Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
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expandir as plantações <strong>de</strong> <strong>cana</strong> em cerca <strong>de</strong> dois<br />
milhões <strong>de</strong> hectares nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />
município <strong>de</strong> Alto Taquari. Uma <strong>no</strong>va usina irá<br />
cultivar 35 mil hectares na região a partir <strong>de</strong> 2009,<br />
com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para moer três milhões <strong>de</strong><br />
tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>cana</strong>. 92<br />
“Insumos químicos causam<br />
assoreamento dos rios e a<br />
morte <strong>de</strong> peixes.”<br />
Ameaça ao Pantanal<br />
Segundo o pesquisador Inácio Werner, do<br />
Centro Burnier Fé e Justiça, cerca <strong>de</strong> 80% <strong>da</strong> <strong>cana</strong><br />
produzi<strong>da</strong> <strong>no</strong> Mato Grosso está <strong>no</strong>s 51 municípios<br />
que fazem parte <strong>da</strong> Bacia do Alto Paraguai, <strong>no</strong><br />
bioma Pantanal. As outras usinas do estado estão<br />
em áreas <strong>de</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>no</strong> bioma amazônico. Ele<br />
explica que as empresas <strong>de</strong> eta<strong>no</strong>l buscam a região<br />
por suas terras planas e gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />
proveniente do Rio Paraguai, <strong>da</strong> Bacia do Rio Prata<br />
e <strong>da</strong> Bacia Amazônica. O cultivo <strong>da</strong> <strong>cana</strong> é feito<br />
com gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> insumos químicos, o<br />
que aumenta o impacto <strong>no</strong> Pantanal, causando o<br />
assoreamento dos rios e a morte <strong>de</strong> peixes. “O<br />
impacto ambiental é gran<strong>de</strong>. Aumentam os<br />
conflitos com populações indígenas do Araguaia,<br />
que <strong>de</strong>nunciam os <strong>de</strong>smatamentos causados pela<br />
expansão <strong>da</strong> <strong>cana</strong> e a poluição dos rios em seus<br />
territórios”, afirma Werner.<br />
O Ministério Público do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso<br />
instaurou um inquérito (N.º 5/2008/MPBB/MT),<br />
visando apurar “o cometimento <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>no</strong>s ao meio<br />
ambiente e à saú<strong>de</strong> pública, consistente na<br />
poluição atmosférica bem como <strong>no</strong> aumento <strong>de</strong><br />
42 | <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />
doenças respiratórias e <strong>de</strong>mais conseqüências<br />
causa<strong>da</strong>s pela queima <strong>da</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar na<br />
comarca <strong>de</strong> Barra do Bugres/MT pratica<strong>da</strong> pelas<br />
Usinas Barralcool, Itamaraty e outros produtores<br />
<strong>da</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar, violando o disposto <strong>no</strong> art. 3.º,<br />
inciso IV, <strong>no</strong> art. 170, incisos III e VI, <strong>no</strong> art. 186,<br />
inciso II e <strong>no</strong> art. 225, todos <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> 1988, incorrendo, em tese, na prática <strong>de</strong> ilícito<br />
ambiental e cível em razão <strong>de</strong> conduta lesiva ao<br />
meio ambiente, <strong>de</strong>ssa maneira, transgredindo as<br />
<strong>no</strong>rmas ambientais e constitucionais acima<br />
<strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s. 93<br />
Violação <strong>de</strong> direitos<br />
trabalhistas<br />
Há graves <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> violações <strong>de</strong> direitos<br />
trabalhistas nas usinas <strong>da</strong> região. O Ministério<br />
Público do Trabalho (MPT) registrou como ocorre<br />
o aliciamento ilegal <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>no</strong> Mato<br />
Grosso. O aliciador Raimundo Pinto “utiliza-se <strong>da</strong><br />
“Queima <strong>da</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar<br />
causa doenças respiratórias “.<br />
facha<strong>da</strong> <strong>de</strong> do<strong>no</strong> <strong>de</strong> hotel para arregimentar mão<strong>de</strong>-obra<br />
para o trabalho em fazen<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região.<br />
Como os trabalhadores ficam alojados em hotel<br />
<strong>de</strong> sua proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o aliciador acaba recebendo<br />
dos do<strong>no</strong>s <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s e dos trabalhadores.<br />
Essas práticas são características do trabalho<br />
escravo”, constatou o procurador José Pedro dos<br />
Reis.