19.04.2013 Views

Rapid Assessment Program - Conservação Internacional

Rapid Assessment Program - Conservação Internacional

Rapid Assessment Program - Conservação Internacional

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 7 – Chapter 7<br />

Nas localidades mais baixas da região amostrada, o solo<br />

era arenoso e bastante úmido, encharcado em algumas áreas<br />

(mesmo na época seca). Pequenos riachos, ou igarapés foram<br />

comuns e havia afloramentos de rochas em algumas regiões.<br />

A serrapilheira era abundante, mas compactada e apresentava<br />

grau mais elevado de decomposição em relação às florestas de<br />

platô. A vegetação era predominantemente arbórea, mas com<br />

muitas herbáceas. As emergentes apresentavam 38-42m de<br />

altura, representadas por Virola surinamensis, Lecythis pisonis,<br />

Eperua falcata, e Hyeronima sp. O dossel era contínuo com<br />

pequenas falhas e possuía cerca de 20 m de altura. Entre as<br />

espécies destacaram se Euterpe oleracea, que forma touceiras<br />

e foi representado em outros estratos da mata, Eschweilera<br />

amazonica, Licania heteromorpha, Macrolobium cf. bifolium<br />

e Pourouma guianensis, entre outras. Não havia um estrato<br />

médio bem definido e o sub bosque, em algumas áreas, era<br />

fechado (presença de trepadeiras) e dominado, em muitas<br />

áreas, pelo Açaí. A altura média deste estrato foi de 4m,<br />

representado por indivíduos jovens das espécies de dossel,<br />

além de Alexia grandiflora, Guarea sp., Vismia sp., Rinorea<br />

sp., entre outras.<br />

Nessas florestas, a diversidade de trepadeiras e epífitas<br />

foi alta. Entre as trepadeiras, além das encontradas nas<br />

áreas de platô que aqui apareceram em grande número,<br />

foram encontradas também Macagnia sp., Paulinia<br />

pinnata, Marcgravia sp., Miconia sp., Hipocratea sp.,<br />

entre outras. Entre as epífitas, assim como no platô,<br />

predominaram as mesmas espécies de aráceas, além de<br />

Philodendron spruceanum, Tillandsia adpressiflora, outras<br />

bromélias, orquídeas e gesneriáceas, Asplundia sp.,<br />

Peperomia aff. pereskiaefolia e muitas espécies de pteridófitas,<br />

como Microgramma sp. e espécies de Trichomanes e<br />

Hymenophyllum. A diversidade de herbáceas foi alta, com<br />

predomínio de Rapatea paludosa. Foram registradas também<br />

Desmoncus sp., Calathea sp., Bactris tomentosa e diversas<br />

pteridófitas, como Adiantum sp., Lindsaea divaricata, L.<br />

lancea, Danaea sp., Thelypteris arborescens, Selaginella sp. e<br />

Trichomanes pinnatum. Foram registradas também espécies<br />

de musáceae e heliconiácea, como Heliconia psittacorum.<br />

A classificação da fisionomia descrita acima é bastante<br />

discutida. Na região amazônica essas áreas baixas recebem<br />

o nome popular de “várzeas” ou “igapós” dependendo<br />

do grau de inundação do terreno. Estas são designações<br />

adaptadas para a literatura científica como sendo florestas<br />

inundáveis por águas barrentas (várzea) ou águas escuras<br />

(igapó) (Oliveira et al. 2001). No sistema de classificação<br />

de Veloso et al. (1991), as várzeas e igapós são incluídas na<br />

categoria Floresta Ombrófila Densa Aluvial. A composição<br />

florística da fisionomia encontrada na região estudada na<br />

Expedição III é similar a essas matas, entretanto esta área não<br />

sofre influência do rio e encharca no período das chuvas pelo<br />

afloramento do lençol freático. Hopkins (2005) e Ribeiro<br />

et al. (1999) adotam o termo “floresta de baixio” (um dos<br />

habitats da floresta de terra firme) para uma situação similar<br />

na Reserva Ducke, em Manaus, onde o solo é arenoso e<br />

encharca no período das chuvas com acúmulo de sedimento.<br />

<strong>Rapid</strong> <strong>Assessment</strong> <strong>Program</strong><br />

Segundo estes autores, estas áreas, além de possuirem uma<br />

flora endêmica, apresentam espécies tanto das florestas de<br />

igapó quanto das florestas de platô. Desta forma, floresta de<br />

baixio foi a denominação aceita aqui.<br />

O terceiro tipo de fisionomia vegetal encontrado<br />

durante a Expedição III foi associado aos afloramentos<br />

rochosos. Existem, dentro do Parque, vários afloramentos<br />

rochosos que se projetam tanto no interior da floresta<br />

quanto bem acima da copa das árvores. Na área da<br />

Expedição III, essa fisionomia ocorreu no interior da mata<br />

e na porção inventariada em apenas uma área, situando se<br />

na mesma elevação das florestas de platô e contínuo a esta.<br />

Estas formações possuem grande valor ecológico devido<br />

à provável elevada taxa de endemismo. São ambientes<br />

xeromórficos, dominados por espécies rupículas e dentrículas<br />

como as orquídeas Cyrtopodium andersoni e Sarcoglottis sp.<br />

Além dessas, foram encontradas as herbáceas Nepseria sp.,<br />

esta em grande quantidade, Scleria ciperina, Piper sp. e as<br />

arbóreas Clusia sp., Croton sp., Ouratea cf. aquatica, além das<br />

trepadeiras Souroubea sp. e Cissus erosa.<br />

Além da flora dessas fisionomias, registrou-se ao longo do<br />

rio Anotaie Ceiba pentandra, Manilkara huberi, Pachira<br />

aquatica, Tachigalia sp., Simaruba amara, Caryocar sp., além<br />

de Abius, Eperuas, Ucuubas, Cupiuba, Pente de macaco,<br />

Açaí e Ingás.<br />

Expedição IV<br />

Nesta Expedição, foram registrados dois tipos básicos<br />

de fisionomias. O primeiro, localizado em área mais<br />

elevada, se caracterizou pelo solo sempre seco, argiloso,<br />

profundo e com boa drenagem, sem matacões e rochas<br />

afloradas. A serrapilheira era abundante com acúmulo<br />

principalmente na base de algumas árvores. Logo abaixo<br />

havia uma camada de raízes pouco espessas formando trama<br />

superficial. A vegetação foi predominantemente arbórea,<br />

aberta, ombrófila e hidrófila, com a presença de muitas<br />

sapopemas e escassez de raízes aéreas nas árvores. As árvores<br />

emergentes variavam de 38 a 40m de altura, destacando se a<br />

Aspidosperma auriculatum, Tabebuia serratifolia, Manilkara<br />

huberi e Eschweilera amazonica. Não havia estratos bem<br />

definidos, entretanto foi possível identificar um dossel,<br />

estrato médio e um sub bosque. O dossel era descontínuo<br />

e variou de 30 a 35 m de altura, destacando se espécies<br />

como a Carapa guianensis, Pradosia praealta, Goupia glabra,<br />

Inga alba, Manilkara huberi, Pouteria guianensis, Tachigali<br />

myrmecophila, entre outras. O estrato médio variou de 18<br />

a 23m de altura, representado por Micropholis guyanensis,<br />

Micropholis venulosa, Protium spruceanum, Pouteria sp.1 e P.<br />

guianensis, Sterculia pruriens, Vouacapoua americana, Guarea<br />

carinata, Tetragastris paraensis, Protium sp.2, P. pallidum e P.<br />

spruceanum, Lecythis idatimon, Ocotea costulata, Eschweilera<br />

grandiflora, Geissospermum vellosii, entre outras. O sub<br />

bosque, com altura de 12 a 15m, era em geral aberto, com<br />

Pouteria sp., P. decorticans, P. guianensis e P. lasiocarpa, Zygia<br />

racemosa, Protium sp.1 e sp. 2, P. decandrum, P. pallidum e<br />

Tetragastris paraensis, Ocotea glomerata, Licania heteromorpha,<br />

Eschweilera coriacea, Eschweilera grandiflora, Inga sp., I. alba,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!