Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Em julho <strong>de</strong> 2008, uma pesquisa publica<strong>da</strong> na<br />
revista PNAS revela que o Brasil foi responsável<br />
por 47,8% <strong>da</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> florestas tropicais <strong>no</strong><br />
mundo. O estudo foi realizado pelo professor<br />
Mathew Hensen, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Dakota do<br />
Sul (EUA) e cobriu o período <strong>de</strong> 2000 a 2005. 35<br />
Todos os estudos recentes revelam que o maior<br />
nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento na <strong>Amazônia</strong> brasileira<br />
ocorreu <strong>no</strong> estado do Mato Grosso, responsável<br />
por 54% do total. Em segui<strong>da</strong> vêm os estados do<br />
Pará, com 18% e Rondônia, com 16%. 36<br />
Estes <strong>da</strong>dos constatam o impacto <strong>da</strong> expansão<br />
<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agropecuárias em gran<strong>de</strong> escala na<br />
<strong>de</strong>vastação <strong>da</strong> floresta. Esta expansão foi uma <strong>da</strong>s<br />
principais razões <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> ex-ministra do Meio<br />
Ambiente, Marina Silva, pressiona<strong>da</strong> a aten<strong>de</strong>r os<br />
interesses <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s produtores rurais,<br />
principalmente diante do aumento do preço <strong>de</strong><br />
commodities agrícolas, em conseqüência <strong>da</strong><br />
relação crescente entre os mercados <strong>de</strong> energia e<br />
alimentos. O gover<strong>no</strong> brasileiro tem ig<strong>no</strong>rado a<br />
dimensão <strong>da</strong> crise ambiental causa<strong>da</strong> pela<br />
implementação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
baseado <strong>no</strong> mo<strong>no</strong>cultivo e na exportação que<br />
causam, entre outras coisas, o aumento do<br />
<strong>de</strong>smatamento, tanto na <strong>Amazônia</strong> quanto <strong>no</strong><br />
<strong>Cerrado</strong>.<br />
Em junho <strong>de</strong> 2007, a Comissão Econômica para<br />
a América Latina (Cepal), <strong>da</strong>s Organizações <strong>da</strong>s<br />
Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU), havia alertado para o<br />
problema <strong>da</strong> <strong>de</strong>sertificação, que tem aumentado<br />
22 | <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />
em nível continental, causando o agravamento<br />
<strong>da</strong> pobreza, a insegurança alimentar e a migração<br />
<strong>da</strong>s populações rurais. Segundo o secretário geral<br />
<strong>da</strong> ONU, Ban Ki-moon, “mais <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong><br />
pessoas sofrem diretamente a ponto <strong>de</strong> ter que<br />
abandonar suas terras e emigrar para outras<br />
zonas”. 37 Durante sua visita ao Brasil, em<br />
<strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2007, Ban Ki-moon expressou gran<strong>de</strong><br />
preocupação ao <strong>de</strong>clarar que a <strong>Amazônia</strong> - <strong>de</strong>scrita<br />
por ele como “pulmão <strong>da</strong> terra” - está<br />
“sufocando”. 38<br />
O ambientalista Lester Brown, um dos<br />
pioneiros <strong>no</strong> estudo do tema, <strong>de</strong>clarou ao jornal<br />
Folha <strong>de</strong> São Paulo que “os biocombustíveis são a<br />
maior ameaça à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Terra”. Ele sugere<br />
que “o Brasil comece a <strong>de</strong>senvolver outras fontes<br />
<strong>de</strong> energia, incluindo a solar e a eólica, em que<br />
tem gran<strong>de</strong> potencial”. E alerta, “O que temos que<br />
fazer é pensar em uma <strong>no</strong>va eco<strong>no</strong>mia, com fontes<br />
re<strong>no</strong>váveis <strong>de</strong> energia, que tenha um sistema <strong>de</strong><br />
transporte diversificado e que reúse e recicle<br />
tudo... Se não reestruturarmos a eco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong><br />
mundo, o progresso econômico não se<br />
sustentará”. 39<br />
Porém, o gover<strong>no</strong> brasileiro insiste em<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a expansão <strong>de</strong> mo<strong>no</strong>cultivos em<br />
gran<strong>de</strong> escala para a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> agroenergia.<br />
Além dos discursos do presi<strong>de</strong>nte Lula em prol<br />
<strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo, o gover<strong>no</strong> institui uma série <strong>de</strong><br />
medi<strong>da</strong>s administrativas e econômicas para<br />
facilitar essa expansão.<br />
FONTE: INPE - INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS<br />
Área<br />
<strong>de</strong>smata<strong>da</strong><br />
mês a mês<br />
Em março <strong>de</strong> 2008,<br />
o Inpe constatou<br />
que este índice era<br />
oito vezes maior do<br />
que em março <strong>de</strong><br />
2007. Em abril <strong>de</strong><br />
2008, mais <strong>de</strong> 1,1<br />
mil quilômetros <strong>de</strong><br />
florestas foram<br />
<strong>de</strong>vastados.