para possibilitar a seleção<br />
de plantas e sementes a serem utilizadas,<br />
tanto para a produção de mudas,<br />
quanto para cruzamentos controlados.<br />
A exemplo do ocorrido no Parque<br />
Ecológico Municipal de Lages,<br />
durante o ciclo da madeira, a seleção<br />
promovida pelo homem até o momento,<br />
foi a retirada dos melhores<br />
fenótipos, em detrimento dos demais.<br />
Devido ao acesso aleatório a amplas<br />
regiões genômicas praticamente<br />
livres da ação da seleção natural, as<br />
técnicas RAPD e AFLP geram um gran-<br />
de número de marcadores virtualmente<br />
neutros. Neste caso, dos resultados<br />
obtidos no presente trabalho,<br />
pode-se concluir que essas técnicas<br />
apresentam-se como poderosas ferramentas<br />
para a caracterização da diversidade<br />
genética dos remanescentes de<br />
A. angustifolia, com vistas ao melhoramento<br />
genético da espécie.<br />
Agradecimentos<br />
Ao CNPq, UNIPLAC e FUNCITEC<br />
pelo apoio financeiro e à Prefeitura<br />
do Município de Lages, pelo apoio na<br />
obtenção do material vegetal.<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Biotecnologia</strong> <strong>Ciência</strong> & <strong>Desenvolvimento</strong> - <strong>Edição</strong> <strong>nº</strong> <strong>31</strong> - julho/dezembro 2003 99